Ensino | De Mãe para Mãe

Ensino

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Desde 26 Out 2019

Bos noite...
Como neste site não estão só tentantes,gravidas e mães de bebés...também há aqui mães de adolescentes...
Por isso ,hoje escrevo este tópico, mais direcionado às mães de criancas já em idade escolar e adolescentes....
O que acham da ideia das crianças/adolescentes , não reprovarem nenhum ano até ao 9° ano?
E quanto às escolas que decidiram ter o ano lectivo por semestre ,acham mais benéfico ser por semestre ou por períodos (ou seja ,ser como antigamente ter 3 períodos o ano letivo)...
Vamos lá , partilhar opiniões ...

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

Acho mais benéfico por semestre, reduz o 3º período que normalmente é mínimo e não "serve para nada" porque a nota está dada no 2º e nunca baixa. Acho que são muito poucas as escolas a fazê-lo e não vivi sem experiência.
Quanto ao não reprovarem, concordo que não reprovem dentro do ciclo, ou seja, só se decidir no final do ciclo se está preparado ou não para mudar.

ines89 -
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Desde 16 Abr 2013

Olá, eu por acaso não concordo nada que não reprovem, acho que se não estão preparados deveriam ficar e não avançar, não será nada benéfico andarem ali a passar chegam ao 9° e estão perdidos da vida.. Acho que também que para aqueles meninos menos interessados o facto de saberem isso não é vantagem nenhuma! Mas isto é a minha opinião e cabe nos a nós pais também trabalharmos essa parte com eles!
Beijinhos

Sobre ines89

Razões da minha vida ♡♡

Ana Svensson -
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Desde 23 Abr 2017

Acho absurdo não se poder reprovar até ao 9º ano. Se hoje em dia já temos em Portugal uma percentagem enorme de alunos que chegam ao secundário sem saber rigorosamente nada, acabando com as reprovações (que já acontecem em muito menor grau do que deveriam), só pode piorar.
Quanto a organizar o ano lectivo em períodos ou semestres, acho absolutamente irrelevante.

Desde 13 Set 2012

Olá a todas!

Princesa, bom tema. às vezes é bom trocarmos ideias sobre estas questões mais abrangentes.

Como sabem, eu tenho dois filhos, uma miúda com 15 anos e um menino com 6. ela já está no 10º ano e ele no 1º ano do 1º ciclo. No Concelho onde vivo, há dois ou três anos que se adotou o sistema de semestres. O meu menino nunca viveu outra experiência e por isso nunca terá opinião, mas a miúda diz claramente que por semestre é melhor. Neste caso concordo totalmente com a MisaL, pois o 3º período raramente alterava o que quer que fosse no resultado do 2º período e, como o tempo era ridiculamente curto, os testes inevitavelmente se sobrepunham; isto causava em muitos alunos níveis de stress inimagináveis. Sabemos bem que nem todos os miúdos levam tudo na desportiva e para aqueles que valorizam muito os resultados obtidos, não ser capaz de gerir tanta coisa ao mesmo tempo, gerava muita angústia e ansiedade. A minha filha diz claramente que assim é melhor, pois os professores têm um lapso de tempo maior para distribuírem testes e trabalhos de grupo. Em termos de trabalho docente, o sistema por semestres também lhes dá mais tempo, pois menos uma pauta para afixar, significa menos avaliações, menos reuniões, menos conselhos de turma e por aí fora. Neste sistema os semestres têm mais ou menos a mesma duração e as mesmas interrupções. no 1º há a interrupção para o Natal e no 2º há a interrupção para a Páscoa. Entre cada um deles há uma semana de paragem que aqui tem ocorrido na última semana de janeiro.

Quanto à não reprovação, bem, não me parece que esteja expresso em lado algum que a reprovação não se possa aplicar; no entanto, com base em dados de outros países e com base em estudos que aqui e ali vão sendo publicados, reprovar um aluno não lhe acrescenta nada, nem valor, nem competências, nem conhecimentos. Sempre que um filho nos disser: "ah, tanto faz trabalhar ou não que no fim do ano ganho o mesmo porque agora não se reprova", a nossa abordagem deve ser: "Estás completamente enganado(a). Se não trabalhares, se não estudares, se não te esforçares, sairás inevitavelmente a perder porque, embora vás transitando de ano, terás cada vez menos conhecimentos e menos competências e estarás cada vez mais longe do que se espera de ti com a tua idade e no teu ano escolar. Cedo ou tarde irás recolher os frutos de tudo isso".

