Quando os nossos filhos são demasiado parecidos connosco | De Mãe para Mãe

Quando os nossos filhos são demasiado parecidos connosco

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BeatrizAC -
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Desde 31 Jan 2020

Alguma vez olharam para os vossos filhos e se reconheceram neles? E alguma vez reconheceram neles traços da vossa personalidade que não queriam que tivessem herdado? Fazem alguma coisa para combater isso?

MartaSB -
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Desde 19 Set 2019

Não se pode mudar quem nós somos. Eventualmente apesar desses traços teus que reconheces nele, ele irá desenvolver a sua personalidade, a sua maneira de ser. Cada comportamento será responsabilidade dele.
O máximo que podes fazer é aconselha-lo guiá-lo para que ele não comenta os mesmos erros que tu. Apesar de muitas vezes ser inevitável. Faz parte do crescimento, aprendizagem, descoberta.

Anete Silva -
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Desde 06 Fev 2019

Olá! Reconheço vários, da mãe, pai, avós, tios, etc... orgulho-me de todo o traço que a minha filha herdou... ajudo-a é a superar a ter resiliência com alguns traços de personalidade que tornam mais complexa a aceitação das dificuldades e o convívio com o próximo.
Ajudo-a a trabalhar esses traços como eu também já o fiz comigo mesma... já trabalhei muitas características minhas, já "domei" traços de feitio... e do pai também...
Por exemplo, o pai é muito impaciente, não sabe esperar, fica até desagradável por isso trabalho na minha filha a paciência, o saber esperar, falo muito com ela nesse sentido, explico, oriento... é o nosso papel...
Sinceramente acho que tudo o que é comportamental pode ser trabalhado...

ALES88 -
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Desde 14 Nov 2016

A minha é o pai em tudo, fisicamente e psicologicamente, numa versão mais furacão. Ainda há uns dias comentávamos que não sabíamos muito bem a quem saía o feitio de pavio curto que ela tem, enerva-se facilmente, tem os nervos sempre à flor da pele. O meu marido e a minha sogra são assim mas não eram de pequenos 😛mas ha expressões que ela faz que consegue ficar ainda mais igual ao pai e à avó. Traços meus só vi uma vez ou outra no sorriso, e nas brincadeiras, gosta muito de bonecas, barbies e bebés, que eu adorava também. De resto mais nadinha. Gostava que o feitio fosse mais calmo como o meu mas 🤷🏻‍♀️

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

Fisicamente sim, quando vejo fotografias minha em pequena vejo a minha filha.
A personalidade não é herdada, "herdam" por observação ou influência nossa. Sim, quando não me agrada tento mudar várias vezes. Por exemplo, quando vejo que a minha filha tem um medo que é meu, tento combater, faço um esforço enorme para que os meus medos e ansiedades não sejam as dela e que transpareçam o mínimo. Quando a vejo ter gestos ou expressões que são minhas e não gosto muito, tento mudar. Quando a ouço repetir frases minhas. Ainda há dias a ouvi dizer ao pai "lá vais tu inventar", sou eu que lhe digo isso(sobre bricolage), vou tentar não repetir.
Raramente acho que têm de gostar do mesmo que eu. Tenho várias "discussões" com o pai por causa disso, porque acha que eles têm de ter os gostos dele. Se gosta de sopa quente, eles também, se gosta de maçã assada, eles também, etc. Eu evito ao máximo isso, vario tudo e tento ir ao encontro dos gostos deles, independentemente do meu.
Tenho sempre presente que eles não têm personalidade formada, nem herdada, quando algo menos bom que tenham é igual a alguém da família é porque se está a influenciar nesse sentido, não é porque nasceu mal humorado como a mãe 😛

