A boadrasta que às vezes é a má da fita... (ou não) | De Mãe para Mãe

A boadrasta que às vezes é a má da fita... (ou não)

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Margarida D. -
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Desde 12 Mar 2020

Olá meninas,

Sou "boadrasta" de uma menina com 8 anos, e somos amigas de coração, ela chama-me a "boadrasta mais amiga do universo" e é uma adoração sem igual. O sentimento é mútuo, pois estou com ela desde os 2 anos de idade e é uma relação mãe/filha.
Acontece que estou com um problema gigante nesta quarentena e acho que pode ser transversal a muitos de vós...a tecnologia e consequente vício!
Em casa da sua mãe não sei como são os hábitos mas na nossa tentamos regrar a utilização de tv/tablet e telemóvel o máximo que conseguimos.
O meu marido tem uma profissão muito exigente e eu também, e não podemos estar disponíveis a 100% para as brincadeiras em horário laboral, mas assim que ficamos disponíveis queremos e fazemos todas as brincadeiras com ela.

Neste horário de trabalho, ela não mostra interesse por absolutamente nada sem ser algo tecnológico! E eu confesso que fico frustrada e zangada com isto, porque tento sempre que leia um livro, faça trabalhos manuais, brinque com bonecos porque era o que fazia na sua idade e ela responde com "não sei, não tenho imaginação para isso..." e fica a rondar-me, a olhar. Deita-se no chão e não faz absolutamente nada porque está sempre dependente de outra pessoa para tomar uma iniciativa e fazer tudo com ela.
E depois são birras gigantes, próprias da idade e deste acto de desafiar.

Relativamente aos trabalhos da escola, é igual. Dependente de nós, não escreve uma linha sem perguntar, e se lhe queremos propôr algo como escrever um texto, ler um pouco diz sempre que não sabe o que fazer, porque não tem imaginação.

Quando uma criança com 8 anos nos desafia com isto, dá vontade de desligar tudo. É cansativo e frustrante.

Já passaram por esta situação?

I need help para não me transformar na "má"drasta só porque quero o melhor para ela...

guialmi -
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Desde 13 Jul 2013

Por muito paradoxal que possa parecer, o meu conselho é que se a menina não quer fazer nada...a deixe estar sem fazer nada! Ofereça-lhe alternativas, disponibilize-se para sair com ela ou para jogar a alguma coisa mas se ela não quiser, paciência. Que fique deitada no chão a olhar...talvez ao fim de alguns dias (ou semanas) se farte e perceba que tem mais a ganhar se fizer outras coisas. Deixe de insistir e espere que seja ela a tomar a iniciativa.
Quanto à escola, também é muito importante que fomentem a autonomia. Se não quer fazer as tarefas (adequadas ao seu nível) sozinha, que não as faça e enfrente as consequências perante a professora (podem até, particularmente, mandar um mail a justificar o porquê de alguns trabalhos poderem não ser entregues a tempo).
Os oito anos são uma idade complicada, uma espécie de pré-adolescência precoce, mas se não mostrar alguma firmeza e sobretudo responsabilização pelas suas atitudes, as coisas podem começar a descambar um bocadito...
Quanto ao facto de ser má ou boadrasta, uma vez que está presente de forma permanente na vida da criança (suponho que tenham residência alternada), é co-responsável pela educação dela para o lado bonito e para o lado mais exigente. Não pode ter medo de se tornar "impopular".

MariaRS27 -
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Desde 07 Maio 2018

Boa noite,
Fico feliz por ler sobre a vossa relação, que sorte tem a sua enteada. Mas acho que a Margarida pode estar a ser um pc exigente... A quarentena tem sido um período muito desafiante para muitas famílias e acredito que em idades dessas, privadas da interação social e com a telescola ,as coisas sejam exacerbadas. Tenho ouvido tb de quem tem filhos nessas idade, que os miúdos têm aproveitado os jogos on-line para se manterem em contacto. Não estou de todo a incentivar, concordo consigo que há coisas muito mais interessantes que a tecnologia mas tb é o tempo deles, crescem com isto, e temos que aceitar sem ter a expetactiva que eles vão ser exatamente como nós aos 8 anos, nos nem sequer tínhamos internet! O que sugiro é: impor regras que sejam de facto para cumprir, até podem deixa la participar na formação dessas regras e decidir em família. Depois de decididas, não ceder nesse tempo. Dentro do tempo de ecrã podem tb jogar com ela ou ver com ela o está a ver no ecrã para q seja algo mais partilhado.Quando acabar o vosso trabalho sugiro que saiam de casa e escolham uma a atividade que gostem ao ar livre para reduzir a tentação Dos ecrãs e gastar energia.
De resto, e quanto aos trabalhos, concordo c a guialmi, não esquecendo que, mais uma vez, tem sido um desafio com certeza manter os miúdos motivados com este sistema e sem o ambiente de grupo da sala, que ajuda imenso. É ir dando apoio qb, e muito reforço positivo

Margarida D. -
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Desde 12 Mar 2020

Obrigada por todas as vossas respostas, tão compreensivas e carinhosas.

Sim, temo ser algo exigente por medo de a ver crescer agarrada a ecrãs e completamente viciada nisto como muitas crianças.
É o meio deles claro, e não sou radical nesse ou noutros pontos mas é sempre frustrante.
O problema aqui é que tanta tv, tik tok e afins estão a moldar-lhe a mente de forma a que me diga que não tem imaginação para nada sem ser ver as séries de televisão ou os vídeos do tik tok e youtube, e isso de facto não pode ser a regra.
Entristece-me que se esteja a perder o hábito de ler, que é uma das coisas que mais nos forma o pensamento e nos estimula a imaginação, e gostaria muito que ela fosse educada com várias plataformas disponíveis de que gostasse, sem ser somente o digital.

