Farta da insistência social sobre quando vem o segundo filho | De Mãe para Mãe

Farta da insistência social sobre quando vem o segundo filho

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DianaES -
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Desde 08 Out 2013

Cá vai um desabafo:
Estou pela ponta dos cabelos com a pergunta "Quando vem o segundo?".
Passo a explicar, eu seeeeeempre achei que queria uns 3 filhos. E até a minha filha ter uns 2 anos continuei a querer o segundo e a fazer planos para começar a tentar lá pelos meados de 2021. Que sucede? Covid sucede, e com aquele alarmismo de crianças infetadas e mães infetadas separadas de crianças e mimimimi a coisa foi logo catapultada para inícios de 2022.
Então e? E que lá chegada a vontade tinha sumido, isso mesmo... Deixou de haver aquela vontade tipo intrínseca que vai contra qualquer argumento... Aliás começaram a assombrar uma série de argumentos. E já diz o velho saber "Quando a dúvida é muita, talvez seja já a própria resposta." A par disto, fui diagnosticada este ano com 2 doenças auto-imunes. Ambas sem serem o gigante adamastor das auto-imunes, mas por exemplo uma é de tiroide que sabemos que interfere muito na fertilidade... E depois há toda aquela medicina por trás destas doenças que sabem que tudo o que mexa com o nosso sistema imunitário pode descompensar e resvalar em mais doenças destas... Incluindo a gravidez em si. Enfim, juntando a isto o facto de o meu marido também se dizer realizado só com esta filha.
Então o assunto ficou resolvido, tipo porta fechada mas claro que sem dar à chave, porque acho que fechada à chave só mesmo na entrada dos 39/40...
E então à pergunta do segundo vamos dizendo que não estamos para aí virados, mas invariavelmente vêm as comadres com o "vais-te arrepender"; "é triste não termos irmãos"; "um dia quando forem velhos vai ser tudo nos ombros de uma pessoa"; "se algo acontece a um pé de uma mesa de 3 ela descamba".... enfim e por aí vai. Quem mais me chateia é mesmo a minha mãe. Estou no limite da cordialidade e morta por lhe dar um ronco.
Já é difícil largar da mão de uma ideia de sempre. Aceitar que mudamos de lado, de opinião, de perspetiva. Já refleti muito nisto e eu sei todos os prós e contras, estou mesmo sem vontade... Eu da minha filha apesar dos medos, de tudo, tinha aquela vontade de ser mãe, tipo aquela cena cá dentro que não se explica, agora não tenho.... e olhem que tive uma gravidez ótima, um parto top, e tenho uma filha muito fácil de lidar, portanto zero traumas.
Como foi convosco??? As que realmente quiseram o segundo, as que nunca quiseram um segundo, e as que como eu quiseram e deixaram de querer...

Sssara -
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Desde 05 Mar 2022

Olá.
A pressão social é terrível. O melhor às vezes é mesmo colocar as pessoas nos eu lugar e perguntar o que têm a ver com isso. É uma decisão do casal.

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

Quanto à insistência, quando me dizem que me vou arrepender de algo, que devia fazer isto ou aquilo, mesmo sem ser em relação a filhos, respondo: sim, eu entendo isso perfeitamente, mas a vida é viver, é tomarmos opções certas e opções erradas e lidar com isso. Esta, agora, é a minha vez de viver, são as minhas opções.
Eu não sofro de grande medos de errar com as minhas decisões, lido muito bem com isso, não suporto muito bem ser "influenciada" a decidir algo.
Quanto aos filhos, só tu saberás.
Eu nunca tive dúvidas de ter 2, até aí foi claro, queria muito 3, mas estava sem coragem de avançar. Engravidei por acidente do 3o, mas fiz uma IMG às 14, a vida não quis que ela viesse para junto de nós. Passei a querer muito o 3o e estava super entusiasmada com a ideia, agora com o passar do tempo vou tendo mais dúvidas. Entreguei ao destino, não faço nada para engravidar, análise 0 do ciclo, mas não tomo precauções...a vida até ao fim do verão terá a sua liberdade de decidir. Depois disso passaria a ser aos 41 e não me apetece, é um ponto final nessa questão.
Não consigo ajudar muito, mas sempre que quiseres vem cá desabafar.

Tyta.B -
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Desde 31 Jul 2015

Pois a mim irrita-me solenemente essa conversa de que quando se for velha não vamos ter quem cuide de nós. A vida dá tantas voltas, há filhos que emigram, há filhos que não querem saber dos pais, há filhos que falecem antes (conheço um caso, perdeu os dois filhos quando eram muito jovens). Temos de ter quantos filhos para assegurar uma velhice amparada? 5 ou 6?
E quem é infertil? Vai fazer o quê?
Gente chata
Eu nunca quis o segundo, e durante bastante tempo ouvi coisas absurdas. Cheguei a dizer a uma pessoa que me suicidava antes da velhice para não dar trabalho ao meu único filho...
Esta obrigatoriedade de casar e ter filhos nos dias de hoje é tão patética. Eu tenho uma amiga que não tem filhos por opção, e azar do caraças a irma é infértil, acreditam que até a mãe delas ouve conversas foleiras por parte dos vizinhos e outros familiares?! Como se a senhora tivesse obrigação de as fazer ter filhos! A senhora até admite que gostava de ter netos, mas se uma não quer e a outra não pode, vida que segue, não se pensa mais no assunto. Mas todos os dias lá vem alguma velha do restelo chatea-la com isso.
Eu respondo calmamente uma vez, se insistem dou uma resposta assim mesmo brusca e o assunto morre. Mas isso sou eu que tenho um percurso de vida estranho e desde muito cedo aprendi a meter as pessoas no seu sitio. Mas por acaso com este assunto em particular já há alguns anos que ninguém me chateia.

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

Na próxima vez, pensa em algo muito triste e esforça-te por deitares algumas lágrimas, e diz com ar muito desconsolado e mágoa que, após muitas tentativas, receberam o relatório médico e não há viabilidade de voltares a engravidar. Nesta altura larga um choro de grande inconformidade, e explica como é doloroso para vocês sempre que vos perguntam pelo segundo filho. Se quiseres ser dramática exemplifica que parece que uma mão te perfura o peito directamente e te contorce o coração.
Após isto, penso que não te deverão chatear mais.