Nunca nos podemos esquecer que o nosso papel é formar pessoas de bem, formar cidadãos funcionais, capazes e felizes; também, enquanto pais, é isso que queremos para eles, e que, no meu ponto de vista, é realmente bem mais importante do que termos um filho que termina o ensino secundário mas que não consegue um emprego a que concorre porque nunca atinge resultados nas provas. E, em termos de concursos para postos de trabalho, os resultados contam, e contam mesmo.

A mim não me entusiasma a ideia da minha filha chegar ao 12º ano só porque não se reprova. Se ela não adquirir nenhum dos conhecimentos e competências que se espera com aquele nível académico, dificilmente será capaz de ingressar num mercado de trabalho cada vez mais competitivo; isso, inevitavelmente, irá empurrá-la para os trabalhos mais físicos, mais braçais, que, sendo absolutamente necessários, não correspondem àquilo que ela ambiciona na vida. Logo, estará limitada a trabalhos que apenas lhe darão o sustento mas não a realização pessoal nem lhe permitirão realizar os sonhos que possa ter. Por mais tempo que passe, o sonho ainda continua a comandar a vida...

para os alunos que não conseguem atingir os objetivos de cada ano escolar, o Ministério da educação criou uma série de programas alternativos, ferramentas de trabalho e de apoio que podem oferecer a estes alunos uma alternativa ao ensino convencional. Não tenhamos ilusões, nem todos os seres humanos nascem com a mesma capacidade; isto não significa que não sejam capazes de atingir o mesmo patamar, ainda que tenham que percorrer uma estrada alternativa. Alguns alunos nunca serão capazes de compreender conceitos matemáticos nem teorias filosóficas. E daí, vamos castigá-los por isso? Vamos cavar um fosso maior na autoestima destes miúdos? Na minha opinião isso não é justo nem tem utilidade. Para estes miúdos há que encontrar formas alternativas no percurso, de forma a que, no final, sigam uma via profissionalizante e acabem por ingressar no mercado de trabalho na altura adequada. A reprovação não pode ser um castigo, da mesma forma que transitar de ano não é um prémio para quem atinge os objetivos. O verdadeiro prémio está naquilo que se adquire após cada nível escolar.

Em Portugal, a reprovação foi usada ao longo dos anos como um castigo para quem não atingia objetivos; se é verdade que em muitos casos reprovar era uma mera consequência da preguiça e da malandrice, era também em muitos outros um castigo totalmente injusto porque era aplicado a quem não conseguia simplesmente por falta de capacidade ou para quem o modelo convencional não era o mais adequado. O que ganha um aluno ao reprovar um, dois e três anos no mesmo ano escolar? O que aprende, o que adquire em termos de competências? O que ganham os pais desse aluno? O que ganha o estado? Nada, ninguém ganha nada! O aluno vai ficando cada vez mais desfasado dos seus pares, os pais vão ficando cada vez mais desesperados e sem opções, e o Estado paga uma fatura elevada que sai dos impostos de todos nós e que não é rentabilizada. Resumindo, todos perdem! Que tal oferecer a esse aluno um programa mais direcionado, um apoio que potencia as suas capacidades, desvalorizando aquilo em que de facto ele não é bom? que tal aproveitar ao máximo o que esse aluno tem de bom, melhorando cada vez mais, em vez de se estar a insistir em algo que ele simplesmente não consegue abarcar? Muitos destes alunos são bons em algo, muito bons, por isso direcioná-los para uma via profissionalizante parece-me uma excelente ideia. Porque raio um mecânico precisa de saber filosofia ou história? é apenas um exemplo! O que esse aluno precisa é de desenvolver conhecimentos relevantes para a área em que realmente mostra um potencial enorme!

É esta a minha opinião e é nisto que realmente acredito! Nós, enquanto educadores e enquanto formadores de personalidades, temos um papel dos diabos nesta vida; assegurar que as próximas gerações sejam constituídas por pessoas de bem, capazes de assegurar o seu sustento e o das famílias e que, antes de tudo isso, sejam pessoas felizes!