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

MisaL escreveu:
Fisicamente sim, quando vejo fotografias minha em pequena vejo a minha filha.
A personalidade não é herdada, "herdam" por observação ou influência nossa. Sim, quando não me agrada tento mudar várias vezes. Por exemplo, quando vejo que a minha filha tem um medo que é meu, tento combater, faço um esforço enorme para que os meus medos e ansiedades não sejam as dela e que transpareçam o mínimo. Quando a vejo ter gestos ou expressões que são minhas e não gosto muito, tento mudar. Quando a ouço repetir frases minhas. Ainda há dias a ouvi dizer ao pai "lá vais tu inventar", sou eu que lhe digo isso(sobre bricolage), vou tentar não repetir.
Raramente acho que têm de gostar do mesmo que eu. Tenho várias "discussões" com o pai por causa disso, porque acha que eles têm de ter os gostos dele. Se gosta de sopa quente, eles também, se gosta de maçã assada, eles também, etc. Eu evito ao máximo isso, vario tudo e tento ir ao encontro dos gostos deles, independentemente do meu.
Tenho sempre presente que eles não têm personalidade formada, nem herdada, quando algo menos bom que tenham é igual a alguém da família é porque se está a influenciar nesse sentido, não é porque nasceu mal humorado como a mãe 😛

Existem traços que são genéticos, mas depois é a interação com o ambiente e a experiência vividas que vão moldar a personalidade do indivíduo. Percebo o que queres dizer mas é incorrecto dizer que a personalidade não é herdada, quando esta é o resultado de factores biológicos, psicológicos e ambientais.

SweetBlonde -
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Desde 02 Ago 2012

MisaL escreveu:
Fisicamente sim, quando vejo fotografias minha em pequena vejo a minha filha.
A personalidade não é herdada, "herdam" por observação ou influência nossa. Sim, quando não me agrada tento mudar várias vezes. Por exemplo, quando vejo que a minha filha tem um medo que é meu, tento combater, faço um esforço enorme para que os meus medos e ansiedades não sejam as dela e que transpareçam o mínimo. Quando a vejo ter gestos ou expressões que são minhas e não gosto muito, tento mudar. Quando a ouço repetir frases minhas. Ainda há dias a ouvi dizer ao pai "lá vais tu inventar", sou eu que lhe digo isso(sobre bricolage), vou tentar não repetir.
Raramente acho que têm de gostar do mesmo que eu. Tenho várias "discussões" com o pai por causa disso, porque acha que eles têm de ter os gostos dele. Se gosta de sopa quente, eles também, se gosta de maçã assada, eles também, etc. Eu evito ao máximo isso, vario tudo e tento ir ao encontro dos gostos deles, independentemente do meu.
Tenho sempre presente que eles não têm personalidade formada, nem herdada, quando algo menos bom que tenham é igual a alguém da família é porque se está a influenciar nesse sentido, não é porque nasceu mal humorado como a mãe 😛

Não concrodo com esta afirmação. A personalidade pode ser herdada sim. E a prova disso vê-se nos irmãos criados com os mesmos exemplos e reagem de forma diferente a situações.

Por acaso até pesquisei e econtrei um artigo interessante sobre isso: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quais-tracos-da-personalidade-...

Blonde

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Madrinha e afilhada orgulhosa da Nelia02

guialmi -
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Desde 13 Jul 2013

Como eu já tenho filhas com as personalidades bem formadas (17 anos), sim, reconheço traços de personalidade quer meus quer do pai, uns muito positivos, outros neutros, outros negativos. A Sansa explicou corretamente que há traços que são genéticos, sim, embora depois os fatores ambientais os possam moldar, no sentido de os reforçar ou atenuar. Por exemplo, eu sou tímida, tenho algumas dificuldades sociais e isso prejudicou-me ao longo do meu crescimento e na idade adulta. Como tenho uma filha que sempre foi assim também, consigo reconhecer as dificuldades que ela tem e procuro ajudar a superá-las - mas não deixa de ser tímida por isso.
Quando são características nossas que reconhecemos, é mais fácil ser empática e, sim, pode acontecer reforçamos involuntariamente certos traços. Quando as características negativas são semelhantes ao outro pai e há uma relação conflituosa infelizmente não faltam os casos de isso ser usado como uma acusação. A frase "és mesmo igual ao teu pai/à tua mãe" pode ser usada de forma carinhosa mas também pode ser usada como um ataque, fazendo a criança ou adolescente sentir que tem "defeito".

