Estávamos nós com 39 semanas e 5 dias quando fomos a nossa última consulta no Hospital.
A Dra. que me atendeu não era a mesma das consultas anteriores e nem era a minha médica mas felizmente foi ela quem me “provocou “ o parto .
Eu não tinha nenhum sinal de que as coisas tinham evoluído naquela semana e estava mesmo convencida de que a Melissa só sairia da barriguinha com um parto induzido, coisa que para mim provocava imensa tensão e medo.
Cheguei no Hospital as 9:30, esperei até as 11:30 para ser atendida. Tinha os pés inchados como um balão e a paciência já tinha ido embora a muito tempo.
Não estava farta de estar grávida, muito pelo contrário, penso que tinha sido a experiência mais gratificante e maravilhosa que já havia acontecido na minha vida mas a ansiedade começava a ocupar a maior parte dos meus dias.
Tinha medo do parto!
Entrei no consultório e a médica mandou-me logo tirar a parte de baixo da roupa, para avaliar as condições. Fez-me uma eco e disse-me que estava tudo bem, Melissa estava pronta a nascer. Questionei-a sobre o tamanho da menina e disse-lhe sobre meu medo pois o percentil dela era 81 e a Dra. muito simpática e atenciosa, me disse que a menina não era tão grande, para eu não me preocupar pois eu tinha uma boa bacia e todas as condições para ter a minha menina de parto normal. Depois da eco fez-me o toque e disse que ainda só tinha um dedo de dilatação mas já tinha o colo mole. Pedi a ela se podia acelerar alguma coisa pois gostava mesmo que a menina nascesse ainda no mês de Julho e já começava a ficar cansada, ela então disse que iria tentar descolar as membranas ... respirei fundo e tentei relaxar ao máximo. Não custou tanto quanto eu pensava, acho que o segredo é mesmo tentar relaxar!
A médica disse que achava que não demoraria a ter a minha menina mas de qualquer forma marcou-me a indução para dia 04/08. Saí do consultório com algumas dores normais causadas pelo toque. Fui almoçar, depois fui para casa descansar, meu marido foi trabalhar e só voltaria por volta das 19:00 para jantar, depois voltaria ao trabalho até a madrugada.
Adormeci durante uma hora e acordei as 15:30 com contrações com dor mas não dei importancia até que reparei que elas estava bem pouco espaçadas e comecei a anotar o tempo. A dor não era muito forte, parecia mesmo dor do período. Para além das contrações, também estava a perder grande quantidade do rolhão mucoso.
O tempo foi passando, já eram 18 horas e as contrações com dor continuavam, apesar de não ser regulares, estavam todas com menos de 10 minutos, mas ainda era completamente suportável. Resolvi tomar um banho e ficar pronta para quando o marido chegasse para o jantar, dar um pulinho até as urgências do Hospital, ver o que se passava cá dentro.
Quando eu disse ao marido o que se passava, ele ficou mais nervoso que eu. Jantamos, e depois seguimos para o Hospital... já com as malas para o caso de ser preciso fic ar lá. A única coisa que ficou emk casa foi o Kit das células estaminais que o marido disse que viria buscar se fosse mesmo preciso (moramos a menos de 5 minutos do hospital).
Chegamos no hospital, esperei alguns minutos até que veio uma enfermeira me chamar, mediu-me as tensões, a temperatura eperguntou-me o que estava a se passar então expliquei-lhe que tinha contrações com aproximadamente 5 minutos com dor e que a Dra na consulta daquele dia tinha feito o toque e tentado descolar as membranas. Fui para salinha para ser vista pela médica, deitei-me na maca, fez-me eco e disse que estava tudo bem com a menina, fez-me o toque e eu tinha 80% do colo extinto mas só tinha 1cm de dilatação, disse que iriamos fazer o exame das cintas (ctg) para avaliar a situação e ver se aquilo evoluia.
Estive 1 hora e meia no ctg e ele não acusou contrações, e eu cheínha de dores! A enfermeira disse-me que provavelmente o ctg não conseguia captar as contrações pois elas se concentravam mais na parte das costas. Voltei a ser vista pela médica que me disse que não tinha evolução nenhuma e o melhor a fazer era ir para casa e esperar que a coisa evoluísse por si., deu-me ben u ron para as dores e fui-me embora.
Meu marido deixou-me em casa e voltou ao trabalho.
As dores continuavam e as contrações apesar de não serem ritmadas, nunca eram mais espaçadas que 10 minutos.
Antes de ir dormir ainda falei com a família no Brasil, pausando a cada contração...