Aguardemos outras perspetivas!

Beijinhos e tudo de bom

SMSantos

SaraOliveTree86 -
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Desde 27 Mar 2017

Deixo-vos um vídeo que para mim faz todo o sentido analisar. Os alunos não são iguais, porque raio há-de ser o modelo de ensino igual para todos?

https://www.youtube.com/watch?v=dqTTojTija8

"Se julgarmos um peixe pela sua habilidade de subir a uma árvore, vai viver a vida toda a acreditar que é estúpido".

Um beijinho

Ana Svensson -
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Desde 23 Abr 2017

Concordo que seria importante fazer uma aposta na via profissionalizante, conforme acontece noutros países. De facto, para muitos seria mais vantajosa essa forma de ensino.
Discordo, no entanto, quando diz que a reprovação é um castigo. Não é. A reprovação deveria ser vista como uma oportunidade de aprender aquilo que ficou por aprender no ano anterior porque avançar constantemente com tantas lacunas para trás inviabiliza totalmente a possibilidade de ter sucesso nos anos seguintes. Quem não tem as bases, muito dificilmente vai aprender conteúdos mais avançados. E acho que é importante encarar a reprovação desta forma.
Discordo também quando diz que muita gente não tem capacidade para ter sucesso no ensino normal. Durante muitos anos, enquanto crescia, acreditei sinceramente que o que fazia a diferença entre os bons e os maus alunos eram as competências naturais, o facto de ser mais ou menos inteligente. Afinal de contas, até chegar ao secundário, eu tinha resultados óptimos, tanto pelo sistema de ensino português como pelo sueco, sem perder um minuto da minha vida a estudar (vá fazia os tpc). E até certo ponto é. Mas à medida que fui crescendo e avançando nos estudos (secundário, licenciatura, mestrado e doutoramento) e como tal, precisando de começar a estudar a sério para manter os resultados, fui percebendo que, muito mais do que qualquer aptidão natural, é o trabalho que estamos dispostos a fazer que determina o nosso sucesso escolar (e profissional). Se é verdade que as nossas capacidades têm uma influência importante, é ainda mais verdade que o trabalho se sobrepõe a isso. Hoje em dia, não tenho dúvidas que qualquer pessoa com um QI normal, é capaz de chegar onde quiser nos estudos, com notas brilhantes ou simplesmente medianas, mas é. Por isso, não duvido que por trás dos maus resultados está quase sempre falta de trabalho. O que acontece é que muitas vezes essa falta de trabalho está associada à falta de motivação e expectativas resultantes de contextos de vida mais difíceis. Não é por acaso que há uma forte relação entre o sucesso académico e o contexto sociocultural e socioeconómico das famílias de origem. Não é por acaso que quase sempre filhos de pais mais instruídos se tornam também eles melhores alunos e alunos que chegam mais longe nos estudos. Mas isto não é uma questão de capacidades intelectuais inatas.

CatiaS_S -
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Desde 30 Set 2016

Pois eu pelo contrário convivi muito com alunos que deviam ter reprovado e não reprovaram, e é horrível para todos. Basta pensar em matemática, por exemplo, se eles não aprendem os conceitos, não conseguem passar para o próximo nível, onde se vai trabalhar sobre esses conceitos. E depois o que fazem os professores? Como não têm meios para atender a todos os alunos, ou se focam nos alunos com essas dificuldades e os outros ficam prejudicados pois não avançam e a matéria começa a acumular, ou então foca-se nesses e os alunos com dificuldades ficam cada vez mais para trás.
Pois isso, é uma método que até pode trazer benefícios noutros países, mas não se adequa a realidade portuguesa.
De resto, prefiro semestre

