Bater, gritar e educar | De Mãe para Mãe

Bater, gritar e educar

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mae_grande -
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Desde 11 Fev 2009

Eu, fui educada por um pai e uma mãe, que pura e simplesmente, nunca me bateram. Deve ter funcionado mais ou menos porque não me sinto muito mal com a minha educação em lado nenhum.
A minha filha mudou para uma escola onde os miúdos são de uma agressividade tal que só a polícia os separa porque atiram com as auxiliares ao chão e não poucas vezes tem de ir uma ambulância buscar miúdos que levaram, como no exemplo mais recente, com uma cadeira.
"A culpa é dos pais", "a culpa é dos professores", "a culpa é das auxiliares"... "os miúdos hoje em dia são assim"... é fácil atribuir culpas, faz parte da mesma completa falta de empatia que culmina em miúdos que batem num porque é negro, ou gordo, ou usa óculos, ou sei lá porquê...
Para mim a culpa é irrelevante porque em última análise a culpa é de todos. Todos somos responsáveis, todos fazemos parte desta história triste na qual as pessoas se violentam e torturam verbalmente, psicológicamente e fisicamente porque andam inseguras, irritadas e principalmente porque não vivem o que querem ensinar e portanto sai tudo ao contrário.

Ouvi sempre adultos a dizer às crianças que não resolvem as coisas a mal. Não é a bater, não é a gritar. Imensas vezes ouvi isto de pessoas que estavam, entretanto, a gritar, fora as vezes em que estas frases se seguem a uma palmada no rabo.

A responsabilidade é de todos nós, que assistimos sem refilar a uma televisão com imensos canais sobre crime e autópsias, a novelas onde anda tudo sempre à batatada, a noticiários que abrem sempre com a notícia mais sinistra que houver...
Somos responsáveis porque estamos demasiado habituados e des-sensibilizados para a violência com que tudo ainda se resolve entre as pessoas.

Violência psicológica no trabalho, nas famílias. Violência verbal nas casas, nas ruas, nos automóveis. Violência física para nos fazermos respeitar... É por toda a parte. Heróis que o são porque esmurram com eficácia, nem vou comentar a febre do wrestling.. "porque aquilo é a fingir" e a fingir já está bem...

Temos de ser coerentes. Eu às vezes grito. Nunca bato. Mas às vezes grito. E peço desculpa. Eu até posso ter toda a razão no que digo mas se o faço numa gritaria, a minha filha um dia vai resolver as suas coisas aos gritos, talvez comigo até.

Nunca houve tantos casos de hiper-actividade, nem de miúdos com adolescências malucas e nós cada vez com menos paciência para os perceber, os psicólogos que os entendam, os psiquiátras que os mediquem...
Isto é uma situação de todos.

Agora temos bebés, mas todos vão ser crescidos e há aqui muitas mães de adolescentes e de miúdos mais crescidos.
Sei de mães que tiveram o drama de ver os filhos aparecer em casa escondendo os resultados das escaramuças nas escolas...

A próxima vez que nos apetecer gritar num miúdo, ou bater-lhe "muito controladamente e para o seu bem" porque a ele doi menos que a nós e essas tolices de quem não consegue argumentos melhores para esconder o facto de que de vez enquando perde a cabeça e pronto... por favor, vamos pensar como gostaríamos que os miúdos fossem, e depois tentemos ser da mesma maneira.

A violência não se apanha do ar, não é sempre culpa dos outros todos. A violência vive nas nossas casas, e nas outras casa todas e nós deixamo-la existir como se fosse feita de amor, de respeito, de carinho... esse que às vezes não existe nas casas todas e às vezes na nossa bem podia haver mais...

Pensem nisso.
Eu penso muito.

Margarida Sousa -
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Desde 02 Nov 2007

Obrigada pelo texto adorei ler-te;
Beijinhos

Lili Alexandra -
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Desde 18 Fev 2010

Que grande verdade... Que texto coerente, racional e verdadeiro... É um tema que me assusta muito... Parabéns pelo alerta feito de uma forma tão sincera.
Beijinhos

Kitty_ -
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Desde 16 Mar 2010

Muito bom e verdadeiro o texo Sorriso
Sinceramente inda estou u pouco reciproca na maneira como hei-de educar os meus dois bebes que aí veem.
Mas de certeza que n altura vou conseguir dar-lhes uma boa educaçao =)*
beijinhO*

KrixGustavinho -
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Desde 10 Fev 2010

oix mamãs adorei o comentário. Realmente acabamos por ser o espelho dos nossos filhos..assim aconteceu comigo, a minha mãe dava palmada no rabo e agora não vou negar qe nao concorde..afinal fui educada assim.
Com isto nao estou a dizer qe é a forma mais correcta de educar..mas tambem uma palmadinha na "hora h" depois de "mil" avisos nao faz mal a ninguem.
Acima de tudo deve se encontrar um equilibrio..claro qe nao me refiro a espancar a criança.

beijocas

Madrinha da PRINCESA*_Leonor* da tixa_m*
Madrinha da PRINCESA*_Yasmin* da mamãe da Yasmin
08-10-09_ Gustavo Duarte_*meu tesouro* afilhado da tixa_m/ afilhado da Mamãe da yasmin

Susete martins -
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Desde 06 Abr 2009

