Olá mamãs,
Decidi relatar toda a minha experiência da gravidez, parto e pós-parto pois acho importante que haja relatos positivos para mamãs na minha situação e não só.
Descobri que tinha o útero bicórneo quando tinha 16/17 anos, na altura o nome só me assustou e a médica de família apenas disse que era algo para me preocupar quando quisesse engravidar.. quer isto dizer que tenho uma mal formação uterina congénita, resumidamente o meu útero tem a forma de um coração estando com uma parede a dividir o útero mas não na totalidade, deixando assim pouco espaço para o bebé crescer o que aumenta bastante o risco de um parto prematuro. Em Novembro de 2013 engravidei, descobri em Dezembro, felicidade desmedida... e na minha primeira ecografia em Janeiro soube que era uma gravidez anembrionária (sem feto), o mundo caiu e eu e o pai sofremos imenso... tudo passa e o tempo cura, sei que se tivesse um bebé dentro de mim e o perdesse não tinha superado a situação da mesma maneira, os médicos disseram que não estava relacionado com o meu problema e que é bem mais comum do que se pensa, chamem coincidência em Novembro de 2014 engravidei, descobri em Dezembro também 2 dias depois da minha festa de aniversário 
:X, desta vez eu e o pai tivemos mais calma, fui às urgências do Santa Maria pois tinha algumas dores e estava com medo, confirmou-se a gravidez e devido à minha condição fui logo encaminhada para as consultas de alto risco no Santa Maria, mesmo assim eu e o pai só descansámos quando vimos o nosso menino aos pulinhos na primeira ecografia :X.(que emoção... :D) Não podia ter sido melhor acompanhada, nas consultas de alto risco somos acompanhadas por uma equipa de médicos não temos apenas um, é a única desvantagem que encontrei, a parte disso só tenho a dizer bem do profissionalismo, acompanhamento e competência médica, (excepto urgências), devido à minha condição fiz uma ecografia por mês, sempre pelo Dr. Rui que é um máximo, ao início pode parecer frio e demasiado profissional mas é bastante competente e com um bom sentido de humor, senti-me sempre segura com ele e achava imensa piada ao fascínio que tinha pelo meu útero lol então quando numa ecografia viu que o miudo estava de um lado do utero e a placenta no outro foi uma festa até colegas foi chamar para verem e tive direito a uma plateia de 6 estagiários (não me importei). A felicidade era enorme, partilhámos a novidade com os avós e só depois de completar os 3 meses é que contámos às restantes pessoas, mesmo assim só comecei a comprar as coisinhas já ia com 5 meses de gravidez. Com 4 meses de gravidez sentia algumas dores que pensava serem normais mas que depois de continuarem por alguns dias decidi ir à urgência por descarte de consciência, fui examinada, fizeram eco e estava tudo normal, 2 dias depois numa bela manhã, acordo, vou à casa de banho e vejo sangue nas cuecas... o meu mundo caiu, entrei no quarto puxei a persiana e apenas disse vamos para o hospital estou a perder sangue, (coitado do meu homem.. estava a dormir tão bem, acordar assim não deve ser fácil...) urgências do Santa Maria, cheguei lá fui logo ter com a enfermeira, pediram para mostrar as cuecas, eu tinha trocado por isso não tinha muito sangue e era castanho, aguardei 1h ou 2h... não havia médicos na urgência a chamarem, finalmente entrei, fui examinada disseram que o bebé estava bem (alívio total..., melhor sensação de sempre), disseram que tinha placenta prévia (quando cobre o colo do útero) repouso por uma semana e magnésio, não tive mais sangramento, voltei ao trabalho por mais uma semana e fui à próxima ecografia marcada, relatei o que se tinha passado e o Dr depois de me examinar ficou chateado perguntou-me quem me tinha atendido (não sabia o nome) pois o que eu tinha era um descolamento da placenta com coágulo de 4cm!!! e não placenta prévia como me tinham dito.. resultado.. repouso novamente e baixa de alto risco. Fiquei destroçada, com medo e indignada, o que me valeu foi o acompanhamento que tive nas ecografias e consultas, na