FSilsa -
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Desde 08 Abr 2014

Ana Svensson escreveu:
Concordo que seria importante fazer uma aposta na via profissionalizante, conforme acontece noutros países. De facto, para muitos seria mais vantajosa essa forma de ensino.
Discordo, no entanto, quando diz que a reprovação é um castigo. Não é. A reprovação deveria ser vista como uma oportunidade de aprender aquilo que ficou por aprender no ano anterior porque avançar constantemente com tantas lacunas para trás inviabiliza totalmente a possibilidade de ter sucesso nos anos seguintes. Quem não tem as bases, muito dificilmente vai aprender conteúdos mais avançados. E acho que é importante encarar a reprovação desta forma.
Discordo também quando diz que muita gente não tem capacidade para ter sucesso no ensino normal. Durante muitos anos, enquanto crescia, acreditei sinceramente que o que fazia a diferença entre os bons e os maus alunos eram as competências naturais, o facto de ser mais ou menos inteligente. Afinal de contas, até chegar ao secundário, eu tinha resultados óptimos, tanto pelo sistema de ensino português como pelo sueco, sem perder um minuto da minha vida a estudar (vá fazia os tpc). E até certo ponto é. Mas à medida que fui crescendo e avançando nos estudos (secundário, licenciatura, mestrado e doutoramento) e como tal, precisando de começar a estudar a sério para manter os resultados, fui percebendo que, muito mais do que qualquer aptidão natural, é o trabalho que estamos dispostos a fazer que determina o nosso sucesso escolar (e profissional). Se é verdade que as nossas capacidades têm uma influência importante, é ainda mais verdade que o trabalho se sobrepõe a isso. Hoje em dia, não tenho dúvidas que qualquer pessoa com um QI normal, é capaz de chegar onde quiser nos estudos, com notas brilhantes ou simplesmente medianas, mas é. Por isso, não duvido que por trás dos maus resultados está quase sempre falta de trabalho. O que acontece é que muitas vezes essa falta de trabalho está associada à falta de motivação e expectativas resultantes de contextos de vida mais difíceis. Não é por acaso que há uma forte relação entre o sucesso académico e o contexto sociocultural e socioeconómico das famílias de origem. Não é por acaso que quase sempre filhos de pais mais instruídos se tornam também eles melhores alunos e alunos que chegam mais longe nos estudos. Mas isto não é uma questão de capacidades intelectuais inatas.

Concordo. Um aluno que seria de reprovar no 5º ano passa, a matéria que não percebeu no 5º vai continuar sem ser apreendida até ao 9º, pois não será repetida. Portanto não vejo vantagens em passar. Portanto sou veemente contra transitar sempre de ano até ao 9º ano.
Quanto ao ensino diferenciado, obviamente uns alunos merecem mais acompanhamento que outros e não temos todos a mesma aptidão para as mesmas coisas. Os cursos profissionais foram efetivamente uma mais valia, onde alunos com maus resultados no ensino convencional, conseguiram arranjar uma via alternativa e mais adequada às suas capacidades e aspirações. Sou a favor de uma educação diferenciada. Se calhar desde o 7º ano, em vez de a partir do 10º.
Os semestres em vez de trimestres. Não tenho ainda ideia de ter sido aplicado por cá. Mas comparando até ao 12º com a universidade, os intervalos do natal e pascoa eram ótimos para estudar a matéria atrasada preparando as provas do final do semestre, portanto baseado nesta minha experiência sou a favor.

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

SaraOliveTree86 escreveu:
Deixo-vos um vídeo que para mim faz todo o sentido analisar. Os alunos não são iguais, porque raio há-de ser o modelo de ensino igual para todos?
https://www.youtube.com/watch?v=dqTTojTija8
"Se julgarmos um peixe pela sua habilidade de subir a uma árvore, vai viver a vida toda a acreditar que é estúpido".
Um beijinho

Ainda há tempos usei essa frase para referir que existem vários tipos de inteligências.
Uma das diferenças no ensino Holandês, é justamente esta sensibilidade às competências individuais. No secundário, existe a possibilidade de seguir um ramo mais focado na aquisição de conhecimentos práticos e que geralmente termina aos 16 anos, podendo o adolescente especializar-se então na área que desejar. Portanto, pegando no exemplo da Sónia, um aluno que opte por esta via, e acabe por se tornar mecânico, não vai andar a “perder tempo” a aprender filosofia.
Mas voltando a referir a teoria das inteligências múltiplas, discordo com quem afirma que estudando mais, esforçando-se mais conseguem obter bons resultados em todas as disciplinas. Não é verdade, e hoje em dia esta questão está bastante estudada. E por isso é injusto avaliar todos os alunos pela mesma escala. Quantas pessoas não são óptimos desportistas, dançarinos, artistas plásticos, mas eram péssimos alunos. Até o Einstein teve dificuldades em algumas disciplinas.

