Problemas psiquiátricos (depressão e ansiedade) e FIV | De Mãe para Mãe

Problemas psiquiátricos (depressão e ansiedade) e FIV

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19 mensagens
MariaPoppins -
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Desde 23 Jul 2018

Olá a todas,

Desde a adolescência que tenho problemas de depressão e ansiedade, e tomei medicação (passada pelo médico de família) até há 1 ano, altura em que se começou a aproximar a altura da FIV.
Fiz FIV em janeiro e o ciclo não resultou, o que trouxe de novo todos os problemas. Então hoje fui pela primeira vez a um psiquiatra, para tomar alguma medicação que não desse problemas em caso de gravidez. Ora, a psiquiatra disse-me que o melhor seria adiar a nova FIV que está agendada para o final de março, porque tenho uma depressão grave (?)... Estou tão zangada com a situação... um dos meus maiores medos é que me adiem o tratamento, porque já tenho 35 anos e o caso não é fácil. Além disso, tenho muito receio que adiar o ciclo fique ainda pior... A psiquiatra deixou à responsabilidade da equipa de PMA, e a PMA diz que tem que ser a psiquiatra a garantir que estou estável...
Sinto-me duplamente injustiçada com isto tudo: porque tenho uma doença da qual não tenho culpa, e outra doença que me impossibilita o tratamento da primeira...

Alguém a quem tenha acontecido o mesmo?

MAC - Inscrição FIV (Out 2018)
FIV #1: 20jan - sem fecundação
FIV/ICSI #2: 15 mai
Transf #1: 1 jun
Acompanhamento: risco HTA MAC
Parto: 23 Jan 2021 MAC

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

Olá,
Lamento muito que nem sempre a vida seja aquilo que sonhamos e que tenha que passar por tudo isto.
Embora não seja exatamente a minha área, estou de acordo com a psiquiatra. Uma depressão é sempre algo grave que salvo raríssimas exceções piora na gravidez e pós parto.
Foque-se em pleno em tratar de si, cuide-se, procure ajuda, peça outras opiniões. Eu acho que ao adiar não volta ao princípio, será uma questão de adiar uns meses.
Tudo de bom e que se encontre a melhor solução

Leticia _29 -
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Desde 12 Set 2019

Olá.
Concordo que deva adiar.
Se não está bem agora provavelmente com um filho será bem pior.
Trate primeiro de si para depois poder estar bem para o bebé.
As melhoras e tudo de bom para si.

guialmi -
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Desde 13 Jul 2013

Imagine que tinha uma doença cardíaca grave, que sem tratamento poderia comprometer a sua vida. Seria impensável engravidar antes de tratar a doença cardíaca, certo? Com a sua doença psiquiátrica é a mesma coisa, para poder ter uma gravidez e um pós-parto seguro e tranquilo, tem de tratar primeiro a depressão ou no mínimo estabilizar a situação.
Compreendo perfeitamente a frustração (também tive problemas de infertilidade e engravidei por FIV), mas com 35 anos ainda tem uma boa margem de tempo à sua frente.
Contudo, se bem compreendi, esta é a primeira vez que procurar um psiquiatra para tratar o seu problema...ou seja, na prática, nunca tratou a sua gravidez e ansiedade (um médico de família pode passar medicação, é verdade, mas fazer só isso é pôr um penso rápido em cima de uma fratura exposta). O psiquiatra não falou em fazer psicoterapia?

guialmi -
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Desde 13 Jul 2013

*nunca tratou a sua depressão e ansiedade

elir -
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Desde 31 Mar 2011

Olá Maria,
Concordo com a Gualmi.
Psicoterapia é fundamental. Espero que tenha oportunidade de fazer. Vai ver que a sua vida muda para melhor e que estará mais segura, plena e consciente para receber a dádiva de um bebé.
Desejo-lhe toda a sorte. Cuide de si.
<3

Sobre elir

Um dia de cada vez...