é verdade hoje em dia as crianças nem parecem crianças! A que ponto chegamos,fico triste e desiludida cada vez que vejo noticias na televisao de miudos que são mal educados com os professores, daqueles que batem nos colegas é revoltante!
Quando estudava ainda havia as reguadas, e sinceramente acho que fazem um bocadinho de falta, eu levei as minhas e sei que as levei pork merecia, e aqui estou eu!
Do meu pai nunca me lembro de ter levado uma palmada mas lembro-me de levar da minha mae e aqui estou! Tambem sei que as que levei nem magoavam pork não eram duras mas foram precisas! Aqui estou eu, sou mulher e se sou a mulher que sou foi pork me souberam educar bem! So tenho é agradecer acima de tudo aos pais que tive, e tambem a todos os outros que contribuiram para a minha educação!
Tenho um filho e so espero ser capaz de o educar da mesma maneira que me educaram a mim pork se assim for sera um grande homem!
Bjitos grandes

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Madrinha e afilhada joanasantosblue Espertalhão
Madrinha linandlyan Careta

mae_grande -
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Desde 11 Fev 2009

Não batemos ou gritamos porque somos más, nem criticamos e censuramos porque somos pessoas más, nem comparamos e deitamos abaixo por sermos pessoas más.
Simplesmente fazemos o que sempre vimos fazer, aquilo em que crescemos, a forma como nos habituamos a ver as coisas "resolvidas".
Não temos muitos bons exemplos de pessoas pacíficas, estimulantes, construtivas, pessoas que saibam viver em paz e deixar os outros em paz, pessoas com o sol nos olhos...
O que mais há é gente que se queixa, que vive a denegrir a imagem dos outros e a deitar abaixo e nós transmitimos aos miúdos o que para nós foi sempre sendo verdade.

Se nos batiam, batemos. Se nos gritavam, gritamos. E os nossos filhos vão fazer o mesmo.
Era indispensável? Não havia mesmo outra maneira? É mesmo isto que queremos? Ou simplesmente não conhecemos alternativas e de qualquer forma estamos habituadas assim?

Há que pensar. Há que tentar encontrar melhores modelos. Os nossos pais podem ter sido as melhores pessoas, mas isso não significam que saibam tudo, que tenham feito tudo bem.
Se a nossa auto-estima não for das melhores, provavelmente eles até terão feito bastantes asneiras que não queremos repetir, mas vamos. Porque não nos damos ao trabalho de repensar, de mudar por dentro, de exigir melhor de nós mesmas.
É toda uma mudança nas nossas vidas, nas nossas cabeças, nos nossos corações.

Educar para o amor, para alegria, para a cidadania, para a harmonia e o equilíbrio difícilmente passa por nos saltar a carica e trufas! Uma palmada numa criatura que além de perceber português, aprende muito mais pelo exemplo do que pelo que lhe é dito...
Quanto mais gritado...

mae_grande -
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Desde 11 Fev 2009

quando oiço mães a defender algum tipo de tareia. Desde a mais "suave" à mais idiota.
Fico triste porque percebo que fazem falta gerações para isto tomar outro rumo.
Fico triste porque o único argumento destas teorias é a experiência. "fizeram comigo e eu também faço" e isto define todos os tipos de trauma.
Educar...
Temos sondas em Saturno e ainda só conseguimos educar crianças à palmada... Vá-se lá perceber...
Fico mesmo triste.

O dano do bater nunca é a marca física, é sempre o enxovalho que representa. É isso que não mata mas moi.
É a ideia de que mandamos porque somos mais fortes, como nos primatas.
Felizmente eu nunca levei nenhum tipo de tareia e não sou mal educada, não me fizeram falta e eu não propago um comportamento que não recebi.
Lamento imenso ver, ponho-me no lugar dos miúdos... é tão desnecessário, se não mesmo deprimente, ver adultos a ter atitudes tão desnecessárias...

O que observo é que as pessoas bem formadas aprenderam em qualquer lado esses valores, pelo exemplo. E as mal formadas o mesmo.
Ambas terão levado ou não. Portanto não foi pela pancada.
Foi pelo exemplo.
Eu sei que é possível. Conheço casos e eu sou um, felizmente.

...felizmente.

Susete martins -
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Desde 06 Abr 2009

Atenção que não é isso que defendo... jamis quero por um dedo que seja no meu filho, pork sei que a porrada não resolve!
Fui uma criança muito feliz, fui uma adolescente muito feliz, fui uma jovem muito feliz e agora sou uma adulta e mãe feliz!
Sei que quem me deu uma palmada não me queria dar, sei que quem gritou comigo não queria gritar! Mas acho que uma palmada, quando a conversa não resolve nada, não faz mal a ninguem!
Por aquilo que vemos nas noticias, tenho a certeza que os pais dessas crianças que maltratam outras crianças não eram isso que imaginavam que os filhos fossem fazer! Talvez por terem sido crianças demasiado mimadas, pork se calhar nunca aprenderam que quando é não é mesmo não....
E por favor não me digam que nunca na vida levaram uma palmada!!!
Fosse ela com que idade fosse!
Mas esta é so a minha opinião
Bjitos

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Susete martins -
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Desde 06 Abr 2009

e nunca bati em ninguem, nunca maltratei ninguem, nunca fui egoista com niguem!
Aprendi sempre a defender o mais fraco e é isso que quero ensinar o meu filho!
O que é certo é que no tempo em que estudava pelo menos não via casos de maltratos de colegas para colegas, não quer dizer que não existissem mas não da forma como é agora! Que so em pensar que cada dia que passa as coisas ficam piores e que um dia o meu filho tem de ir para a escola, ate me doi o coração!

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Anaafonso83 -
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Desde 13 Ago 2009
I Love DMPM

Adorei ler cada palavra...

beijinhos Sorriso

titaf -
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Desde 06 Ago 2009

Aquilo que gostava e não sei se vou conseguir era incuntir valores à minha filha ser humilde e ajudar quem mais necessite.

Odeio gritos, por isso, espero não gritar com ela.
Sou contra em bater nos filhos - "carga de purrada - bater com objectos"
Sou a favor do castigo, mas também se não resultar sou a favor de uma palmadinha na hora certa.