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

Sónia Maria Santos escreveu:
Olá a todas!
Princesa, bom tema. às vezes é bom trocarmos ideias sobre estas questões mais abrangentes.
Como sabem, eu tenho dois filhos, uma miúda com 15 anos e um menino com 6. ela já está no 10º ano e ele no 1º ano do 1º ciclo. No Concelho onde vivo, há dois ou três anos que se adotou o sistema de semestres. O meu menino nunca viveu outra experiência e por isso nunca terá opinião, mas a miúda diz claramente que por semestre é melhor. Neste caso concordo totalmente com a MisaL, pois o 3º período raramente alterava o que quer que fosse no resultado do 2º período e, como o tempo era ridiculamente curto, os testes inevitavelmente se sobrepunham; isto causava em muitos alunos níveis de stress inimagináveis. Sabemos bem que nem todos os miúdos levam tudo na desportiva e para aqueles que valorizam muito os resultados obtidos, não ser capaz de gerir tanta coisa ao mesmo tempo, gerava muita angústia e ansiedade. A minha filha diz claramente que assim é melhor, pois os professores têm um lapso de tempo maior para distribuírem testes e trabalhos de grupo. Em termos de trabalho docente, o sistema por semestres também lhes dá mais tempo, pois menos uma pauta para afixar, significa menos avaliações, menos reuniões, menos conselhos de turma e por aí fora. Neste sistema os semestres têm mais ou menos a mesma duração e as mesmas interrupções. no 1º há a interrupção para o Natal e no 2º há a interrupção para a Páscoa. Entre cada um deles há uma semana de paragem que aqui tem ocorrido na última semana de janeiro.
Quanto à não reprovação, bem, não me parece que esteja expresso em lado algum que a reprovação não se possa aplicar; no entanto, com base em dados de outros países e com base em estudos que aqui e ali vão sendo publicados, reprovar um aluno não lhe acrescenta nada, nem valor, nem competências, nem conhecimentos. Sempre que um filho nos disser: "ah, tanto faz trabalhar ou não que no fim do ano ganho o mesmo porque agora não se reprova", a nossa abordagem deve ser: "Estás completamente enganado(a). Se não trabalhares, se não estudares, se não te esforçares, sairás inevitavelmente a perder porque, embora vás transitando de ano, terás cada vez menos conhecimentos e menos competências e estarás cada vez mais longe do que se espera de ti com a tua idade e no teu ano escolar. Cedo ou tarde irás recolher os frutos de tudo isso".
Nunca nos podemos esquecer que o nosso papel é formar pessoas de bem, formar cidadãos funcionais, capazes e felizes; também, enquanto pais, é isso que queremos para eles, e que, no meu ponto de vista, é realmente bem mais importante do que termos um filho que termina o ensino secundário mas que não consegue um emprego a que concorre porque nunca atinge resultados nas provas. E, em termos de concursos para postos de trabalho, os resultados contam, e contam mesmo.
A mim não me entusiasma a ideia da minha filha chegar ao 12º ano só porque não se reprova. Se ela não adquirir nenhum dos conhecimentos e competências que se espera com aquele nível académico, dificilmente será capaz de ingressar num mercado de trabalho cada vez mais competitivo; isso, inevitavelmente, irá empurrá-la para os trabalhos mais físicos, mais braçais, que, sendo absolutamente necessários, não correspondem àquilo que ela ambiciona na vida. Logo, estará limitada a trabalhos que apenas lhe darão o sustento mas não a realização pessoal nem lhe permitirão realizar os sonhos que possa ter. Por mais tempo que passe, o sonho ainda continua a comandar a vida...
para os alunos que não conseguem atingir os objetivos de cada ano escolar, o Ministério da educação criou uma série de programas alternativos, ferramentas de trabalho e de apoio que podem oferecer a estes alunos uma alternativa ao ensino convencional. Não tenhamos ilusões, nem todos os seres humanos nascem com a mesma capacidade; isto não significa que não sejam capazes de atingir o mesmo patamar, ainda que tenham que percorrer uma estrada alternativa. Alguns alunos nunca serão capazes de compreender conceitos matemáticos nem teorias filosóficas. E daí, vamos castigá-los por isso? Vamos cavar um fosso maior na autoestima destes miúdos? Na minha opinião isso não é justo nem tem utilidade. Para estes miúdos há que encontrar formas alternativas no percurso, de forma a que, no final, sigam uma via profissionalizante e acabem por ingressar no mercado de trabalho na altura adequada. A reprovação não pode ser um castigo, da mesma forma que transitar de ano não é um prémio para quem atinge os objetivos. O verdadeiro prémio está naquilo que se adquire após cada nível escolar.
Em Portugal, a reprovação foi usada ao longo dos anos como um castigo para quem não atingia objetivos; se é verdade que em muitos casos reprovar era uma mera consequência da preguiça e da malandrice, era também em muitos outros um castigo totalmente injusto porque era aplicado a quem não conseguia simplesmente por falta de capacidade ou para quem o modelo convencional não era o mais adequado. O que ganha um aluno ao reprovar um, dois e três anos no mesmo ano escolar? O que aprende, o que adquire em termos de competências? O que ganham os pais desse aluno? O que ganha o estado? Nada, ninguém ganha nada! O aluno vai ficando cada vez mais desfasado dos seus pares, os pais vão ficando cada vez mais desesperados e sem opções, e o Estado paga uma fatura elevada que sai dos impostos de todos nós e que não é rentabilizada. Resumindo, todos perdem! Que tal oferecer a esse aluno um programa mais direcionado, um apoio que potencia as suas capacidades, desvalorizando aquilo em que de facto ele não é bom? que tal aproveitar ao máximo o que esse aluno tem de bom, melhorando cada vez mais, em vez de se estar a insistir em algo que ele simplesmente não consegue abarcar? Muitos destes alunos são bons em algo, muito bons, por isso direcioná-los para uma via profissionalizante parece-me uma excelente ideia. Porque raio um mecânico precisa de saber filosofia ou história? é apenas um exemplo! O que esse aluno precisa é de desenvolver conhecimentos relevantes para a área em que realmente mostra um potencial enorme!
É esta a minha opinião e é nisto que realmente acredito! Nós, enquanto educadores e enquanto formadores de personalidades, temos um papel dos diabos nesta vida; assegurar que as próximas gerações sejam constituídas por pessoas de bem, capazes de assegurar o seu sustento e o das famílias e que, antes de tudo isso, sejam pessoas felizes!
Aguardemos outras perspetivas!
Beijinhos e tudo de bom

