Infertilidade inexplicada | De Mãe para Mãe

Infertilidade inexplicada

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_Emma -
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Desde 24 Out 2019

Olá a todas!

Já visito este site há algum tempo e muitas vezes encontrei aqui consolo nos testemunhos que fui lendo. Por isso, hoje, pela primeira vez resolvi partilhar a minha história.

Tenho 35 anos e há 2 anos que eu e o meu marido tentamos ter um filho. Engravidei após meio ano mas tive um aborto espontâneo às 10 semanas e, desde então, nunca mais aconteceu nada. Todos os meses aquela tristeza que muitas devem conhecer, não restando grande coisa senão reunir forças, olhar em frente e seguir caminho Sorriso
No meio deste processo, e na tentativa de não cair num buraco de frustração, obsessão e tristeza, coisas boas aconteceram: a relação com o meu marido solidificou-se, aprendi a conhecer-me melhor e a controlar a minha ansiedade e aprendi que a vida não acaba porque não conseguimos ter filhos e que ela é mesmo assim, com surpresas que fogem do nosso controlo e as quais temos que aceitar tais como são. Percebi que as coisas que sempre me deram prazer continuam a existir.

Já fizemos praticamente todo o estudo e depois de um diagnóstico de endometrite que tratei com antibióticos, fizemos 3 induções de ovulação com coito programado, sem sucesso. Caímos assim no saco frustrante da infertilidade inexplicada e hoje, na consulta com o médico especialista em infertilidade, decidimos avançar para uma FIV. Agora, é o desconhecido...

Antes de passar por todo esta história não tinha qualquer ideia do quão frustrante, doloroso e solitário pode ser um diagnóstico de infertilidade e todo o processo associado. O sentimento de desvalia é enorme. É muito difícil encontrar alguém que realmente nos compreenda. Ouvimos muitas palavras de incentivo vazias e percebemos que há muita desinformação e que a maior parte das pessoas acha que a culpa de não se conseguir engravidar é da mulher e da ansiedade...
Mas a esperança é a última a morrer e hoje deixo aqui o meu testemunho, na esperança que seja útil, para mim e para quem se identificar com ele Sorriso

elir -
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Desde 31 Mar 2011

Emma,
Que testemunho tão bonito o teu. Identifico-me muito com a tua postura perante este problema que nos revolve as emoções mais primárias e profundas e nos deixa muitas vezes perdidas, impotentes e devastadas.
Também sinto que todo este caminho me ensinou muito sobre resiliência, humildade e capacidade de aceitação. Não sei o que me trará o futuro. Sei que quero tentar ter um filho, mas não indefinidamente. E sei também que se o meu caminho não passar por ser mãe, hei-de encontrar outras razões que me dêem o significado da entrega que quero alcançar.
A ferida da infertilidade parece-me que ficará para sempre aqui guardada, qualquer que seja o desfecho. Mas há-de encontrar um cantinho que a faça apaziguada.
Desejo-te sorte e a todas as que, como nós, trilham este percurso dificil.
🍀😘

Sobre elir

Um dia de cada vez...

Sara12345 -
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Desde 21 Maio 2014

Disseste tudo. Desejo que o vosso caminho seja curto Sorriso boa sorte para a FIV

guialmi -
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Desde 13 Jul 2013

Passei para deixar um abraço de força. Também eu tive um diagnóstico de infertilidade inexplicada, com todos os exames impecáveis, uma idade ainda favorável e dois anos de tentativas sem qualquer gravidez Fiz 4 ciclos de coito programado e 3 IIU sem sucesso (com um desânimo crescente...) e finalmente na primeira FIV engravidei das minhas gémeas, que já têm 16 anos. Há 20 anos ninguém falava de infertilidade...foi uma luta muito solitária, que não se esquece -e é por isso que, tantos anos passados, continuo a tentar ajudar no que posso e sei outras mulheres que passam pelo mesmo. Vai correr bem!

AppleCinnamon -
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Desde 28 Fev 2019

Emma muito bonita a tua partilha. Obrigada☺️

Diagnóstico de Infertilidade - +/- 2014
Diagnóstico de adenomiose e endometriose - 2019
FIV/ICSI - Junho 2019 sem transferência
TEC - Outubro 2019 - beta 564 🙏🤞🍀

carlabrito -
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Desde 30 Maio 2017

Obrigada pela tua partilha.
Estas coisas podem chegar a qualquer uma de nos, nunca sabemos.
Espero que este caminho que agora começam seja curto e feliz.
Uma abraço de força!

