Como cuidar de um bebé prematuro | De Mãe para Mãe

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Como cuidar de um bebé prematuro

Bebé prematuro

Por vezes, antes da 37ª semana o bebé decide nascer e, por muito que não se esteja a contar com esse nascimento tão cedo, é necessário habituar-se a essa ideia e a gerir toda uma nova rotina necessária à nova vida.  

Quando se considera um bebé prematuro

Uma gravidez normal é de 37 a 42 semanas. Se o parto ocorre antes da 37ª semana, o bebé é considerado prematuro, o que significa que, além de nascer antes do tempo previsto, nasce antes do tempo considerado seguro para o nascimento de uma criança. Assim, o bebé é mais vulnerável a complicações e a fatores externos como: luz, ruído e tudo que possa perturbar a tranquilidade que precisa.

Um bebé que nasce prematuro não teve a oportunidade de completar o seu processo de maturação biológico no útero da mãe, por isso, é natural que necessite de cuidados especiais e possivelmente será encaminhado para uma unidade de neonatologia onde permanecerá sob os cuidados de especialistas, até que tenha as características necessárias para que lhe seja dada alta, e possa finalmente ir para casa.

A sua sobrevivência e o tempo que leva para que se desenvolver, agora num ambiente extrauterino, dependem da semana de gestação em que ocorreu o parto e do peso da criança. Quanto menor o peso e a semana de gestação, mais riscos o bebé corre.

Quais as características de um bebé prematuro

Um bebé prematuro geralmente é de tamanho menor do que o esperado para o final da gestação, logo terá baixo peso à nascença, pele fina e rosada, podendo apresentar lanugo (uma penugem fina que poderá surgir na pele), veias visíveis sobe a pele, cabelo escasso, cabeça grande, com um tamanho desproporcional para o resto do corpo, músculos mais fracos e, por isso, pouca atividade física, reflexos de sucção e de deglutição reduzidos e respiração irregular.

Os bebés prematuros podem ser classificados quanto à semana de gestação:

  • Pré-termo Limiar: nasce entre as 33 e as 36 semanas de idade gestacional e/ou tem um peso à nascença entre 1,500 kg e 2,5 kg.
  • Prematuro Moderado: nasce entre as 28 e 32 semanas de idade gestacional e/ou tem um peso à nascença entre 1 kg e 2,5 kg.
  • Prematuro Extremo: nasce antes de completar as 28 semanas de idade gestacional e/ou pesa menos de 1 kg.

Que cuidados se devem ter com um bebé prematuro

Geralmente, a ansiedade já é enorme quando a gravidez corre da forma esperada. Com o nascimento de um bebé prematuro, é natural que os pais fiquem assustados, em pânico até, principalmente se o bebé necessitar de cuidados especiais no hospital e tiver que permanecer por algum tempo na unidade de neonatologia; este ambiente que será estranho e inesperado para os pais. Neste sentido, a imagem ideal que tinham na cabeça de levar o bebé para casa ao mesmo tempo que a mãe tenha alta, é aniquilada e as dúvidas sobre o que fazer a seguir são o mais comum nestes casos. Por isso, desde já deve ficar a saber que a melhor forma de o medo desaparecer é estabelecendo uma ligação de empatia com a nova equipa especializada que está a cuidar do seu bebé, e que lhes coloque todas as dúvidas que tiver, sem receio de chatear ou até mesmo da resposta que vai obter. Quanto mais depressa estiver esclarecida e informada, mais fácil será gerir a situação.

Visitas ao bebé prematuro

Deverá eventualmente gerir a limitação de visitas nesta fase; e entenda as limitações de visitas nestas unidades especiais, como a neonatologia. Aos pais, as visitas são cedidas regularmente, mas o mesmo não acontece com os restantes membros da família. Este é um procedimento normal para evitar a transmissão de germes para os bebés que estão sob os cuidados destas unidades, pois estes ainda não têm um organismo com a maturidade suficiente capaz de gerir uma resposta que defenda o organismo do bebé contra o ambiente externo.

Ainda nas unidades de neonatologia, apesar das visitas serem controladas e monitorizadas por alguém da equipa médica, o contacto com os pais é requerido, principalmente com a mãe. Existem estudos que revelam que este contato funciona como calmante, para alívio de dor ou stress, pois o bebé é sujeito a muitos tratamentos e análises, ajudando também a estabelecer o início da relação de mãe e filho.

