O sonho acabou | De Mãe para Mãe

O sonho acabou

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Camia -
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Desde 21 Dez 2018

Sinto um vazio tão grande, mais tão grande que nem consigo chorar e estou sem perceber. Segunda-feira fui a consulta estava tudo bem, saco gestacional, vesícula e um pontinho que parecia o embrião, o médico disse que tinha 5 semanas e era cedo para ver o embrião ou ouvir.
Hoje passei o dia super bem, nenhuma dor ou cólica, o pequeno sangramento marrom que tinha já tinha parado a uns 3 ou 4 dias.
Hoje quando levantei-me do sofá para ir para cama sinto o sangue a escorrer-me pelas pernas, coloquei a progesterona e deitei-me durante uns 20 minutos.
Parecia que tinha parado, quando levantei de novo senti um coágulo enorme a sair "tem a foto anexada do coágulo " depois disso, saiu sangue para todos os lados, e um segundo coágulo que caiu já na sanita.
E pronto, não preciso de grandes ciências para saber que tive um aborto espontâneo.
O medo virou realidade, e estou cá em Portugal sozinha, ainda estou meio atordoada...parece um pesadelo.

Tânia Rosário -
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Desde 02 Nov 2014

Camia passei para deixar um grande abraço. Infelizmente, o aborto acontece muito mais frequentemente do que aquilo que pensamos. Eu sei que não te serve de consolo nenhum mas se nem com progesterona a gravidez avançou é porque alguma coisa não estava bem. Isto foi me explicado pela minha obstreta e na altura também não me serviu de consolo. Volta ao médico para ver ser realmente foi um aborto e se saiu tudo. Desejo que tudo fique bem e que quando te sentires preparada voltes aos treinos, o sonho não acabou, apenas foi adiado por um tempo. Um beijinho

CatarinaSa26 -
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Desde 21 Maio 2014

Bom dia Camia.
A comfirmar-se o aborto, lamento muito a sua perda. No entanto é mesmo importante que vá à urgência o mais rapidamente possível. Não quero de maneira nenhuma criar falsas expectativas, mas na minha segunda gravidez, às 8 semanas tive uma perda de sangue imensa, mais abundante que uma menstruação, ao ponto de ficarcom as calças encharcadas em sangue de cima a baixo. Fui imediatamente para o hospital sempre a pensar que tinha perdido o bebé, mas afinal foi um descolamento da placenta e com repouso resolveu-se às 14 semanas. Hoje o meu piolho tem ano e meio Sorriso
Seja como for, o melhor é ir preparada para o pior, mas é mesmo importante que vá, para saber se o corpo expulsou tudo.
E é verdade o que já disseram, não havendo um motivo fisico (como problemas no útero por exemplo) os abortos espontâneos acontecem por alguma má formação no feto que seja incompatível com a vida, daí o corpo rejeitar aquele bebé que nunca teria condições para viver. Infelizmente é muito comum, mas é raro haver mulheres que tenham vários abortos espontâneos, a não ser que tenham algum problema que os provoque.
Se não é o seu caso, brevemente voltará a ter o seu bebé a crescer aí dentro.
Boa sorte e muita força.

Mother of two ❤
6-4-2014 # Positivo
9-12-2014 | 11:05h
13-10-2016 # Positivo
10-6-2017 | 6:30h

Susana Isa C -
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Desde 15 Jan 2019

