Olá a todas,
Venho aqui hoje para prestar o meu testemunho acerca de uma situação bastante dura e infeliz, que espero que venha a servir de exemplo para aquelas de vós que passaram ou passam pelo mesmo...
Em abril de 2017 descobri que estava grávida, e foi a alegria na família. Eu e o meu companheiro tratámos de imediato de tudo para receber o bebé. Na eco de confirmação, o batimento cardíaco era forte... Na eco das 13 semanas era um bebé super saudável e a crescer bem... Na eco das 22 semanas continuava forte e saudável... Era um menino, o nosso Noah. E eu iludida a pensar que de facto estava tudo bem: os movimentos dele eram normais, dava muitos pontapés... Quando fui para fazer a eco do terceiro trimestre em outubro começou o verdadeiro terror. Primeiro, a médica viu-se com sérias dificuldades em encontrar o coração do bebé, e depois quando encontrou... O mundo ruiu. Veio uma colega prestar assistência, mas nem isso tornou a situação melhor: o nosso Noah tinha hipoplasia do coração esquerdo (que para nós leigos é desenvolvimento baixo do lado esquerdo do coração). Esta é uma malformação muito grave e incompatível com a vida - a pessoa em Portugal que viveu mais tempo com esta patologia só viveu até aos 13 anos e depois de uma vida em hospitais. Eu não queria acreditar... Falámos com mais uma cardiologista pediatra, com o chefe de diagnóstico pré natal do hospital e com mais um monte de médicos e todos diziam o mesmo... Na altura lá nos puseram as cartas em cima da mesa: a incerteza que ele fosse sobreviver e as inúmeras operações, ou a IMG... Chegou a altura em que o caso estava tão grave que a recomendação foi a IMG (a artéria aorta não tinha fluxo de sangue). Fizemos um pedido à comissão de ética do hospital, vimos um psiquiatra - e a IMG foi aprovada .. Nesse mesmo dia chamaram-me ao hospital para iniciar a indução do parto, e fazer aquele que para mim foi o processo mais doloroso - parar o coração do bebé. Ao fim de dois dias estava de regresso ao hospital, às 34 semanas para ter o meu bebé. Bebé esse que nunca viria para os meus braços. A dor foi imensa mas cá nos aguentamos...
No pós parto foi tudo muito tranquilo, a médica pediu me para iniciar uma pílula em dezembro, que tomei até fevereiro e depois retirou-ma... Pelo meio fizemos uma avaliação genética para saber a probabilidade de voltar a acontecer.
A vontade de ter um bebé é imensa, mas o medo também é gigante.
Às mães, futuras mães e mulheres como eu que têm as suas estrelinhas no céu, espero que a vida vos traga tudo de bom e que os vossos bebés venham cheios de saúde.