Andreissse -
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Desde 13 Nov 2015

Eu gostava de ter dois filhos mas com o meu marido parte do tempo no estrangeiro tenho a perfeita consciência que sozinha não consigo e por isso coloquei de lado essa ideia. Perante a pressao social sou frontal: Digo que não vamos ter mais filhos salvo deslocação do DIU ou uma lotaria que me faça ficar doméstica. E não dou abertura para mais porque a decisão está tomada. Às vezes as pessoas falam quando existe um nim.. Se tomarem uma posição, falam uma, duas depois desistem. E eu não avanço para o 2 porque não quero é mesmo porque não consigo, infelizmente.

fmmartins -
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Desde 14 Dez 2016

Credo! Coitada! Haja paciência.
Olha, eu não quero mesmo e digo com todas as letras que não me apetece porque é a verdade. Quero focar-me no trabalho, em ir estudar novamente, passear (quando a miúda for crescida temos muito chinelo para bater). Não quero fraldas, choros, cansaço. Se é egoísta, nem me preocupa. Dá lá um ronco à vontade porque às vezes é preciso. 🤣

fmmartins -
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Desde 14 Dez 2016

Desculpem, fui um bocado brutinha na minha resposta mas ultimamente ando cansada dessa pressão social, nem tanto comigo, é mais com pessoas de que gosto que por opção decidiram não ter filhos e custa-me a falta de respeito neste assunto. Tenho ouvido com cada uma que me deixa à defesa para estas coisas. 😳

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

Também concordo que seja a dúvida que "permite" ao outro continuar o assunto. O nim por um lado dá a ideia ao outro que ainda pode influenciar a decisão e por outro deixa margem de conversa.
A mim acontece-me que se sei que uma amiga não quer ter filhos não falo do assunto, assumo que não quer e ponto, não ando a fazer perguntas. Mas se há uma que me diz "não sei se tenho outro ou não, por um lado isto e por outro aquilo", sinto que depois devo perguntar como está a sua cabeça em relação ao assunto, se já tem outra opinião formada, se decidiu, etc. Tenho ideia que comigo é igual. Sempre disse que nunca casaria e não tenho ideia de me perguntaram quando caso, se caso e porque não caso. Já em relação aos filhos vou dizendo que gostava, que agora não, mas depois não sei e tenho imensa gente a fazer perguntas.

Andreissse escreveu:
Eu gostava de ter dois filhos mas com o meu marido parte do tempo no estrangeiro tenho a perfeita consciência que sozinha não consigo e por isso coloquei de lado essa ideia. Perante a pressao social sou frontal: Digo que não vamos ter mais filhos salvo deslocação do DIU ou uma lotaria que me faça ficar doméstica. E não dou abertura para mais porque a decisão está tomada. Às vezes as pessoas falam quando existe um nim.. Se tomarem uma posição, falam uma, duas depois desistem. E eu não avanço para o 2 porque não quero é mesmo porque não consigo, infelizmente.

Joana123 -
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Desde 31 Maio 2016

Sansa escreveu:
Na próxima vez, pensa em algo muito triste e esforça-te por deitares algumas lágrimas, e diz com ar muito desconsolado e mágoa que, após muitas tentativas, receberam o relatório médico e não há viabilidade de voltares a engravidar. Nesta altura larga um choro de grande inconformidade, e explica como é doloroso para vocês sempre que vos perguntam pelo segundo filho. Se quiseres ser dramática exemplifica que parece que uma mão te perfura o peito directamente e te contorce o coração.
Após isto, penso que não te deverão chatear mais.

Eu costumo usar uma espécie de abordagem destas mas em modo gozo mesmo. Exemplo: o primeiro ia chamar-se Benjamim, foi um drama com o nome, toda a gente odiava, comentários como se fôssemos chamar ao miúdo o pior nome do mundo, é porque é o tolo da aldeia, é porque não vão saber se é com M ou com N, é porque vão dizer 'beija a mim' etc etc. Passámos a dizer que então íamos chamar-lhe Peloponeso. ZERO COMENTÁRIOS.

Por acaso não é o nosso caso em particular, mas se fosse diria algo do estilo 'mais filhos? Não posso, agora quero adoptar uma zebra' e pronto, a outra pessoa fica tipo WTF e eu 'xauzinho'.

Com comentários da família que até eram mais em sentido contrário (a dizerem para ficarmos 'pelo casalinho') usei a técnica que já foi referida acima de ser hiper assertiva: vai acontecer, poupem o vosso latim, não perguntámos nada a ninguém nem pedimos dinheiro.

Joana123 -
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Desde 31 Maio 2016

Dizer 'não posso porque tenho cancro' também é capaz de ser eficaz. Eu teria lata para isso. Provavelmente elimina logo os argumentos da chacha, a não ser que as outras pessoas não se manquem mesmo e digam 'com dois tinhas mais um filho para tratar de ti'

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

O principal problema é a mãe, não o vizinho de cima. Por mais chata que possa ser (e são muitas vezes), faz-me alguma confusão pensar nessas sugestões.

Joana123 escreveu:

Sansa escreveu:Na próxima vez, pensa em algo muito triste e esforça-te por deitares algumas lágrimas, e diz com ar muito desconsolado e mágoa que, após muitas tentativas, receberam o relatório médico e não há viabilidade de voltares a engravidar. Nesta altura larga um choro de grande inconformidade, e explica como é doloroso para vocês sempre que vos perguntam pelo segundo filho. Se quiseres ser dramática exemplifica que parece que uma mão te perfura o peito directamente e te contorce o coração.
Após isto, penso que não te deverão chatear mais.

Eu costumo usar uma espécie de abordagem destas mas em modo gozo mesmo. Exemplo: o primeiro ia chamar-se Benjamim, foi um drama com o nome, toda a gente odiava, comentários como se fôssemos chamar ao miúdo o pior nome do mundo, é porque é o tolo da aldeia, é porque não vão saber se é com M ou com N, é porque vão dizer 'beija a mim' etc etc. Passámos a dizer que então íamos chamar-lhe Peloponeso. ZERO COMENTÁRIOS.
Por acaso não é o nosso caso em particular, mas se fosse diria algo do estilo 'mais filhos? Não posso, agora quero adoptar uma zebra' e pronto, a outra pessoa fica tipo WTF e eu 'xauzinho'.
Com comentários da família que até eram mais em sentido contrário (a dizerem para ficarmos 'pelo casalinho') usei a técnica que já foi referida acima de ser hiper assertiva: vai acontecer, poupem o vosso latim, não perguntámos nada a ninguém nem pedimos dinheiro.

fmmartins -
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Desde 14 Dez 2016

Num mundo ídeal é ter sensibilidade.
Às vezes o "nim" pode querer dizer "não" mas as pessoas não querem entrar em pormenores. Alguns casais com problemas de fertilidade/saúde ou mesmo os que não querem ter não gostam de se alongar, nem têm sequer de o fazer se não querem falar.

