3 anjos no céu.... porquê? para quê?
vindas de longe, de muito longe, do lugar onde se diz às crianças que as cegonhas trazem os bebés, viajavam as 3, mais o pai e a amiga francesa.... cumpriam o sonho sonhado durante meses: as férias em Portugal. Percorriam a língua cinzenta composta por asfalto que liga fronteiras, permite encontros e, por vezes, em horas do demónio, impede abraços de jamais se apertarem... Provavelmente riram, brincaram e dormiram durante aquele percurso, último e nefasto das suas curtas vidas... elas eram três.... três anjos que chegaram à Terra pelos atos de amor dos mesmos pais.... e que pais ficam cá agora? Dois mártires? Duas Sombras do que foram ensombradas pelo que tiveram e que jamais voltarão a ter? Dois seres humanos atormentados pela perda, pela culpa, pelo desespero, pelos incessantes "se tivesse..." "se não tivesse...." em que espécie de seres humanos se irão transformar? Não sei nem sequer consigo imaginar; sei que nunca mais serão os mesmos, pois cada um dos seus três anjos levou-lhes a essência, levou-lhes o sorriso, a esperança... porque irão lutar agora? Onde vão encontrar motivos para prosseguir?
Eu, assumo, não consegui ficar indiferente à notícia da morte dos 3 irmãos de 12, 8 e 4 anos, emigrantes em França e que viajavam para Murça para as tão desejadas férias de verão. Detesto o sentimento de pena, que em geral se aproxima muito do desprezo; no entanto, a pena que sinto daqueles pais nada tem a ver com desprezo... sou mãe de dois e, de facto, ao projetar para mim aquele drama, as palavras faltam e o oceano atinge o meu olhar...
Nunca adiem um abraço, um beijo, um carinho, uma palavra doce, um colo aos vossos pequenos... e aos grandes também.... nunca sabemos quando alguma coisa nos pode roubar nova oportunidade de o fazer...
Nunca saiam de manhã zangadas com os vossos pequenos... haja o que houver, resolvam antes de sair e despeçam-se sempre com aquele beijo de até logo...
fica para a reflexão...
P.S. Desculpem lá isto, mas há coisas que não me deixam indiferente. Normalmente nem sou nada assim, já que para mim, um copo, quando está cheio, ele está sempre meio cheio e nunca meio vazio. Só em momentos como estes é que não consigo manter o positivismo que normalmente me caracteriza.
Beijinhos e tudo de bom