Olá
Finalmente resolvi juntar-me a vocês. Disseram-me que escrever é uma terapia ... Pois bem, vou experimentar, here goes nothing ...
Desde Dezembro 2014, quando a vontade de ser mãe nasceu em mim, que leio e releio os vossos fóruns e mensagens e por vezes é o que me dá força para aguentar as várias desilusões deste ano. (Infelizmente) saber que não estamos sozinhas é importante.
Tenho 31 anos e a minha história remete a Julho 2013 quando depois de inúmeras menstruações, com pilula, com dores horriveis, fui diagnosticada com endometriose profunda pelo Dr. António Setubal. Na altura pouca informação tinha sobre a doença e deixou-me meio assustada porque me disse que engravidar seria, nao impossivel mas mais dificil e que teria de ser operada. Mas também me disse, que podia tomar a pilula seguida a fim de evitar dores até que a vontade de ser mãe surgisse. Ano e meio depois essa vontade chegou e com muita força
Muitas de vocês e quem o conhece, devem concordar quando afirmo que o Dr. AS, apesar de ser o melhor no que faz, é um médico muito frio e “despacha” e em conversa com colegas da minha Mãe recomendaram-me a Dra. Filipa Osório.
Em Dezembro 2014 lá fui eu, ao Hluz à 1ª consulta com a Dra. FO a fim de saber qual o passo a seguir para engravidar. Pediu-me para fazer todos os exames e análises, mas a ecografia com o Dr. Alberto Relvas não consegui fazer, como vivo em Luanda não consegui disponibilidade e como estava tudo aparentemente bem, pensei fazer numa próxima oportunidade, caso fosse necessário. Como a endometriose já tinha sido diagnosticada deu-me 6/7 meses para tentar naturalmente e depois desse tempo decidiriamos o que fazer.
Larguei a pilula em Dezembro e iniciei os treinos. A menstruação era regular o suficiente para controlar periodos ferteis (alguns com testes de ovulação) e para que em 8 ciclos apenas um deles me deixou a pensar “será que estou grávida?” – Qual quê!! Nada ... Em Fevereiro o pesadelo chegou com as dores menstruais ... febres, vómitos, com ciclos em que nem 2 gramas de tramadol me ajudavam, e ter de faltar ao trabalho por 2 dias por não conseguir sequer por-me direita. Foi horrivel. O meu Marido já não sabia o que fazer coitado.
Em Maio vim a Portugal de urgência depois dum episódio destes e fui fazer a tal ecografia com o Dr. Relvas. Quem já fez a ecografia com ele também sabe do que falo quando digo que aqueles minutos com ele são uma tortura porque ele vai ditando tudo o que vê para as assistentes escreverem o relatório. Eu já me ria com tanto nome estranho que ele dizia ... Adenomioses difusas, sactosalpinges, trompa esquerda obstruida, quistos para-ovario, focos de endometriose profunda, liquidos no fundo de saco de douglas, pseudo quistos intraperitoneal. Ainda hoje depois de consumir tanta informação não sei bem o que são alguns dos monstros acima.
Resumindo ... disse-me logo que assim era muito dificil engravidar, mesmo que houvesse fecundação do lado direito – uma vez que a esquerda estava obstruida, segundo o Dr. - a implantação era muito dificil. Indicação cirurgica, não havia duvida. Levei os resultados à Dra. FO que me disse que iamos então marcar a Laparoscopia e alertou-me para o facto de que possivelmente perderia a trompa esquerda.
Inicio de Agosto deste ano, fui operada com ela no Hluz. Correu tudo lindamente e não perdi a trompa Além desses focos, tecidos e nódulos ainda tinha o intestino todo agarrado ao lado esquerdo cheio de aderências. A cromotubação bilateral foi positiva por isso não tinha trompa obstruida. Recuperação super rapida. Liberou-me para os treinos 1 mês depois e deu-me 6 meses para engravidar naturalmente sem ajudas e acha que vou conseguir.
Agora, a ansiedade instalou-se em mim duma maneira ridicula. Se está tudo bem cmg e com o meu Marido a coisa tem de dar não é? Ovulei este ciclo nos dias certos (fiz testes), treinei nos dias certos, fiz tudo direitinho e mesmo assim não sinto nada e com tristeza espero o red para este sábado, dia 10 Outubro, a caminho do 3º ciclo depois da laparoscopia. A verdade é que só o facto de não sentir as dores que sentia no red, ter sido operada foi a melhor decisão que poderia ter tomado.
Desculpem o testamento mas tinha de desabafar com alguém e falar (escrever neste caso) sobre o que sinto. Não quero falar com outras amigas porque dizem sempre o mesmo e, graças a Deus, não sabem o que é viver nesta frustração. E com o Marido ... ao Marido quero mostrar confiança de que vamos conseguir, preciso que ele continue positivo pela minha sanidade mental.
Escrevo a minha história na esperança de que alguma de vocês se relacione e me diga como foi o seu caso e que talvez me aconselhe a como controlar esta ansiedade maluca e este controlo absurdo sobre todos os sinais do meu corpo, que são nenhuns lol.
Um bem haja a todas as mulheres que estão nesta luta. Temos de alguma forma acreditar certo? Só nós sabemos o que é lutar pela nossa Estrelinha* Como se diz aqui pela “banda” Angolana ... “Estamos Juntas”
Bjs,
Mikas.