A importância do toque

Assim, a parentalidade e os laços entre pais e filho é estabelecida através do toque, podendo ficar a conhecer certas características individuais do seu bebé apenas observando a sua linguagem corporal, como se move, reage aos estímulos tácteis e ouvindo a forma como se expressa para se queixar com fome ou dor, ou outra causa que o esteja a incomodar.

Levar o bebé para casa

Já em casa, após alta clínica, os riscos dependem do histórico do bebé, do peso à nascença, do peso com que sai do hospital e se desenvolveu mais alguma complicação. Contudo, deverá reduzir as visitas, mesmo que amigos e família insistam. Explique-lhes a situação, pelo menos durante os primeiros 2/3 meses, podendo, e devendo, aconselhar-se com o seu pediatra sobre o assunto.

Os cuidados que deverá ter a mais, pelo facto de seu filho ter nascido prematuro, estão maioritariamente ligados à palavra dobro. Deve redobrar a atenção e observação de comportamento, de aspeto corporal, observar se surgem alterações às condições com que o seu bebé veio para casa.

Sinais a ter atenção

Assim, deverá estar atenta a pistas que o seu bebé lhe dará, isto para não o sobrecarregar com estímulos. Por exemplo, bocejar, soluços, espirros, caretas faciais ou movimentos contorcendo o corpo, movimentos bruscos, tremores ou punhos cerrados são sinais de que o bebé não estará a gostar e estará sobre algum stress, demasiado contato pode sobrecarregá-lo, por isso, deve dar-lhe algum espaço e voltar a tentar mais tarde. Já agarrar a mão do progenitor, ter as mãos juntinhas, movimentos suaves, sucção, ou levar a mão à boca são sinais de que o seu bebé está a gostar da atenção que lhe está a ser prestada, do contacto com os pais e se encontra satisfeito.

Estímulos adequados

O primeiro órgão sensorial a se desenvolver quando o bebé está no útero é o tato, uma vez fora da barriga da mãe é essencial, pois o toque interage na alteração da oxitocina o que, por sua vez, produz uma sensação de relaxamento, diminuindo o stress a que o bebé é sujeito.

Existem estudos que identificam o contato, através de colocar o bebé deitado sobre a mãe, apoiando a cabeça no peito de modo que seja possível ouvir as batidas do coração, como um meio que ajuda a que os bebés tenham as batidas cardíacas, oxigenação e respiração mais regular, assim como o alívio do stress e dor.

A massagem ao bebé é favorável como calmante e ajuda no desenvolvimento do seu bebé, pois beneficia a comunicação entre o corpo e cérebro através dos estímulos provocados por esta. Deverá ter cuidado com a força que aplica na massagem; deverá pedir conselho ao pediatra sobre o óleo corporal que poderá usar. Por último, deverá ter uma atenção cuidada com o ambiente, a temperatura deve ser a adequada visto que vai despir o bebé, a luz deverá ser a mínima possível e o ruído quase nulo, podendo usar a sua voz como fator calmante, desde que seja de forma muito suave.

Quais os riscos de mais tarde desenvolver outros problemas

O facto de o bebé nascer prematuro faz com que tenha riscos acrescidos de desenvolver outros problemas em diversas áreas.

Existem fatores que influenciam a estrutura e função do cérebro, podendo afetar o desenvolvimento do mesmo mais tarde como, por exemplo, complicações neonatais como é o caso da perda de oxigénio, nutrição pós-natal, cegueira, surdez e hidrocefalia.

As áreas que geralmente são mais afetadas são o estado cognitivo, aprendizagem, dificuldades na linguagem, a coordenação motora, visão, surdez, desordem de hiperatividade, entre outros.

O que os pais podem fazer é apenas manter a vigilância redobrada, observar a existência ou não de sinais em que a criança apresente um desenvolvimento abaixo daquele esperado para a sua idade. Na generalidade, estes sinais costumam ser visíveis a partir da idade em que iniciam a escola, em que se poderá notar alguma dificuldade de aprendizagem.

No entanto, é sempre aconselhável que peça apoio à equipa médica, enfermeiros especialistas na área, ou ao pediatra da criança, pois esta equipa irá ajudá-la a prever que exames deverá realizar e com que regularidade.

