Desabafo... | De Mãe para Mãe

Desabafo...

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BBBB -
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Desde 24 Out 2012

Olá a todas!
Venho desabafar..
Oiço muitas vezes algumas pessoas dizerem, que depois de serem pais e mães, acabam por entender e dar razão aos pais que tiveram..
No entanto, comigo, em muitas situações e mesmo sabendo que a minha mãe daria tudo por mim, penso muitas vezes o oposto... ou seja, agora que sou mãe, e que isso me tem feito viajar até à minha infância, não concordo com imensa coisa e fico pasmada com algumas atitudes.
Estou com acompanhamento psicológico, à conta de uma acidente gravíssimo que o meu pai teve ha 1 ano, decidi procurar ajuda, uma canto onde pudesse falar, pedir conselhos e não me sentir julgada ou criticada. Por questões de agenda, nao consigo ir à psicológa todas as semanas, mas sinto que ela me tem ajudado..
No entanto, ainda não abordei com ela estes meus pensamentos, sobre a minha infância... que me fazem sentir culpa e ao mesmo tempo ter ressentimentos..
Os meus pais divorciaram-se quando eu tinha 5 anos. Tenho um irmão mais velho..
Agora que sou mãe, vejo que fui deixada para 2o plano muitas vezes.. em autogestao...
Na infância não me apercebi disto.. apenas sentia medo, quando me deixavam sozinha com o meu irmao em algumas circunstâncias. A minha mãe trabalhava ate tarde.. eu ficava com os avós depois da escola.
Embora ela seja a minha melhor amiga e a pessoa que sei com quem posso contar sempre.. nao deixo de sentir uma certa tristeza.. cobranças.. raiva... e detesto estes sentimentos porque sei que ela, ao mesmo tempo, nao merece..
Não me ia buscar à escola, não me lia uma história à noite... embora mais trade me tenha apoiado nas kinhas decisões, eu fico de coração partido quando olho para a criança que fui..
Dentro da família, em miuda, não fui muito valorizada, puxada para cima.. sofri algum.bulying, gozaram comigo.. pois eu não era intelectualmente tao forte como todos à minha volta, irmão e primos.. actualmente todos advogados e engenheiros...
Foi na idade adulta, e agora que sou mãe, que descobri que afinal sou uma pessoa capaz.. construi a minha vida, e dou conta do recado...
Mas na infância não ouvi elogios, nao sei bem explicar.. sei que é uma questão de feitio dos meus pais e sei que estão orgulhosos de mim agora..
Mas enquanto fui miuda nunca senti que achassem que sou inteligente, boa miuda, etc..
E isto sao coisas que digo abertamente às minhas filhas. Assim como as corrijo naquilo que acho importante tambem valorizo aquilo que têm de qualidades.
As minha filhas são as duas miuto inteligentes... e ate isso, em brincadeira, a minha diz.. saíram à avó...
Ontem tive uma discussão com a minha mãe..saltou-me a tampa, porque parece que não faço nada bem, ela sabe sempre fazer melhor.. sei que não faz por mal, mas cresci assim.. e aos 40 continuo a levar com uma espécie de atitude "não é assim, é assado"
Quando a minha mãe dá opinião, nunca é num tom pessoal, é quase como uma verdade absoluta.
Eu tento que as munhas filhas tenham o espaço delas, os gostos delas, possam ser elas próprias..
E eu sinto que, de certa forma, precisei sempre de aprovação.. "será que estou a fazer bem? Eu devia fazer isto, será que aquilo é que é bom?"
Podia continuar por aqui fora...
Fiquei muito triste com a discussão... parece que sou ingrata...nao sei explicar...
Obrigada por me ouvirem..