Tenho uma amiga que é professora e diz que os alunos não sabem falar, gritam. Não sabem dizer um obrigado, um por favor, e de quem é a culpa?

Agora qual é a melhor forma para educar? Tenho o exemplo dos meus pais e da minha sogra na forma como educaram os seus filhos e dos seus resultados e sem dúvidas que quero seguir os métodos dos meus pais e o meu namorido também concorda comigo, porque já falamos várias vezes sobre este assunto.

Gostei muito de ler o teu texto é bastante actual e sim vou acompanhar este tópico, porque quero ler todas as respostas e debater sobre este assunto, porque cada pessoa tem a sua forma de pensar e um modelo que querem seguir para educar os seus filhos.

mae_grande -
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Desde 11 Fev 2009

Este é um tema sensível porque envolve a nossa infância e a nossa relação com os nossos pais, e lá está: eu precisamente não quero estar aqui a apontar o dedo a ninguém.
Eu sei que quando pensamos educar os nossos filhos o melhor que nos é possível estamos a tentar fazer o que é certo.
Simplesmente quero deixar aqui claro uma coisa:

- Eu, nunca na minha vida, mas mesmo nunca, levei uma palmada de ninguém.

Nunca.

E como podem imaginar, se não a levei dos meus pais, não é homem nenhum que ma daria, nem professores nem coisa nenhuma.

Por outro lado, lembro-me da minha infância da noção de que os que levavam eram sempre os mesmos.
E porque eram sempre os mesmos?
Porque funcionou?

Lembro-me do desgraçado do Paulo Gil... o coitado era todos os dias a levar nas mãos. Funcionou? Mas quê a primeira, a 3ª ou a 1937648393ª vez?
As minhas primas eram um filme de terror.
Lembro-me de ficar espantada porque não lhes ocorreu que podia ser parvo espetar uma data de pregos no corredor da minha avó...
E as palmadas que levaram não impediram que a seguir fossem atirar papel higiénico molhado da varanda para quem passava na rua...
A mim nunca foi preciso alguém dizer-me que isso era tudo bastante idiota.
Quanto mais baterem-me..

Quanto à minha tia, sempre de mãzinha levantada... Resultou?

Eu sinto que na generalidade os miúdos tentam fazer o que sentem que está certo. Isto de uma maneira geral.
Depois há miúdos com uma propensão natural para a asneira. Todas as escolas têm desse género a dar cabo da paciência de toda a gente.
Solução? Bater?
Será que alguém tentou perceber o porquê?
Será que a necessidade de fazer parvoíces em série não responde a algo que eles precisam e não têm?
Será que filhos de pais amáveis, respeitadores e bons exemplos de conduta; podem ainda assim ir com facas bater noutros no recreio?

Eu, na minha família tive de tudo. Da patologia concreta e clínica ao exemplo de não violência completa, felizmente na minha casa. Tive o espectro todo.
Os que batiam pouco e "quando tinha de ser" os que batiam que nem uns desalmados, os que não se faziam respeitar porque não se respeitavam a eles mesmos... de tudo.
Adivinhem quem escolhi repetir...

Eramos todos miúdos, chegámos todos a adultos e a minha matemática indica-me que os exemplo contaram mais do que tudo, para o bem e para o mal.

Para mim, o que valeu foi que os meus pais eram de tal forma respeitadores um do outro e a forma como lidavam connosco, com vizinhos, familiares, amigos, colegas, com o trabalho, com a vida, foi de tal forma correcta que nós os tínhamos em profunda admiração.
Por isso, não nos passava pela cabeça decepcioná-los. Bastava um olhar. Nós sabíamos.
O que fazíamos de bem era estimulado e aplaudido e o que fazíamos de mal bastava um olhar.
O resto era feito de respeito, de admiração.
E funcionou.

Aliás... hoje é dia do pai.
O meu pai faleceu há 6 anos. Foi o homem mais maravilhoso que possam imaginar. Aliás foi também professor. Foi vítima de uma violência absurda na infância, uma coisa doentia mesmo. Ele escolheu acabar com isso e nunca nos levantou uma mão.
Era um homem enorme. Se levantasse uma mão enfiava-nos pelo chão abaixo de certeza Espertalhão
Nunca foi preciso.
Bastava aquele olhar bom. Compreensivo e ao mesmo tempo com tanta certeza, com tanta confiança.
O certo e o errado... ele sabia que isso se constroi.
Que saudades...

mae_grande -
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Desde 11 Fev 2009

Era acerca dos artistas e da criação. Referia-se ao que criamos. E eu adorei e aliás vim a criar um blog que se chamava família alargada e criação.
Criar é ser criativo, é inventar formas.
Criar arte não exige menos inventividade (acho que acabei de inventar uma palavra) do que criar filhos. É tudo um processo inventivo, criativo, exigente e colorido, para quem queria realmente criar. Senão somos copistas.

Será que não há formas criativas de transformar o mau em bom.
Claro que há. Para todas as idades.

Eu já vi pais a resolverem as constantes exigências dos miúdos que queriam sempre mais e mais, simplesmente proporcionando-lhes uma experiência de voluntariado junto de crianças carenciadas... aquilo mudou compleeeeetamente a perspectiva que tinham.

Também já vi o trabalho maravilhoso que se fez numa escola de um bairro "problemático" de sociodrama. Os miúdos fizeram um teatro, em que cada um tinha de fazer o papel do outro... imaginam?

Claro que não vamos fazer teatros em casa. E cada situação pede uma resposta.
Para respondermos temos primeiro de perceber a pergunta. O porquê. O que ocasionou aquilo.
E depois procurar uma forma de fazer com que o miúdo perceba.