Mas sim, como dizem é uma altura particular e muito difícil para todos.

Vou tentar manter a cabeça fria, até porque eu e o pai sempre fizemos tudo em prol do equilibrio. Sempre foi uma criança muito feliz e só espero que o continue a ser!

Mais uma vez obrigada pelas vossas palavras e vamos ver o que irá acontecer quando acabar esta altura tão solitária para ela. Era bom que viesse um mano ou uma mana para ajudar a preencher esse espaço vazio, que talvez tenha e também não nos diga. Sorriso

Telma Isabel -
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Desde 04 Maio 2010
I Love DMPM

Olá.
Antes de mais parabéns pela dedicação que mostra à sua enteada.
Concordo com o que a Guialmi disse em relação a ela enfrentar as consequências de não fazer os trabalhos. Passei por algo semelhante com o meu filho, quando no 3 ano começou a ter Inglês. Ele não gosta e não percebia, logo não se esforcava. Insisti muito com ele, avisei-o que iria ter más notas se não estudasse como devia... teve negativa no primeiro teste(como eu já esperava) a primeira de sempre. Aquilo mexeu com ele, chorou, mas percebeu que eu tinha razão. A partir daí agarrou-se mais aos livros e tem sido sempre bom aluno, como nas restantes disciplinas. A mim custou-me vê - lo derrapar assim, mas foi pelo melhor.
É ir insistindo, avisando, mas se for preciso deixa-lá perceber o que acontece se não estudar.
Em relação a não fazer nada quando não está nos ecrãs, o meu diz muitas vezes que está aborrecido, não sabe o que fazer. Acho que os miúdos hoje em dia, no geral, têm alguma dificuldade em entreterem-se. O que faço é chamá-lo para me ajudar em casa, ou levá-lo a dar uma volta. De resto, estarem aborrecidos também é bom para os "obrigar" a puxar pela imaginação Piscar o olho
Estes tempos que vivemos também não são fáceis para os mais novos, há que ter muita paciência.
Tudo de bom.

7-3-2010 e 12-7-2019...os dias mais felizes da minha vida!
Os meus tesouros nasceram!

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

Em vez da menina assistir passivamente a vídeos do Tik Tok ou YouTube, porque não lhe dá acesso a um jogo que estimule a criatividade, ou que a faça ser um agente activo na história, ou mesmo outros jogos simples que envolvam pensamento lógico. O recurso às tecnologias não tem de ser improdutivo, e havendo motivação pode até desenvolver diversas competências.

Marina4 -
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Desde 15 Maio 2016

eu conheço muitas crianças dessa idade, aliás é com essa idade que trabalho. Além de tudo o que foi falado, temos de ver a disposição natural da criança. Há crianças que são autónomas, sim, mas há outras que não suportam silêncio, que precisam sempre de perguntar algo. Mesmo que , se parassem um pouco encontrassem a solução, eles preferem perguntar logo, precisam de interagir constantemente com alguém, chegam a dizer "fala comigo" se houver um período mais prolongado de silêncio... Pode levar a pessoa à loucura, eu sei.

Desde 26 Out 2019

A rotina das crianças inevitávelmente acabou por sofrer alterações com isto de estarmos mais fechados em casa ultimamente e para além disso,hoje em dia os miúdos adoram o mundo digital e com esta mudança nas rotinas do dia a dia acaba por incentivar ainda mais as crianças para o mundo digital... Mas cabe aos cuidadores das crianças impor limites quanto a isso... Podem estipular um tempo por dia para ela usar o mundo digital e quando esse tempo terminar há que ser firme e fazer-lhe ver que há regras que tem de ser cumpridas e essa é uma delas... por isso, quando terminar o tempo que determinaram , sai do mundo digital e faz outras actividades, se ela simplesmente não quiser fazer mais nada então que não faça mas também não cedam a deixá-la estar mais tempo no mundo digital só porque ela não quer fazer actividades sozinha.
Tentem fazer actividades em conjunto mas também incentivem a que ela faça actividades sozinha porque acaba por ser bom para todos.
Enquanto madrasta que sou ,posso lhe dizer que cá em casa temos metido regras e não é por estarmos mais fechados em casa que quebramos essas regras.
Cá em casa , decidimos que pode usar a internet para ver vídeos no YouTube, jogar PlayStation,etc, duas horas por dia (pode ser duas horas seguidas ou repartidas, mas não deixamos mais que duas horas).
Uma vez, que a menina diz não ter imaginação podem lhe dar actividades para ela fazer sozinha como por exemplo: fazer puzzles , fazer um desenho e vocês dizerem o que ela deve desenhar,pode facilitar um pouco ao dizerem o que ela deve por exemplo desenhar e assim ela até faça esse tipo de actividades.
Desejo-lhe muita paciência e felicidades se quiser desabafar,trocar ideias enquanto madrasta pode enviar-me mensagem privada.
😘

chiclete -
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Desde 23 Jan 2016

A minha sobrinha com 8 anos era parecida e hoje com 12 raramente a vejo sem um tablet no meio (mesmo pré covid). Eu daria opções fora das horas de ecrã mas se ela preferir ficar a olhar para vocês ou para p teto também não vem grande mal ao mundo.