Doença celíaca no bebé | De Mãe para Mãe

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Doença celíaca no bebé

Bebé sentado

A doença celíaca é uma doença autoimune e caracteriza-se por uma intolerância ao glúten. Esta surge mais frequentemente em crianças, entre o 1 e os 3 anos de idade, podendo, no entanto, surgir em qualquer idade, até mesmo na fase adulta.

Todo o ser humano necessita de uma ingestão apropriada de todos os alimentos da roda alimentar mas quando esta doença surge, fica-se privado da ingestão de alguns destes alimentos. Quando se fala de um bebé ou de uma criança, pode perceber-se que surja uma dificuldade acrescida em gerir a situação, pois este é um ser em desenvolvimento e em constante crescimento, necessitando de todas as proteínas e vitaminas essenciais. Assim, podem surgir algumas perguntas como: o que é doença celíaca? Como será a vida da minha criança? O que direi ao meu filho quando lhe apetecer comer algo que os amigos podem comer e ele não? Que alimentos posso dar ao meu filho para substituir os que ele não pode comer? Quais são os alimentos que são constituídos por glúten?

O que é a doença celíaca

A doença celíaca de uma forma geral, tanto para adultos como para bebés, manifesta-se por uma inflamação do revestimento do intestino delgado na presença do glúten.

A doença celíaca não é uma alergia ou intolerância alimentar. É sim uma doença autoimune. O sistema imunitário cria linfócitos (glóbulos brancos) e anticorpos que protegem o corpo de bactérias, vírus e outros germes. No entanto quem sofre desta condição, cria anticorpos contra o glúten. Os anticorpos são proteínas no sistema imunitário que usualmente atacam as bactérias, vírus e outros germes. Assim o revestimento do intestino confunde o glúten com algo nocivo e reage como se estivesse a lutar contra um germe. Estes anticorpos conduzem a uma inflamação que se desenvolve no revestimento do intestino delgado.

A doença celíaca pode desenvolver-se em bebés. Porém ainda não é conhecido o motivo pelo qual surge esta doença.

Pretendemos não só responder a estas questões, como também como fornecer algumas dicas que podem ajudar no controle da situação.

Doença celíaca e seu tratamento

Esta é apenas classificada como doença celíaca se a intolerância ao glúten for permanente e não apenas um caso esporádico. De qualquer das formas, deverá comunicar ao pediatra qualquer alteração da condição de saúde do seu bebé.  

O único tratamento possível para a doença celíaca é uma dieta completamente isenta de glúten. Devido a uma exclusão de algumas fibras e carbohidratos (massas, arroz, pão etc.), a dieta celíaca acaba por conter uma maior percentagem de gorduras (óleos, margarinas, etc.) e proteínas (maioritariamente carne).

Com esta alteração dietética e uma tentativa de substituição de alimentos, é frequente que o celíaco registe um aumento de peso.

Nesse sentido, é importante que ajude a criança a controlar a sua alimentação, pois, a obesidade infantil é também um problema grave que não quererá para o seu filho. Uma boa dica passa por aumentar a ingestão de vegetais e frutas em detrimento de um aumento em gorduras.

O glúten no organismo

Quando alimentos que contenham glúten são ingeridos por pessoas intolerantes a este elemento, gera-se no organismo uma reação de inflamação. Esta reação provoca uma atrofia das vilosidades do intestino delgado e, uma vez que a principal atividade do intestino delgado é a absorção de nutrientes essenciais e, por consequente, estas vilosidades deveriam ajudar nesta absorção, verifica-se uma diminuição grave dos alimentos que chegam à corrente sanguínea.

Neste sentido, com vilosidades mais curtas, os nutrientes ingeridos seguidamente, mesmo que não contenham glúten, são libertados diretamente nas fezes sem serem absorvidos. Todo este processo leva a deficiências nutricionais graves, que se traduzem em alguns sintomas da doença.

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado em 3 passos:

  • Histórico familiar (é uma doença genética e, por isso, pode estar presente em mais membros da família, existindo assim maior pré-disponibilidade do bebé também vir a desenvolver)
  • Exame de sangue
  • Biopsia do intestino delgado por endoscopia (que é considerado o exame definitivo para ser possível dar um disgnóstico seguro; este procura descobrir se as vilosidades que são responsáveis por aumentar a absorção dos nutrientes foram atrofiadas).

