Dúvida... | De Mãe para Mãe

Dúvida...

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Ines Semedo -
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Desde 29 Mar 2021

Bom dia,

Sinceramente, não sei por onde começar… Estou com o meu marido, pai do meu filho há cerca de 15 anos. Uma relação estável e com muito amor. Nunca tive dúvidas em relação ao que sentia e, chegava mesmo a dizer, numa perspetiva de ilustração do que o meu marido representava para mim, que o meu mundo começava e acabava nele. Nunca foi uma relação perfeita, porque ambos temos personalidades muito vincadas e ambos demarcamos sempre as nossas posições o que, invariavelmente, acabava por resvalar para algum conflito. De há um ano para cá, as coisas agudizaram-se e, reconheço, em boa parte por minha causa. Assumo que o que sinto por ele já não é a mesma coisa e, sinceramente, não sei se o que ainda sinto é forte o suficiente para sustentar o casamento. Tentei parar e fazer uma verdadeira introspeção e cheguei mesmo à conclusão que queria seguir a minha vida sem ele. Entretanto, já tivemos inúmeras conversas e ele não aceita que as coisas possam ter mudado dentro de mim. Chegou ao ponto de implorar … por ele, pelo nosso filho e eu acabo por ceder. Sinto-me muito mal porque, se por um lado, tenho a firme convicção que não quero continuar, por outro, coloco tudo em perspetiva e não é de ânimo leve que se termina uma relação de tantos anos e com um filho de 5 anos.
Conheci, neste tempo, uma pessoa que me tem feito muito bem. Conhece as minhas circunstância e, em momento algum, pressionou para que assumisse uma posição de término. O que é facto, e assumo sem reservas, noutras circunstâncias e se o que eu sinto pelo meu marido fosse forte o suficiente como noutros tempo, não haveria margem para que ninguém entrasse na minha vida. Sinto que eu e o meu marido já não estamos no mesmo "cumprimentos de onda" e, esta pessoa da qual falo, faz-me sentir o que acho, nunca senti na minha vida. Não queria e tento lutar contra o que sinto, mas ando completamente desorientada. O meu marido não merece! Tenho um enorme sentimento de culpa. Já me tentei afastar da pessoa que conheci mas estou numa espécie de dependência emocional e não consigo.
Não sei o que fazer… Quando abordei o meu marido dizendo-lhe que achava que seria melhor para ambos o divórcio foi a pior situação pela qual passei na minha vida. Nunca vi ninguém tão desesperado. Chegou a pegar numa faca e a dizer que acabava com a própria vida e que os meus problemas acabavam. Não dá para descrever toda a situação. Um cenário dantesco! Perante isto, acabei por recuar e consegui que se acalmasse. Sugeriu que fizéssemos terapia de casal… Todavia, sei que não vai resolver nada! Sinto, dentro de mim, que não vou conseguir resgatar aquele amor absoluto e incondicional que tinha por ele… O que é que eu faço?????

Mama do Martim -
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Desde 29 Mar 2010

Posso estar a ser muito injusta,e o seu marido ser uma excelente pessoa,mas se chegou ao ponto de pegar numa faca e dizer que se matava e assim os seus problemas acabavam,desculpe mas isso é chantagem emocional e da mais baixa que pode existir...
Lute pela sua felicidade,você não deve nunca "hipotecar" a sua felicidade em prol de outro. Mesmo o seu filho se não vir a mãe feliz nunca será realmente feliz..
Apenas lhe posso aconselhar a tomar uma decisão baseada nos seus sentimentos em relação ao casamento e pondo totalmente de parte a nova pessoa que conheceu,pois pode nunca dar em nada e assim sabe que não acabou um casamento com base numa ilusão e sim no que realmente sente

MisaL -
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Desde 17 Abr 2019

Acho que devia pensar bem em si e no seu filho, procurar ser feliz. Não me parece que esteja em nenhuma relação saudável, nem com o seu marido, nem na futura (com a pessoa que conheceu). Acho que se devia colocar em primeiro lugar, organizar a cabeça e o coração e só depois pensar noutra relação. Já disse que está "dependente emocionalmente" e isso tem tudo para correr mal.