MariaPoppins -
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Desde 23 Jul 2018

Obrigada pelas vossas respostas.
A psiquiatra falou-me em psicoterapia, sim. Durante o tempo que estive medicada fui também acompanhada por uma psicóloga, e aprendi boas estratégias para lidar com a situação, mas penso que sem medicação não vai lá...
Depois de pensar um bocado, penso que a psiquiatra está com medo que a situação piore e não esteja completamente controlada até ao próximo ciclo, e que isso provocar uma situação ainda mais grave que precise de uma medicação mais forte e que coloque em risco a gravidez. Percebo isso, claro, e estou capaz de aceitar o adiamento nesse caso.
A metáfora da doença cardíaca foi precisamente o que me disseram na MAC. Que se estiver controlado seguimos, se continuar doente não podemos avançar, e que a avaliação depende da psiquiatra.
O meu medo é que a psiquiatra tenha interpretado mal. Ela tem bastante experiência e já viu muita coisa, mas ao ponto de avaliar em "depressão grave" é estranho, uma vez que consigo manter rotinas básicas como ter uma higiene normal, preparar comida e fazer tarefas domésticas, e o meu problema está maioritariamente relacionado com as responsabilidades do trabalho e tarefas intelectuais.
Na sexta-f vou novamente falar com a psiquiatra e vejo o que ela diz. Talvez o melhor seja começar a fazer a medicação que ela passar, e depois mais perto do início da FIV fazer uma avaliação e aí logo se vê.

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candeias82 -
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Desde 25 Fev 2016

Maria
Concordo em absoluto com as restantes meninas.
Eu tive uma depressao pós parto apos o nascimento do meu filho, à quase 12 anos atrás, não é nada fácil lidar com isso e se a Maria nao esta estável psicologicamente, é quase garantido que ao engravidar vai acabar por ter uma tambem, alem disso todas sabemos o peso que estes tratamentos têm em nós a nivel psíquico, por isso acho melhor tratar de si 1o, e procurar a estabilidade necessaria para poder prosseguir com os tratamentos.
Tem o seu tempo e precisa mesmo dele, levamos tanto tempo a preparar o nosso corpo para iniciar os tratamentos e por vezes nao nos lembramos que a nossa cabeça tambem precisa de preparação.
Tem aqui um grupo de apoio❤ e juntamente com os seus médicos vai conseguir dar a volta a isto da melhor forma possivel.
Desejo que tudo corra bem🙏❤😘

Nov/2015 SOP inicio de provera
Junho a Dez 2016 Duf + Prov + Est.
Agosto/2019 - 1a consulta IVI - Out 2019 ICSI * 7 congeladinhos🍀
Nov/2019 - TEC canc.Dez/2019 - Tec canc.
Janeiro/2020 - Espero que seja o mês 🙏🍀BHCG - 584❤❤❤

LAMF -
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Desde 07 Abr 2018

Olá, desculpa discordar com o que te disseram. Se fazes a tua vida normal, socializas normalmente não tens uma depressão grave, porque medicar. Todos nós temos ao longo desta caminhada momentos bons e maus é normal. Talvez sim pedires apoio de psicóloga na MAC ao longo de todo o processo. Certo que tens que estar consciente que nem sempre se consegue a primeira mas havemos de conseguir. Estares medicada pouco serve precisas sim distrair e conviver, fazer exercício.

Sobre LAMF

Início treinos 2016
Eu endometriose profunda, ele astenospermia
2017-2018 - 2 IIU's (-), FIV (0 embriões),
2019- 2021 - ICSI maio TEF (-), ICSI out TEF (-), TEC fev (-) e junh (-), ICSI out 1 embrião, TEC maio (-)
2022- ICSI fev e out sem embriões D5
2023 - doação de ovocitos

Leticia _29 -
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Desde 12 Set 2019

LAMF escreveu:
Olá, desculpa discordar com o que te disseram. Se fazes a tua vida normal, socializas normalmente não tens uma depressão grave, porque medicar. Todos nós temos ao longo desta caminhada momentos bons e maus é normal. Talvez sim pedires apoio de psicóloga na MAC ao longo de todo o processo. Certo que tens que estar consciente que nem sempre se consegue a primeira mas havemos de conseguir. Estares medicada pouco serve precisas sim distrair e conviver, fazer exercício.