Tyta.B -
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Desde 31 Jul 2015

Revi-me bastante neste tópico. Eu também olho para a minha infância e sinto que fui muito injustiçada. Eram outros tempos, os pais de uma forma geral não tinham "tempo de qualidade" com os filhos. Mas agora que sou adulta noto que houveram situações muito ingratas. Do tipo eu, miúda de 7 anos, ter a obrigação de limpar o quarto do meu irmão, 10 anos mais velho do que eu. Eu ter obrigação de cozinhar e lavar a loiça enquanto o lorde só via TV e ouvia música. Já em adolescente ser constantemente comparada com as outras miúdas, sempre de forma depreciativa (era a prima que era mais bonita e a colega que era mais inteligente e a vizinha que era mais simpática). O facto deles tentarem infantilizar-me ao máximo ( não podia fazer a depilação não podia pintar as unhas não podia andar de roupa ao meu gosto). Incentivavam-me a andar o mais recatada possível, porque "ai Deus nos livre de seres bonita e algum homem olhar para ti". Não podia ter opinião. Não podia falar abertamente sobre nada. Enfim. Foi difícil. Mas na altura eu nem tinha a noção do quanto eu era menosprezada e incentivada a só existir sem incomodar. Foi só ao longo dos anos que me fui apercebendo do quanto tudo foi distorcido na minha infância e adolescência só por ter nascido mulher. Era mesmo caso de machismo 🙄.
Eu já os perdoei, eles não sabiam fazer melhor, mas a verdade é que a minha relação com eles não é grande coisa. E por vezes ainda tenho a vozinha que eles plantaram aqui dentro a dizer me que não sou capaz, apesar de racionalmente saber que sou e que em adulta fiz mais sozinha do que a maioria faz com ajudas... Ainda não fiz psicoterapia mas sei que preciso. É algo que cada vez mais penso em fazer.

Tyta.B -
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Desde 31 Jul 2015

E uma coisa que me magoa imenso e sei que me marcou muito mesmo, eles culpavam me por tudo o que corria mal. O arroz queimava, fui eu que em vez de estar a cuidar dele atrevi-me a ir brincar. A TV avariou, fui eu de certeza que andei lá a fazer asneiras. A canalização entupiu, fui eu que enfiei lá alguma coisa. O meu irmão só acordou ao meio dia, mas eu tinha de ter o quarto dele limpo e arrumado ao meio dia e meio minuto se não estava era eu que era preguiçosa. Os meus pais discutiam, a culpa era minha que me atrevi a dizer algo que não devia. A família não os convidou para uma festa qualquer, foi porque eu fui chata da última vez que lá fomos. Nem consigo explicar o quanto isto me marcou e o quanto isto ainda condiciona a minha vida.

fmmartins -
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Desde 14 Dez 2016

Eu não passei pelo mesmo porque quando nasci os meus pais estavam um pouco mais maduros mas tenho uma irmã mais velha, pela sua idade. Os meus pais casaram muito jovens e tiveram logo a minha irmã. O meu pai queria levar uma vida de solteiro, boémia e os primeiros anos de casamento foram conturbados com a minha irmã no meio.
São bons pais mas isso não os livrou das acusações e da revolta da minha irmã. Atualmente é mãe e tece duras críticas aos meus pais, tenta ser diferente com o filho dela, relembra muito a infância, faz comparações. Os meus pais estão sempre lá para ela e ajudam em tudo mas nada apaga. A minha irmã faz psicoterapia, no início da idade adulta tinha algumas depressões e uns anos mais tarde veio o diagnóstico de doença bipolar. Atualmente é um triângulo de culpa e eu tenho muita pena disso.

smca1977 -
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Desde 26 Fev 2010

Costumava pensar no auge da minha adolescência que ao sermos filhos e sentirmos na pele, aprendemos a ser pais. Havia coisas que , muito longe ainda de ser mãe, prometi a mim mesma nunca fazer aos filhos que um dia tivesse.
Prometi dizer que gostava deles todos os dias, prometi que lhes dáva pelo menos um abraço por dia, prometi dizer o quanto me orgulhava deles por mais asneiras insignificantes que fizessem.
Prometi tentar entende-los, dar espaço á sua personalidade e gostos .
Prometi ser justa, como tento ser com alguém da minha idade.
Hoje tenho 2 filhas , tenho cumprido o que prometi em tempos.
Não considero que fui maltratada em criança, sei que os meus pais gostavam de mim, filha única muito desejada, que era para ter sido um rapaz.
Era um tempo em que não havia espaço para sentimentos, não se dáva voz às crianças.
A minha relação com eles sempre foi torbulenta. Melhorou bastante com o afastamento quando comprei a minha casa e eu não permiti que invadissem a minha vida. Éramos presentes com algum afastamento e cerimônia.
O meu marido dizia-me que eu era melhor filha a tratar deles quando estavam na fase final da vida, que eles enquanto pais para mim .
Mas a consciência não me deixava fazer de outra forma. Tratei deles até morrerem, como se tivessem sido os melhores pais do mundo. Os ressentimentos ficaram lá atrás e penso o quanto aprendi com a parentalidade menos positiva deles, para não fazer as minhas filhas sentirem o mesmo.