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

fmmartins escreveu:
Num mundo ídeal é ter sensibilidade.
Às vezes o "nim" pode querer dizer "não" mas as pessoas não querem entrar em pormenores. Alguns casais com problemas de fertilidade/saúde ou mesmo os que não querem ter não gostam de se alongar, nem têm sequer de o fazer se não querem falar.

Consigo entender, mas se entram os pais, os irmãos, os amigos próximos...
Não sei, não ultrapassaria facilmente se a minha irmã não conseguisse falar comigo ou se eu tivesse que "rodear" com a minha mãe. É a questão de serem mesmo "as nossas pessoas" ou os conhecidos. Não lido muito com conhecidos, nem colegas e portanto nem que perguntem todos os dias não me chateiam nada ou se começam a chatear levam uma desanda, com os meus amigos e família próxima não tenho esse entendimento. Acho que se estive uma tarde a falar com uma amiga sobre o futuro não me cabe que só me tenha enrolado.
Eu não sou propriamente a pessoa mais aberta e faladora e não me imagino a esconder. Sim, posso não querer falar e digo-o e se não compreender que o outro não quer falar, espero que mo diga. Seria um choque muito grande para mim saber que a minha irmã andou a dizer "um dia destes, talvez daqui a 1 ano" e na realidade é infértil ou simplesmente não quer e assim não tem de me explicar nada.

prat -
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Desde 25 Jan 2023

Do segundo filho senti o relógio biológico, não tive dúvidas, mas do terceiro...
Ando a marinar a ideia de não ter. Lá está, para não me arrepender.
Já quis ter três filhos e até gostava de ter uma menina. Mas... acho que já não me apetece (não por motivos económicos).
Quando me perguntam quando arranjo a menina (tenho dois meninos) respondo que vou tratar disso nesse próprio dia. Assunto arrumado.
Mas já é raro perguntarem (já estou a ficar "velha"). Já ouvi uma conversa a criticarem uma grávida por engravidar aos 40 anos.
Parece que é obrigatório ter 2 filhos (casal, claro), na casa dos 30. Menos são egoistas, mais são irresponsáveis.
Haja paciência!

marlene1987 -
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Desde 13 Out 2019

Eu vou deixar a minha opinião. Eu sempre quis ter 2, o meu namorido só 1. Mas nunca foi entrave porque tb ficava contente só com um. Ora o meu filhote nasceu e foi super fácil engravidar. De pois de nascer fiquei com mais vontade ainda de ir ao segundo, porque amei estar grávida, e ter de volta outro ser pequenino para amar e cuidar. Só que a vida dá muitas voltas, e com 18 meses e diagnosticado ao meu filho um atraso no desenvolvimento, automaticamente mandado para as consultas de desenvolvimento. Cada vez mais a médica tem certeza que e PEA. E com as terapias consultas e afins não me sobra nem dinheiro nem tempo para ter outro. E depois a questão mais fundamental e ter certeza do diagnóstico mais saber a probabilidade de vir a ter outro igual ao irmão. De maneira que a ideia anda a marinar, até porque ainda vou fazer 36 anos, ainda tenho tempo, apesar de não querer ter muito perto dos 40 anos. E um sabor agridoce, porque o meu namorido agora até queria outro, e o que eu pensei que ia ser mais difícil de convencer até já está, mas as condicionantes da vida obrigam me a adiar o sonho ou quiçá até desistir mesmo

DianaES -
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Desde 08 Out 2013

Obrigada a todas pelas opiniões. De facto já estive muito perto de fazer o que algumas recomendaram.
Quanto a dizer que o assunto está resolvido, conhecendo minimamente o povo acho que vão bater na tecla até ser biologicamente aceitável. Não me vejo a dizer que não posso, podendo. Nem quero usar o argumento da saúde... O facto é que não deviamos precisar mentir, ou justificar. E ok que abordado o tema saia a opinião não solicitada, mas o que me irrita mesmo é a insistência. O querer levar alguém a fazer o que não quer. Tento convencer os outros a comprar-me uma rifa, não os tento convencer a tomar decisões para a vida contra a vontade... O que sucedeu para agora o apogeu serem 2 filhos? Onde está o fundamento da necessidade de uma vida a 4 para a felicidade? Donde vem esta equação? Isto de termos demográficos mundiais não vem porque sabemos que o planeta tem gente a mais. Também não é questão nacional porque nem somos o país com mais filhos. Gostava mesmo de entender de onde surge esta "tendência"... Alguém sabe? Porque é que o 2 é o mais consistente em como o número certo?

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

Na rara ocasião que alguém me pergunta se não considero ter mais filhos, o meu "não!" não deixa dúvidas que é um tópico sem qualquer discussão possível, até porque começo a falar noutro assunto. Mas mesmo assim já tive de responder para além do "não!", e perguntei à pessoa se ele se estava a oferecer como 24/7 babysitter pro-bono, e nesse caso iria ponderar em pensar no assunto.
Já me perguntaram se não queria dar um irmão à minha filha (já crescida) e eu respondo "se já vier com a mesma idade e não fizer muito barulho..., caso contrário NÃO! Anyway, realmente não há maneira do bom tempo aparecer este ano. Que primavera mais chuvosa... E por falar em sol, não me posso mesmo esquecer de marcar a depilação a laser que não tarda já é Junho..."

