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Qual o impacto da interação no desenvolvimento da criança?

Sylvia de Sousa GuardaCatarina Silva Almeida, Psicóloga


“Deve sempre partir-se do princípio que educar não é domar e que escutar e imaginar em conjunto, sem ceder, é preservar simultaneamente o presente e o futuro.” - (Ghazal, 1992)


A família é o primeiro e o mais longo contexto de desenvolvimento da criança. Comparativamente a outras espécies, o ser humano desenvolve-se lentamente, requerendo anos de apoio e ensino antes de se tornar independente. A nossa jornada gradual em direção à maturidade deixou, e deixa, marca na organização social do ser humano. Assim, as famílias são permeáveis às aprendizagens e processos maturacionais da criança, e os pais são universalmente importantes na vida dos seus filhos.

Os primeiros anos são o período mais vulnerável no desenvolvimento de qualquer criança, daí que se torne essencial que os pais consigam perceber quais as suas necessidades, para que as possam estimular no bom sentido, ajudando estes pequenos seres humanos a desenvolverem-se de modo apropriado.

O impacto dos fatores qualitativos de interação dos pais com a criança, como o contacto físico, a estimulação verbal, o envolvimento emocional ou a ausência de punição e negativismo por parte do prestador de cuidados, condiciona o desenvolvimento cognitivo da criança. A fraca estimulação dos pais relativamente à criança pode levar a um baixo desenvolvimento cognitivo e a possíveis problemas de comportamento. Existe uma associação significativa entre a qualidade de interação facultada à criança pelos pais e os fatores importantes do desenvolvimento posterior da criança (avaliados em idade escolar).

A sensibilidade e a adequação das respostas por parte dos pais relativamente à criança são de grande importância, não só no processo do seu desenvolvimento social e emocional, mas, também, no que diz respeito à cognição e à linguagem. A adequação da estimulação da criança é determinante para o seu bom desenvolvimento.


O “diálogo comportamental” ou “a conversa” que ocorre entre a mãe e o seu filho, com vista a estabelecerem comunicação e a apreciarem o prazer da companhia um do outro, são de extrema importância.

A interação mãe-criança pode ser entendida como um processo onde “a mãe entra em contacto com o bebé, dirigindo-lhe algumas mensagens, e o bebé, por sua vez, responde-lhe com recurso aos seus próprios meios”.

A interação ocorre desde os primeiros contactos da mãe com o bebé, quando lhe pega ao colo e fala com ele de um modo suave e carinhoso, e o bebé responde com um sorriso ou vocalizações.

É fundamental que os pais entendam os movimentos sincronizados da língua, lábios, braços e mãos do bebé como uma intenção comunicativa por parte dele, aos quais devem responder de uma forma adequada.

Esta interação assume uma tripla dimensão, uma vez que ocorre a três níveis: comportamental, emocional e ao nível fantasmático.


Resumindo, o tipo de interação estabelecida entre os pais e a criança é determinada por certas características que são inerentes a ambos e que interferem na qualidade da sua relação com a criança.

Artigo publicado originalmente em abril de 2020, na edição #02 da Revista De Mãe para Mãe.

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