catisdi -
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Desde 22 Jan 2013

Eu depois de ser mãe, acabei por entender algumas coisas, outras nem tanto. Com o que não concordava eu sempre bati o pé desde pequena.
Os meus pais também nunca me leram uma história, nunca me foram buscar à escola, mas isso eu entendo, eram outros tempos e ninguém o fazia.
Uma vez estava a chover imenso e os meus pais estavam em casa, eu saía numa paragem de autocarro, mas ainda tinha de andar 15 minutos a pé até casa, quando cheguei a casa e vi que estavam todos em casa, eu só disse " a chover imenso e ninguém se importou por acaso de me irem buscar, pelo menos à paragem de autocarro?", Dito e feito quando chovia já me iam buscar.
O que eu menos compreendo é mesmo o machismo, a minha mãe achava que eu tinha de arrumar, ficar em casa, etc, enquanto o meu irmão podia fazer o que quisesse, até a mesada era maior, segundo eles era rapaz, e a minha avó dizia o mesmo, como era rapaz gastava mais. Eu já perdoei, porque sei que a minha mãe apesar de nunca me ter pedido desculpas diretamente, pede de outras maneiras, porque eu também mais tarde a fiz ver que foi muito injusta comigo.

prat -
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Desde 25 Jan 2023

Os meus pais cometeram muitos erros (eu também cometo como mãe), mas sei que fizeram o melhor que sabiam.
Eles, com 6 anos, já trabalhavam como adultos e só tiveram autonomia financeira depois de casar.
Aos filhos, até o abono devolveram em adultos (+juros). Quando comprei casa tinha dinheiro para a entrada.
Fizeram muita coisa duvidosa (mas nada ilegal). Anos 80/90 em que tudo era permitido.
Mas o que me marcou muito foi estar sozinha no primeiro dia do 1º ano. A minha mãe combinou com a auxiliar, mas eu senti-me abandonada. Era o primeiro dia do meu irmão mais velho no 5º e foi com ele!
Fui uma excelente aluna mas nunca me elogiaram diretamente (sei q o fazia às amigas), mas ao meu irmão mais novo prometiam prendas para ter boas notas (coisa rara). Na minha primeira e única negativa a minha mãe nada disse, sei que lhe custou tanto a ela como a mim. Também nunca me elogiaram na faculdade (até os cadeirões fiz à primeira, matemática e física, coisas "fáceis"), mas sei que têm mto orgulho.
Tinha irmãos mais velhos que só sabiam gozar comigo (o típico), era com se fosse "filha única" com 3 irmãos. Adoro-os, mas isso distanciou-me deles.
O meu pai foi um pai um pouco ausente (tinha de ganhar dinheiro) mas fez de tudo para dar uma boa educação aos filhos.
Já a minha irmã, muito mais nova, teve uns pais presentes, "fixes" mais uns quantos "pais" (irmãos mais velhos). Mas queixa-se por ter pais "velhos" (velhos fisicamente mas muito mais presentes).
Sei que a minha maneira de ser foi condicionada pela infância. Deve ser por isso que sou uma pessoa reservada e "desligada" da família/amigos (gosto do meu espaço), que duvido das minhas capacidades e que não gosto de pedir ajuda. Tenho receio de ser criticada.
Depois... fui mãe de dois meninos melgas (claro que tinham de ter rapazes). E percebo como custa educar os nossos filhos (os dos outros é muito fácil!)
Daqui a uns anos serão os meus filhos a queixarem-se do mesmo. :p