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

Diana, acho que quando tu resolveres definitivamente dentro de ti nunca mais ninguém te chateia ou pelo menos o que digam deixa de incomodar.
Saber, saber o porquê, não sei, mas diria que atualmente a maior parte assume que só um é o fim dos parentescos. A minha filha vive uma certa confusão, porque possivelmente nunca saberá o que são primos e nós sobrinhos, anda sempre a falar nisso e eu estou sempre a insistir que as tias têm direito a não querer, que não fico triste por não ter sobrinhos, etc. Não é propriamente um tema na minha família, até porque como disseste biologicamente está a acabar o tempo para tal e nem se fala disso, mas dão a árvore genealógica, falam uns com uns outros e vai fazendo associações.
Por outro quase todos assumem que ter mais do que 2 sai muito caro e acham que com 2 "cumpre-se" tudo.
Eu acabo por ser muito tolerante com os meus amigos e familia, porque acho que é preciso conversar, se tiver que andar sempre com rodeios daqui a pouco opto só por falar do tempo, do sol e da seca em Portugal. Podem perguntar-me o que quiserem e se não quiser falar, digo-o. No entanto, não tenho propriamente pessoas conhecidas, amigos menos próximos com quem tenha de lidar com essas questões.

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

Acredito que possa acontecer, é a nossa segurança na resposta. Sempre achei que não querias mais filhos. Não me interessa propriamente os motivos, nem sei ao certo, mas lembro-me teres dito sempre que não querias e que não gostavas da fase bebé e assumi como verdadeiro, como a tua decisão e mais nada.
Quando alguém tem dúvidas e anda na dualidade de querer e não querer ... dá vontade de tentar perceber os motivos, de perguntar coisas, de alguma forma poder ajudar a organizar a cabeça.
Há dias num tópico vi a Diana, não perguntei nada por respeito e pensei para mim: como será que estão coisas quanto ao 2o filho? 😅
Se fosse tua amiga, Diana, acho que me mandavas para aquela parte porque já tinha perguntado.

Sansa escreveu:
Na rara ocasião que alguém me pergunta se não considero ter mais filhos, o meu "não!" não deixa dúvidas que é um tópico sem qualquer discussão possível, até porque começo a falar noutro assunto. Mas mesmo assim já tive de responder para além do "não!", e perguntei à pessoa se ele se estava a oferecer como 24/7 babysitter pro-bono, e nesse caso iria ponderar em pensar no assunto.
Já me perguntaram se não queria dar um irmão à minha filha (já crescida) e eu respondo "se já vier com a mesma idade e não fizer muito barulho..., caso contrário NÃO! Anyway, realmente não há maneira do bom tempo aparecer este ano. Que primavera mais chuvosa... E por falar em sol, não me posso mesmo esquecer de marcar a depilação a laser que não tarda já é Junho..."

carlaper -
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Desde 11 Out 2011

Dá para os dois 2 lados, se ninguém pergunta nada, passa por desinteressada . Eu nunca puxei assunto de filhos com os meus amigis próximos, e acontece que são eles que puxam assunto, e eu depois fiquei a pensar que passei por amiga desinteressada e deveria ter oerguntado qd iam ao segundo Lol
O importante é estarmos felizes com as nossas escolhas de vida, com 1, 2, 3 ou mesmo nenhum filho. Arrependimentos é como tudo, eu, nos dias de maior caos, penso que deveria ter iniciado a maternidade mais cedo, e no auge dos meus 43, estar a curtir a pré meia idade, com os filhos mais independentes. Sorriso

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

Ainda há dias pensei o mesmo, mas eu lido muito bem com estes "arrependimentos de vida" sobre os quais não tenho qualquer garantia.
Ei pá, devia ter pensado diferente e ter sido mãe aos 20 anos! Que tipo de garantia tenho eu que teria conseguido engravidar aos 20 anos? Que tipo de garantia tenho eu que se tivesse acontecido, hoje não estaria a pensar o contrário?
Decido não ter o 3o e arrependo-me! Pode acontecer, mas que tipo de garantia tenho que teria conseguido engravidar do 3o?!
Fica ali um quê de "devia ter pensado diferente, se soubesse o que sei hoje...", mas não me matam estes arrependimentos, fazem parte das nossas opções, às vezes até só das circunstâncias da vida.
É completamente diferente de perder a cabeça, a paciência e gritar, insultar, bater, etc, aí eu sei que nunca devia ter acontecido e que o contrário teria sempre sido melhor.
Quanto a não se perguntar, não diria desinteressada, porque podes ser muito sensível e perspicaz, mas eu acharia estranho que uma amiga minha não fizesse ideia se quero ou não ter filhos. Que de um lado ou de outro isso nunca tivesse sido um assunto, sentiria uma amizade esquisita.

carlaper escreveu:
Dá para os dois 2 lados, se ninguém pergunta nada, passa por desinteressada . Eu nunca puxei assunto de filhos com os meus amigis próximos, e acontece que são eles que puxam assunto, e eu depois fiquei a pensar que passei por amiga desinteressada e deveria ter oerguntado qd iam ao segundo Lol
O importante é estarmos felizes com as nossas escolhas de vida, com 1, 2, 3 ou mesmo nenhum filho. Arrependimentos é como tudo, eu, nos dias de maior caos, penso que deveria ter iniciado a maternidade mais cedo, e no auge dos meus 43, estar a curtir a pré meia idade, com os filhos mais independentes.

fmmartins -
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Desde 14 Dez 2016

MisaL escreveu:

fmmartins escreveu:Num mundo ídeal é ter sensibilidade.
Às vezes o "nim" pode querer dizer "não" mas as pessoas não querem entrar em pormenores. Alguns casais com problemas de fertilidade/saúde ou mesmo os que não querem ter não gostam de se alongar, nem têm sequer de o fazer se não querem falar.

Consigo entender, mas se entram os pais, os irmãos, os amigos próximos...
Não sei, não ultrapassaria facilmente se a minha irmã não conseguisse falar comigo ou se eu tivesse que "rodear" com a minha mãe. É a questão de serem mesmo "as nossas pessoas" ou os conhecidos. Não lido muito com conhecidos, nem colegas e portanto nem que perguntem todos os dias não me chateiam nada ou se começam a chatear levam uma desanda, com os meus amigos e família próxima não tenho esse entendimento. Acho que se estive uma tarde a falar com uma amiga sobre o futuro não me cabe que só me tenha enrolado.
Eu não sou propriamente a pessoa mais aberta e faladora e não me imagino a esconder. Sim, posso não querer falar e digo-o e se não compreender que o outro não quer falar, espero que mo diga. Seria um choque muito grande para mim saber que a minha irmã andou a dizer "um dia destes, talvez daqui a 1 ano" e na realidade é infértil ou simplesmente não quer e assim não tem de me explicar nada.

