“Na última reunião da escola, a educadora referiu que o meu filho não consegue dizer as palavras corretamente e que apresenta um discurso muito confuso, acrescentando que alguns meninos têm dificuldade em compreendê-lo.”, “ Às vezes sinto que só eu e o pai é que conseguimos compreender o que o nosso filho diz, mas o médico diz que é normal, ainda assim, tenho andado preocupada.”, “Em casa o meu filho costuma gaguejar, mas na escola, a educadora refere não se ter apercebido, estarei a exagerar? Ele ainda é tão pequenino.” “Será que o meu filho necessita realmente de Terapia da Fala?”
São muitas as famílias, que numa primeira consulta em Terapia da Fala, referem que se aperceberam muito cedo que o seu filho apresentava algum tipo de dificuldade ao nível do desenvolvimento da comunicação, linguagem ou fala. Ainda assim, muitas destas famílias apenas recorrem a este tipo de acompanhamento por volta dos 5/6 anos, altura em que as suas preocupações começam a centrar-se no início da escolaridade e se apercebem que as dificuldades, que esperavam que desaparecessem com o crescimento do filho, afinal ainda persistem. Outras vezes, procuram um terapeuta da fala durante o período escolar porque a criança “dá muitos erros, troca letras”, “não compreende os textos”, “tem dificuldade em organizar um texto” e, quando questionadas acerca dos primeiros anos de vida, verifica-se que já neste período existiam algumas dificuldades de linguagem.
Quando procurar um Terapeuta da Fala?
Muitos pais adiam a procura deste tipo de acompanhamento devido, maioritariamente, à falta de informação dos serviços relativamente ao desenvolvimento da linguagem e há necessidade de intervenções atempadas.
Os primeiros anos de vida de uma criança são os mais importantes para a aquisição de competências comunicativas e linguísticas, que irão desempenhar um papel fundamental nas suas competências sociais, emocionais e académicas, ao longo da sua vida. Durante estes primeiros anos, o cérebro da criança apresenta um rápido desenvolvimento e encontra-se mais recetivo para novas aquisições e aprendizagens, sendo mais fácil alterar padrões. Ao pensar nesta capacidade cerebral, que vai diminuindo ao longo dos anos, adiar a intervenção significa perder tempo precioso durante esta fase crítica de desenvolvimento.
Porque é que a terapia se deve iniciar de forma precoce?
A terapia deverá iniciar-se o mais precocemente possível. As crianças que usufruem de acompanhamento especializado antes dos 5/6 anos tendem a apresentar melhores resultados comparativamente com as que iniciam o acompanhamento após esta idade. Isto não significa que as crianças que iniciam o acompanhamento mais tarde não possam apresentar evoluções, no entanto, os seus progressos podem apresentar-se mais lentos pois os seus padrões aprendidos e já consolidados necessitam ser alterados.
É sensato intervir precocemente! A avaliação das competências de comunicação, linguagem e fala por um Terapeuta da Fala certificado podem ajudá-lo a compreender se o seu filho necessita, ou não, de acompanhamento especializado, de acordo com o que é esperado para cada etapa do seu desenvolvimento.
Se está preocupado com a forma como o seu filho fala não espere. Comece a ajudá-lo hoje!
Marta Sousa, Terapeuta da Fala
Marta Sousa licenciou-se em Terapia da Fala pela Escola Superior de Saúde do Politécnico do Porto, em 2011. É pós-graduada em Motricidade Orofacial pelo Instituito EPAP e Mestranda em Informática Médica pela Faculdade de Medicina e Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Realizou ainda formação complementar em áreas relacionadas com: Surdez, Perturbação do Espectro do Autismo, Dificuldades de Aprendizagem, Dispraxia Verbal do Desenvolvimento, Gaguez Infantil, Disfagia Orofaríngea, entre outras.
Atua junto de crianças com perturbações da comunicação, atrasos ou perturbações de linguagem, dificuldades de aprendizagem, e dificuldade na produção de fala: articulação, gaguez e voz. Na sua intervenção privilegia o trabalho em equipa, considerando este um dos aspetos fundamentais para o sucesso da intervenção. A criança é encarada como um todo, sendo por isso fundamental saber ouvir as necessidades das famílias e partilhar com estas, educadores, professores e outros membros pertencentes à equipa, estratégias que potenciem o seu desenvolvimento.