TA2020 -
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Desde 23 Set 2019

_Emma_, bem-vinda e obrigada pelo teu testemunho. Sorriso
Eu iniciei o caminho há cerca de 1 ano. Falta de menstruação, falta de ovulação, análises hormonais dentro dos valores de referência, histerossalpingografia com trompas permeáveis, espermograma do marido relativamente bom. Tentativas naturais. E nada de bebé.
Centenas de euros gastos em Ovusitol D para tentar regular os ciclos, mais o iodo. E nada de bebé.
Iniciámos em Setembro o caminho da indução de ovulação mas, parece-me e à médica também, que não vai funcionar. A minha médica (privado) quer tentar 3 ciclos e, se nada acontecer, partir para um drilling por laparoscopia. Entretanto tenho a primeira consulta de Apoio à Fertilidade no hospital público e irei tentar perceber se as diretrizes deles vão de encontro às dela, porque não deixa de ser uma cirurgia e gostava de entender se é mesmo essa a opção mais indicada. Também estamos a pensar em pedir uma segunda opinião noutro médico privado.
Acima de tudo, o que mais me custa é a espera. Porque temos de esperar pacientemente que o período venha, que chegue o dia X para tomar o indutor e esperar mais não sei quantos dias pela eco de monitorização. Se não funcionar, nova espera e, no entretanto, mais 2 ou 3 meses que passam. E nada de bebé.
Nós optámos por não partilhar com a família, porque sabemos que não iriam conseguir ajudar-nos com o conforto que precisamos. Iriam encher-nos os ouvidos de verdades absolutas, desde a tia da prima do vizinho que passou pelo mesmo e ao fim de 15 anos lá conseguiu, à colega de trabalho que fez tratamentos "Caríssimos, aquele bebé custou uma fortuna!" (como se, nestes casos, o desejo de ter um filho fosse contabilizável), à tal da ansiedade que, segundo os outros e tal como dizes, temos de saber controlar como se de uns monges budistas nos tratássemos porque "Vais ver que quando relaxares isso pega de estaca! O teu mal é a ansiedade!".
Felizmente tenho no teu marido um apoio que já tinha provas de existir mas que, mais uma vez, não está desiludir.
A incerteza é muita. Não sabemos como serão os próximos 30 dias sequer. Vemos as amigas, as primas, as colegas de trabalho, mulheres que não conhecemos de lado nenhum a passarem por nós, grávidas, com aquele brilho natural que só uma gravidez dá a uma mulher e a ostentarem os seus barrigões. E nós quase sentimos aquilo como uma afronta pessoal, como se elas nos estivessem a esfregar na cara que não podemos ser mães. Mas elas não têm culpa, apenas conseguiram ter, com maior facilidade do que nós, aquilo com que tanto sonhamos.
Que os nossos positivos, de todas, cheguem muito depressa. Havemos de ser as melhores mães do mundo, para os nossos filhos.
Um beijinho grande.

coquinha -
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Desde 13 Maio 2019

elir escreveu:
Emma,
Que testemunho tão bonito o teu. Identifico-me muito com a tua postura perante este problema que nos revolve as emoções mais primárias e profundas e nos deixa muitas vezes perdidas, impotentes e devastadas.
Também sinto que todo este caminho me ensinou muito sobre resiliência, humildade e capacidade de aceitação. Não sei o que me trará o futuro. Sei que quero tentar ter um filho, mas não indefinidamente. E sei também que se o meu caminho não passar por ser mãe, hei-de encontrar outras razões que me dêem o significado da entrega que quero alcançar.
A ferida da infertilidade parece-me que ficará para sempre aqui guardada, qualquer que seja o desfecho. Mas há-de encontrar um cantinho que a faça apaziguada.
Desejo-te sorte e a todas as que, como nós, trilham este percurso dificil.
🍀😘

Desculpa Elir, mas em que fase de tratamento estás? Não tenho visto nenhum post teu...