São situações complexas.
Eu convivo diariamente com uma pessoa casada à anos, sem filhos. Nunca conseguimos perceber os motivos, se porque não querem ou não podem e nem os próprios pais e família próxima sabem. Não sabemos se existe algum problema de fertilidade que não querem partilhar, se não querem mesmo ter e não assumem com receio de críticas. Segundo já ouvi comentar nas raras vezes que deixam abordar o assunto justificam com a falta de condições financeiras mas a mim parece-me mais uma justificação para calar a pressão porque são pessoas com uma vida normal e até com mais condições que muita gente com vários filhos.
Eu acho que é porque seja qual for a situação não se sentem confortáveis em partilhar e está tudo bem. Há pessoas mais fechadas e que se tentam proteger.
Também conheço quem diga sem problema que não quer e depois ouve que é individualista, que não quer ter trabalho nem responsabilidades (tenho uma amiga de infância bastante massacrada pela sua decisão).
A minha mãe e a minha sogra nem me dizem nada porque eu pergunto logo se se vão reformar para me ajudar para eu poder trabalhar sem faltar porque os bebés adoecem bastante na creche, para não andar em modo desespero à procura de vaga nos infantários, se me tratam de umas roupas ou de umas refeições quando estiver cansada... calam-se logo porque o meu egoísmo é proporcional ao delas, pouco me ajudaram quando precisei e já passei por alguns apertos nessas situações. É que pimenta no ** dos outros é refresco. 😀

Tyta.B -
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Desde 31 Jul 2015

fmmartins escreveu:

MisaL escreveu:

fmmartins escreveu:Num mundo ídeal é ter sensibilidade.
Às vezes o "nim" pode querer dizer "não" mas as pessoas não querem entrar em pormenores. Alguns casais com problemas de fertilidade/saúde ou mesmo os que não querem ter não gostam de se alongar, nem têm sequer de o fazer se não querem falar.

Consigo entender, mas se entram os pais, os irmãos, os amigos próximos...
Não sei, não ultrapassaria facilmente se a minha irmã não conseguisse falar comigo ou se eu tivesse que "rodear" com a minha mãe. É a questão de serem mesmo "as nossas pessoas" ou os conhecidos. Não lido muito com conhecidos, nem colegas e portanto nem que perguntem todos os dias não me chateiam nada ou se começam a chatear levam uma desanda, com os meus amigos e família próxima não tenho esse entendimento. Acho que se estive uma tarde a falar com uma amiga sobre o futuro não me cabe que só me tenha enrolado.
Eu não sou propriamente a pessoa mais aberta e faladora e não me imagino a esconder. Sim, posso não querer falar e digo-o e se não compreender que o outro não quer falar, espero que mo diga. Seria um choque muito grande para mim saber que a minha irmã andou a dizer "um dia destes, talvez daqui a 1 ano" e na realidade é infértil ou simplesmente não quer e assim não tem de me explicar nada.

São situações complexas.
Eu convivo diariamente com uma pessoa casada à anos, sem filhos. Nunca conseguimos perceber os motivos, se porque não querem ou não podem e nem os próprios pais e família próxima sabem. Não sabemos se existe algum problema de fertilidade que não querem partilhar, se não querem mesmo ter e não assumem com receio de críticas. Segundo já ouvi comentar nas raras vezes que deixam abordar o assunto justificam com a falta de condições financeiras mas a mim parece-me mais uma justificação para calar a pressão porque são pessoas com uma vida normal e até com mais condições que muita gente com vários filhos.
Eu acho que é porque seja qual for a situação não se sentem confortáveis em partilhar e está tudo bem. Há pessoas mais fechadas e que se tentam proteger.
Também conheço quem diga sem problema que não quer e depois ouve que é individualista, que não quer ter trabalho nem responsabilidades (tenho uma amiga de infância bastante massacrada pela sua decisão).
A minha mãe e a minha sogra nem me dizem nada porque eu pergunto logo se se vão reformar para me ajudar para eu poder trabalhar sem faltar porque os bebés adoecem bastante na creche, para não andar em modo desespero à procura de vaga nos infantários, se me tratam de umas roupas ou de umas refeições quando estiver cansada... calam-se logo porque o meu egoísmo é proporcional ao delas, pouco me ajudaram quando precisei e já passei por alguns apertos nessas situações. É que pimenta no ** dos outros é refresco. 😀


Também já usei muito essa tática de perguntar se me vão ajudar a criar o próximo. Normalmente calam se logo.
Dizer que se tem cancro confesso que não o faria. Faz me muita confusão usar problemas de saúde inexistentes para justificar alguma coisa.
Por acaso da parte da minha família nunca ninguém me chateou com isso. Aliás para eles, machistas até ao infinito, eu ter dois filhos de dois homens seria o cúmulo da vergonha. Foram os amigos mesmo que me falaram nisso com frequência. E é muito esquisito porque eu fui mãe muito nova, e numa altura em que ainda ninguém pensava em ter filhos, ali a meio dos vintes, todos me diziam que eu devia ter o segundo! Portanto eles zero, eu dois 🙄. Eu cheguei a dizer-lhes que eles só falavam daquela forma porque não faziam ideia do que é ter filhos, e houve um que me respondeu que não tinha filhos mas tinha uma sobrinha. Exatamente igual certo? Ainda por cima a sobrinha morava a 300km dele e ele só a via no natal e férias de verão. Mas achava que percebia mais disto da maternidade do que eu...
Por isso agora divirto-me muito a ver as cuspidelas a cair-lhes em cima. Eles eram tão ingénuos em relação a este tema 😝 e não me choca que pessoas como a Diana, depois de ter o primeiro, perceba que afinal não quer mais. É que isto está longe de ser só alegrias e felicidade.