próxima ecografia não se notava melhoras, continuei de repouso, na seguinte já estava um pouco mais pequeno e na seguinte já não tinha descolamento... isto meses depois de ficar trancada em casa sem fazer nada, só estava autorizada em ir ao cafezito e voltar para casa e claro nada de namoro.. (|:, passado o risco do descolamento da placenta, já tinha a gestação bastante avançada o que aumentava imenso o risco de parto prematuro então continuei com baixa de alto risco sem poder fazer esforços e nada de namoro, mesmo com estes senãos todos sempre me consegui manter calma e optimista que tudo iria correr bem mas sempre com o medo a pairar por cima...Contra todas as probabilidades completei as 37 semanas, senti um alivio enorme, prematuro já não seria, 
Desde o ínicio da gravidez que os médicos me preparavam para um parto por cesariana pois o bebé poderia não ter espaço para dar a volta por isso nem pensei na possibilidade de um parto normal, na consulta das 38 semanas a Dra conseguiu que ele desse a volta, todos fizemos uma grande festa, fui mandada às urgências do hospital só para confirmar a posição e o malandro tinha voltado a virar-se (eu bem senti um belo rebuliço eheh), esperar mais uma semana voltei à consulta e o bebecas continuava sentadinho a empurrar a bela da costela da mãe, consulta das 40 semanas tchanamm decidiu virar para baixo sozinho, (vá agora tens uma semanita para mentalizares-te que vais ter parto normal 
)marcámos então a indução para o dia em que fazia 41 semanas.. ele decidiu sozinho que queria sair 4 dias depois! (viva à super lua) Numa bela madrugada de Domingo às 4 da manhã acordo para ir fazer xixi (vida de grávida), a partir dai não dormi mais pois comecei a sentir contrações sem dor de 3 em 3 minutos, depois de 5 em 5 minutos e depois de 7 em 7, depois voltava 3 em 3 já com as dores a aparecerem, eu supeeeer confusa (culpo os filmes), não sabia se eram as tais contrações pois sempre pensei que ia ter dores horríveis em que não ia conseguir respirar sequer, fiquei assim sem saber o que fazer até as 6 da manhã em que as dores estavam a aumentar mas suportáveis, o homem disse vamos para o hospital assim ficamos descansados, fui tomar banho e lá fomos nós para o hospital com as malinhas e eu na minha pura inocência a pensar que ia voltar para casa horas depois... chegada às urgências as 7 da manhã já tinha dores consideráveis, ctg, 2 cm de dilatação, tumbas, às 7.30h internamento, o pai foi buscar o Kit das células e lá fomos nós, o pai fica à espera na sala de espera da pediatria, vesti a minha batinha e não fiz o clister pois estava com hemorroida externa (viva de gravida again), fui para a sala de dilatação e o pai já pode ir ter comigo, fui aguentando as contrações com o anestesista sempre a perguntar se não queria epidural até que uma bela contração me fez pedir aquela droga MARAVILHOSA!! O pai saiu e não vou mentir doi levar a epidural mas compensa!, o pai voltou e lá ficámos à espera, na troca de turno o pai teve de sair e nessa altura rebentaram-me as águas (molhei o médico todo que surpresa era o médico que me fez as ecos eheh) e introduziram uma sonda na cabeça do bebé para medir os batimentos cardiacos pois estavam sempre a perder o silnal, enquanto me rebentavam as águas descobri que ao meu lado estava a irmã de um amigo meu nos mesmos preparos, foi muito engraçado. depois das águas rebentadas e de me terem administrado a oxcitocina ( para acelerar o processo) às 6 da tarde tinha a dilatação completa, lá fui eu para a sala de partos, estava muito bem disposta e nada nervosa, tinha 3 reforços de epidural em cima,( eles lá dão sempre quando pedem), o meu homem ficou ao meu lado e lá me agarrei aquela cama e em 5 empurrões estava a melhor coisa da minha vida na minha barriguita com 2985Kg e 51cm assim que ouvi o primeiro choro chorei de emoção foi o momento mais especial da minha vida, não tive dores absolutamente nenhumas e tive uma equipa excepcional a acompanhar-me,quando mo trouxeram já limpinho ficou no meu colinho enquanto