MartaSS -
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Desde 17 Nov 2020

O que dizer... Admito que sou sensível a estes tópicos. Infelizmente tenho alguma experiência neste tipo de situação, tanto pessoal como de extensa leitura.
Não sei o que vai retirar das minhas palavras, mas posso dizer-lhe que mal comecei a ler as suas primeiras frases adivinhei logo que teria outra pessoa na sua vida. Estas situações são extremamente comuns... Simplesmente a esmagadora maioria das pessoas não chega à conclusão que quer o divórcio antes de ter arranjado algo que é, na sua perspetiva, melhor. A não ser, claro está, casos extremos de insatisfação matrimonial, e mesmo nesses... Enfim.
Como sabe, não existem relações perfeitas, muito menos relações longas, com filhos e famílias e contas à mistura. A paixão nem sempre está lá e acontecem problemas reais que nos afastam do parceiro, e tem que haver um esforço para nos reencontrarmos. A frase em que diz "noutras circunstâncias e se o que eu sinto pelo meu marido fosse forte o suficiente como noutros tempo, não haveria margem para que ninguém entrasse na minha vida", é das coisas mais típicas de se ouvir de alguém na sua situação. No entanto, alerto-a que está a pôr uma responsabilidade no seu marido e relação que simplesmente não é dele. É simplesmente impossível que ele tenha controlo sobre tudo o que você sente por ele, até porque esses sentimentos não são apenas, ou sequer maioritariamente, determinados por aquilo que ele faz. São sim determinados pela sua forma de estar na vida e pela imagem que tem de si própria, como gere os seus problemas, etc. Não estou com isto a recriminar, mas a responsabilidade de proteger a sua relação, especialmente nos momentos em que não está tão bem, é sua. Parte dessa responsabilidade é não deixar "entrar" ninguém. Não faltam neste mundo pessoas atraentes e interessantes, com quem podemos fazer faíscas se nos permitirmos. Se nos abrirmos a isso, não há casamento que resista. Só digo isto para lhe dizer que tem muito mais poder sobre os seus sentimentos do que pensa.
Não é surpreendente, e é extremamente comum, que diga que sente coisas por esta nova pessoa que nunca tinha sentido. Parte disso é a emoção do momento a falar, mas parte será até verdade, porque presumivelmente nunca se encontrou na situação em que se encontra. Está a viver num segredo e numa montanha russa de emoções. Cada mensagem, cada troca com esta nova pessoa é uma injeção de hormonas no seu cérebro, uma felicidade, cada período de ausência uma tortura (porque faltam as hormonas e o segredo angustia). Entenda que não estão a viver uma relação em condições normais, mas sim em condições altamente indutoras de vício e dependência emocional. A própria Inês já o notou, pois "tentou parar" e "não conseguiu", apesar de tudo o que está em jogo.
O posto já vai muito longo mas ainda lhe quero dizer algumas coisas sobre o comportamento do seu marido.

Mag_M -
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Desde 13 Jul 2018

Olá Inês.
Vou comentar por aquilo que sinto do que escreveu.
Parece-me que a Inês pode não estar a dar espaço para se conhecer a si mesma quando se coloca tão inteiramente numa relação com o outro. Parece que a Inês só se sente feliz e plena na relação com alguém, e isso tem potencial para nos causar dependência e, naturalmente, infelicidade.
Acho sinceramente que tem de haver verdade. Para o seu marido (que é um adulto e fará o seu luto, se for caso disso), para si mesma (quem é a Inês se ficar sozinha? O que deseja da vida?), para a outra pessoa (não haver pressão para sair da relação pode significar tanta coisa....).
Falou em dependência emocional, isso nunca pode ser uma base saudável para um novo relacionamento.
Eu não posso dizer o que fazer, mas tendo vivido já uma situação algo semelhante posso sim dizer que enquanto não houver distância que dá clareza não há decisões correctas.