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

Acho que têm razão que há várias situações e algumas pessoas são mais reservadas e isso eu entendo bem. Algumas pessoas sofrem com uma situação que não está completamente resolvida e preferem não falar.
Se uma pessoa está a sofrer com a infertilidade e andam sempre a chatear pode ser muito difícil falar sobre isso e assumir. Se está com dúvidas é complicado resolver uma questão interna com todo o pessoal a chatear.
Agora não é porque está tranquila com as suas opções. Ora se uma pessoa está resolvida com as sua opções e paga as suas contas não tem o mínimo sentido recear que saibam. Qual é o problema de me chamarem egoísta se eu não acho que esteja a ser?!
Não é correto insistir com quem não quer falar e o outro tem obrigação de respeitar, mas não querer falar ou que saiba de algo não pode significar que se está bem e resolvido e é só a sua personalidade. Há algum sofrimento e peso com essa situação por detrás do "ninguém sabe nada".
Tive uma amiga (já não somos muito próximas) que era super aberta a falar, contou que estava a iniciar os treinos, iniciou o ácido fólico, falava de bebés, da preparação de ter um filho, etc, lembro-me tão bem dessa fase e onde estávamos quando contou super feliz. A partir dessa conversa nunca mais falou sobre o assunto, há um tabu à volta disso(comigo e com todos os amigos comuns), nunca engravidou (já vai há mais de 10 anos) e entretanto já nem está com o marido. E filhos é assunto que nunca mais se pôde falar, ficou ali um mistério. Não falava, nem perguntava nada, mas se acho que está bem e resolvida?! Não.

fmmartins -
Offline
Desde 14 Dez 2016

Tyta.B escreveu:

fmmartins escreveu:

MisaL escreveu:

fmmartins escreveu:Num mundo ídeal é ter sensibilidade.
Às vezes o "nim" pode querer dizer "não" mas as pessoas não querem entrar em pormenores. Alguns casais com problemas de fertilidade/saúde ou mesmo os que não querem ter não gostam de se alongar, nem têm sequer de o fazer se não querem falar.

Consigo entender, mas se entram os pais, os irmãos, os amigos próximos...
Não sei, não ultrapassaria facilmente se a minha irmã não conseguisse falar comigo ou se eu tivesse que "rodear" com a minha mãe. É a questão de serem mesmo "as nossas pessoas" ou os conhecidos. Não lido muito com conhecidos, nem colegas e portanto nem que perguntem todos os dias não me chateiam nada ou se começam a chatear levam uma desanda, com os meus amigos e família próxima não tenho esse entendimento. Acho que se estive uma tarde a falar com uma amiga sobre o futuro não me cabe que só me tenha enrolado.
Eu não sou propriamente a pessoa mais aberta e faladora e não me imagino a esconder. Sim, posso não querer falar e digo-o e se não compreender que o outro não quer falar, espero que mo diga. Seria um choque muito grande para mim saber que a minha irmã andou a dizer "um dia destes, talvez daqui a 1 ano" e na realidade é infértil ou simplesmente não quer e assim não tem de me explicar nada.

São situações complexas.
Eu convivo diariamente com uma pessoa casada à anos, sem filhos. Nunca conseguimos perceber os motivos, se porque não querem ou não podem e nem os próprios pais e família próxima sabem. Não sabemos se existe algum problema de fertilidade que não querem partilhar, se não querem mesmo ter e não assumem com receio de críticas. Segundo já ouvi comentar nas raras vezes que deixam abordar o assunto justificam com a falta de condições financeiras mas a mim parece-me mais uma justificação para calar a pressão porque são pessoas com uma vida normal e até com mais condições que muita gente com vários filhos.
Eu acho que é porque seja qual for a situação não se sentem confortáveis em partilhar e está tudo bem. Há pessoas mais fechadas e que se tentam proteger.
Também conheço quem diga sem problema que não quer e depois ouve que é individualista, que não quer ter trabalho nem responsabilidades (tenho uma amiga de infância bastante massacrada pela sua decisão).
A minha mãe e a minha sogra nem me dizem nada porque eu pergunto logo se se vão reformar para me ajudar para eu poder trabalhar sem faltar porque os bebés adoecem bastante na creche, para não andar em modo desespero à procura de vaga nos infantários, se me tratam de umas roupas ou de umas refeições quando estiver cansada... calam-se logo porque o meu egoísmo é proporcional ao delas, pouco me ajudaram quando precisei e já passei por alguns apertos nessas situações. É que pimenta no ** dos outros é refresco. 😀

Também já usei muito essa tática de perguntar se me vão ajudar a criar o próximo. Normalmente calam se logo.
Dizer que se tem cancro confesso que não o faria. Faz me muita confusão usar problemas de saúde inexistentes para justificar alguma coisa.
Por acaso da parte da minha família nunca ninguém me chateou com isso. Aliás para eles, machistas até ao infinito, eu ter dois filhos de dois homens seria o cúmulo da vergonha. Foram os amigos mesmo que me falaram nisso com frequência. E é muito esquisito porque eu fui mãe muito nova, e numa altura em que ainda ninguém pensava em ter filhos, ali a meio dos vintes, todos me diziam que eu devia ter o segundo! Portanto eles zero, eu dois 🙄. Eu cheguei a dizer-lhes que eles só falavam daquela forma porque não faziam ideia do que é ter filhos, e houve um que me respondeu que não tinha filhos mas tinha uma sobrinha. Exatamente igual certo? Ainda por cima a sobrinha morava a 300km dele e ele só a via no natal e férias de verão. Mas achava que percebia mais disto da maternidade do que eu...
Por isso agora divirto-me muito a ver as cuspidelas a cair-lhes em cima. Eles eram tão ingénuos em relação a este tema 😝 e não me choca que pessoas como a Diana, depois de ter o primeiro, perceba que afinal não quer mais. É que isto está longe de ser só alegrias e felicidade.

Eu achei que ia querer mais do que um. O que aconteceu foi que me quis dedidar exclusivamente a esta e quando ela ficou mais independente e eu recuperei a minha liberdade e individualidade perdi a vontade de voltar atrás. Se fosse logo a seguir ainda quando estava em modo bebé e meio anestesiada... o problema é que isso ao mesmo tempo fazia-me confusão e assustava. Quantas vezes se assiste a mães exaustas com dois com pouca diferença de idade cheias de culpa pela falta de atenção ao primeiro ou porque gritaram, ou porque estão sem paciência. Lá no fundo também não queria isso.

MisaL -
Offline
Desde 17 Abr 2019

fmmartins, está/estava a acontecer-me o mesmo para o 3o. Pouca diferença nunca foi opção para mim e agora já estou a atingir a fase do "se não for agora passa", é que já estou noutra liberdade, já voltei a ter projetos que quero desenvolver e voltar a ter um bebé é recomeçar do 0 mais uns tempos e entretanto já só lá para os 50.
Só optei por deixar a vida acontecer até ao verão, porque na minha cabeça já sou mãe de 3, sem o ser no dia a dia. Já construi essa ideia, já vi como organizar a minha vida para 3...e de repente ter acabado parece que não faz sentido, é um pouco "como é que na minha cabeça tenho 3 e só me organizo para 2". Mas se não tivesse engravidado naquela altura, hoje estaria decidida com os 2.