MegiePrincess -
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Desde 09 Jan 2019

Emma aqui vais sentir-te em casa pois a infertilidade torna-nos mais sensíveis. Não há, nem na parte das tentantes nem nas grávidas o companheirismo e união que há aqui. A dor transforma-nos :))) bem vinda!!

1ª TEC (04.06.2019) Positivo!! (14.06.2019) Beta 183.5 (16.07.2019) AR às 8 semanas
2ª TEC (04.09.2019) Negativo (16.09.2019)
3ª TEC (07.10.2019) Positivo !! (18.10.2019) Beta 487.2

coquinha -
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Desde 13 Maio 2019

MegiePrincess escreveu:
Emma aqui vais sentir-te em casa pois a infertilidade torna-nos mais sensíveis. Não há, nem na parte das tentantes nem nas grávidas o companheirismo e união que há aqui. A dor transforma-nos :))) bem vinda!!

Faço minhas as tuas palavras, é verdade, a dor transforma-nos literalmente, nunca pensei sentir tanta empatia com mulheres como a que sinto aqui, já chorei por relatos de pessoas que nunca vi ou vou ver.
De vez em quando vou ao fórum das grávidas e tentantes e não é a mesma coisa, nos relatos não transparece a viagem, curta ou longa, a dor que nos despedaça de cada vez que temos um negativo ou a alegria alucinante de quem tem um positivo...

Ninez -
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Desde 07 Out 2019

TA2020 escreveu:
_Emma_, bem-vinda e obrigada pelo teu testemunho.
Eu iniciei o caminho há cerca de 1 ano. Falta de menstruação, falta de ovulação, análises hormonais dentro dos valores de referência, histerossalpingografia com trompas permeáveis, espermograma do marido relativamente bom. Tentativas naturais. E nada de bebé.
Centenas de euros gastos em Ovusitol D para tentar regular os ciclos, mais o iodo. E nada de bebé.
Iniciámos em Setembro o caminho da indução de ovulação mas, parece-me e à médica também, que não vai funcionar. A minha médica (privado) quer tentar 3 ciclos e, se nada acontecer, partir para um drilling por laparoscopia. Entretanto tenho a primeira consulta de Apoio à Fertilidade no hospital público e irei tentar perceber se as diretrizes deles vão de encontro às dela, porque não deixa de ser uma cirurgia e gostava de entender se é mesmo essa a opção mais indicada. Também estamos a pensar em pedir uma segunda opinião noutro médico privado.
Acima de tudo, o que mais me custa é a espera. Porque temos de esperar pacientemente que o período venha, que chegue o dia X para tomar o indutor e esperar mais não sei quantos dias pela eco de monitorização. Se não funcionar, nova espera e, no entretanto, mais 2 ou 3 meses que passam. E nada de bebé.
Nós optámos por não partilhar com a família, porque sabemos que não iriam conseguir ajudar-nos com o conforto que precisamos. Iriam encher-nos os ouvidos de verdades absolutas, desde a tia da prima do vizinho que passou pelo mesmo e ao fim de 15 anos lá conseguiu, à colega de trabalho que fez tratamentos "Caríssimos, aquele bebé custou uma fortuna!" (como se, nestes casos, o desejo de ter um filho fosse contabilizável), à tal da ansiedade que, segundo os outros e tal como dizes, temos de saber controlar como se de uns monges budistas nos tratássemos porque "Vais ver que quando relaxares isso pega de estaca! O teu mal é a ansiedade!".
Felizmente tenho no teu marido um apoio que já tinha provas de existir mas que, mais uma vez, não está desiludir.
A incerteza é muita. Não sabemos como serão os próximos 30 dias sequer. Vemos as amigas, as primas, as colegas de trabalho, mulheres que não conhecemos de lado nenhum a passarem por nós, grávidas, com aquele brilho natural que só uma gravidez dá a uma mulher e a ostentarem os seus barrigões. E nós quase sentimos aquilo como uma afronta pessoal, como se elas nos estivessem a esfregar na cara que não podemos ser mães. Mas elas não têm culpa, apenas conseguiram ter, com maior facilidade do que nós, aquilo com que tanto sonhamos.
Que os nossos positivos, de todas, cheguem muito depressa. Havemos de ser as melhores mães do mundo, para os nossos filhos.
Um beijinho grande.