Notem que eu falho. Eu grito. Nem isso os meus pais faziam comigo. Mas eu às vezes perco a cabeça.

Eu só proponho estas coisas a debate para crescermos umas com as outras, porque temos todas uma coisa em comum.

Queremos ser boas mães.

carla assunçao -
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Desde 12 Jul 2009

gostei e como se dix a culpa é de todos pois antogamente se levava reguadas da professora os pais nao dissiam nada (se levamos é porque mercemos)hoje em dia nao um professor da um puxao de orelhas vai pai mae tios avos so para bater no professor afinal em k mundo tamos????eu nao sou contra em um puxam de orelhas ou mesmo uma palmada no cu quando merecido mas bater por bater nao ah limites

titaf -
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Desde 06 Ago 2009

Todas nós queremos ser boas mães, mas qual é a melhor forma para educar? Porque há crianças e crianças, umas mais calminhas e outras até bastante reguilas e se os castigos e as palmadinhas não funcionam com as crianças mais reguilas, o que fazer?

Mãe_grande - eu lembro-me que na primária na minha 1ª e 2ª classe apanhei uma professora daquelas e sim como tu disses-te batia por bater quando alguém não sabia a tabuada já estava a levar e mesmo os miúdos que se portavam mal levavam e eram sempre os mesmos a levar, porque com eles as reguadas não funcionavam e qual era a melhor forma para eles se portarem bem?

Agora eu também concordo com o que a Carla Assunção disse que hoje quando os professores puxam a orelha a um aluno os pais vão à escola em defesa dos seus filhos (e nem querem saber o que se passou) e querem bater no professor e que exemplo estes pais estão a dar aos filhos? Agora em muitos casos há professores que eu acredito que seja assim puxam a orelha ao aluno, porque perdem a cabeça com tanta falta de respeito por parte destes. E neste país há muitas salas de aulas em que os professores querem dar aulas e não conseguem com tanto barulho e quem sai prejudicado, são aqueles que querem aprender.Fazem-se reuniões com os pais e isso resulta?
A amiga que falei anteriormente disse-me que a escola dela está mais preocupada com as metas, os alunos têm que passar de ano (pois ela no 1º teste que deu aos alunos eles não estudaram e a maioria tinha nega e sabes o que aconteceu essa minha amiga é que foi repreendida pelo conselho executivo pois tinha que lhes passar e não importa a falta de educaçao e falta de estudo). E eu pergunto-me que miúdos estamos a educar se eles não sabem se comportar e ainda por cima passam de ano sem saberem rigorosamente nada e ainda por cima são compensados.
Pois isto da forma de educar toca a todos não é só aos pais, porque os miudos também vivem muito tempo na escola.

mae_grande -
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Desde 11 Fev 2009

Sim, sempre houve todo o tipo de crianças como todo o tipo de adultos, alguns dos quais parecem incorrigíveis. A história de vida vem a revelar imensas surpresas, e nem sempre os que se portavam pior acabam por ficar mal na vida e vice-versa.

Acho que por um lado é preciso compreender o que significa ao certo comportar mal. Porque as famílias também são todas muito diferentes e exigem coisas diferentes dos miúdos. A educação passa em grande medida por adequar os miúdos às necessidades dos adultos e nisso existe imensa falta de razoabilidade que eu já vi.

Eu acho que a educação começa muito cedo. E falha muito cedo. Ou funciona muito cedo.
Quando uma criança tem 7 ou 8 já a procissão vai muito à frente. Foi antes que se passou o processo mais relevante de educação.

os pais não são educados a educar. Assume-se que somos quem mais sabe dos nossos filhos e de nós mesmos e isso é um tremendo distapare. Os pais muitas vezes não têm a curiosidade de ler, de aprender, formam-se para tudo na vida, menos para a tarefa talvez mais relevante.

Ainda há uns dias ouvi uma mãe, com uma bebé minúscula com 3 meses no colo a dizer que não lhe dava muito colo porque era mau ela habituar-se e além disso a bebé era muito manhosa e chorava muito para que ela tivesse pena e fosse dar-lhe colo. E que se o bebé se habituasse que chorava e tinha colo, isso nunca mais acabava e toda a gente ao redor concordou imenso...
Ora esta mãe, com a melhor das vontades, não sabe que um bebé com aquele tempo ainda não tem a capacidade cerebral para estabelecer relações de causa e consequência. Vive apenas o momento presente, não compreende que se faz X acontece Y. Por isso a desgraçada da bebé chora porque precisa de atenção e a mãe por ignorância deixa-a ali.
Daqui a uns tempos vai dizer que o seu bebé sempre foi muito chorão e manhoso e nervoso... quando tudo se tería resolvido com um colinho...

E este é só um exemplo.

Depois existe o problema da incoerência. O que numa fase tem um piadão, na fase seguinte é pecado.
Incoerência, inconstância, falta de calma, ignorância, falta de empatia, falta de noção de como funciona a cabeça dos miúdos nas várias etápas...
A realidade é que muitas vezes educamos filhos como quem treina cães.

Há tanto, tanto a aprender.
E quando os miúdos vão para a escola, vejam o recreio, observem como eles são. Não me digam que é porque uns são maus e outros bons.
Tudo começou muito antes.

Trm -
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Desde 24 Mar 2009

mae_grande escreveu:

Para mim, o que valeu foi que os meus pais eram de tal forma respeitadores um do outro e a forma como lidavam connosco, com vizinhos, familiares, amigos, colegas, com o trabalho, com a vida, foi de tal forma correcta que nós os tínhamos em profunda admiração.
Por isso, não nos passava pela cabeça decepcioná-los. Bastava um olhar. Nós sabíamos.
O que fazíamos de bem era estimulado e aplaudido e o que fazíamos de mal bastava um olhar.
O resto era feito de respeito, de admiração.