Deia 16 outra vez -
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Desde 06 Mar 2023

A nossa infância marcam nos muito, eu fui criada pelos avós, os meus pais eram casados e tinham uma casa e eu mesmo assim sai da maternidade directamente para a casa dos meus avós maternos, foi a melhor coisa que aquelas 2 almas fizeram, nunca me faltou atenção e amor dos meus avós mas e claro q me sentia abandonada pelos meus pais. Maior ia passar fins de semana com eles, a minha mãe nunca teve paciência para mim, nunca fazia nada comigo de bom grado, após o divórcio deles a minha mãe foi viver comigo nos meus avós e adoeceu pouco tempo depois, tinha esclerose múltipla, eu era muito nova tinha 14 anos quando foi lhe diagnosticado, nestes entretantos o meu pai arranjou uma nova família e nunca mais quis saber de mim até hoje que não contacto. A minha mãe foi internada numa unidade de cuidados continuados durante muitos anos ate ao mês passado que faleceu. Sempre a acompanhei sempre a visitei, diariamente ate engravidar. Dava lhe as refeições e sofria com as dores dela. Fui certamente melhor filha do que ela foi alguma vez mãe, mas fiz o que achei que devia fazer porque ela não tinha mais ninguém. Tenho esta mágoa e vou ter sempre, de não ter tido pais presentes que podiam estar. Os meus avós fizeram tudo por mim a maior dor na minha vida foi perde los, mas ja tinham idade tratei da minha avó também sinto que passei a minha vida a tratar dos outros.

SweetBlonde -
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Desde 02 Ago 2012

Não gosto de me recordar da minha infância. O pouco que recordo não são memórias felizes.

Praticamente criei-me sózinha, tive de crescer muito cedo.

Mesmo assim, tenho muiito amor à minha mãe (neste momento com 88 anos) , com quem estabeleci um vínculo forte após a morte do meu pai, quando eu tinha 12 anos.

Não foi fácil e tentei proporcionar uma infância totalmente diferente à minha filha . Penso que consegui.

Blonde

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Madrinha e afilhada orgulhosa da Nelia02

AAMMSS -
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Desde 06 Jan 2023

Somos uma sociedade mt machista. Tambem n tive uma infancia mt feliz, por isso n deixo os meus filhos nem com os meus pais nem com os meus sogros (q aparentemente tb n foram bons pais e mostram mt raiva em relacao a mim e aos netos)
Tambem era a mais nova, e sempre senti ser um backup no caso do meu irmao falhar.
Nunca me deram grande suporte ou ajuda ou acompanhamento.

os meus avos foram a minha referencia de amor incondicional.
hoje em, dia tenho um relacionamento 'saudavel' com os meus pais, mas com distancia... a distancia 'e fundamental para o meu equilíbrio emocional.
n lhes nego ajuda/suporte, pq sou mm assim, mas tb n julgo quem abandona os pais... bem sei o q pode estar por detras de tanta magoa.

abraco

Mag_M -
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Desde 13 Jul 2018

Este tópico dava pano para mangas....
O que sinto é que, por mais que haja trabalho racional de aceitação da nossa história de vida, as marcas na criança permanecem sempre. Permanecem porque é impossível não sermos marcados, mesmo com os melhores pais do mundo. E isso nem existe.
A nossa criança interna vai sempre desejar os pais perfeitos porque sim. Porque é uma criança, e todas desejam. A nossa adulta sim, consegue ver, mas acredito que há mais dois movimentos a fazer na adultez, que a mim me fizeram muita diferença: olhar os pais como outros adultos (e não como os nossos pais), colocarmo-nos nos seus sapatos, e encontrar os pais internos em nós, aqueles que sim, apoiam incondicionalmente.
Porque nem nós apoiamos os filhos incondicionalmente em tudo. Isso é um mito, seria eu não ter personalidade nem ser capaz de colocar limites e dar sensatez.