Boa noite a todas,
Partilho aqui um pouco da minha história porque tenho esperança que ajude um pouco algumas mães. Desculpem o longo testemunho.
Aos 42, quase 43 anos começamos a tentar ter o nosso filho (seria o primeiro do meu marido porque eu já tinha uma jovem de 21 anos). Engravidei facilmente e às 8 semanas comecei a ter hemorragias. Tive um aborto espontâneo em que foi necessário fazer medicação para expulsar o embrião. Já tínhamos contado à família e só várias semanas depois conseguimos dizer o que nos tinha acontecido. Da segunda vez o embrião deixou de ter batimentos cardíacos às 10 semanas. Fiz novamente a mesma medicação. É um vazio sem explicação. Continuámos firmes na nossa decisão e 3 meses depois estava novamente grávida. Foi uma angústia chegar às 12 semanas, mas quando as ultrapassámos ficámos confiantes que dessa vez ia correr tudo bem. Infelizmente ao fazer a eco da TN descobriu-se que o bebé teria graves anomalias cardíacas e a T21 era a maior probabilidade. A biópsia das vilosidades veio confirmar a trissomia 21. Fomos aconselhados a interromper a gravidez pois segundo o médico o bebé não tinha condições de sobrevivência. A dor não tem fim nem explicação. A IMG foi às 16 semanas e eu passei por um parto normal, mas saí do hospital de colo vazio e alma vazia. Tinha visto a minha bebé, um anjinho que fisicamente não aparentava qualquer problema, mas a autópsia confirmou os relatórios médicos. No dia que saí do hospital disse ao meu marido que um dia iríamos sair dali com o nosso filho nos braços! Ainda não sei onde arranjei essa força. Um mês depois fui internada para fazer uma curetagem. Decidimos viajar para fora do país porque era fundamental naquele momento estarmos só os dois. Poucas pessoas da família sabiam (3 ou 4 no máximo se bem me lembro). No início de dezembro de 2017 engravidei novamente. Não sei explicar, mas embora tivesse muito medo, também sentia uma estranha calma. Todos as análises e ecografias indicaram um bebé saudável e fui aconselhada a não fazer biópsia ou amniocentese devido ao risco de aborto. E não fiz. Em Agosto do ano passado e eu com 45 anos nasceu o meu menino, lindo, saudável, cheio de energia e apetite! É a alegria das nossas vidas. Fé e acreditar na esperança de que um dia tudo será diferente foi o que me motivou a continuar a tentar e não desistir por maior que fosse a dor, porque é enorme! Nenhum filho substitui os que perdemos... é uma dor que permanece adormecida no coração duma mãe para sempre... muita força é o que vos desejo.

CatarinaSa26 -
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Desde 21 Maio 2014

Susana Isa, muito obrigada pelo seu testemunho. Para mim que fui mãe sem qualquer esforço e nunca sofri uma perda, é difícil dizer que imagino o que passou, porque de facto não imagino, mas relatos como o seu faz-me dar mais valor a cada dia que tenho com os meus filhos. Eles são sem dúvida a maior razão da minha vida, mas há dias em que o cansaço é enorme e ler as suas palavras faz-me "ver" em como o cansaço não é nada.
Muitos parabéns pela sua força!
E muitas felicidades.

Mother of two ❤
6-4-2014 # Positivo
9-12-2014 | 11:05h
13-10-2016 # Positivo
10-6-2017 | 6:30h

geraldesfatima -
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Desde 04 Maio 2017

Susana Isa C, agradeço-lhe imenso o seu testemunho e felicito-a pela postura e força que tem na vida.
Ajudou-me e muito ler a sua história, estou numa situação onde, uma vez mais a angústia da espera é tortuosa. Após uma gravidez exemplar, seguiu-se um aborto retido, após isso veio uma gravidez anembrionária, e agora grávida de novo, de 7 semanas, a aguardar nova eco para ver se é desta que dou um(a) maninho(a) ao meu menino... e com 42 anos. Sinto-me com forças e esperanças para mais uma "caminhada".
Obrigada, beijinhos grandes

Susana Isa C -
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Desde 15 Jan 2019

Geraldesfatima
Espero sinceramente que lhe corra tudo bem e que daqui a alguns meses tenha o seu filho nos braços.
Uma das razões que me leva a partilhar a minha história é saber que ajuda muito quem está a passar pela angústia de perder um filho ou já perdeu e receia voltar a passar por tudo outra vez. A mim ajudou muito ler as experiências de outras mães nos fóruns, porque assim não me sentia tão excluída e sozinha... no SNS não senti que existisse qualquer preocupação com as mães a quem corre mal uma gravidez e perdem os filhos... senti que era um estorvo e a frieza de alguns profissionais com que me cruzei ainda acentuava mais a minha dor. A exceção foi quando tive a IMG da minha menina. Senti que as enfermeiras parteiras trataram de mim com muita dignidade e respeito por aquele momento tão difícil. Mas vi das 3 vezes que existe uma lacuna enorme e falta de formação a muitos dos profissionais de saúde que estão nos serviços de obstetrícia. No meu caso, após a IMG recebi UM MÊS DEPOIS uma carta do hospital para ir a uma consulta de psiquiatria! Optei por não ir, porque iria ser o reviver de tudo. Existe uma associação sem fins lucrativos chamada Associação Artémis que tenta prestar algum apoio e solidariedade, mas não está presente nos hospitais ou centros de saúde.
Muita sorte é o que desejo a todas 🍀🍀🍀