Ora aqui está o segredo da tua educação...
e dakilo k eu considero a chave de tudo, pois se nao houver respeito, eskece, nada feito...

a minha educação nao foi como a tua eu pelo contrário fui dakelas crianças com propensão para a asneira lol levei muita palmadinha na hora certa da minha mãe e nao a culpo por isso, algumas digo-te foram bem merecidas, mas embora os métodos fossem diferentes uma coisa que reinou sempre na tua casa e na minha foi o RESPEITO, axo k isso é a base de tudo. E hoje em dia é a base k falta... Sou educadora e vejo muita coisa, muito género de educação e garanto-te k a chave é mesmo o respeito, pois vejo miudos de 3 anos desrespeitarem os pais e ainda lhes passam a maozinha e miminhos pra cima... não era nacessário bater obvio k nao, mas hoje em dia a grande parte dos problemas das escolas é k os putos fazem os pais ainda apoiam e profs e educadores são desvalorizados.

Alguma vez k uma prof minha fizesse keixa de mim aos meus pais, eles nunca poriam em causa a veracidade da coisa (felizmente era bem comportada na escola, la está o respeito)... agora os miudos keixam-se nem k seja mentira e os pais vao tirar satisfaçoes como se fosse a maior das verdades... Ora o k isto gera??? K os miudos pensem k são ivensiveis pk os pais estão sempre la para os proteger para o bem e para o mal...

Mas seja quais forem os metodos estou contigo RESPEITO ACIMA DE TUDO!!!

Susete martins -
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Desde 06 Abr 2009

eu concordo com tudo o que dizes, e quem dera a mim nunca na vida por um dedo que seja no meu filho! So que é como ja diss as vezes uma palmadinha na hora certa acho k não faz mal a ninguem! Quanto a gritar isso é k odeio mesmo, a minha mãe sempre foi um bocado nervosa e as vezes la levantava a voz, mas bastava eu e o meu irmão dizer " achas que há necessidade de gritar conosco!?" e ela lá se acalmava! Odeio que me levantem a voz, pork nao é por me gritar que eu vou ouvir, teem é k me chamar a razão!
Agora eu e o meu irmão somos completamente diferentes, eu sempre fui calma é obvio que fiz as minhas asneiras, mas nada de mais. O meu irmao não, é completamente terrivel, lol, so estava bem a fazer asneiras! A minha mãe quase todos os meses tinha que ir a escola do meu irmao por ele fazer asneiras, lol! Mas todos os professores diziam o mesmo que ele nao era mal educado, e repeitava os professores nem maltratava ninguem! So que estava sempre a fazer asneiras, tipo levantar saias as miudas, lol, entre outras!
Comigo a minha mae nunca foi chamada a escola e acredita que nao era uma aluna exemplar, so nao me metia em problemas! O meu irmao foi sempre ate sair da escola, lol!
E fomos os 2 educados da mesma maneira, o meu irmao conseguia tirar toda a gente do serio, ele dava cabo da cabeça de cada um, os meus pais castigavam-no mas não valia a pena, levou umas palmadas na hora certa e nada! é obvio que aprendeu alguma coisa, mas nunca levou porrada!
E hoje em dia o meu irmao tem 20 anos e diz mesmo que era insuportavel, ele sabia que o era!
Apesar de ter 20 anos continua a fazer das dele, mas nada que a idade não indicasse que assim fosse! Mas em comparação com muios miudos da idade dele que conheço, nunca vi o meu irmao a maltratar os meus pais, nem a insultar os meus pais! E isso ainda fico mais chocada quando vejo os miudos a insultar os pais!
Porque para mim os meus pais para mim sao um exemplo, temos um optimo relacionamento com eles, sempre foram os nossos melhores amigos!
Bjitos

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Madrinha e afilhada joanasantosblue Espertalhão
Madrinha linandlyan Careta

mae_grande -
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Desde 11 Fev 2009

Eu acho que é a mesma falta de calma com que se encara tudo o resto.
Os pais sentem-se pessoalmente atacados quando ouvem dos filhos algo que o professor ou educador lhes fez e já vão numa atitude acusatória. Os professores, por sua vez, estão muitas vezes totalmente desligados das realidades individuais dos alunos, e ainda mais dos pais dos alunos.
Então pais e professores encontram-se no meio de uma enorme falta de comunicação que já começou mal.
Enquanto tudo corre bem nem se falam, só bom dia e boa tarde. Ou mantém uma relação distante. E quando tudo corre mal é fácil apontar dedos.

Era preciso primeiro comunicar. Aprender a comunicar. Aprender a ouvir os miúdos com tempo e o tal respeito. Depois ir ouvir o professor, com a mesma serenidade, dando-lhe o benefício da dúvida.

Eu tive uma situação desse género há um ano. A minha filha andou a fazer um tratamento à vista e eu disse à professora que entretanto ela não faría tantos trabalhos de casa porque era demasiado esforço.
Informei-a deste facto por carta. Assumi que ela tinha percebido.
Passadas umas semanas a minha filha aparece a chorar porque a professora lhe tinha dito que eu, a mãe, queria que ela fosse má aluna e se era mesmo assim que ela queria ser!!
Eu ia caíndo de costas.
Claro que fui muito zangada à escola, marquei uma reunião para daí a uns dias e entretanto fui pensando.
Quando lá cheguei já ia mais calma. Falei com a professora durante uma hora. Expliquei-lhe tudo muito melhor, falei do esforço da minha filha, dos progressos da vista, de como tudo isto criára um impacto forte lá em casa...
A professora explicou-me dificuldades, ambas percebemos claramente que queríamos o melhor para a minha filha. Combinámos uma estratégia entre a escola e a casa, de forma a que tudo corresse pelo melhor.

