Olá.
Venho contar-vos um pouco do meu azar...
No final de 2022, com 32 anos, descobri que a causa para não conseguirmos engravidar era a minha reserva ovárica muito baixa (AMH 0.20). Iniciamos logo consultas para tratamento PMA em 2 hospitais públicos em simultâneo para ver qual nos chamaria primeiro para tratamento e comecei também acupuntura e formulas de MTC.
O 1º tratamento foi em Junho 2023, que deu lugar a uma transferência de embrião a fresco D3 e posteriormente em Setembro fiz transferência do outro embrião em D7 (já muito avançado). Sempre com beta HCG negativos nestas 2 transferências.
Descontente com aquele Hospital, pedi alta e fiquei a aguardar pela minha vaga no outro hospital público onde estava inscrita.
Estávamos em Outubro 2023 e sabia que só tinha consulta em Março de 2024 para saber quando seria efetivamente a data do tratamento (FIV). Neste "entretanto", recorri ao privado para tentar a minha sorte e procurar algumas causas de falhas de implantação e o porquê de ter imensas dores quando fazia transferência de embrião. Fiz ressonância e miomectomia com pesquisa das células de endometriose e nada foi encontrado. A única coisa que se encontrou foi uma incompatibilidade imunológica KIR. Sendo eu KIR AA e HLA-C C2C2 e o marido C1C1. Não era o pior cenário e foi-nos dito que com corticoides a coisa funcionava. Anteriormente já tínhamos as análises dos cariótipos e trombofilias e tudo bem. Na Histerosalpingografia tinha-se suspeitado da trompa direita obstruída, que foi confirmado posteriormente que estava tudo bem através de ecografia. Outros médicos ao olhar para as imagens também lhes parecem as trompas permeáveis.
No final de Dezembro 2023 partimos para novo tratamento, agora no privado e com uma esperança imensa. Nessa estimulação o meu organismo não reagiu à medicação e foi cancelado o ciclo porque apenas teria 2 folículos aparentemente maduros e o risco de ficar sem embriões em blastocisto era enorme. Cancelamos e tentamos no ciclo seguinte. neste entretanto o médico aconselhou-me a tomar mais suplementação além do Gestacare T e do Fertibiome que já fazia. Então juntei, DHEA, Omega 3, Q10, vitamina D e zinco + Selénio. Já no final de Janeiro de 2024. Conseguiram retirar-me 9 folículos (3 vazios, 1 com ovulo imaturo, e 5 óvulos maduros). Desses fecundaram 3, mas apenas 1 evoluiu para blastocisto. Como tinha Hiperestimulado, só pude transferir no ciclo seguinte. Para a transferência, tomei toda a medicação que me deram... Lovenox, Duphaston, Aspirina, Lepicortinolo 20 mg (por causa do KIR) e todas as vitaminas com excepção do DHEA que agora já não era preciso. Não tive nenhuma dor nem sintoma naqueles 14 dias e estava cheia de esperança- resultado mais 1 negativo.
Felizmente, 1 semana depois tinha a tal consulta no publico para saber quando poderia fazer tratamento... Continuei todos os suplementos e retoquei o DHEA. Fui à consulta no hospital publico em março, contei tudo e mostrei tudo, e o médico não entende como ainda não consegui engravidar com tanta tentativa e com "tao bons resultados" dada a minha reserva ovárica... Tinha tratamento em junho, e estava mentalizada...
Pensei, ok, vou já à procura de um plano B, caso em junho o tratamento não dê novamente em nada e não tinha gostado muito da clinica privada onde tinha estado apesar de gostar do médico. Fui à IVI pedir opinião e à Ginemed. E fiz mais umas análises que estavam a faltar.
Tinha menstruado a 19-03-2024 (menstruação após TEC negativa)
A 08-04-2024 fiz a eco da consulta de diagnostico na IVI onde me falaram em 2 quistos no ovário esquerdo mas sem grande alarmismo (apenas vigiar).
A 19-04-2024 descubro que estou grávida naturalmente, com o beta HCG bonzinho (391) e não queria acreditar...
Cautelosa, mandei mensagem ao meu medico do privado, que ficou super contente, mas também cauteloso, pediu para repetir o beta 48H depois. Não foram 48h, mas foram 72H e aumentou para 1074. Era um bom prognóstico, mas pelo sim pelo não, para repetir mais 48H depois.
Aí começou o pesadelo, o beta HCG tinha caído para 626... Falei com o medico do privado (da clinica Cemeare) que me disse ser uma gravidez não evolutiva, para parar o Prejefik e a aspirina que tinha iniciado 48h antes e que a menstruação iria descer e o HCG ficar negativo. Pra repetir a análise 1 semana depois. Isto no dia 24-04-2024. Nesse dia, não queria aceitar e fui à urgência do hospital a queixar-me com dores, mas já não tinha dores. Tinha sentido no dia antes umas cólicas menstruais que associei ser o corpo a adaptar-se... mas queria que me repetissem o hcg e fizessem ecografia. E fizeram. Na urgência do hospital, o HCG estava a 589 e não viram nada no útero. Apenas desconfiaram de uma possível gravidez ectópica à direita que não deram grande importância e para voltar la na semana seguinte se eu quisesse. No dia 26-04-2024 comecei com borras de café e fiquei feliz porque pensei que ia finalmente limpar e poderia continuar a minha luta... Só que o sangue vivo não parecia e na 2a feira, 29-04, resolvi repetir por minha vontade o HCG, e aumentou para 773. Completamente apavorada falei com o médico do privado que me disse ser uma gravidez ectópica e que tinha que fazer ecografia para confirmar. Perguntei logo quais seriam as soluções e não gostei de nenhuma delas. Nesse mesmo dia fui para a urgência do hospital, estiveram 3 medicas de volta de mim, e a médica chefe de serviço concluiu que seria uma gravidez ectópica à esquerda porque havia uma imagem que não era clara (a dos quistos que a IVI tinha falado não lhes parecia quistos) e ao fazer o toque (com a sua mão grande) senti dor. Para voltar no dia seguinte, e que a solução era o protocolo conservador - METOTREXATO. Não tive opção porque a cirurgia era pior ainda.
Agora é rezar para que o HCG baixe depressa até negativar, que não fique com sequelas...
No meio disto tudo, é um grande tormento saber que durante 6 meses não posso tentar engravidar nem fazer qualquer tratamento devido aos efeitos do metotrexato ... que causa malformações etc... Alem de não saber se vai estragar a pouca reserva ovárica que ainda me resta e nunca mais ficar descansada se algum dia voltar a engravidar, seja naturalmente ou por tratamento. Outro problema, é que não vou poder fazer o tratamento que estava agendado para junho no público e não sei se irei perder a minha vaga por causa disto.
No próprio dia que levei a injeção do metotrexato, disseram para iniciar a pilula para não correr riscos de engravidar quando o hcg ficasse negativo ( até lá, não há nada para ninguém).
Que grande tormento. Pior do que não engravidar de forma nenhuma, é conseguir por milagre e acontecer isto.
Que grande nuvem negra e azar que nos persegue e nem Deus nos ajuda, parece que só nos castiga. Porque nos deu este presente envenenado??
Acabam por ser apenas desabafos.
Com vocês, como correu a ectópica com o metotrexato? Conseguiram engravidar sem problemas no bebé depois?