Meu marido chegou e fomos para cama, adormeci já eram mais de 2 da manhã... aproximadamente as 5:00 acordei com dores, levantei, fui a casa de banho, voltei a deitar mas já não conseguia dormir, eram 5:30 e ouço um “track”, pensei “ou isso foi meu corpo a dilatar ou então a bolsa rompeu”, mexi-me um bocadinho na cama e senti que iria escorrer alguma coisa, levantei-me rápido e a água escorreu pelas minhas pernas abaixo, vi logo que não tinha se rompido totalmente e por isso eu ia perdendo o liquido aos poucos. Naquela hora, passou-me um filme pela cabeça. Iria finalmente conhecer a minha menina, senti medo, ansiedade e felicidade.
Chamei meu marido e disse que tinha rompido a bolsa, ainda sem conseguir me mover daquele lugar. Ele ficou muito assustado, foi buscar-me uma toalha para eu ir até a casa de banho. Eu comecei a tremer muito, até minhas pernas tremiam e eu não conseguia me controlar, fiquei mais assustada ainda. Não sabia se era dos nervos, se era frio ou febre. Verifiquei a cor do liquido, tive dor de barriga (lol) e depois fui tomar um banho para tentar relaxar, fiquei no banho uns 15 minutos. As contrações eram cada vez mais dorolosas e menos espaçadas. Fiquei pronta. O marido teve dor de barriga (lol)
As contrações já estavam de 4 em 4 minutos e já eram bastante dolorosas ao ponto de me fazer vomitar, pedi ao meu marido para se apressar ou então se preparar para me fazer o parto lol (mal sabia eu que ainda faltava tanto!).
Cheguei ao hospital eram 6:30 e ainda demoraram uns 10 minutos para me atender, tive que me controlar para não vomitar no meio da sala de espera.
A enfermeira que me atendeu ainda era a mesma que me tinha visto durante a noite e ficou feliz em me ver lá. A médica que me atendeu é que não foi a mesma e foi bastante estúpida ao ponto de me dizer que tinha feito mal em ter ido para o hospital, que ainda só tinha 2 cm de dilatação e ainda disse-me que as mulheres de hoje em dia não estão preparadas para ter filhos. Fiquei muito nervosa com ela mas a enfermeira me acalmou e disse-me que fiz muito bem em ter ido e que não me preocupasse pois já iria trocar de turno e essa médica já não iria me ver. Fiquei internada.
Disse ao meu marido para ir para casa, tomar um banho,l descansar, buscar o kit, que quando ele pudesse entrar e ficar comigo eu chamaria.
Fui para sala de expectantes, a cada contração eu vomitava, deram-me clister, ainda tentei ficar em pé e a andar durante algum tempo mas depois tive mesmo que ir para cama. Passado 1 hora, veio uma médica me examinar, tinha 3cm de dilatação. Fiquei desesperada. Sabia que não aguentaria as dores e decidi que era melhor pedir a epidural. Trocaram de turno, veio uma médica muito simpática, e eu disse-lhe que queria a epidural, ela viu que eu estava aflita, que estava a vomitar e ainda me disse “Parto vomitado é parto abençoado”. Até tentei esboçar um sorriso mas pouco durou pois as dores eram muitas. A médica saiu e veio uma enfermeira me buscar para ir para sala de partos, já eram 9 da manhã. Chamei o marido para vir me fazer compania. Durante esse tempo que estive na sala de expectante troquei sms com alguns amigos e com o marido que me ia encorajando sempre.
Quando cheguei na sala de partos já estava lá a anestesista. Uma mulher nova, muito simpática, me fez algumas perguntas, assinei os papeis, ela me explicou o procedimento e sinceramnete não ouvi nada pois estava cheínha de dores lol. A anestesia foi uma parte dificil pois eu tenho imensa sensibilidade nas costas e também sou resistente a anestesias então a anestesia local para dar a epidural não pegava e eu estava sempre a me mexer lol. A anestesista teve imenso trabalho comigo, mas lá conseguiu memedicar.
Passado alguns minutos as dores começaram a abrandar... só do lado direito! O lado esquerdo eu sentia tudo!
A anestesista saiu e a seguir chegou o meu marido, fiquei aliviada por não estar mais ali sozinha.
Ele foi o meu porto seguro, posso dizer que se não tivesse ele ao meu lado, eu me desesperaria. A cada contração que vinha ele segurava a minha mão, me lembrava a respiração que aprendemos nas aulas de PPP e me dizia para ter calma que faltava pouco...
A dilatação estava a demorar, a última vez que lembro de olhar as horas, passava pouco das 10 da manhã, estava eu com 4cm de dilatação. A partir daí eu não tive noção do tempo, as dores eram terríveis. A anestesista veio me ver várias vezes, mexeu no catéter, me deu reforços mas nada resultava, continuava a sentir o lado esquerdo.