SweetBlonde -
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Desde 02 Ago 2012

guialmi escreveu:
Como eu já tenho filhas com as personalidades bem formadas (17 anos), sim, reconheço traços de personalidade quer meus quer do pai, uns muito positivos, outros neutros, outros negativos. A Sansa explicou corretamente que há traços que são genéticos, sim, embora depois os fatores ambientais os possam moldar, no sentido de os reforçar ou atenuar. Por exemplo, eu sou tímida, tenho algumas dificuldades sociais e isso prejudicou-me ao longo do meu crescimento e na idade adulta. Como tenho uma filha que sempre foi assim também, consigo reconhecer as dificuldades que ela tem e procuro ajudar a superá-las - mas não deixa de ser tímida por isso.
Quando são características nossas que reconhecemos, é mais fácil ser empática e, sim, pode acontecer reforçamos involuntariamente certos traços. Quando as características negativas são semelhantes ao outro pai e há uma relação conflituosa infelizmente não faltam os casos de isso ser usado como uma acusação. A frase "és mesmo igual ao teu pai/à tua mãe" pode ser usada de forma carinhosa mas também pode ser usada como um ataque, fazendo a criança ou adolescente sentir que tem "defeito".

Por exemplo, eu e o meu marido somos pessoas extremamente sociáveis. Saímos com amigos, falamos com pessoas que não conhecemos com extrema facilidade. Já a minha filha apesar de ter crescido com esse exemplo, não é tão sociável como nós. Prefere ficar sossegada num canto a ter de conviver com outras pessoas.

Eu sou uma pessoa afectuosa por noma, gosto de dar beijinhos e abraços e ela detesta. Por isso, eu acho sim, que a personalidade pode ser moldada mas até certo ponto. Há muitos traços que nascem com as pessoas.

Sim, concordo com o facto de usarmos essas expressões por vezes, fazem sentir que é um defeito, apesar de fazer parte da personalidade deles e às vezes da nossa Piscar o olho

Blonde

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Madrinha e afilhada orgulhosa da Nelia02

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

Não se herda personalidade.
Há traços de propensão genética, incluindo algumas situações da gestação, mas não propriamente a personalidade. Todos esses traços podem ser "alterados", "reformulados", "reorientados" ao longo da vida, mas sobretudo na infância.
O que mais vejo e ouço é: tem medo das aves, como eu / não gosta de doces, como o pai, / não percebe nada de matemática, como todos lá em casa, etc, etc. Assim como as coisas boas. Não, não é assim, nadinha, nadinha. Tem medo "como...", porque aprendeu, sentiu e recebeu essa "informação".
Como se diz: só filho de passarinho, nasce a fazer ninho. Os nossos filhos nascem a fazer e a ser, o que virem, sentirem, aprenderem.
Não é como herdar a estatura, as doenças, a cor dos olhos.
"Herdar significa" que se é assim geneticamente. Herdou o mau feitio, tem mau feitio. Não, a personalidade está noutro nível.

SweetBlonde escreveu:

MisaL escreveu:Fisicamente sim, quando vejo fotografias minha em pequena vejo a minha filha.
A personalidade não é herdada, "herdam" por observação ou influência nossa. Sim, quando não me agrada tento mudar várias vezes. Por exemplo, quando vejo que a minha filha tem um medo que é meu, tento combater, faço um esforço enorme para que os meus medos e ansiedades não sejam as dela e que transpareçam o mínimo. Quando a vejo ter gestos ou expressões que são minhas e não gosto muito, tento mudar. Quando a ouço repetir frases minhas. Ainda há dias a ouvi dizer ao pai "lá vais tu inventar", sou eu que lhe digo isso(sobre bricolage), vou tentar não repetir.
Raramente acho que têm de gostar do mesmo que eu. Tenho várias "discussões" com o pai por causa disso, porque acha que eles têm de ter os gostos dele. Se gosta de sopa quente, eles também, se gosta de maçã assada, eles também, etc. Eu evito ao máximo isso, vario tudo e tento ir ao encontro dos gostos deles, independentemente do meu.
Tenho sempre presente que eles não têm personalidade formada, nem herdada, quando algo menos bom que tenham é igual a alguém da família é porque se está a influenciar nesse sentido, não é porque nasceu mal humorado como a mãe 😛

Não concrodo com esta afirmação. A personalidade pode ser herdada sim. E a prova disso vê-se nos irmãos criados com os mesmos exemplos e reagem de forma diferente a situações.
Por acaso até pesquisei e econtrei um artigo interessante sobre isso: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quais-tracos-da-personalidade-...