E isto chama-se comunicação. Ouvir. Tentar primeiro perceber. Tentar primeiro pensar que as outras pessoas têm as suas razões. E mesmo os miúdos têm as suas razões e mesmo quando escolhem a forma mais parva de expressar essas razões, ainda assim tudo responde a uma necessidade qualquer. Todos os comportamentos geram comportamentos, todas as casas têm dinâmicas próprias que geram situações a compreender e transformar.

Acho que temos tanto medo de falhar que vivemos sempre um pouco entre o ataque e a defesa. As pessoas ou são aliadas ou inimigas. E os miúdos também aprendem essa forma de viver.
As pessoas não são aliadas nem inimigas. São pessoas. É mesmo só isso.
E tem de se ir com calma.
Que não existe.
Porque as pessoas andam cansadas, preocupadas e desligadas de si mesmas, do que mais importa e do quanto são sagradas no que sentem. Tal como as suas crianças.

Trm -
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Desde 24 Mar 2009

não podia concordar mais contigo!

Mas tb não posso deixar de dizer k existem pais e pais, e tal como tu na situação da tua filha, eu tb tenho pais com os quais "educamos" em conjunto, mas são meramente uma minoria!!! A grande maioria hoje em dia tem tendência a deixar a educação dos fihos para a escola desresponsabilizando-se completamente do seu papel de pais... pelo menos na minha realidade...

Afirmações como esta "ela vem todos dos dias à escola pk aki tem regras" fazem-me saltar a tampa completamente... como é possível?! eu kd tiver um filho kero tar coladinha a ele... passar mais tempo possivel com ele pk o tempo passa a correr... No caso desta mãe ela encontra-se desempregada há anos e dos anos (4) k tenho a filha dela não me lembro de uma única tarde sequer k tenha ido buscar a filha para passar mais tempo com ela... isto é só um exemplo de entre muitos dos k se vai vendo e assumindo proporções cada vez maiores nos nossos dias...

Bjokinha

mae_grande -
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Desde 11 Fev 2009

Suponho que tens razão em muito do que dizes. Há muitas pessoas que têm filhos por pressão cultural e social e outras tantas porque querem um Nenuco para brincar e pôr roupinhas e não estão nem pouco mais ou menos preparadas para aguentar o preço do Nenuco à medida que vai crescendo e o impacto que tem em tanta coisa na vida.
Além disso, tenho verificado isso também, há muitas pessoas que dividem a coisa em funções: A mãe alimenta, a escola educa e o pai às vezes está lá, mas tem muito trabalho. Às vezes a mãe também tem muito trabalho e muitas crianças e quando digo muitas é mesmo muitas vivem 12 horas nos infantários e escolas, de 2ª a sexta e no fim de semana ainda vão para os avós.. conheço muito disso.
São factos.
Estas crianças estão a ser educadas pelos desenhos animados. Porque obviamente as educadoras tomam conta dos miúdos e tentam educar no espaço que lhes é reservado, mas têm às vezes entre 20 a 30 crianças à sua guarda!! Claaaaro que não podem estar ali a potenciar aspectos positivos e a reforçar a características individuais dos pequeninos... Além disso, o que observei ao longo da escolaridade da minha filha é que existe um tal cansaço entre os profissionais de educação que os berros e uma postura sobretudo punitiva nem sequer é algo de muito extraordinário.
Sugeri várias vezes na escola da minha filha que procurassem dar aos miúdos ferramentas para lidar com a agressividade como jogos, coisas criativas, ginástica, corridas, sei lá, estafarem os miúdos de forma afectuosa e criativa.
Mas elas preferiam gritar e punir. Não tinham paciência para ter ideias. Acabei por tirar de lá a miúda que vinha todos os dias para casa com dor de cabeça...

Mais uma vez, não culpo educadoras, não culpo estes nem aqueles.
É muito mais abrangente do que isso.
Além de ser caso a caso, é uma coisa abrangente, diz respeito a uma cultura que vivemos, uma forma de estar permissiva em relação à violência e à agressividade que começa dentro de nós e que nos rodeia um pouco por toda a parte sem a nossa consciência desse facto.

Estudos recentes indicam que a agressividade não tem de ser uma característica humana incontornável. Na realidade é uma sociedade agressiva e repressiva que cria indivíduos agressivos. A repressão e a inaceitação juntament3e com a pressão para o desempenho e a falta de tempo de qualidade em afecto é uma bomba relógio que vivemos e os miúdos são a expressão mais espontanea disso.

E nós?
Já se viram ao espelho quando estão fulas e de mão no ar? Juro que nunca vi ninguém ficar bonito a bater e a gritar. Fica-se com um ar tresloucado, com os olhos abertos demais, as bochechas vermelhas, despenteamo-nos e hiperventilamos...
A agressividade só fica bonita nos anjos de Charlie.. porque ninguém acredita e aquilo é quase dançar.

Mamã Galinha -
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Desde 15 Mar 2010

A aprendizagem dos limites começa em casa. Eu sou uma mãe muito calma, raramente levanto a voz ao meu filho e nunca lhe bato. Quando é necessário levantar o tom de voz ele percebe rapidamente que a asneira que fez foi muito grave. Tento sempre fazê-lo entender porque é que está errado. Espero que resulte a longo prazo!!!!
Mas na escola eu sei que ele por vezes tem brincadeiras violentas com os amigos (pelos arranhões e nódoas negras dá para perceber). Essas brincadeiras são influenciadas pelos desenhos animados violentos que estão presentes em todo o lado. Não é fácil limitarmos essa exposição à violência, que depois é levada para os espaços de convivência com outras crianças.

