A pior parte de ter um diagnóstico de infertilidade inexplicada é que sabemos que, se em seis anos não engravidámos, muito provavelmente não vamos conseguir engravidar naturalmente. No entanto a nossa mente e o nosso corpo, de vez em quando, gostam de nos torturar para nos brindar com dúvidas e sintomas. No meu caso, às vezes, isso acontece. E é precisamente o que está a acontecer este mês. Este mês em que tive sintomas de ovulação dias antes da data prevista, em que tive uma gripe de caixão à cova e que por isso a única intimidade que houve foi no dia do aniversário do meu marido, e que, pelas contas do telemóvel foi vários dias antes da ovulação, mas segundo os sintomas do meu corpo foi no dia, ou no pré dia da ovulação (ia no terceiro dia de muco).
Não liguei nenhuma, sabia que as minhas chance este mês seriam iguais a zero. No entanto…
Uma semana depois da data em que o meu corpo me indicou ter ovulado senti umas pontadas do lado esquerdo, semelhantes às da ovulação mas ainda assim diferentes. No final dessa semana comecei a sentir o meu peito dorido, o que já é costume uns dias antes de vir o malfadado, mas que, mesmo pelas minhas contas desta vez veio com uma antecedência muito superior ao normal. Além disso ando cheia de azia…
Pela minha condição de obcecada com estes assuntos, sei de cor e salteado todos os sintomas de gravidez. Já os tive praticamente todos, especialmente em Dezembro, em que eram tantos os sintomas que estava convicta que estaria grávida. Estava inclusive a planear a forma mais bonita de contar ao meu marido e a alegria que ia dar à minha mãe e sogra na noite de Natal. Mas não… uns dias antes do Natal chegou o maldito para me estragar os planos.
Por isso, desta vez, já sei o que me espera. Afinal de contas, são seis anos de desilusões mensais. Criamos uma carapaça para nos protegermos porque isto de sofrer todos os meses dá cabo de qualquer um. Aceitamos o nosso destino enquanto esperamos pelo próximo ciclo de FIV. Mas ainda assim… há sempre um mês que nos faz acreditar que a nossa vez chegou. Que vamos ser um daqueles casos que lemos, de meninas que após anos a tentar engravidaram naturalmente.
E nessa altura, damos por nós a torcer para que nos venha o período (somos doidas, realmente…) porque cada dia de atraso é uma tortura, e esse atraso leva a planos, a imaginar o quarto do bebé e as roupinhas, só para se desmoronar tudo, tal castelo de cartas.
Por isso período, despacha-te, eu sei que ainda faltam oito dias, mas vê se vens mais depressa, antes de eu começar a hesitar cada vez que passo na farmácia para comprar um teste de gravidez. Já foram tantos… e o resultado foi sempre o mesmo… desta vez não vai ser diferente…