Devia passar pouco das 11 da manhã quando comecei a sentir vontade de puxar, lembrei-me que não podia, fiz a tal respiração tipo cão com sede e pedi ao marido para chamar a enfermeira. Ela veio logo, fez-me o toque, tinha 7cm, mas ainda não podia puxar, quase desesperei, pensei novamente que não aguentaria. Tive raiva por pensar que era forte, por achar que estava preparada para o parto...
Passado algum tempo, as dores aumentaram, já quase não tinha intervalo entre as contrações, aliás, em nenhum momento eu tive contrações regulares , a vontade de puxar agora era tanta que quase não conseguia controlar, meu marido chamou novamente a enfermeira... já tinha 9 cm de dilatação e 95% do colo extinto. A enfermeira começou a preparar as roupinhas, a maca e depois veio para minha beira, disse-me que podia puxar quando sentisse vontade, a ver se a menina descia e se as coisas avançavam.
Perdi a conta de quantas vezes fiz força e as coisas não evoluiam... estava a puxar bem, mas quando parava. a Mel voltava a subir e tínhamos que começar tudo de novo. A enfermeira pediu ajuda ao meu marido, mostrou-lhe como empurrar a minha barriga cada vez que eu fizesse força., mas também não funcionou... A enfermeira então chamou a médica para ajudar. Veio uma equipa toda. Eram duas médicas, três enfermeiras a minha volta e mais o marido a dar-me força.
Já não me recordo se eram duas ou três pessoas a me empurrar a barriga, a médica a tentar puxar a bebé e eu a fazer toda força que conseguia. Todas a me dizer para fazer força, para não desistir que estava quase mas a Mel voltava a subir.
Comecei a ficar com medo de ela sufocar ou de me levarem para cesareana e pensei que tinha que conseguir fazer mais força, afinal, se muitas mulheres conseguem eu também tinha de conseguir. Parei um pouco, tentei recuperar o fòlego e retomei as tentativas. Puxei uma vez, faltou-me o ar. A médica resolveu recorrer a ventosa, apanhei ar, segurei firme na cama e puxei novamente, colocaram-me a ventosa, meu marido dizia “puxa meu amor, força, não desiste agora, puxa” , senti me cortarem, continuei a puxar, senti novamente me cortarem, as dores eram terriveis, já estava sem folego mas não parei até ouvir a Mel a “choramingar”, olhei e lá estava ela, toda branquinha com o vernix, era, 13:05 da tarde. Lembro-me que a primeira coisa que pensei foi que ela afinal era pequenina, de certeza que não tinha os 4kg como previsto na eco. Pegaram ela pelos pézinhos e aí sim ela chorou pra valer!
Eu senti aquele amor a primeira vista que falam. Chorei muito, fiquei mesmo emocionada. Achei minha menina incrivelmente bonita, tinha um narizinho lindo, uns olhinhos puxadinhos, enfim, era linda linda! Levaram ela para limpar e vestir e pedi ao meu marido para ficar do ladinho dela e para tirar fotos daquele momento.
A minha dor ainda não tinha passado por completo, a Dra veio me tirar a placenta que ainda foi um bocadinho doloroso e depois a corzer-me tiveram que dar uma anestesia local pois estava a sentir tudo. Só depois dessa anestesia é que finalmente deixei de ter dor.
Quando a minha princesa estava vestidinha, colocaram ela no meu colo, eu disse a ela “olá, então eras tu que estavas na minha barriguinha, és tão linda!” e mais uma vez não consegui conter as lágrimas... ela era tão perfeita, tão quietinha e atenta. Quando a Dra terminou de me cozer colocaram ela na mama e deixaram-nos os três no quarto sozinhos para curtir aquele momento. Fiquei no recobro cerca de 2 horas e depois o papá foi para casa e levaram-nos para o quarto.
Meu parto não foi nada fácil. Foi totalmente diferente do que eu imaginava. Foi doloroso, cansativo e traumatizante, mas quero lembrar que nenhum parto é igual, por isso, vocês que estão grávidas, não tenham medo, tentem ir o mais calma possível pois isso ajuda imenso. Tentem se informar sobre as tecnicas de respiração para alívio da dor pois elas ajudam mesmo! Pensem que cada minuto que passa é um passo mais perto de ver o vosso tesourinho.
Peço desculpa por ter me alongado tanto (mas não consegui resumir mais que isso, são muitos detalhes que não podem ser esquecidos) e por ter demorado a postar (a Mel tem tido cólicas e tem exigido muita atenção da minha parte).
Um beijinho a todas