Não tenho nenhuma opinião em relação a este tema mas gostei sinceramente desta tua perspectiva, e para mim os teus argumentos fazem bastante sentido.

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

CatiaS_S escreveu:
Pois eu pelo contrário convivi muito com alunos que deviam ter reprovado e não reprovaram, e é horrível para todos. Basta pensar em matemática, por exemplo, se eles não aprendem os conceitos, não conseguem passar para o próximo nível, onde se vai trabalhar sobre esses conceitos. E depois o que fazem os professores? Como não têm meios para atender a todos os alunos, ou se focam nos alunos com essas dificuldades e os outros ficam prejudicados pois não avançam e a matéria começa a acumular, ou então foca-se nesses e os alunos com dificuldades ficam cada vez mais para trás.
Pois isso, é uma método que até pode trazer benefícios noutros países, mas não se adequa a realidade portuguesa.
De resto, prefiro semestre

Pois esta é uma das desvantagens, por isso entendo que certos alunos deveriam seguir a via profissional. As escolas profissionais são uma opção que ainda é vista com um certo desdém, num país onde todos querem ser doutores e todos querem um canudo porque, muitos acreditam que é um canudo e um título que lhes vai garantir respeito.

CatiaS_S -
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Desde 30 Set 2016

Sansa escreveu:

CatiaS_S escreveu:Pois eu pelo contrário convivi muito com alunos que deviam ter reprovado e não reprovaram, e é horrível para todos. Basta pensar em matemática, por exemplo, se eles não aprendem os conceitos, não conseguem passar para o próximo nível, onde se vai trabalhar sobre esses conceitos. E depois o que fazem os professores? Como não têm meios para atender a todos os alunos, ou se focam nos alunos com essas dificuldades e os outros ficam prejudicados pois não avançam e a matéria começa a acumular, ou então foca-se nesses e os alunos com dificuldades ficam cada vez mais para trás.
Pois isso, é uma método que até pode trazer benefícios noutros países, mas não se adequa a realidade portuguesa.
De resto, prefiro semestre

Pois esta é uma das desvantagens, por isso entendo que certos alunos deveriam seguir a via profissional. As escolas profissionais são uma opção que ainda é vista com um certo desdém, num país onde todos querem ser doutores e todos querem um canudo porque, muitos acreditam que é um canudo e um título que lhes vai garantir respeito.