Partilha fantástica. Identifico me com td. Acrescento apenas aquelas amigas k engravidam pk tomaram 1 clonix😤 felicidade por elas, mas roida de inveja😩😩

elir -
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Desde 31 Mar 2011

Olá Coquinha,
Eu não tenho avançado muito...
Não sei até onde acompanhaste, mas eu estava nos Lusíadas, onde fiz os exames iniciais de diagnóstico e depois precisei de respirar... de perceber o que era isto, de me encontrar dentro deste barco estonteante. Entretanto, fui chamada para consulta em Santa Maria, onde me disseram que podia fazer IIU e resolvemos esperar pela nossa vez.
No intervalo, fomos à Ginemed, porque achámos que os Lusíadas não seriam o sítio ideal. Quando finalmente chegou a nossa vez de fazer IIU, no próprio dia e depois de fazer a estimulação, descobrimos que o meu marido, que até aqui tinha um bom espermograma, estava com problemas e não deu para fazer IIU. Disseram-nos para voltar dois ciclos depois. Resolvemos, antes disso, fazer outro espermograma para evitar uma estimulação em vão. Resultado: 1% de formas normais... só com FIV.
Já fomos à 1.ª consulta também na IVI e dia 8 voltamos lá para ouvir o tratamento que nos propõem. Portanto, ainda não fizemos nada além de coito programado. E as notícias têm vindo sempre a piorar.
Vamos avançar para FIV, mas estou um bocado indecisa entre IVI e Ginemed...
E tu, como te encontras? Não tenho acompanhado tudo no fórum...
Beijinhos 😘

coquinha escreveu:

elir escreveu:Emma,
Que testemunho tão bonito o teu. Identifico-me muito com a tua postura perante este problema que nos revolve as emoções mais primárias e profundas e nos deixa muitas vezes perdidas, impotentes e devastadas.
Também sinto que todo este caminho me ensinou muito sobre resiliência, humildade e capacidade de aceitação. Não sei o que me trará o futuro. Sei que quero tentar ter um filho, mas não indefinidamente. E sei também que se o meu caminho não passar por ser mãe, hei-de encontrar outras razões que me dêem o significado da entrega que quero alcançar.
A ferida da infertilidade parece-me que ficará para sempre aqui guardada, qualquer que seja o desfecho. Mas há-de encontrar um cantinho que a faça apaziguada.
Desejo-te sorte e a todas as que, como nós, trilham este percurso dificil.
🍀😘

Desculpa Elir, mas em que fase de tratamento estás? Não tenho visto nenhum post teu...

Sobre elir

Um dia de cada vez...

Arevonline -
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Desde 16 Ago 2017

_Emma,
Passei para te deixar um abraço cheio de esperança. Comecei a caminhada das consultas em 2017, quando tinha 36 anos. 4 anos depois de casar, 1 ano após o início das tentativas. Reserva boa para a idade, tudo bem nas análises, útero preparado e trompas ok. Espermograma do marido também bom. Sem uma explicação clínica, nada aconteceu. E foi difícil lidar com a frustração de não saber contra o que lutar!
4 IIU, 1 AR, uma tentativa de estimulação para FIV e uma FIV depois, estamos a entrar nas 18 semanas de um bebé muito sonhado. Estou a viver o melhor, sempre à espera do pior. Quando entro para uma ecografia, a primeira pergunta que faço é se ainda se mexe. Temo que vá ser assim até ao fim!
Com isto tudo para te dizer que é possível logo na primeira FIV. Que há imensos casos de sucesso. Que este processo nos rouba a inocência acerca de uma coisa que devia ser tão espontânea e natural. Mas traz-nos outras coisas. Trouxe-me amizades que considero para a vida. Trouxe-me espírito combativo, resiliência e uma aprendizagem constante de resistência à ansiedade. Trouxe-me capacidade de reagir de uma forma mais conformada às desilusões e às frustrações. Há-de trazer-me um amor doce e sereno, eterno e incondicional, lá para Fevereiro ou Março do próximo ano! Sou muito grata a este forum. A quem me deu colo e me deu a mão, vezes sem conta. Quando "lá fora", o mundo me parecia insensível à minha dor. A quem me ouviu os desabafos desordenados, as birras sem sentido e as ideias idiotas.
É possível. Vai acontecer! É apenas e só uma questão de aguardar por aquilo que pensamos não ter: tempo!

