Especial amamentação | Page 2 | De Mãe para Mãe

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Especial amamentação

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Um estudo sobre a amamentação à volta do mundo demonstra que todas as mamãs se deparam com as mesmas dificuldades

Cuidar de um bebé e amamentá-lo parece algo instintivo e que deveria acontecer naturalmente. No entanto, não é sempre assim e as dificuldades que as mães encontram nos primeiros dias são muito parecidas em todas as culturas e em todas partes do mundo.

A antropóloga Brooke Scelza, da Universidade de Los Angels, investigou a amamentação em lugares tão diferentes como a China ou Namíbia para comprovar como se resolvem as dificuldades das mamãs. A própria Brooke Scelza não imaginava o quão complexo ia ser alimentar o seu filho!

Há mães que não têm nenhum problema quando nasce o bebé, mas outras notam que, depois de alguns dias depois de dar à luz, tudo se complica (e a visão idílica da chegada a casa com o recém-nascido é completamente oposta à realidade). Não é nada que não se supere com paciência e ajuda, mas em 2013 houve um inquérito que mostrou que 92% das mães tiveram problemas a dar de mamar nos primeiros dias. Problemas tais como o bebé não agarrar o peito, dores no peito, gretas e preocupação por não saber se está a produzir leite suficiente, são os mais habituais.

Para investigar como outras culturas solucionavam estes problemas, Brooke foi até à Namíbia, onde a tribo Himba vive em cabanas e sobrevive graças ao que a Natureza oferece. Ali não há leite de fórmula e a única solução é dar de mamar. E, curiosamente, os sucessos na amamentação são muito mais altos do que no mundo ocidental.

As razões descobertas pela antropóloga sobre a amamentação bem-sucedida foram os seguintes:

  • A mãe e o bebé têm um contacto contínuo desde o momento do parto. As mães têm os filhos em casa e não permitem que os médicos ou as enfermeiras as separem dos seus bebés. Esse contacto permite que o bebé sinta logo a mãe e que mame logo à nascença – um reflexo natural.
  • As mulheres veem outras mulheres a amamentar durante toda a vida. Amamentar não é algo que se esconda: as mães, familiares e amigas levam os seus bebés às costas e, quando os pequenotes têm fome, dão de mamar. Assim, as recém-mamãs aprenderam, ao longo de toda a vida, como agir quando chegasse a sua vez.

No entanto, ao conversar com mulher da tribo Himba, Brooke percebeu que os problemas que estas enfrentavam eram muito semelhantes aos dos das mulheres americanas. Todas sofriam com as mesmas situações nos primeiros dias do bebé: dores, medos, preocupações… E a solução vinha do conhecimento das avós, que lhes ensinavam a dar de mamar e como cuidar do bebé. A avó dormia perto da recém-mamã e do bebé e, durante todo o dia e toda a noite, ambas estavam inteiramente dedicadas ao novo elemento da família e à sua alimentação.

Na Costa do Marfim, o grupo étnico Beng também aprende sobre a amamentação com outras mães. As mulheres que têm os bebés recebem constantes visitas de outras mães para que possam receber ajuda e apoio para tudo o que necessitarem. Depois de dar de mamar a tantos bebés, são autênticas especialistas.

Nas culturas asiáticas, existe a tradição ancestral de “ficar um mês em casa” (zuo yue zi em mandarim). Durante 30 dias, a recém-mamã fica em casa e é ajudada pela sua mãe, pelas suas cunhadas e pelas suas tias. Elas cozinham e ajudam a mamã a recuperar do parto e ensinam-na a amamentar.

Este não só é um período de recuperação mas também de aprendizagem que, com o apoio de mais pessoas (que pode ser de amigas ou profissionais) pode ser muito mais satisfatório. Como podemos ver, é muito habitual ter dias difíceis nas primeiras semanas de amamentação e há que enfrentá-los como um desafio que pode ser superado.