Sorriso Aqui encontram notícias e pequenas informações sobre o desenvolvimento infantil e gravidez http://mamasgalinhas.blogspot.com/
Sorriso E aqui receitas e alguns apontamentos culinários http://ideiassaborosas.blogspot.com/

mae_grande -
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Desde 11 Fev 2009

Fico mesmo, mesmo contente quando alguma mãe afirma que não bate. Dá-me esperança no futuro, da mesma forma que mães que se orgulham de bater, me tiram esperança.
Tal como tu tenho pena que a informação que nos rodeia seja toda bastante pro-agressividade porque acabamos por ser muitas vezes as únicas vozes contra tudo o resto.
Nos meninos ainda mais do que nas meninas. Além dos desenhos animados, das psp's e dos jogos de computador em que praticamente 100% das vezes a piada é pancadaria, roubar, atacar, destruir... existem brincadeiras que imitam esses ambientes.
Antigamente ouvia dizer que na realidade isso era óptimo para as crianças viverem a sua agressividade natural em jogos e não na realidade. Mas recentemente tudo o que leio diz que não existem crianças naturalmente agressivas, existem crianças condicionadas a achar que isso é o normal quando não mesmo o desejável.
Aliás o mesmo se vê nos adultos.

Meninos e meninas precisam de ser encorajados a estar em contacto com os seus sentimentos para aprenderem mais sobre os sentimentos dos outros. Empatia é inteligência e é incompatível com violência. Quando estamos conscientes de que magoamos os outros, e conhecemos o sentimento de ser magoado, não há qualquer prazer nisso.

Actualmente os miúdos podem ter acesso a tanta actividade interessante, a tanta forma de expressão, que realmente isto vai começando a perder sentido, esta forma de viver.
Isto é verdade para miúdos e graúdos.
Associamos violência à violência física, mas os nossos dias estão cheios de outros tipos de violência. Física, verbal, psicológica, emocional.
Já para não falar da auto-violência com que por vezes somos tão obstinadamente exigentes connosco, e como nos impomos relações cheias de sofrimento com familires, namorados, maridos. Como nos permitimos viver sempre na corda bamba, sempre a correr, sempre a fugir, sempre a cumprir coisas absurdas.
É uma panela de pressão.
Acho que a palavra que mais oiço nas bocas das mães é:
"Despacha-te"

Às vezes parece que anda tudo maluco.
Outras vezes está mesmo.

Lili Alexandra -
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Desde 18 Fev 2010

"Acho que a palavra que mais oiço nas bocas das mães é:
"Despacha-te""
Que balde de água fria... Mae_grande obrigado pelas palavras, doem mas são a verdade! Tantas, tantas vezes utilizo esta expressão... Tantas, tantas vezes fico com remosrsos da forma como trato a minha filha, tente ser boa Mãe, mas venho dum ambiente familiar muito mau, muito violento, além de me considerar uma adulta equilibrada não nego que existem marcas psicológicas, entre as quais uma grande ansiedade e muita irritabilidade, não tenho culpa, os adultos presentes na minha infância tornaram-me o que sou hoje, já bati na minha filha, ultimamente não o faço, mas berro, berro muito e tenho noção que esses berros por vezes podem ser mais castradores que uma sapatada no rabo...
Tento mudar, tento ser cada dia melhor, não é fácil, mas tento!
Obrigado mais uma vez por este alerta!...

mae_grande -
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Desde 11 Fev 2009

Lamento tudo isso por que passaste, lamento porque sei que deixa marcas profundas, feridas que não passam com betadine.
Acho que é isso que muitas pessoas não percebem. Claro que uma palmada não doi uma semana, doi naquele momento e passa. O que doi é a humilhação e essa, essa sim causa dano, para a vida inteira se não houver cura. A humilhação é o que faz com que depois outros possam vir e humilhar-nos também. Chefes, maridos... Habituamo-nos a tudo até acharmos normal e quando é normal pode suceder, achamos normal e esse é o maior dano.
Ficam vozes na cabeça a soar para a vida inteira:
"Não fazes as coisas bem!" "Olha para isto, fazes tudo mal" e o famoso "despacha-te".
Essas vozes ficam dentro da nossa cabeça.
Às vezes não vos acontece estarem a fazer tudo rápido sem saberem porquê? Apenas porque é suposto... E é suposto porquê? Porque é que tem de ser rápido e bem? Porque é que exigimos tanto numas coisas e tão pouco noutras?
Porque é que exigimos dos outros o que nos faz mal a nós?

Acho, Lili, que ao teres consciência do teu percurso e do dano que te causou e do quanto ages em compulsão com a a tua filha, estás no caminho certo para transformares isso tudo em cura, em amor. Mas amor limpo, amor sem violência. O tipo de amor que pede desculpa quando exagera, que explica de onde tudo isso vem, que dá aos miúdos a noção de que os adultos também precisam de mudar coisas nas suas cabeças para saberem viver.
E tu estás no bom caminho.

A coisa boa que podes receber de tudo isto, e eu sei-o por experi~encia própria noutros assuntos, é que aquilo que resolves com a tua filha vai encontrando solução em ti. No teu lado miúda, no teu lado de menina que um dia não foi respeitada e hoje pode ser.
Cuida bem de ti.
Mereces isso, e fazes tudo muito bem. Fazes o melhor, sempre e est+as sempre a melhorar. Não te esqueças disto.