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

Misal, a personalidade é o resultado da interação contínua entre os genes e o ambiente, ambos os factores têm igual importância, e os estudos feitos com gémeos monozigóticos sustentam isso mesmo. Como é que justificas então a diferença de personalidade entre indivíduos que foram criados no mesmo ambiente?

Anotski85 -
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Desde 09 Jun 2020

Também não sei onde vão buscar a convicção de que a personalidade é herdada geneticamente. Podem existir propensões genéticas para determinados características ou problemas de origem biológica / bioquímica ? Sim. Mas tudo o que é comportamental é aprendido na interação com o meio, salvo em casos de algumas patologias. A ideia de que se herda a personalidade A ou B ou se é uma síntese geneticamente determinada pelos pais é completamente errada. Os comportamentos aprendem-se. E se o passarinho nascesse golfinho (para brincar com o provérbio que a Misal trouxe), sabia era nadar elegantemente.
Para a autora do topico: os filhos não têm só traços semelhantes aos dos pais. Com a socialização secundária podem tornar-se até extremamente distantes das suas raízes e adquirir traços, maneirismos e automatismos profundamente diferentes dos que marcam a personalidade dos membros da família de origem. Se há traços comportamentais que não quer que o seu filho tenha, trabalhe com ele no sentido de adquirir outros. E a melhor maneira de o fazer, é dando o exemplo. Os comportamentos aprendem-se por imitação sobretudo.

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

Anotski85 escreveu:
Também não sei onde vão buscar a convicção de que a personalidade é herdada geneticamente. Podem existir propensões genéticas para determinados características ou problemas de origem biológica / bioquímica ? Sim. Mas tudo o que é comportamental é aprendido na interação com o meio, salvo em casos de algumas patologias. A ideia de que se herda a personalidade A ou B ou se é uma síntese geneticamente determinada pelos pais é completamente errada. Os comportamentos aprendem-se. E se o passarinho nascesse golfinho (para brincar com o provérbio que a Misal trouxe), sabia era nadar elegantemente.
Para a autora do topico: os filhos não têm só traços semelhantes aos dos pais. Com a socialização secundária podem tornar-se até extremamente distantes das suas raízes e adquirir traços, maneirismos e automatismos profundamente diferentes dos que marcam a personalidade dos membros da família de origem. Se há traços comportamentais que não quer que o seu filho tenha, trabalhe com ele no sentido de adquirir outros. E a melhor maneira de o fazer, é dando o exemplo. Os comportamentos aprendem-se por imitação sobretudo.

Certos traços têm uma tendência genética, e depois é o ambiente, a forma como o indivíduo é educado, as experiências vivenciadas, etc, ou seja todo um conjunto de factores que irão influenciar que certas características se manifestem ou não. Ninguém sugeriu que os genes são os únicos responsáveis na construção da personalidade, mas sim que não podemos afirmar que a personalidade não tem uma base genética.

SweetBlonde -
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Desde 02 Ago 2012

RLL78 escreveu:

MisaL escreveu:Não se herda personalidade.
Há traços de propensão genética, incluindo algumas situações da gestação, mas não propriamente a personalidade. Todos esses traços podem ser "alterados", "reformulados", "reorientados" ao longo da vida, mas sobretudo na infância.
O que mais vejo e ouço é: tem medo das aves, como eu / não gosta de doces, como o pai, / não percebe nada de matemática, como todos lá em casa, etc, etc. Assim como as coisas boas. Não, não é assim, nadinha, nadinha. Tem medo "como...", porque aprendeu, sentiu e recebeu essa "informação".
Como se diz: só filho de passarinho, nasce a fazer ninho. Os nossos filhos nascem a fazer e a ser, o que virem, sentirem, aprenderem.
Não é como herdar a estatura, as doenças, a cor dos olhos.
"Herdar significa" que se é assim geneticamente. Herdou o mau feitio, tem mau feitio. Não, a personalidade está noutro nível.