Tyta.B -
Offline
Desde 31 Jul 2015

fmmartins escreveu:

Tyta.B escreveu:

fmmartins escreveu:

MisaL escreveu:

fmmartins escreveu:Num mundo ídeal é ter sensibilidade.
Às vezes o "nim" pode querer dizer "não" mas as pessoas não querem entrar em pormenores. Alguns casais com problemas de fertilidade/saúde ou mesmo os que não querem ter não gostam de se alongar, nem têm sequer de o fazer se não querem falar.

Consigo entender, mas se entram os pais, os irmãos, os amigos próximos...
Não sei, não ultrapassaria facilmente se a minha irmã não conseguisse falar comigo ou se eu tivesse que "rodear" com a minha mãe. É a questão de serem mesmo "as nossas pessoas" ou os conhecidos. Não lido muito com conhecidos, nem colegas e portanto nem que perguntem todos os dias não me chateiam nada ou se começam a chatear levam uma desanda, com os meus amigos e família próxima não tenho esse entendimento. Acho que se estive uma tarde a falar com uma amiga sobre o futuro não me cabe que só me tenha enrolado.
Eu não sou propriamente a pessoa mais aberta e faladora e não me imagino a esconder. Sim, posso não querer falar e digo-o e se não compreender que o outro não quer falar, espero que mo diga. Seria um choque muito grande para mim saber que a minha irmã andou a dizer "um dia destes, talvez daqui a 1 ano" e na realidade é infértil ou simplesmente não quer e assim não tem de me explicar nada.

São situações complexas.
Eu convivo diariamente com uma pessoa casada à anos, sem filhos. Nunca conseguimos perceber os motivos, se porque não querem ou não podem e nem os próprios pais e família próxima sabem. Não sabemos se existe algum problema de fertilidade que não querem partilhar, se não querem mesmo ter e não assumem com receio de críticas. Segundo já ouvi comentar nas raras vezes que deixam abordar o assunto justificam com a falta de condições financeiras mas a mim parece-me mais uma justificação para calar a pressão porque são pessoas com uma vida normal e até com mais condições que muita gente com vários filhos.
Eu acho que é porque seja qual for a situação não se sentem confortáveis em partilhar e está tudo bem. Há pessoas mais fechadas e que se tentam proteger.
Também conheço quem diga sem problema que não quer e depois ouve que é individualista, que não quer ter trabalho nem responsabilidades (tenho uma amiga de infância bastante massacrada pela sua decisão).
A minha mãe e a minha sogra nem me dizem nada porque eu pergunto logo se se vão reformar para me ajudar para eu poder trabalhar sem faltar porque os bebés adoecem bastante na creche, para não andar em modo desespero à procura de vaga nos infantários, se me tratam de umas roupas ou de umas refeições quando estiver cansada... calam-se logo porque o meu egoísmo é proporcional ao delas, pouco me ajudaram quando precisei e já passei por alguns apertos nessas situações. É que pimenta no ** dos outros é refresco. 😀

Também já usei muito essa tática de perguntar se me vão ajudar a criar o próximo. Normalmente calam se logo.
Dizer que se tem cancro confesso que não o faria. Faz me muita confusão usar problemas de saúde inexistentes para justificar alguma coisa.
Por acaso da parte da minha família nunca ninguém me chateou com isso. Aliás para eles, machistas até ao infinito, eu ter dois filhos de dois homens seria o cúmulo da vergonha. Foram os amigos mesmo que me falaram nisso com frequência. E é muito esquisito porque eu fui mãe muito nova, e numa altura em que ainda ninguém pensava em ter filhos, ali a meio dos vintes, todos me diziam que eu devia ter o segundo! Portanto eles zero, eu dois 🙄. Eu cheguei a dizer-lhes que eles só falavam daquela forma porque não faziam ideia do que é ter filhos, e houve um que me respondeu que não tinha filhos mas tinha uma sobrinha. Exatamente igual certo? Ainda por cima a sobrinha morava a 300km dele e ele só a via no natal e férias de verão. Mas achava que percebia mais disto da maternidade do que eu...
Por isso agora divirto-me muito a ver as cuspidelas a cair-lhes em cima. Eles eram tão ingénuos em relação a este tema 😝 e não me choca que pessoas como a Diana, depois de ter o primeiro, perceba que afinal não quer mais. É que isto está longe de ser só alegrias e felicidade.

Eu achei que ia querer mais do que um. O que aconteceu foi que me quis dedidar exclusivamente a esta e quando ela ficou mais independente e eu recuperei a minha liberdade e individualidade perdi a vontade de voltar atrás. Se fosse logo a seguir ainda quando estava em modo bebé e meio anestesiada... o problema é que isso ao mesmo tempo fazia-me confusão e assustava. Quantas vezes se assiste a mães exaustas com dois com pouca diferença de idade cheias de culpa pela falta de atenção ao primeiro ou porque gritaram, ou porque estão sem paciência. Lá no fundo também não queria isso.


Eu falei nisso muitas vezes aos meus amigos. A ter outro teria sido com uns 3 anos de diferença. Para que eles crescessem juntos, tivessem com quem brincar - e aqui acredito que seria difícil nos primeiros tempos mas depois, dois são mais fáceis de entreter do que só um, porque falam a mesma língua e brincam juntos. E eu nao queria ter de passar 15 anos a cuidar de crianças pequenas... Mais uma vez fui mal interpretada. Começaram com a conversa que para mim ter dois seria só para não aturar nenhum 😂
Hoje em dia rio-me, mas confesso que na altura ficava muito frustrada. Ninguém entendia essa parte da minha vida.
.
Essas pessoas que tem problemas de infertilidade e não falam disso não será para não dar espaço para serem magoadas? Eu tenho um prima que falava muito sobre isso e agora fechou-se porque as pessoas magoavam-na com comentários que, de propósito ou não, eram muito indelicados mesmo. Portanto ela para não aturar isso, simplesmente não dá abertura a absolutamente ninguém.

fmmartins -
Offline
Desde 14 Dez 2016

MisaL escreveu:
fmmartins, está/estava a acontecer-me o mesmo para o 3o. Pouca diferença nunca foi opção para mim e agora já estou a atingir a fase do "se não for agora passa", é que já estou noutra liberdade, já voltei a ter projetos que quero desenvolver e voltar a ter um bebé é recomeçar do 0 mais uns tempos e entretanto já só lá para os 50.
Só optei por deixar a vida acontecer até ao verão, porque na minha cabeça já sou mãe de 3, sem o ser no dia a dia. Já construi essa ideia, já vi como organizar a minha vida para 3...e de repente ter acabado parece que não faz sentido, é um pouco "como é que na minha cabeça tenho 3 e só me organizo para 2". Mas se não tivesse engravidado naquela altura, hoje estaria decidida com os 2.

