Boa noite,
Depois de muita luta interior venho numa de desabafo e peço a compreensão de todas as foristas. Sei que o conteúdo que pretendo partilhar pode gerar muita revolta e estou pronta a aceitar os desacatos, o ódio mas mesmo assim já não consigo guardar tudo dentro de mim.
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Sou mãe de um menino de mais de 3 anos. O meu filho não fala, ou melhor fala mas como uma criança de 1 ano talvez nem isso.
A sua maturidade também não deve passar dos 1.5 ano de idade, continua na fralda e nas papas de bebé.
Frequenta o Ji, privado, mas pouco ou nenhum benefício tira dali, embora por forca das circunstâncias seja um dos melhores daqui da zona. É simplesmente para eu poder ir trabalhar e ficar num sítio sem que tenha de ficar a berrar o dia todo visto a metodologia mais alternativa e individual que ali praticam.
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Fizemos testes e mais testes, tudo acusa para estar dentro do spectro autista.
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Já o temos na terapia da fala mas está a valer a ponta dum corno.
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Sou separada do pai, vivo com outro homem e não tenho apoio da família. O meu marido vive absorvido no trabalho apesar de vez em quando conseguir ajudar uns minutos por dia com o meu filho.
O pai recusa-se a aceitar que o filho possa ter algum problema. Não fala? Conhece fulano que só foi falar aos 4. Só come papas? Ah é esquisitice. Etc, etc... a manda a merda quem disser que o filho tem algum atraso. Enfim.
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A minha vida desde que me tornei mãe virou um inferno pegado. Foi mau e turbulento quando o bebé era pequenino, toda a gente dizia vai melhorar. Sqn, ficou e está a ficar cada dia pior. É uma ciranda sem fim de obrigações, não há luz no fim do tunel. Trabalho em excesso, gastos e mais gastos, uma dificuldade nova a cada esquina. Perspectiva 0.
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Quando me pergunto como me imagino em 10 anos vejo me uma velha de 55 (nao que essa idade seja velha, mas vejo me como 85) com um adolescente de 13 com a idade mental de 3, ainda a mudar-lhe as fraldas e a preparar as papinhas. Com o salário congelado desde 1900 se não no desemprego, a viver de subsídios?
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Que vida é esta? Por isso tenho pensado seriamente em entregar o menino ao pai e por fim a este inferno. Matar-me. Não me resta mais nada a não ser o arrependimento de ter sido mãe quando realmente não estava minimamente preparada para o cargo, muito menos dum filho com necessidades especiais, o que estou aqui a fazer? Por pior, por mais ignorante que o pai seja de certeza que estará melhor do que está comigo.
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Só me resta partir.