SweetBlonde escreveu:

MisaL escreveu:Fisicamente sim, quando vejo fotografias minha em pequena vejo a minha filha.
A personalidade não é herdada, "herdam" por observação ou influência nossa. Sim, quando não me agrada tento mudar várias vezes. Por exemplo, quando vejo que a minha filha tem um medo que é meu, tento combater, faço um esforço enorme para que os meus medos e ansiedades não sejam as dela e que transpareçam o mínimo. Quando a vejo ter gestos ou expressões que são minhas e não gosto muito, tento mudar. Quando a ouço repetir frases minhas. Ainda há dias a ouvi dizer ao pai "lá vais tu inventar", sou eu que lhe digo isso(sobre bricolage), vou tentar não repetir.
Raramente acho que têm de gostar do mesmo que eu. Tenho várias "discussões" com o pai por causa disso, porque acha que eles têm de ter os gostos dele. Se gosta de sopa quente, eles também, se gosta de maçã assada, eles também, etc. Eu evito ao máximo isso, vario tudo e tento ir ao encontro dos gostos deles, independentemente do meu.
Tenho sempre presente que eles não têm personalidade formada, nem herdada, quando algo menos bom que tenham é igual a alguém da família é porque se está a influenciar nesse sentido, não é porque nasceu mal humorado como a mãe 😛

Não concrodo com esta afirmação. A personalidade pode ser herdada sim. E a prova disso vê-se nos irmãos criados com os mesmos exemplos e reagem de forma diferente a situações.
Por acaso até pesquisei e econtrei um artigo interessante sobre isso: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quais-tracos-da-personalidade-...

Sim, o meio pode ter alguma influencia em como expressamos os nossos traços, mas o que é nosso, é nosso.
Eu por exemplo herdei do lado do meu pai uma veia sociopata um bocado vincada - e digo que herdei pois há uma linha muito longa deste tipo de transtornos de personalidade na familia do meu pai. Entretanto como cresci numa sociedade extremamente sociável, acho que o meu meio foi responsável por eu me tornar uma sociopata funcional e não acabar numa prisão qualquer. Mas a indole está lá.

Continuo a concordar que tem uma componente genética. Não total mas parcial. Daí, muitas vezes irmãos criados da mesma forma serem tão diferente em termos de personalidade.

Uns mais afectuosos, outros nem tanto, uns mais enérgicos, outros mais preguiçosos.

Apesar de ser filha única, vejo pelo meu marido e irmãos. São 3 no total e todos muito diferentes em termos de personalidade.

Comparemos por exemplo filhos dos mesmos pais em que um se envolve na droga e tem tendência para roubar e o outro não. Perceberam os exemplos de forma diferente, imitaram de forma diferente? Tudo é relativo...

Blonde

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Madrinha e afilhada orgulhosa da Nelia02

Anotski85 -
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Desde 09 Jun 2020

Sansa, acho que ias gostar de ler um livro espetacular, de dois sociólogos, sobre estes temas. Abordam a "construção social da realidade", indo muito além da psicologia e da formação da personalidade, relevando o papel da socialização primária na formação da identidade (lembro-me de já termos abordado este tema noutro tópico). O livro chama-se mesmo A Construção Social da Realidade, é de Peter Berger e Thomas Luckman. Fica a dica para quem mais se interessar pelo assunto. Sorriso