17 Janeiro: IIU Lusíadas (-) 2 Fevereiro
9 Abril: IIU Lusíadas (+) 20 Abril; AR 4 Junho
24 Agosto: IIU Lusíadas (-) 10 de Setembro
23 Janeiro 2019: IIU Lusíadas (-) 8 Fevereiro
12 Julho: FIV Lusiadas (+) 25 Julho: 150/ 2 Beta 27 Julho: 362 ❤❤❤❤❤

MJoao14 -
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Desde 30 Set 2019

Emma, bonito testemunho! Estaremos aqui para te ajudar durante este processo que apesar de ,por vezes, ser doloroso, no fim, vale sempre a pena.
Estamos todas no mesmo barco, embora de diferentes tamanhos, e realmente nem toda a gente compreende como nós. Muita força, é o que te desejo.
Um beijinho a todas.

_Emma -
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Desde 24 Out 2019

Que bom ler as vossas palavras! Muito obrigada a todas! É realmente muito bonito e confortante o apoio que encontramos aqui. De repente deixamos de nos sentir as pessoas mais solitárias do planeta.
um beijinho a todas.

mritz -
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Desde 01 Jun 2016

Eu também estou aqui Emma.. Aparentemente sem qualquer problema... Está sempre tudo bem, tudo perfeito.. Enfim. Sei bem o que é não saber ainda o que me aguarda... Mas força, não estás sozinha e durante esta caminhada.. Que vai ter um bom desfecho estamos todas contigo. Um grande beijinho

Sobre mritz

A tentar desde Março de 2016
No Cirma desde Fevereiro de 2018
Miomectomia de mioma de 14x 6, 5x9,6cm em julho2019
FIV agendada para fim de Nov inícios de Dez 🌷🌷🙏
Positivo a 24/12, beta hcg 482 🙌😭♥️🙏

Isabel38 -
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Desde 06 Nov 2019

Bom dia a todas,

Já há algum tempo que sigo este fórum sem nunca escrever, no entanto desde que vos leio que me sinto menos só nesta caminhada. Tenho 38 anos, começamos a tentar engravidar aos 35 anos, depois de exames feitos e considerado tudo bem, ao fim de três meses sem tomar a pilula tivemos um teste positivo, uma felicidade imensa de quem não tinha noção que alguma coisa poderia correr mal. Às 6 semanas um diagnóstico de aborto retido, o nosso mundo ruiu.. Tive de fazer curetagem ao fim de 1 mês do diagnóstico, durante esse mês quase não saí de casa. A curetagem deixou-me uma aderência, pelo que estive 6 meses sem menstruar e sem resolução do problema, que só se resolveu com uma histeroscopia. Mais alguns meses a tentar sem resultados, mais exames onde sempre nos disseram que tudo estava bem, mas sem voltar a ter 1 positivo. Fomos para as consultas de apoio à fertilidade no Hospital de Santa Maria, onde estamos actualmente a ser acompanhados. Estamos inscritos para FIV, no entanto com indicação de realização de IIU, pois a nossa infertilidade é inexplicada. À segunda IIU em Setembro, um teste positivo, desta vez com medo, sem expectativas, sem a inocência que nunca mais irei recuperar. E mais uma vez o mesmo resultado, parou de evoluir às 6 semanas.. Neste momento e após os comprimidos não terem resultado, mais uma vez deverei ter de fazer curetagem.. Não sei o que se seguirá, mas sei que não sou a mesma pessoa que era quando iniciámos este processo. Se por um lado esta mágoa e tristeza passaram a fazer parte de mim, por outro lado, sei que sou uma pessoa que aprendeu a ser mais resiliente, a resistir às frustrações, a ser grata por aquilo que tenho, por ter um marido extraordinário, uma família que nos apoia incondicionalmente, e por todas as "pequenas" coisas que compõem a nossa vida. Não sei qual será o desfecho de todo este processo, quero acreditar que iremos conseguir cumprir o nosso sonho e que este caminho terá o propósito de um dia valorizarmos de forma diferente o que nos está reservado. Agradeço a todas as vossas partilhas, pois para mim são uma fonte de força e inspiração constante.