Mag_M -
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Desde 13 Jul 2018

MartaSS escreveu:
O que dizer... Admito que sou sensível a estes tópicos. Infelizmente tenho alguma experiência neste tipo de situação, tanto pessoal como de extensa leitura.
Não sei o que vai retirar das minhas palavras, mas posso dizer-lhe que mal comecei a ler as suas primeiras frases adivinhei logo que teria outra pessoa na sua vida. Estas situações são extremamente comuns... Simplesmente a esmagadora maioria das pessoas não chega à conclusão que quer o divórcio antes de ter arranjado algo que é, na sua perspetiva, melhor. A não ser, claro está, casos extremos de insatisfação matrimonial, e mesmo nesses... Enfim.
Como sabe, não existem relações perfeitas, muito menos relações longas, com filhos e famílias e contas à mistura. A paixão nem sempre está lá e acontecem problemas reais que nos afastam do parceiro, e tem que haver um esforço para nos reencontrarmos. A frase em que diz "noutras circunstâncias e se o que eu sinto pelo meu marido fosse forte o suficiente como noutros tempo, não haveria margem para que ninguém entrasse na minha vida", é das coisas mais típicas de se ouvir de alguém na sua situação. No entanto, alerto-a que está a pôr uma responsabilidade no seu marido e relação que simplesmente não é dele. É simplesmente impossível que ele tenha controlo sobre tudo o que você sente por ele, até porque esses sentimentos não são apenas, ou sequer maioritariamente, determinados por aquilo que ele faz. São sim determinados pela sua forma de estar na vida e pela imagem que tem de si própria, como gere os seus problemas, etc. Não estou com isto a recriminar, mas a responsabilidade de proteger a sua relação, especialmente nos momentos em que não está tão bem, é sua. Parte dessa responsabilidade é não deixar "entrar" ninguém. Não faltam neste mundo pessoas atraentes e interessantes, com quem podemos fazer faíscas se nos permitirmos. Se nos abrirmos a isso, não há casamento que resista. Só digo isto para lhe dizer que tem muito mais poder sobre os seus sentimentos do que pensa.
Não é surpreendente, e é extremamente comum, que diga que sente coisas por esta nova pessoa que nunca tinha sentido. Parte disso é a emoção do momento a falar, mas parte será até verdade, porque presumivelmente nunca se encontrou na situação em que se encontra. Está a viver num segredo e numa montanha russa de emoções. Cada mensagem, cada troca com esta nova pessoa é uma injeção de hormonas no seu cérebro, uma felicidade, cada período de ausência uma tortura (porque faltam as hormonas e o segredo angustia). Entenda que não estão a viver uma relação em condições normais, mas sim em condições altamente indutoras de vício e dependência emocional. A própria Inês já o notou, pois "tentou parar" e "não conseguiu", apesar de tudo o que está em jogo.
O posto já vai muito longo mas ainda lhe quero dizer algumas coisas sobre o comportamento do seu marido.

Só para dizer... excelente. Concordo em absoluto.

Anotski85 -
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Desde 09 Jun 2020

Olá Inês

Li muita razoabilidade nas palavras da MartaSS. Senti exatamente o mesmo que ela ao ler e o que me saltou à mente assim que comecei a ler foi "infatuation".
Não vou alongar-me a descrever o que é, a Marta já deu boas dicas sobre a físico-química do problema, mas aconselho a Inês a pesquisar bem sobre estes dois termos: "infatuation" e "limerence". Acho que a podem ajudar a perceber o que está a sentir neste momento quanto a essa terceira pessoa e ao seu casamento. Certamente a sua introspeção está, ainda, a ser governada exatamente pelo que a Inês precisa de isolar e pôr de parte para conseguir ver a "big picture".
Quanto ao marido, parece-me que a sua reação, quando falou no divórcio, foi dramaticamente hiperbolizada. Mas acho que se deve tentar colocar nos sapatos dele e tentar perceber o que sentiria você própria se, quando se sentia plenamente bem com ele e a vossa vida juntos, ele lhe pedisse o divórcio. De resto, parece-me que a reação dele, de cabeça mais fria, até é razoável. Talvez falarem com alguém vos ajude, a cada um de vós individualmente e também enquanto casal, a pôr as coisas em perspetiva para tomarem decisões mais ponderadas.