Compreendo. Do que vou lendo sinto que independentemente de tudo e das voltas que a vida tem dado tu vais mantendo esse desejo, mais ou menos vincado. Comigo parece que se fechou uma porta cá no meu íntimo e não é de hoje. Eu fiz 36 anos recentemente e essa porta fechou faz tempo.
Antes da minha filha engravidei de gémeos (mono/moono) e penso que se tivesse corrido bem estava agora "despachada" com 2 e já com 6 anos a entrarem no primeiro ciclo 😂
Essa é também outra questão, não me vejo agora preparada para uma gravidez dessas, essa prometia várias complicações. A nossa bagagem também faz diferença nas nossas decisões e vontades.

MisaL -
Offline
Desde 17 Abr 2019

Sim, é verdade.
É mesmo só uma questão da vida, da idade, da organização e logística diária e não do desejo. Já será sempre uma diferença de 9, 5 e 0 e eu já faço 40, depois também tenho colo curto e a idade não ajuda, já notei grandes diferenças para esta última gravidez... E nem me fales na hipótese de gémeos, sempre foi o meu medo e a cada gravidez se adensa mais ...tenho uma colega que teve trigémeos na tentativa do 3º 🙈
Acho que o desejo em si existiu mais ou menos sempre, mas nunca foi um tem de ser mesmo, acho que nunca ficará mágoa se não acontecer.

fmmartins escreveu:

MisaL escreveu:fmmartins, está/estava a acontecer-me o mesmo para o 3o. Pouca diferença nunca foi opção para mim e agora já estou a atingir a fase do "se não for agora passa", é que já estou noutra liberdade, já voltei a ter projetos que quero desenvolver e voltar a ter um bebé é recomeçar do 0 mais uns tempos e entretanto já só lá para os 50.
Só optei por deixar a vida acontecer até ao verão, porque na minha cabeça já sou mãe de 3, sem o ser no dia a dia. Já construi essa ideia, já vi como organizar a minha vida para 3...e de repente ter acabado parece que não faz sentido, é um pouco "como é que na minha cabeça tenho 3 e só me organizo para 2". Mas se não tivesse engravidado naquela altura, hoje estaria decidida com os 2.

Compreendo. Do que vou lendo sinto que independentemente de tudo e das voltas que a vida tem dado tu vais mantendo esse desejo, mais ou menos vincado. Comigo parece que se fechou uma porta cá no meu íntimo e não é de hoje. Eu fiz 36 anos recentemente e essa porta fechou faz tempo.
Antes da minha filha engravidei de gémeos (mono/moono) e penso que se tivesse corrido bem estava agora "despachada" com 2 e já com 6 anos a entrarem no primeiro ciclo 😂
Essa é também outra questão, não me vejo agora preparada para uma gravidez dessas, essa prometia várias complicações. A nossa bagagem também faz diferença nas nossas decisões e vontades.

carlaper -
Offline
Desde 11 Out 2011

MisaL escreveu:
Ainda há dias pensei o mesmo, mas eu lido muito bem com estes "arrependimentos de vida" sobre os quais não tenho qualquer garantia.
Ei pá, devia ter pensado diferente e ter sido mãe aos 20 anos! Que tipo de garantia tenho eu que teria conseguido engravidar aos 20 anos? Que tipo de garantia tenho eu que se tivesse acontecido, hoje não estaria a pensar o contrário?
Decido não ter o 3o e arrependo-me! Pode acontecer, mas que tipo de garantia tenho que teria conseguido engravidar do 3o?!
Fica ali um quê de "devia ter pensado diferente, se soubesse o que sei hoje...", mas não me matam estes arrependimentos, fazem parte das nossas opções, às vezes até só das circunstâncias da vida.
É completamente diferente de perder a cabeça, a paciência e gritar, insultar, bater, etc, aí eu sei que nunca devia ter acontecido e que o contrário teria sempre sido melhor.
Quanto a não se perguntar, não diria desinteressada, porque podes ser muito sensível e perspicaz, mas eu acharia estranho que uma amiga minha não fizesse ideia se quero ou não ter filhos. Que de um lado ou de outro isso nunca tivesse sido um assunto, sentiria uma amizade esquisita.

carlaper escreveu:Dá para os dois 2 lados, se ninguém pergunta nada, passa por desinteressada . Eu nunca puxei assunto de filhos com os meus amigis próximos, e acontece que são eles que puxam assunto, e eu depois fiquei a pensar que passei por amiga desinteressada e deveria ter oerguntado qd iam ao segundo Lol
O importante é estarmos felizes com as nossas escolhas de vida, com 1, 2, 3 ou mesmo nenhum filho. Arrependimentos é como tudo, eu, nos dias de maior caos, penso que deveria ter iniciado a maternidade mais cedo, e no auge dos meus 43, estar a curtir a pré meia idade, com os filhos mais independentes.


Claro que não temos garantias de nada, mas cada vez mais se adia, por opção, a maternidade para a casa dos 30s, 40s . Eu por acaso até engravidei pela 1 vez (embora não planeado)aos 28, mas não correu bem. Depois só voltei a ser mãe aos 32, e do segundo aos 37. Visto que o meu companheiro é uns anos mais velho, chegamos às vezes a um ponto em que nos falta a energia Sorriso claro que também hà vantagens, temos outra maturidade do que se fossemos pais mais jovens, acho eu Sorriso
Em relação às amizades, faz mm parte de mim, não gosto de ser intrusiva, mas por vezes penso se isso não poderá ser mal interpretado.