TA2020 -
Offline
Desde 23 Set 2019

Isabel38 escreveu:
Bom dia a todas,
Já há algum tempo que sigo este fórum sem nunca escrever, no entanto desde que vos leio que me sinto menos só nesta caminhada. Tenho 38 anos, começamos a tentar engravidar aos 35 anos, depois de exames feitos e considerado tudo bem, ao fim de três meses sem tomar a pilula tivemos um teste positivo, uma felicidade imensa de quem não tinha noção que alguma coisa poderia correr mal. Às 6 semanas um diagnóstico de aborto retido, o nosso mundo ruiu.. Tive de fazer curetagem ao fim de 1 mês do diagnóstico, durante esse mês quase não saí de casa. A curetagem deixou-me uma aderência, pelo que estive 6 meses sem menstruar e sem resolução do problema, que só se resolveu com uma histeroscopia. Mais alguns meses a tentar sem resultados, mais exames onde sempre nos disseram que tudo estava bem, mas sem voltar a ter 1 positivo. Fomos para as consultas de apoio à fertilidade no Hospital de Santa Maria, onde estamos actualmente a ser acompanhados. Estamos inscritos para FIV, no entanto com indicação de realização de IIU, pois a nossa infertilidade é inexplicada. À segunda IIU em Setembro, um teste positivo, desta vez com medo, sem expectativas, sem a inocência que nunca mais irei recuperar. E mais uma vez o mesmo resultado, parou de evoluir às 6 semanas.. Neste momento e após os comprimidos não terem resultado, mais uma vez deverei ter de fazer curetagem.. Não sei o que se seguirá, mas sei que não sou a mesma pessoa que era quando iniciámos este processo. Se por um lado esta mágoa e tristeza passaram a fazer parte de mim, por outro lado, sei que sou uma pessoa que aprendeu a ser mais resiliente, a resistir às frustrações, a ser grata por aquilo que tenho, por ter um marido extraordinário, uma família que nos apoia incondicionalmente, e por todas as "pequenas" coisas que compõem a nossa vida. Não sei qual será o desfecho de todo este processo, quero acreditar que iremos conseguir cumprir o nosso sonho e que este caminho terá o propósito de um dia valorizarmos de forma diferente o que nos está reservado. Agradeço a todas as vossas partilhas, pois para mim são uma fonte de força e inspiração constante.

Olá Isabel.
Eu sou relativamente recente no fórum e, se comparar com outras meninas que estão a tentar há muito mais tempo, ainda sou novata nestas andanças da infertilidade.
Mas acho que o sentimento de incerteza é comum a todas nós e julgo que é também por isso que encontramos bastante apoio e aconchego nos posts do fórum.
Há dias melhores e dias piores, no meu caso neste momento estou a tentar focar-me noutras formas de colmatar a ansiedade que o assunto me causa. Tenho-me esforçado por fazer mais exercício físico, comecei a fazer acupuntura, procuro aproveitar melhor os fins-de-semana com o meu marido, etc.
Acredito que, todas, chegaremos um dia a ter os nossos filhos nos nossos braços e esta luta que travamos só pode tornar-nos mais fortes.
Um beijinho grande e boa sorte. Sorriso

MegiePrincess -
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Desde 09 Jan 2019

ISABEL38 E TA2020 bem vindas! Este mundo não é fácil mas com companhia é menos penoso :)))

1ª TEC (04.06.2019) Positivo!! (14.06.2019) Beta 183.5 (16.07.2019) AR às 8 semanas
2ª TEC (04.09.2019) Negativo (16.09.2019)
3ª TEC (07.10.2019) Positivo !! (18.10.2019) Beta 487.2

Isabel38 -
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Desde 06 Nov 2019