Videl86 -
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Desde 18 Jul 2014

MartaSS escreveu:
O que dizer... Admito que sou sensível a estes tópicos. Infelizmente tenho alguma experiência neste tipo de situação, tanto pessoal como de extensa leitura.
Não sei o que vai retirar das minhas palavras, mas posso dizer-lhe que mal comecei a ler as suas primeiras frases adivinhei logo que teria outra pessoa na sua vida. Estas situações são extremamente comuns... Simplesmente a esmagadora maioria das pessoas não chega à conclusão que quer o divórcio antes de ter arranjado algo que é, na sua perspetiva, melhor. A não ser, claro está, casos extremos de insatisfação matrimonial, e mesmo nesses... Enfim.
Como sabe, não existem relações perfeitas, muito menos relações longas, com filhos e famílias e contas à mistura. A paixão nem sempre está lá e acontecem problemas reais que nos afastam do parceiro, e tem que haver um esforço para nos reencontrarmos. A frase em que diz "noutras circunstâncias e se o que eu sinto pelo meu marido fosse forte o suficiente como noutros tempo, não haveria margem para que ninguém entrasse na minha vida", é das coisas mais típicas de se ouvir de alguém na sua situação. No entanto, alerto-a que está a pôr uma responsabilidade no seu marido e relação que simplesmente não é dele. É simplesmente impossível que ele tenha controlo sobre tudo o que você sente por ele, até porque esses sentimentos não são apenas, ou sequer maioritariamente, determinados por aquilo que ele faz. São sim determinados pela sua forma de estar na vida e pela imagem que tem de si própria, como gere os seus problemas, etc. Não estou com isto a recriminar, mas a responsabilidade de proteger a sua relação, especialmente nos momentos em que não está tão bem, é sua. Parte dessa responsabilidade é não deixar "entrar" ninguém. Não faltam neste mundo pessoas atraentes e interessantes, com quem podemos fazer faíscas se nos permitirmos. Se nos abrirmos a isso, não há casamento que resista. Só digo isto para lhe dizer que tem muito mais poder sobre os seus sentimentos do que pensa.
Não é surpreendente, e é extremamente comum, que diga que sente coisas por esta nova pessoa que nunca tinha sentido. Parte disso é a emoção do momento a falar, mas parte será até verdade, porque presumivelmente nunca se encontrou na situação em que se encontra. Está a viver num segredo e numa montanha russa de emoções. Cada mensagem, cada troca com esta nova pessoa é uma injeção de hormonas no seu cérebro, uma felicidade, cada período de ausência uma tortura (porque faltam as hormonas e o segredo angustia). Entenda que não estão a viver uma relação em condições normais, mas sim em condições altamente indutoras de vício e dependência emocional. A própria Inês já o notou, pois "tentou parar" e "não conseguiu", apesar de tudo o que está em jogo.
O posto já vai muito longo mas ainda lhe quero dizer algumas coisas sobre o comportamento do seu marido.

concordo plenamente

Sobre Videl86

08 de dezembro de 2014 <3 49,5 cm e 2,920 de amor e doçura <3
13 de dezembro de 2017 <3 47 cm e 2,815 de fofurice e amor <3

MartaSS -
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Desde 17 Nov 2020

Queria só deixar mais algumas palavras em relação ao comportamento do seu marido. É fácil para quem nunca viveu a situação dizer que o comportamento dele é chantagem emocional. Mas ninguém imagina a absoluta loucura de um confronto deste género. Os pensamentos suicidas são comuns e os comportamentos de autodestruição também. É certo que alguns poderão ser manipuladores, mas outros não são e é importante ter alguma empatia. No entanto, tal como disse à Inês que ela tem responsabilidade pelos seus sentimentos, o mesmo é válido para o seu marido. A Inês não pode ser perpetuamente responsável pela saúde mental do seu marido nem guardiã da vida dele, ele terá que aprender a lidar com as emoções mas a Inês pode ajudar (ou não prejudicar) a passar este momento crítico. Ceder só porque ele está a ameaçar não faz bem a nenhuma das partes. Infelizmente como a Inês mantém um enorme segredo, julgo que não estará em condições para o ajudar sozinha. Qualquer conversa que tenha com ele, um dia à luz da verdade vai parecer manipulação e poderá bem piorar a situação. Eu aconselharia a procurar um BOM psicólogo que faça terapia de casal e individual. Poderá ir com o marido a uma sessão para explicar a situação e que teme pela vida dele e gostaria que ele fosse acompanhado (pelas tendências suicidas e emoções pela eventual separação). Por favor não concorde com terapia de casal continuada a não ser que pretenda ser honesta e realmente trabalhar na relação.
No caso de decidir mesmo sair de casa e as ameaças continuarem, explique a situação a alguém que o possa apoiar e estar com ele. Se acontecer algo mais grave deverá ligar para o 112.
Quanto a si, se desejar perceber melhor o que lhe está a acontecer e tiver algum à-vontade no inglês, sugiro-lhe a leitura do livro "Not Just Friends" da autora Shirley Glass. É muito interessante e não é recriminatório.

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