Sintomas

Esta doença pode ter ou não manifestação de sintomas, sendo classificada como sintomática ou assintomática.

Quando esta doença é sintomática, os sintomas podem surgir de 2 maneiras: de forma clássica ou de forma não clássica.

Clássica

É muito frequente em crianças, entre o 1º e 3º ano de vida, quando se introduzem os alimentos na alimentação da criança. Sendo possível que se manifestem os seguintes sinais:

  • Diarreia crónica
  • Desnutrição
  • Deficit no crescimento
  • Falta de apetite
  • Emagrecimento
  • Distensão abdominal (barriga inchada)
  • Vómitos
  • Dor abdominal
  • Apatia

Não clássica

As alterações gastrointestinais não são tão visíveis, podendo surgir:

  • Anemia resistente a ferroterapia
  • Irritabilidade
  • Fadiga
  • Baixo aumento de peso e estatura
  • Prisão de ventre
  • Manchas na pele

Assintomática

Às vezes a doença pode ser assintomática, sendo que quando descoberta deve iniciar-se de imediato uma dieta livre de glúten e realizar uma análise ao sangue de familiares de ligação direta para despiste da doença.

Regra geral

Os bebés começam a desenvolver os primeiros sinais desta doença, logo depois de começarem a ingerir alimentos sólidos com glúten. O bebé pode não desenvolver o seu peso e o seu crescimento, pois os alimentos não são absorvidos corretamente. Como os alimentos não são absorvidos corretamente, as fezes podem ser mais pálidas e volumosas. Diarreia malcheirosa também pode surgir. O abdómen também fica mais inchado, e o bebé pode ter vómitos sucessivos.

Alimentos que têm glúten na sua constituição

O glúten é uma proteína que pode ser encontrada em alguns cereais como: o trigo, o centeio, a aveia, a cevada, assim como em qualquer alimento que seja produzido ou confecionado com estes cereais.

Alimentos que um celíaco não deverá ingerir:

  • Trigo
  • Centeio
  • Aveia
  • Cevada
  • Malte (leites achocolatados por vezes contêm extratos de malte, não devem ser consumidos)
  • Queijos fundidos
  • Queijos produzidos com os cereais referidos acima
  • Patês enlatados
  • Salame
  • Salsichas
  • Carnes à milanesa
  • Maionese
  • Ketchup
  • Mostarda
  • Pães
  • Pizzas
  • Bolos
  • Bolachas

Algumas bebidas alcoólicas não devem ser ingeridas por doentes celíacos, no caso de confecionar a comida com uma pequena dose destas bebidas, deixe de o fazer (whisky; cerveja; vodka; gin; Ginger Ale).

No caso de nos rótulos não estar bem explícito os constituintes do produto não o adquira. Na dúvida, nunca dê a uma criança celíaca um produto sobre o qual não tem certeza de ser seguro para o seu consumo.

Leite materno mas sem glúten

Se o bebé foi diagnosticado com a doença celíaca é necessário que a mãe faça uma dieta sem alimentos que contenham glúten, durante todo o tempo que esteja a amamentar a criança.

Contudo, se nem o bebé nem a mãe tenham sido diagnosticados como doentes celíacos, nem tenham desenvolvido nenhuma reação ao glúten na sua história clínica, então a mãe poderá continuar a ingerir alimentos com glúten, mesmo que exista história de doença celíaca na família. Uma alimentação de leite materno contendo glúten, permitirá ao bebé uma resposta imunitária normal ao glúten mais tarde.

Assim, algumas pesquisas e estudos determinaram que a primeira exposição ao glúten deveria ser entre os 4 e os 7 meses, através de leite materno, visto que este é um elemento essencial que fortalece o sistema imunitário do bebé. No entanto, esta introdução ao glúten apenas é uma ajuda para a diminuição de probabilidade de que o bebé venha a desenvolver a doença celíaca mais tarde, o que não significa que isso possa acontecer. Pois, não existe nada que possa prever se vai acontecer ou quando, assim como não existe nada que possa efetivamente eliminar esta possibilidade.

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