guialmi -
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Desde 13 Jul 2013

Eu percebo que se deseje e acredite que a educação (o exemplo, o ambiente, os estímulos) possa fazer dos nossos filhos uma versão muito melhorada dos pais, evitando traços de personalidade indesejáveis e reforçando todos os que consideramos positivos, mas lamento...não é assim que acontece. Podem dar os melhores exemplos do mundo, rodear a criança de modelos extraordinários de comportamento , trabalhar de modo intensivo os traços de personalidade desejados e ainda assim a componente genética vai ter uma grande influência naquilo que somos e naquilo em que nos tornamos. E ainda bem...seria de um determinismo assustador pensar que tudo se aprende por imitação, tão assustador quanto pensar que o destino está escrito nos genes. Nem sequer é propriamente motivo de discussão porque a interação entre parte genética e parte ambiental está estudadíssima.
A minha filha é tímida, herdou isso de mim (o pai não é nada tímido), não foi nada aprendido, como podia ser? Nunca na infância ela me viu em situações em que me sinto inibida socialmente, fiz um esforço bastante consistente para que ela contornasse essa dificuldade (precisamente por saber como pode ser limitador) e procurei sempre oportunidades que a ajudassem nesse campo. Não estava nas minhas mãos nem das de ninguém mudar esse traço de personalidade, o que temos feito é ajudar a que, em termos de comportamento, isso não a impeça de desenvolver o seu potencial. Por exemplo, ela não consegue deixar de sentir desconfortável a fazer uma apresentação oral (sentimento), mas consegue não recusar fazer essa apresentação (comportamento). Não foi por nenhuma interferência do meio que uma das minhas gémeas tem um raciocínio matemático brilhante e a outra não - uma sai ao pai, outra à mãe. O que estava nas nossas mãos era dar apoio para que ambas desenvolvessem as suas capacidades dentro das competências inatas que cada uma tem, e isso foi feito - ambas têm sucesso no ano terminal de Matemática A...mas não com a mesma classificação. Uma resolve sozinha problemas de complexidade superior, outra resolve problemas que possa ter mecanizados, mas se sair do habitual não chega lá. Em que é que isto é fruto do meio? nada.
Nós, enquanto pais, não mudamos o que os filhos são. Há características herdadas que temos de aceitar, mesmo que nos custe, mesmo que passemos a vida a contrariá-las . À medida que os vossos filhos forem crescendo, isto vai-se tornando mais claro e acreditem que é fascinante ver as suas personalidades a desenvolverem-se, de forma tão parecida e tão diferente de nós. (Nota-se que gosto imenso de ser mãe de adolescentes?) Sorriso

SweetBlonde -
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Desde 02 Ago 2012

guialmi escreveu:
Eu percebo que se deseje e acredite que a educação (o exemplo, o ambiente, os estímulos) possa fazer dos nossos filhos uma versão muito melhorada dos pais, evitando traços de personalidade indesejáveis e reforçando todos os que consideramos positivos, mas lamento...não é assim que acontece. Podem dar os melhores exemplos do mundo, rodear a criança de modelos extraordinários de comportamento , trabalhar de modo intensivo os traços de personalidade desejados e ainda assim a componente genética vai ter uma grande influência naquilo que somos e naquilo em que nos tornamos. E ainda bem...seria de um determinismo assustador pensar que tudo se aprende por imitação, tão assustador quanto pensar que o destino está escrito nos genes. Nem sequer é propriamente motivo de discussão porque a interação entre parte genética e parte ambiental está estudadíssima.
A minha filha é tímida, herdou isso de mim (o pai não é nada tímido), não foi nada aprendido, como podia ser? Nunca na infância ela me viu em situações em que me sinto inibida socialmente, fiz um esforço bastante consistente para que ela contornasse essa dificuldade (precisamente por saber como pode ser limitador) e procurei sempre oportunidades que a ajudassem nesse campo. Não estava nas minhas mãos nem das de ninguém mudar esse traço de personalidade, o que temos feito é ajudar a que, em termos de comportamento, isso não a impeça de desenvolver o seu potencial. Por exemplo, ela não consegue deixar de sentir desconfortável a fazer uma apresentação oral (sentimento), mas consegue não recusar fazer essa apresentação (comportamento). Não foi por nenhuma interferência do meio que uma das minhas gémeas tem um raciocínio matemático brilhante e a outra não - uma sai ao pai, outra à mãe. O que estava nas nossas mãos era dar apoio para que ambas desenvolvessem as suas capacidades dentro das competências inatas que cada uma tem, e isso foi feito - ambas têm sucesso no ano terminal de Matemática A...mas não com a mesma classificação. Uma resolve sozinha problemas de complexidade superior, outra resolve problemas que possa ter mecanizados, mas se sair do habitual não chega lá. Em que é que isto é fruto do meio? nada.
Nós, enquanto pais, não mudamos o que os filhos são. Há características herdadas que temos de aceitar, mesmo que nos custe, mesmo que passemos a vida a contrariá-las . À medida que os vossos filhos forem crescendo, isto vai-se tornando mais claro e acreditem que é fascinante ver as suas personalidades a desenvolverem-se, de forma tão parecida e tão diferente de nós. (Nota-se que gosto imenso de ser mãe de adolescentes?)