Eu tenho um curso universitário, o meu marido demorou imeeenso a acabar o secundário (fez tipo 10, 10, 11, 11, 12, 12, 12, 12...). Quem ganha mais lá em casa? ? Ele! E se tivesse sido esperto e tirado um curso profissionalizante tipo electricista ainda estava melhor (mas na altura não haviam muitas oportunidades nestas). Com o irmão mais novo já não se deixaram enganar, fez o secundário por essa via e foi o melhor para todos.

Sansa -
Offline
Desde 18 Jan 2018

CatiaS_S escreveu:

Sansa escreveu:
CatiaS_S escreveu:Pois eu pelo contrário convivi muito com alunos que deviam ter reprovado e não reprovaram, e é horrível para todos. Basta pensar em matemática, por exemplo, se eles não aprendem os conceitos, não conseguem passar para o próximo nível, onde se vai trabalhar sobre esses conceitos. E depois o que fazem os professores? Como não têm meios para atender a todos os alunos, ou se focam nos alunos com essas dificuldades e os outros ficam prejudicados pois não avançam e a matéria começa a acumular, ou então foca-se nesses e os alunos com dificuldades ficam cada vez mais para trás.
Pois isso, é uma método que até pode trazer benefícios noutros países, mas não se adequa a realidade portuguesa.
De resto, prefiro semestre

Pois esta é uma das desvantagens, por isso entendo que certos alunos deveriam seguir a via profissional. As escolas profissionais são uma opção que ainda é vista com um certo desdém, num país onde todos querem ser doutores e todos querem um canudo porque, muitos acreditam que é um canudo e um título que lhes vai garantir respeito.

Eu tenho um curso universitário, o meu marido demorou imeeenso a acabar o secundário (fez tipo 10, 10, 11, 11, 12, 12, 12, 12...). Quem ganha mais lá em casa? ? Ele! E se tivesse sido esperto e tirado um curso profissionalizante tipo electricista ainda estava melhor (mas na altura não haviam muitas oportunidades nestas). Com o irmão mais novo já não se deixaram enganar, fez o secundário por essa via e foi o melhor para todos.


Sim, conheço muitos casos assim. E é verdade, um curso superior não garante um melhor ordenado que um curso profissional. E numa sociedade tem de haver diversas profissões, pois se te avariar o carro não é o senhor doutor que to vai arranjar (o senhor engenheiro talvez).
A questão é que se formarmos esses alunos com cursos mais técnicos, vamos dar-lhes mais oportunidades no futuro de construir uma carreira com sucesso.

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

No ideal seria assim, a questão é que poucos querem.
Hoje em dia esses alunos não estão interessados em aprender nada: ou cansa ou dá trabalho ou não interessa ou está sol ou é cedo ou é tarde ou ou ou... responsabilidade e autonomia a nível 0.

Sansa escreveu:

CatiaS_S escreveu:
Sansa escreveu:
CatiaS_S escreveu:Pois eu pelo contrário convivi muito com alunos que deviam ter reprovado e não reprovaram, e é horrível para todos. Basta pensar em matemática, por exemplo, se eles não aprendem os conceitos, não conseguem passar para o próximo nível, onde se vai trabalhar sobre esses conceitos. E depois o que fazem os professores? Como não têm meios para atender a todos os alunos, ou se focam nos alunos com essas dificuldades e os outros ficam prejudicados pois não avançam e a matéria começa a acumular, ou então foca-se nesses e os alunos com dificuldades ficam cada vez mais para trás.
Pois isso, é uma método que até pode trazer benefícios noutros países, mas não se adequa a realidade portuguesa.
De resto, prefiro semestre

Pois esta é uma das desvantagens, por isso entendo que certos alunos deveriam seguir a via profissional. As escolas profissionais são uma opção que ainda é vista com um certo desdém, num país onde todos querem ser doutores e todos querem um canudo porque, muitos acreditam que é um canudo e um título que lhes vai garantir respeito.