Lili Alexandra -
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Desde 18 Fev 2010

Mae_grande, muito obrigado mesmo! As tuas palavras chegaram-me ao coração... No fundo eu sei que é assim que funciona, tento dar o melhor de mim, não é o melhor que desejo ser ainda, mas um dia quem sabe estes monstros fiquem engavetados e eu me possa tornar na Mãe, mulher e criança que sempre quis ser...
Luto diariamente contra os meus impulsos, contra a minha maneira de ser, é um grande desafio, mas pela minha princesa, pela criança que vai nascer e acima de tudo por mim, hei-de conseguir!!!
Tudo de bom para ti! Beijinhos

bern -
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Desde 03 Maio 2007

PARABÉNS mãe_grande, é sempre um enorme prazer ler os teus tópicos e comentários. Considero-os de uma elevada coerência.
A tarefa de educar uma pessoa não é fácil, espero consegui-lo fazer da melhor forma com o meu filho, mas confesso que é um percurso que me assusta bastante.
Bjnhs

mae_grande -
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Desde 11 Fev 2009

Suponho que não existem educadores perfeitos, existem pessoas. E pessoas fazem sempre o melhor que podem.
Da minha experiência fazemos sempre asneiras e vamos quase sempre a tempo de resolver se nos mantivermos humildes e conscientes.

O trabalho de educar um filho é uma tarefa muito especial porque há uma parte nossa que é transformada para melhor ou para pior no meio do processo.
Quando aceitamos o desafio de crescer com as nossas crianças rapidamente percebemos que nos ensinam tanto como nós a eles.

Eu sinto que quando uma mãe tem um bebé nos braços ela começa a tentar fazer o melhor que sabe e vai haver muita pressão acerca do que é melhor. Se ela conseguir ouvir apenas a voz do seu amor e do seu bebé, ela consegue compreender que todos os outros estão errados e ninguém sabe melhor do que ela o que é necessário.

Mas se ela começar a tentar agradar a todos em redor, e a partes suas que vieram da mãe, da tia, da prima, da amiga, ela vai ser uma mãe tensa, com vergonha do comportamento do seu filho, insegura, confusa, incoerente, inconsistente e muitas vezes surda para a única voz que importava e cega para o único olhar importante.

Na dúvida há psicólogos, ludoterapeutas, médicos, pediatras, imensos livros maravilhosos. Há tanto por onde aprender o importante.

Educamos para adequar as crianças ao mundo em que vivemos. Mas no mundo em que vivemos há muitos mundos e muitas experiências possíveis. Precisamos de escolher bem. Ver até o quanto partes nossas se adequaram ao inaceitável que agora tentamos impor "porque sim!".

Um ambiente pacífico, construtivo, terno, firme com ternura, onde as pessoas se respeitam, se ouvem, se elogiam e estimulam a continuar,... é um ambiente onde as coisas acontecem naturalmente.

E depois de cada erro, toma-se consciência, limpa-se mais um farrapo de passado, pede-se desculpa e tudo segue em frente, porque há amor incondicional.

maecoimbra -
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Desde 18 Fev 2010

Mãe Grande:

sou uma mãe, ainda pequena na experiência, de um pequeno ser de 21 meses.

Sempre quis muito ser mãe, e sempre achei que educaria com amor. Cresci numa família excepcional, mas num ambiente desequilibrado e agressivo, onde todos gritavam para ter mais razão.Embora me custe tenho de reconhecer que na minha família sempre faltou respeito e atenção e tempo para ouvir.
Sempre pensei que quando crescesse nunca faria isto à minha nova família, nunca quereria o mesmo para os meus filhos.

Neste momento sou mãe de um menino de 21 meses, que desafia os meus limites, os meus traumas e inseguranças, as minhas limitações, cada dia. Apesar de ter sequelas que me fazem levantar a voz e reagir mal em momentos de tensão, sou uma pessoa calma, consciente, tento melhorar-me sempre, tento quebrar com este ciclo de desrespeito. Por vezes acabo por perpetuá-lo.

Ao ver-me agora confrontada com a necessidade de tomar decisões para a "melhor" educação do meu filho, sinto-me fraca, vacilo, sou preenchida por uma insegurança pegajosa que me impede de ver com lucidez as melhores decisões a tomar.

Mas sempre tive a sensação que amor, colo, carinho, nunca são de mais, (quisera eu ter tido mais disto) e que antes uma criança "habituar-se" a coisas boas do que a coisas más. Para mim não faz qualquer sentido bater para educar. Como posso ensinar o que está mais correcto ao meu filho se também eu não me comportar da maneira mais correcta?

Neste momento fui posta à prova com um menino "difícil" que grita, bate, e faz uma birra gigante cada vez que é contrariado. Toda a gente me diz que uma palmada na hora certa não faz mal a ninguém, mas eu penso para mim que bater-lhe para ensinar que não deve bater não faz qualquer sentido. No entanto também quero que aprenda boas maneiras e tenha limites, mas na realidade não sei a melhor maneira de o fazer.

Estava na internet a procurar assuntos relativos a este tema, e acabei absorvida pelos seus conteúdo deste tópico de discussão.Obrigada pela lucidez, pela partilha e pela forma clara e serena de escrever e ler a vida, que a sua infância permitiu. Somos todos vítimas de vítimas, e temos todos o dever de quebrar com estes ciclos intermináveis que perpetuam maus comportamentos. E da mesma maneira, no seu caso, perpetuar e transmitir os bons comportamentos.

Continuo sem saber como educar da melhor forma o meu filho, pois tanto eu como o meu marido vivemos infâncias felizes mas desiquilibradas emocionalmente, e com grande violência psicológica, e muito fácilmente nos "salta a tampa". Mas continuo com vontade de aprender a ser melhor, a ter mais paciência, a tentar entender com mais clareza, porque como a Mãe Grande dizia com Grande sabedoria, no fundo, de maneiras diferentes, o que todas queremos é ser boas mães.

Obrigada.