Bom Dia Queridas Mães,
Venho aqui pedir-vos conselhos pois começo a ficar bastante angustiada e um tanto desesperada.
Em Março fui diagnosticada com Burn Out (perturbação de adaptação com sintomas depressivos e de ansiedade relacionados com o trabalho) e já tendo consultas semanais com uma psicoterapeuta iniciei também consultas com o psiquiatra (tudo no privado).
Fui medicada e mantive a baixa até agora através de vários relatórios que o psiquiatra foi elaborando para entregar a juntas médicas descrevendo a evolução do meu estado de saúde.
Em julho (dia 14) foi-me intensificada a medicação nomeadamente:
Citalopram - 40mg/dia;
Alprazolam – 1mg/dia;
Zolpidem – 10mg/dia (SOS);
Trazodone – 150 mg
A 24 de Julho descubro que estou grávida e entro em contacto com o psiquiatra que me retira grande parte da medicação e entro em desmame de Citalopram, tendo ainda SOS em caso de necessidade. De referir que o psiquiatra está de férias em agosto tendo eu consulta agendada com ele para final de Setembro.
Nisto, marco consulta com a médica de família pela gravidez que não foi planeada e da qual também não tinha noção do tempo que estava (pois estava com algumas irregularidades na menstruação pelo menos há 2/3 meses que acreditava eu ser pela medicação/ansiedade).
Faço a minha primeira ecografia e descubro que estava de 7 semanas e meia a 29 de Julho.
A 4 de Agosto tenho consulta relativa à renovação da baixa, na qual entrego a última carta que tinha do psiquiatra com a intensificação da medicação, sendo que na mesma informei que agora estava num período de desmame face à gravidez recém descoberta.
Ao que a médica me responde que provavelmente estaria no último mês da baixa, pois estando eu a largar a medicação “não havia justificação para a necessidade de continuar de baixa”. Ainda que eu esteja em desmame da medicação devido à gravidez. E ainda se alongou dizendo “que talvez um regresso ao trabalho seja algo positivo para a distrair da gravidez”.
Ora, o meu ponto de stress neste momento é mesmo o trabalho, vão-me perdoar mas nunca ter apanhado COVID, ter de substituir colegas em falta vezes e vezes, estar a trabalhar por dia 10/12 horas nos últimos anos teve de facto mais efeitos em mim do que eu estava à espera. E no início do ano já eu estava com urticária que não me passava até o coração começar a dar sinais e ter de fazer exames, ao que a psicoterapeuta me alertou que tinha mesmo de parar senão corria o risco de vir a ter um AVC.
E embora a gravidez não tenha sido planeada, é algo que me deixa feliz a mim ao meu namorado e à nossa família que face aos meus 30 anos, já me estavam a tentar engravidar à gerações (momento de brincadeira).
Neste momento, estou numa pilha de nervos, pois o meu retornar ao trabalho implicaria assumir uma loja diferente da qual estava (a qual precisou de arranjar uma substituta), gerir uma equipa nova com as dificuldades já sabidas por todos de falta de horas e pressão acrescida para ter tudo feito.
Não procuro aqui viver de baixas, até porque já começava a ponderar sobre qual o melhor futuro para mim e para o meu bem-estar. Até porque antes de descobrir a gravidez já estava a planear uma possível rescisão com a empresa, mas agora pelo menos até ao nascimento do pequenino (a) preferia não o fazer para não ficar desprotegida.
Apenas queria ter apoio num momento difícil ao invés de mais preocupações e ansiedades. Dou por mim a pedir desculpa ao pequeno ser que ainda está por vir, porque quero acalmar-me e não consigo, porque estou completamente enervada sobre o meu dia de amanhã.
Se alguém já passou por algo semelhante agradeço qualquer ajuda, conselho, o que seja. Pois a verdade é que estou completamente perdida.
Ontem consultei uma obstetra que me passou um papel a dizer que é da opinião que o meu regresso não deve ser imediato até nova avaliação do psiquiatra, pois o meu estado encontra-se agravado pela gravidez. Agora se a médica irá aceitar este relatório não sei.
Só sei que em anos de trabalho a única baixa que tive foi de 3 dias para uma infeção nos brônquios (na qual tive de cama 1 semana) a qual foi completada com a ajuda do meu chefe que me deu dias de férias pois até ele percebeu que eu não estava bem, ao contrário de quem devia perceber e nada fez.
Desculpem o longo texto e grata pela atenção.