Eu tenho um curso universitário, o meu marido demorou imeeenso a acabar o secundário (fez tipo 10, 10, 11, 11, 12, 12, 12, 12...). Quem ganha mais lá em casa? ? Ele! E se tivesse sido esperto e tirado um curso profissionalizante tipo electricista ainda estava melhor (mas na altura não haviam muitas oportunidades nestas). Com o irmão mais novo já não se deixaram enganar, fez o secundário por essa via e foi o melhor para todos.

Sim, conheço muitos casos assim. E é verdade, um curso superior não garante um melhor ordenado que um curso profissional. E numa sociedade tem de haver diversas profissões, pois se te avariar o carro não é o senhor doutor que to vai arranjar (o senhor engenheiro talvez).
A questão é que se formarmos esses alunos com cursos mais técnicos, vamos dar-lhes mais oportunidades no futuro de construir uma carreira com sucesso.

Desde 26 Out 2019

A minha opinião pessoal quanto a este assunto é a seguinte:
- Acho que se um aluno não aprendeu o que era suposto aprender, ou seja não está preparado a passar de ano ,por isso acho que mais vale ficar retido nesse ano ,para que possa aprender melhor as matérias. Não acho benefíco um aluno passar de ano quando não está preparado para avançar um ano lectivo ,isso só serve para acumular matérias que não conseguiu aprender e ao passar os alunos só servirá para eles irem acumular matérias que não conseguiram aprender .
E acho também que deve ser visto os alunos que tem mais dificuldades em aprender e arranjar formas para que os mesmo consigam aprender as matérias pretendidas.
Nem todas as pessoas têm que ter cursos superiores , até porque nem todas as pessoas têm tanta capacidade de aprendizagem e umas aprendem mais rápido do que outras pessoas e isso tem que se ter em conta e ver qual o melhor método de aprendizagem.
E acho que foi bom terem metido em prática o método de semestres em vez de ser por 3 períodos ,uma vez que o 3°periodo acabava por ser muito pequeno e de pouco adientava e até creio que em alguns alunos ,o facto do 3°periodo ser tão curto acabava por gerar alguma ansiedade.

fmmartins -
Offline
Desde 14 Dez 2016

CatiaS_S escreveu:

Sansa escreveu:
CatiaS_S escreveu:Pois eu pelo contrário convivi muito com alunos que deviam ter reprovado e não reprovaram, e é horrível para todos. Basta pensar em matemática, por exemplo, se eles não aprendem os conceitos, não conseguem passar para o próximo nível, onde se vai trabalhar sobre esses conceitos. E depois o que fazem os professores? Como não têm meios para atender a todos os alunos, ou se focam nos alunos com essas dificuldades e os outros ficam prejudicados pois não avançam e a matéria começa a acumular, ou então foca-se nesses e os alunos com dificuldades ficam cada vez mais para trás.
Pois isso, é uma método que até pode trazer benefícios noutros países, mas não se adequa a realidade portuguesa.
De resto, prefiro semestre

Pois esta é uma das desvantagens, por isso entendo que certos alunos deveriam seguir a via profissional. As escolas profissionais são uma opção que ainda é vista com um certo desdém, num país onde todos querem ser doutores e todos querem um canudo porque, muitos acreditam que é um canudo e um título que lhes vai garantir respeito.

Eu tenho um curso universitário, o meu marido demorou imeeenso a acabar o secundário (fez tipo 10, 10, 11, 11, 12, 12, 12, 12...). Quem ganha mais lá em casa? ? Ele! E se tivesse sido esperto e tirado um curso profissionalizante tipo electricista ainda estava melhor (mas na altura não haviam muitas oportunidades nestas). Com o irmão mais novo já não se deixaram enganar, fez o secundário por essa via e foi o melhor para todos.

O meu marido fez um curso profissional de eletromecânica, começou a trabalhar imediatamente na área industrial e até manutenção de eólicas, depois apostou na indústria aeronáutica, começou por fazer manutenção da parte elétrica em aviões, creseu, mostrou ser bom naquilo que faz e agora tem outro cargo com mais responsabilidade. É claramente um exemplo de sucesso de pessoas que fazem cursos profissionais.