Desculpe mas parece me um pouco irresponsável estar aqui a afirmar que a menina que criou o tópico não tem uma depressão grave, ainda mais depois de está ter procurado ajuda e ter obtido um diagnóstico de uma profissional que essa sim está capacitada para avaliar a condição psíquica da autora do tópico.
Não vamos desvalorizar uma depressão e dizer que basta exercício e nos distrair mos que isso passa.
Juntando a isto o facto de a autora do tópico estar a passar por tratamento de fertilidade que bem sabemos são pesadissimos é imperativo que trate primeiro a sua saúde mental para estar bem para o desafio que é um bebé.
Preocupamos nos muitas vezes com a saúde física e esquecemos que a mental é tão ou mais importante.

guialmi -
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Desde 13 Jul 2013

LAMF escreveu:
Olá, desculpa discordar com o que te disseram. Se fazes a tua vida normal, socializas normalmente não tens uma depressão grave, porque medicar. Todos nós temos ao longo desta caminhada momentos bons e maus é normal. Talvez sim pedires apoio de psicóloga na MAC ao longo de todo o processo. Certo que tens que estar consciente que nem sempre se consegue a primeira mas havemos de conseguir. Estares medicada pouco serve precisas sim distrair e conviver, fazer exercício.

Desculpe, mas fazer diagnósticos a partir de umas poucas informações na net é simplesmente irresponsável. A depressão tem múltiplas manifestações e nem todas as pessoas com depressão grave estão enfiadas numa cama sem falar com ninguém. Esse é um estereótipo que prejudica gravemente quem sofre desta doença séria, uns porque não procuram ajuda outros porque não os levam a sério.

guialmi -
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Desde 13 Jul 2013

Escrevi ao mesmo tempo que a Letícia, mas concordo com tudo o que ela disse. Eu andei ansiosa durante os meus tratamentos de infertilidade, chorava muito, sentia-me vazia, mas nunca tive uma depressão. A fronteira entre o normal e o patológico é ténue, mas um profissional de saúde mental está habilitado a ver a diferença.

MariaPoppins -
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Desde 23 Jul 2018

Existe um estigma associado à doença mental sim, e também concordo que é muito difícil fazer um diagnóstico e aceitar um diagnóstico. Tenho receio tanto de uma coisa como de outra, porque, como disseram, a fronteira é muito ténue... Não sei até que ponto é que se consegue avaliar uma pessoa numa consulta. Eu sei que chorei imenso, porque toquei em pontos muito complicados (tive que contar a minha história de vida, o que me fez lembrar de coisas que são complicadas de gerir...). Ao mesmo tempo tenho receio que seja eu a não aceitar o diagnóstico, o que também é possível. Ser diagnosticado por um médico de família é diferente se der diagnosticado por um psiquiatra, e lá está: a questão do estigma.
Uma coisa muito estranha que me aconteceu foi que a Maria que esteve no gabinete da psiquiatra parece que não coincide com a Maria que anda cá fora. Isto é, a psiquiatra teve a capacidade de me fazer falar de coisas que trouxeram o pior de mim cá para fora. Quando saí de lá e me vi no ambiente confortável e conhecido da mac senti-me uma pateta por ter chorado tanto. Fiquei muito zangada e a sentir-me culpada por destabilizar o processo - como se a doença fosse culpa minha.
No fundo acho que a psiquiatra está a ser prudente e a defender-me da Maria do futuro. (Pode ser só uma etapa da aceitação do problema)

MAC - Inscrição FIV (Out 2018)
FIV #1: 20jan - sem fecundação
FIV/ICSI #2: 15 mai
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Acompanhamento: risco HTA MAC
Parto: 23 Jan 2021 MAC

LAMF -
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Desde 07 Abr 2018

A depressão tem vários patamares apenas afirmei que não é uma depressão grave dado o que escreveu. Óbvio que não conheço a pessoa.

Sobre LAMF

Início treinos 2016
Eu endometriose profunda, ele astenospermia
2017-2018 - 2 IIU's (-), FIV (0 embriões),
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2023 - doação de ovocitos

Leticia _29 -
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Desde 12 Set 2019

LAMF escreveu:
A depressão tem vários patamares apenas afirmei que não é uma depressão grave dado o que escreveu. Óbvio que não conheço a pessoa.

Mas você não pode afirmar isso.