AppleCinnamon -
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Desde 28 Fev 2019

Acho que após sermos mães passamos todas um bocado por isso, é como se o mundo mudasse e começassemos a ver coisas que antes nunca tinhamos percebido...comigo foi mesmo só após ser mãe que tomei consciência de muita coisa...ainda estou a tomar.
Também me senti ingrata e às vezes ainda sinto...é um processo de aceitação de que a nossa infância e imagem das coisas nem sempre foi real. Tem me ajudado e feito muito sentido para mim um curso da Maya Eigenmann (acho que está fechado, não sei quando começa o próximo). Ela tem Instagram e às vezes faz umas publicações grátis interessantes e uns diretos...ela fala muito sobre os temas da nossa infância, os nossos gatilhos e como isso nos molda na idade adulta e até enquanto pais... tem sido uma ajuda nesta caminhada de autodescoberta...

Diagnóstico de Infertilidade - +/- 2014
Diagnóstico de adenomiose e endometriose - 2019
FIV/ICSI - Junho 2019 sem transferência
TEC - Outubro 2019 - beta 564 🙏🤞🍀

carlabrito -
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Desde 30 Maio 2017

Acho que deve mudar uma coisa... a corda que estica à sua mãe.
Ainda ontem me passou pela frente um artigo de um pediatra que dizia que hoje em dia nós somos maes e pais muito diferentes das nossas proprias maes e pais.
Nao estamos a criar filhos desobedientes, mas sim estamos a criar crianças que têm mais liberdade de expressao, que têm mais liberdade de movimento.
Que por um lado pode ser visto como desobediencia, mas na verdade nao. É simplesmente dar respeito e mais compreensao as crianças, da mesma forma que nós adultos tambem o exigimos.
E por isso os nossos pais, avós dos nossos filhos (e os tios mais velhos, etc), podem ver esta nossa nova forma de educar de uma maneira errada. Quando não o é.
O meu filho está a entrar naquilo que eu ouço chamar a "pré-adolescencia" da infância. E volta e meia quando é contrariado, diz que está chateado, que nao quer falar, que quer esta sozinho, que nao quer falar com ninguem, etc. Esse tipo de coisas.
Eu tenho a certeza que se eu dissesse isso aos meus pais, levava logo umas belas chapadas na cara.
Eu acho que você está a fazer tudo bem.
Simplesmente tem que afastar um pouco a sua mae da vossa vida, porque senao só terá descanso muito tarde.....
No meu caso pessoa, eu nao tenho uma unica memoria dos meus pais brincarem comigo, ou darem-me abraços ou beijinhos, ou colo.
Em paralelo nunca falou dinheiro, nem estudos onde eu quis, nem alguns pequenos luxos.
A falta de afeto e a falta de espaço, acho que fazia parte da mentalidade daqueles tempos. Era trabalhar para dar comida e estudos aos filhos. Era essa a tarefa dos nossos pais.
Felizmente as coisas estao diferentes.

carlabrito -
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Desde 30 Maio 2017

Desculpem os erros ortograficos.
Teclado que nao é portugues, escrita demasiado rápida e falta de leitura no final.... dá asneira, claro.

BBBB -
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Desde 24 Out 2012

Sim, é isso... sinto que tive tudo e sei que os meus pais fizeram o melhor que sabiam..
O divorcio deles foi uma nuvem e uma ferida que me acompanha ate hoje. Pois não ficou resolvido e nunca se falaram bem...
Faltou-me o colo, a empatia, os abraços... e a validação dos meus sentimentos... dos meus medos e inseguranças...
Tive uma infância em relativa autogestao...e so hoje me apercebo disso...
Trato as minhas filhas como gostava que me tivessem tratado, com "tempo".. e com compreensão pelo que sentem... mesmo que eu ache que exageram.. dramatizam.. etc... os sentimentos sentem-se... estão dentro de nós...
Estou com terapia, num processo de limpeza interna, para eliminar ressentimentos e sensações menos positivas.. pois sei que, na época, os padrões da educação eram aqueles..
E sei que, quando as minhas filhas forem mães, se o forem, irão de certeza também julgar muitas das minhas atitudes...
Mas espero sinceramente, que não guardem ressentimentos...