me cosiam (episiotomia). levaram o bebé e fui para o corredor (recobro), trouxeram-mo logo e dei ali a maminha pela 1ª vez, levaram-no para eu comer (não comi nada o dia todo sem ser uma gelatina horrivel!) e depois trazem outra vez para irmos para o quarto. Cheguei ao quarto já às 20/21h, o pai foi lá entregar as malas mas já não os deixam ficar conosco a essa hora. o Pós-parto não é fácil, a primeira vez que nos levantamos tem de ser acompanhada (devido á epidural), tive uma quebra de tensão enorme.. o meu bebé era um anjo só dormia e comia nunca se chateava, a primeira noite não dormi nada... emoção, dores, ver se o bebé respira e tinha mais dois bebés muito chorões no mesmo quarto que eu, no dia seguinte as dores são mais fortes, não dormi nada outra vez por causa dos bebés.. lidamos com as visitas e o papa pode estar conosco desde as 13h às 20h e e dão o 1º banho ao bebé, no dia seguinte recebemos os dois alta e lá foi a familia feliz para casa, eu tinha muitas dores derivadas da episiotomia, por esse motivo não conseguia dar mama sentada só deitada o que dificultou muito a amamentação pois o bebé não fazia uma boa pega e eu fiquei com os mamilos dilacerados, cheguei a chorar de dores enquanto dava mama, devido a essas dores cada vez que ele acordava eu ficava logo nervosa só de pensar que tinha de dar mama, por vezes mamava de hora a hora pois adormecia muito na mama... com as dores e as dificuldades na amamentação mais hormonas mais o sentimento avassalador do "Oh meu deus sou mãe" comecei a ter crises de ansiedade muito fortes o que me levou a insónias de noites inteiras, fiquei em privação de sono por uma semana sempre cheia de dores nos mamilos e nos pontos da episiotomia, estas insónias afetaram-me ao ponto de eu só querer chorar e ter imensas crises de ansiedade que me faziam sentir culpada, esta situação fez com que fosse às urgências do Santa Maria onde por sorte encontrei um enfermeiro na triagem que me acalmou e aconselhou a tirar o leite com uma bomba para o pai poder dar de noite de modo a que eu pudesse descansar os mamilos e ao saber que não ia dar mama iria conseguir descansar, eu só chorava porque só queria dormir e não conseguia (estava completamente maluquinha) e qualquer coisa que tomasse ia afetar o leite, como estava já ponderava em dar fórmula pois só queria dormir mas sei que depois me iria sentir culpada... e ai sim ia ficar mal da cabeça, este enfermeiro acalmou-me falou comigo com simpatia e bondade e chegou a dar-me um abraço, falou comigo fora da sua secretária e deu-me as suas mãos, na altura estava maluquinha da cabeça mas hoje gostaria de saber qual o nome do enfermeiro pois sem ele acho que entrava numa depressão. O meu homem assumiu tudo, assumiu durante uma semana as noites para que eu repuse-se os sonos, na primeira noite dormi logo só ao saber que não tinha de dar mama.. ele foi a minha rocha, e a minha mãe também, sem eles não tinha conseguido, com a ajuda familiar e com o bom aconselhamento consegui curar os mamilos ao por pomada deixar as maminhas ao ar e descansá-las de noite e hoje dou mama sem problemas e o meu filho está optimo e não podia estar mais feliz, também ajudou o conselho de uma enfermeira do centro de saúde! para quem tem as dores nos pontos e não se consegue sentar compre uma boia nos chineses daquelas dos miudos de levar para a praia e sente-se em cima disso, é mágico!! devia fazer parte da lista da maternidade.
Com esta experiência aprendi que não somos ninguém para julgar e que compreendo perfeitamente quem decide não dar mama,ou não consegue, não é menos mãe por isso, para o bebé estar bem a mãe também tem de estar e temos de reduzir a pressão que se faz nas mulheres com a amamentação pois essa pressão pode prejudicar gravemente uma mulher psicologicamente.
Sei que foi um grande testamento mas espero que sirva para dar esperança a mamãs que se encontram nestas situações! Agora estou com o meu príncipe no meu colinho e não podia estar mais feliz
Muita força, calma e optimismo!
Beijinhooosss