Na Unidade de Neonatologia

Os bebés prematuros são enviados para estas unidades, geralmente localizadas dentro do mesmo hospital em que nasceram, para que tenham os cuidados especiais que necessitam. Estes bebés não têm os sistemas do organismo com maturação suficiente para que possam estar num ambiente normal, sendo direcionados para estas unidades para que possam usufruir de um lugar mais calmo, estéril, com menos ruído, com material apropriado, como incubadoras, fototerapia, entre outros.

Ambiente protegido

Deve saber que o ambiente externo é muito diferente do ambiente protegido que era o útero materno, por isso, é essencial que se tenha cuidado. É fundamental que não haja demasiada luz, ruído, e o reposicionamento deve ser mais frequente pois a sua força muscular ainda se encontra muito débil para que consiga fazer algum movimento, assim como o contato não deve ser excessivo para que não se cause mais stress no bebé. Estes são pontos que podem ter efeitos negativos no desenvolvimento da criança a longo prazo.

A importância do silêncio

O ruído em demasia na unidade de neonatologia não é aconselhável, deverá falar em baixo tom e de forma suave, não insistir para mais visitas quando lhe for aconselhado que não será possível, e agir cautelosamente para não causar sons estridentes com material ou algo que se possa deixar cair ao chão pois, para além de poder perturbar o sono do seu bebé, é um fator que pode contribuir para uma possível surdez.

A importância da luz

Demasiada luz direcionada para o bebé também não é aconselhável, sendo que deverá existir a menor luz artificial possível e usar maioritariamente luz natural, fechando cortinas se necessário e colocando uma capa preta por cima de incubadoras quando considerado necessário.

O posicionamento

Quanto ao seu posicionamento, o bebé deverá adotar uma posição que estimule um bom desenvolvimento e nunca posições que prejudiquem o desenvolvimento motor. Assim, deverá contar com o apoio de enfermeiros especialistas na unidade que ajudarão os pais a aprenderem todas estas posições e cuidarão do bebé da forma adequada enquanto este permaneça na unidade.

Como os músculos do bebé têm ainda pouco tónus muscular, quando deita o bebé sem suporte que o ajude a permanecer na posição adequada, este adquire uma posição relaxada e estendida, em que a cabeça rola para um lado, a pelve fica numa posição demasiado relaxada e os ombros e ancas rodam. Esta é uma posição que poderá afetar a mobilidade do bebé mais tarde.

Devem, portanto, ser usados equipamentos que ajudem o bebé a adotar posições adequadas, sendo alternadas regularmente. Neste contexto, uma boa posição será colocar o bebé para um dos lados ou com o estômago para o colchão, e devem ser usados auxiliares de posicionamento, tais como almofadas de apoio, apropriadas para o efeito, que poderão ser colocadas entre as pernas do bebé ou nas costas, para que o bebé se mantenha na posição idealizada.

Ajude a equipa médica a ajudar

Contando com o contato dos pais que é essencial e com os cuidados da equipa médica que é necessário, todo o restante contato deve ser evitado e gerido cautelosamente, isto para que o bebé não desperdice energia que precisará para que cresça e se desenvolva mais rapidamente.

Este tempo de contato pode ser gerido pelos pais, que deverão ir com tempo quando visitam o bebé, para que possam esperar que ele acorde, permitindo que durma o suficiente para o melhor desenvolvimento possível. Assim, tal como a equipa médica certamente irá gerir o tempo, aproveitando para realizar a maioria dos cuidados quando o bebé está acordado, ou no caso de terem que o acordar, normalmente realizam a maioria dos cuidados e intervenções nesse tempo.

Saúde dos pais

Existe um enorme conjunto de fatores que podem transformar o mundo dos pais de prematuros confuso, cheio de ansiedade e tornar-se bastante doloroso. O que deverá fazer é tentar manter a calma sempre, aconselhar-se com a equipa médica, faça todas as perguntas e questões que tiver, peça sugestões, aconselhe-se com pessoas que passaram pelo mesmo, haverá pais na mesma situação com os seus filhos na unidade de neonatologia, apoiem-se o mais que puderem e comuniquem uns com os outros, procurem esclarecimentos e tudo se tornará mais fácil de gerir.

Contudo, se mesmo assim permanecer uma ansiedade demasiado elevada, tristeza e tiver sinais de depressão peçam para ser atendidos por um psicólogo, a única forma de cuidar de um bebé de forma saudável é os pais se encontrarem também eles saudáveis.

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