carlabrito escreveu:
Acho que deve mudar uma coisa... a corda que estica à sua mãe.
Ainda ontem me passou pela frente um artigo de um pediatra que dizia que hoje em dia nós somos maes e pais muito diferentes das nossas proprias maes e pais.
Nao estamos a criar filhos desobedientes, mas sim estamos a criar crianças que têm mais liberdade de expressao, que têm mais liberdade de movimento.
Que por um lado pode ser visto como desobediencia, mas na verdade nao. É simplesmente dar respeito e mais compreensao as crianças, da mesma forma que nós adultos tambem o exigimos.
E por isso os nossos pais, avós dos nossos filhos (e os tios mais velhos, etc), podem ver esta nossa nova forma de educar de uma maneira errada. Quando não o é.
O meu filho está a entrar naquilo que eu ouço chamar a "pré-adolescencia" da infância. E volta e meia quando é contrariado, diz que está chateado, que nao quer falar, que quer esta sozinho, que nao quer falar com ninguem, etc. Esse tipo de coisas.
Eu tenho a certeza que se eu dissesse isso aos meus pais, levava logo umas belas chapadas na cara.
Eu acho que você está a fazer tudo bem.
Simplesmente tem que afastar um pouco a sua mae da vossa vida, porque senao só terá descanso muito tarde.....
No meu caso pessoa, eu nao tenho uma unica memoria dos meus pais brincarem comigo, ou darem-me abraços ou beijinhos, ou colo.
Em paralelo nunca falou dinheiro, nem estudos onde eu quis, nem alguns pequenos luxos.
A falta de afeto e a falta de espaço, acho que fazia parte da mentalidade daqueles tempos. Era trabalhar para dar comida e estudos aos filhos. Era essa a tarefa dos nossos pais.
Felizmente as coisas estao diferentes.

Mãe de bebé -
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Desde 07 Mar 2022

Quando olho para a minha filha penso imensas vezes como foi a minha infância... Nada fácil. Os meus pais que se batiam um ao outro, gritos, discussões, mentiras e entre outras coisas.
Ao lado do meu pai sempre fui feliz, tenho recordações que guardo no coração e que partilho com toda a gente que quero fazer igual com a minha filha... Já a minha mãe proibiu me de ver o meu pai (quando se separaram) e fui encarregue de ser educada pelos meus avós maternos que eu amo muito porque a senhora doutora tinha mais que fazer do que ficar comigo.
Actualmente...
Cometi o erro de pedir ajuda há minha mãe por causa da neta, veio duas semanas para a minha casa e foi o inferno. Mas sabem que mais? Eu sabia. No dia que a fui buscar lembro me do meu marido me perguntar "que cara é essa?" e eu respondi muito calmamente "sou eu a cavar a minha prova cova". Hoje cá estou eu, em tribunal com a minha mãe derivado às mentiras que inventou a meu respeito, do meu marido e incluiu a neta ao barulho. Se a odeio? Não, claro que não! Só tenho pena daquela pobre alma que só me tem a mim como filha e vai acabar sozinha na vida, mas sempre ouvi dizer que cada um tem aquilo que merece. A pensar

speakout -
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Desde 07 Dez 2009

Com o nascimento do meu filho recordei muitas coisas da minha infância. Eu sei que não conseguiam fazer melhor, mas sinto que qualquer criança merece sentir-se amada, tão importante como ter alimentação ou higiene. Cresci sempre não com a sensação que era um estorvo, mas com a certeza absoluta que o meu nascimento não foi desejado e que a minha vinda ao mundo foi mais uma gota num copo cheio. Essa sensação deixou marcas profundas na relação com todos e na minha noção de merecimento. Deixei muitas vezes que decidissem por mim, arrastei situações intoleráveis...duvidei sempre de mim e do meu valor e hoje vejo que tive imensa sorte, porque com este perfil, podia ter feito muito más escolhas. Tento perdoar, e até consigo aceitar, porque não fizeram de propósito. O mais difícil é o sentimento de não saber que fazer com o vazio que fica por não ter sido feliz na infância e por ter medo de limitar a felicidade do meu filho, com os meus fantasmas.