Leticia _29 -
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Desde 12 Set 2019

MariaPoppins escreveu:
Existe um estigma associado à doença mental sim, e também concordo que é muito difícil fazer um diagnóstico e aceitar um diagnóstico. Tenho receio tanto de uma coisa como de outra, porque, como disseram, a fronteira é muito ténue... Não sei até que ponto é que se consegue avaliar uma pessoa numa consulta. Eu sei que chorei imenso, porque toquei em pontos muito complicados (tive que contar a minha história de vida, o que me fez lembrar de coisas que são complicadas de gerir...). Ao mesmo tempo tenho receio que seja eu a não aceitar o diagnóstico, o que também é possível. Ser diagnosticado por um médico de família é diferente se der diagnosticado por um psiquiatra, e lá está: a questão do estigma.
Uma coisa muito estranha que me aconteceu foi que a Maria que esteve no gabinete da psiquiatra parece que não coincide com a Maria que anda cá fora. Isto é, a psiquiatra teve a capacidade de me fazer falar de coisas que trouxeram o pior de mim cá para fora. Quando saí de lá e me vi no ambiente confortável e conhecido da mac senti-me uma pateta por ter chorado tanto. Fiquei muito zangada e a sentir-me culpada por destabilizar o processo - como se a doença fosse culpa minha.
No fundo acho que a psiquiatra está a ser prudente e a defender-me da Maria do futuro. (Pode ser só uma etapa da aceitação do problema)

Não se culpe pela doença, a culpa não é sua.
A Maria está a procurar ajuda e isso é que é importante.
E parte do processo é aceitar que é uma doença e que tem que ser tratada.
É igualmente importante que confie na médica que a está a acompanhar e que sinta que ela a está a ajudar.
Pelo que aqui escreveu acredito que sim.
Mas isto é um processo, leva tempo mas acredito que esteja no caminho certo.
Adiar um sonho e sempre difícil mas pense que está a fazer o melhor por si e por o bebé que tanto deseja.

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

A depressão não é avaliada por esses parâmetros: do que se chora, do que sai de casa, do que fala com pessoas ou do que não se fala...
Mas marque consulta com outro psiquiatra, nunca se perde em ter outra opinião.

MariaPoppins -
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Desde 23 Jul 2018

Exactamente! Da minha perspectiva cumpro alguns dos parâmetros (considerando o DSM), penso é que a gravidade foi mal avaliada. Não quero no entanto andar a fazer ping pong sobretudo quando ela fez um contacto com a PMA (acho que corro o risco de perder a credibilidade). Tenho que ser prudente nisto... Vou esperar para ver o que ela diz (porque acho mesmo que preciso de medicação, dado que já estive nessa posição e consigo perceber as diferenças), agora ser a um ponto de adiar mais isto, não sei... Se se mantiver este cenário peço outra opinião, como sugeres.

MisaL escreveu:
A depressão não é avaliada por esses parâmetros: do que se chora, do que sai de casa, do que fala com pessoas ou do que não se fala...
Mas marque consulta com outro psiquiatra, nunca se perde em ter outra opinião.

MAC - Inscrição FIV (Out 2018)
FIV #1: 20jan - sem fecundação
FIV/ICSI #2: 15 mai
Transf #1: 1 jun
Acompanhamento: risco HTA MAC
Parto: 23 Jan 2021 MAC

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

Pois...é possível que não tenha sido 100% bem avaliado. No entanto, não vejo que isso mude assim tanto, o ter ou não a designação "de grave".
A meu ver, o melhor seria sempre adiar uns ciclos. Não pense que vai adiar, pense que vai cuidar de si e preparar-se melhor para receber o seu bebé. Quanto melhor estiver, melhor para todos, inclusive para o bebé.

MariaPoppins escreveu:
Exactamente! Da minha perspectiva cumpro alguns dos parâmetros (considerando o DSM), penso é que a gravidade foi mal avaliada. Não quero no entanto andar a fazer ping pong sobretudo quando ela fez um contacto com a PMA (acho que corro o risco de perder a credibilidade). Tenho que ser prudente nisto... Vou esperar para ver o que ela diz (porque acho mesmo que preciso de medicação, dado que já estive nessa posição e consigo perceber as diferenças), agora ser a um ponto de adiar mais isto, não sei... Se se mantiver este cenário peço outra opinião, como sugeres.

MisaL escreveu:A depressão não é avaliada por esses parâmetros: do que se chora, do que sai de casa, do que fala com pessoas ou do que não se fala...
Mas marque consulta com outro psiquiatra, nunca se perde em ter outra opinião.