Se conseguíssemos mudar seriam exemplos de perfeição Sorriso

Mas como nós também não o somos, resta como bem disse, dar-lhes as " ferramentas" ou oportunidades para "melhorar" (depende do ponto de vista) certas características da sua personalidade. Gostei muito do seu comentário Sorriso

Blonde

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Madrinha e afilhada orgulhosa da Nelia02

SweetBlonde -
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Desde 02 Ago 2012

Dou um exemplo simples. A minha filha tem sérias dificuldades a matemática. Não sou brilhante nessa matéria e confesso que também não amo mas ela tem discalculia, problema herdado do pai que só se apercebeu que o tinha quando ela foi diagnosticada.

Não o podemos solucionar, apenas contornar, dando-lhe apoio nessa parte. Mas lá está, escolheu uma área que pouco está ligada a essa vertente.

É organizada, coisa que eu não primo por ser, portanto o exemplo não veio de mim. A organização dela prima por extremos, exemplo que nunca viu na nossa casa.

Ela organiza por exemplo os marcadores fluorescentes por cores e sabe exactamente se alguém mexeu nalguma coisa dela.

Nem eu nem o pai chegamos a esse extremo. Portanto vou assumir que é uma característica que nasceu com ela e não foi adquirida.

Blonde

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Madrinha e afilhada orgulhosa da Nelia02

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

Anotski85 escreveu:
Sansa, acho que ias gostar de ler um livro espetacular, de dois sociólogos, sobre estes temas. Abordam a "construção social da realidade", indo muito além da psicologia e da formação da personalidade, relevando o papel da socialização primária na formação da identidade (lembro-me de já termos abordado este tema noutro tópico). O livro chama-se mesmo A Construção Social da Realidade, é de Peter Berger e Thomas Luckman. Fica a dica para quem mais se interessar pelo assunto.

https://cristianorodriguesdotcom.files.wordpress.com/2013/06/bergerluckm...

guialmi -
Online
Desde 13 Jul 2013

Sansa escreveu:

Anotski85 escreveu:Sansa, acho que ias gostar de ler um livro espetacular, de dois sociólogos, sobre estes temas. Abordam a "construção social da realidade", indo muito além da psicologia e da formação da personalidade, relevando o papel da socialização primária na formação da identidade (lembro-me de já termos abordado este tema noutro tópico). O livro chama-se mesmo A Construção Social da Realidade, é de Peter Berger e Thomas Luckman. Fica a dica para quem mais se interessar pelo assunto.

https://cristianorodriguesdotcom.files.wordpress.com/2013/06/bergerluckm...


Não estou com tempo para me debruçar sobre o assunto (embora a construção das identidades me interesse profissionalmente) mas esse livro de 1966 tem sido rebatido ao longo dos anos.
Por exemplo
https://www.researchgate.net/publication/225819343_Peter_Berger_and_His_...
"Berger’s approach has been criticised by social theorists for reproducing, rather than transcending, the very errors of voluntarism and determinism that he strives to avoid."
Passei os olhos por este artigo e espero conseguir mais tarde lê-lo
http://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/132_232.pdf
Uma perspetiva construtivista da identidade , que é o que daqui decorre, não é contraditória da perspetiva psicológica do desenvolvimento humano como correlação entre fatores genéticos e ambientais. São questões diferentes (mas de facto é um tema interessante)