Muito obrigado! Sorriso
Realmente sem dúvida que percebermos que não somos as únicas torna este mundo menos pesado. Neste momento estou a preparar-me mentalmente para a curetagem que deverei fazer na sexta-feira, para poder começar a encerrar mais este capitulo tão difícil. No entanto posso dizer que sem dúvida a minha forma de lidar com a situação mudou completamente da primeira perda para esta segunda. A dor é a mesma, a sensação de perda, de frustração e de injustiça é igual, mas não me fechei em casa, voltei ao trabalho, inscrevi-me no ginásio e tento todos os momentos estar o melhor possível e não perder a esperança. A seguir teremos de ter 3 meses de pausa e a seguir voltar às consultas onde já estou à espera que nos digam que continua sem haver explicação. Mas não iremos desistir, e como diz a TA2020 esta luta só nos pode tornar mais fortes! E continuarei sempre a ser grata pelos vossos testemunhos e palavras tão reconfortantes e que nos fazem sentir acompanhadas!
Beijinhos a todas Sorriso

_Emma -
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Desde 24 Out 2019

Depois de todos estes meses a lutar contra o inimigo invisível da infertilidade, depois de tudo o que li, estudei e investiguei, hoje sei que milhões de coisas podem correr mal e que conceber um bebé saudável é realmente um dos milagres da natureza. As hipóteses de engravidar em cada ciclo são já de si baixas, e vão diminuído há medida que passam as meses de tentativas falhadas... má qualidade dos óvulos, incompatibilidade entre gâmetas, problemas na replicação celular, falhas na implantação, problemas estruturais... variados fatores que não podemos controlar podem falhar e é duro, muito duro, pertencer aos 15% dos casais que enfrentam este fardo.

Felizmente atualmente há à nossa disposição tratamentos com taxas bastante razoáveis de eficácia. O processo é moroso e doloroso, mas na grande maioria dos casos tem recompensa no final!

Como disse a Arevonline: "É apenas e só uma questão de aguardar por aquilo que pensamos não ter: tempo!" O tempo é realmente um fator chave neste processo. Ficamos obcecadas com o tempo a passar, com a sensação de que a cada mês que passa mais um pouco da nossa fertilidade se vai. Planeamos estar grávidas no próximo Natal, no próximo aniversário, no próximo verão... as datas chegam e nada acontece. Então quando há abortos pelo meio tudo piora. É preciso fazer o luto, o medo cresce mais um bocado... Por isso é tão importante, e difícil, despojar-nos das expectativas que criamos, muitas vezes fruto do que achamos que os outros esperam de nós, e deixarmos as coisas fluírem. O que tiver de ser será 😉

Isabel38 -
Offline
Desde 06 Nov 2019

_Emma escreveu:
Depois de todos estes meses a lutar contra o inimigo invisível da infertilidade, depois de tudo o que li, estudei e investiguei, hoje sei que milhões de coisas podem correr mal e que conceber um bebé saudável é realmente um dos milagres da natureza. As hipóteses de engravidar em cada ciclo são já de si baixas, e vão diminuído há medida que passam as meses de tentativas falhadas... má qualidade dos óvulos, incompatibilidade entre gâmetas, problemas na replicação celular, falhas na implantação, problemas estruturais... variados fatores que não podemos controlar podem falhar e é duro, muito duro, pertencer aos 15% dos casais que enfrentam este fardo.
Felizmente atualmente há à nossa disposição tratamentos com taxas bastante razoáveis de eficácia. O processo é moroso e doloroso, mas na grande maioria dos casos tem recompensa no final!
Como disse a Arevonline: "É apenas e só uma questão de aguardar por aquilo que pensamos não ter: tempo!" O tempo é realmente um fator chave neste processo. Ficamos obcecadas com o tempo a passar, com a sensação de que a cada mês que passa mais um pouco da nossa fertilidade se vai. Planeamos estar grávidas no próximo Natal, no próximo aniversário, no próximo verão... as datas chegam e nada acontece. Então quando há abortos pelo meio tudo piora. É preciso fazer o luto, o medo cresce mais um bocado... Por isso é tão importante, e difícil, despojar-nos das expectativas que criamos, muitas vezes fruto do que achamos que os outros esperam de nós, e deixarmos as coisas fluírem. O que tiver de ser será 😉

Completamente de acordo com o que dizes, revejo-me nas tuas palavras sem dúvida ): "Por isso é tão importante, e difícil, despojar-nos das expectativas que criamos", e este é um trabalho diário que é importante tentarmos fazer, para que o "monstro" do tempo não nos absorva completamente..