ALES88 -
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Desde 14 Nov 2016

Concordo que há traços que se herdam e outros que se vão adquirindo ou que até nascem connosco mesmo não sendo de nenhum dos pais. Como já disse o feitio da minha é igual ao da avó e do pai mas exponenciado. Mas ha uma coisa que ela adora que eu nunca fiz nada pra ela aprender a gostar, nem eu nem o pai nem ninguém, que são letras. Sabe o abecedário todo em inglês e adora ver vídeos e músicas sobre letras, já sabe porque letra começam algumas palavras apenas pela sonoridade delas, sem dúvida que é a coisa que mais gosta. Sai à mãe, eu aprendi a ler com 4 anos, porque sempre adorei letras, não tenho dúvidas que ela vai pelo mesmo caminho. Outra coisa que adora é fruta, à qual eu não ligo absolutamente nada, sou capaz de estar semanas sem tocar numa peça de fruta, já o pai adora fruta e ela é igual, come toda e qualquer uma. Portanto ha coisas que ela herdou de nós, outras que vai aprendendo (agora aprendeu a dizer “da cá isso” que é o que lhe dizemos quando tem alguma coisa na mão que não pode ter). Os meus irmãos foram os dois criados da mesma forma. Um é super extrovertido e chegou a estar metido em problemas de droga quando era mais novo. O outro sempre foi tímido e recatado e mesmo vendo o irmão metido por caminhos menos corretos nunca esteve sequer tentado a seguir por esses caminhos,e até ajudou o mais velho a sair de lá. Hoje em dia permanece o mais velho muito extrovertido, trabalhador e nunca mais teve problemas desses na vida, e o mais novo tímido e recatado como sempre foi. São o exemplo perfeito de terem sido criados da mesma maneira e terem personalidades completamente diferentes.

Anotski85 -
Offline
Desde 09 Jun 2020

guialmi escreveu:

Sansa escreveu:
Anotski85 escreveu:Sansa, acho que ias gostar de ler um livro espetacular, de dois sociólogos, sobre estes temas. Abordam a "construção social da realidade", indo muito além da psicologia e da formação da personalidade, relevando o papel da socialização primária na formação da identidade (lembro-me de já termos abordado este tema noutro tópico). O livro chama-se mesmo A Construção Social da Realidade, é de Peter Berger e Thomas Luckman. Fica a dica para quem mais se interessar pelo assunto.

https://cristianorodriguesdotcom.files.wordpress.com/2013/06/bergerluckm...

Não estou com tempo para me debruçar sobre o assunto (embora a construção das identidades me interesse profissionalmente) mas esse livro de 1966 tem sido rebatido ao longo dos anos.
Por exemplohttps://www.researchgate.net/publication/225819343_Peter_Berger_and_His_...
"Berger’s approach has been criticised by social theorists for reproducing, rather than transcending, the very errors of voluntarism and determinism that he strives to avoid."
Passei os olhos por este artigo e espero conseguir mais tarde lê-lohttp://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/132_232.pdf
Uma perspetiva construtivista da identidade , que é o que daqui decorre, não é contraditória da perspetiva psicológica do desenvolvimento humano como correlação entre fatores genéticos e ambientais. São questões diferentes (mas de facto é um tema interessante)

Acho curioso que uma pesquisa rápida pelo researchgate sirva para suportar a deslegitimação das bases teórico-epistemológicas do construtivismo fenomenológico, e considero ainda mais curioso que a data de publicação do livro sirva tal propósito. Que saiba, ainda ninguém refutou completamente a teoria da relatividade, o Adam Smith continua a ser a base teórica do neoclassicismo económico, e Marx o último atualizador dos fundamentos da teoria do valor do trabalho, que nunca teve melhor problematização lógica e epistemológica. Eu, Guialmi, de psicologia comportamental sei pouco, e não vou socorrer-me de uma pesquisa rápida no google académico para tentar descredibilizar fundamentos teóricos dessa área. E se tiver de escolher entre a fast science das lógicas produtivistas da que desde a viragem do século marcam a produção científica ou a produção teórica "datada" dos anos 60 e 70, prefiro aquela de um tempo em que o tempo não era só dinheiro e CV e a ciência obedecia a princípios compatíveis com a qualidade do pensamento.
E, no fim de contas, só recomendei um livro que é mesmo espetacular para quem se interessa sobre o assunto. Não disse que refutava a influência da genética, nem disse que era a ciência mais atual sobre o assunto. Se preferem comprar a crítica sem ler o livro, a escolha é vossa, não minha.

guialmi -
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Desde 13 Jul 2013

A Anotsky não faz a mínima ideia de qual é a minha formação (nem tem de saber) nem tentou minimamente perceber o que escrevi.Dispenso bem essa agressividade e esse arrazoado todo quando só estava a tentar contribuir para uma discussão que até acho bem interessante. Se o que escrevi é uma idiotice, não perca energia, passe à frente.

fmmartins -
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Fisicamente sim, psicologicamente identifico muitos traços do pai.