As 10 questões mais frequentes na gravidez | De Mãe para Mãe

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As 10 questões mais frequentes na gravidez

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Marcela ForjazMarcela Forjaz, Ginecologista / Obstetra


1. Quando digo à família?

Esta é uma questão quase obrigatória na primeira consulta. A maioria dos casais tem a noção (e o receio) de que, em fases precoces da gravidez, existe algum risco de que esta possa não progredir. Estatisticamente, 80% dos abortos ocorrem antes das 12 semanas e a maioria antes das 8 semanas. Assim, quase todos acabam por perguntar, a medo, “quando posso contar?”.

A resposta que dou tem apenas o intuito de fazer pensar - o casal decidirá. A estatística das gravidezes não evolutivas não é simpática, mas a grande fatia de perdas ocorre mesmo antes de se ter o diagnóstico da gravidez. Assim, desde que numa primeira avaliação tudo aponte para um bom prognóstico, por que não ficar otimista e partilhar?! O medo da perda, o insucesso e a tristeza, aliados ao facto de ter de partilhar a perda, acabam por representar alguma exposição da intimidade.

As pessoas tentam, na maioria, evitar essa exposição. Porém, para evitar esta situação, fica-se também privado de partilhar uma extrema alegria, e de permitir às pessoas que são próximas que vivam também essa expectativa! Terá de ser o casal a fazer o balanço e decidir o momento em que quer partilhar, se antes, ou depois, da famigerada meta das 12 semanas.



2. Como saber se está tudo bem com o meu bebé?

Há, ao longo da gravidez, vários momentos em que se fazem exames que permitem ir excluindo alguns dos problemas que podem ocorrer, como as cromossomopatias mais frequentes (trissomia 21, 13 e 18), os defeitos do tubo neural, as malformações detetáveis por ecografia, as alterações do crescimento do bebé, e mais algumas situações que poderiam inspirar preocupações.

Felizmente, à medida que a gravidez evolui e se vão ultrapassando estes momentos, a confiança de que o bebé está bem e é saudável vai crescendo. Além disso, algumas das situações que não estejam perfeitamente bem e que sejam detetadas, podem ser passíveis de correção ainda durante a gravidez, e outras beneficiarão da existência de um diagnóstico - poder-se-á programar o nascimento do bebé em local e data que permitam tomar medidas para resolver a situação.

Assim, há que avançar com confiança, com segurança nos profissionais de saúde que vigiam a gravidez e acreditar que tudo está bem com o bebé... até porque a Natureza, de uma maneira geral, atua nesse sentido.


3. Posso ter relações sexuais?

Até prova em contrário, o casal pode manter a sua atividade sexual. Quer isto dizer que o natural é que se mantenha a vida sexual - só se houver alguma situação de risco, como a ameaça de aborto, a ameaça de parto pré-termo, o descolamento de placenta, ou outra situação que coloque em risco a gravidez, é que o obstetra indicará que não será seguro manter relações sexuais.


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4. Tenho mais de 35 anos; tenho de fazer amniocentese?

Quando a grávida tem mais de 35 anos é-lhe dada a possibilidade de fazer o exame de diagnóstico, que consiste no estudo dos cromossomas do bebé, para excluir as cromossomopatias.

Até aos 35 anos as grávidas podem, se desejarem, fazer um exame de rastreio (bioquímico) utilizando o sangue materno e doseando algumas substâncias no sangue, cujo valor, integrado com os dados da grávida (etnia, peso, idade, se é ou não fumadora, entre outros) permitirá calcular a probabilidade no que diz respeito ao risco de existir uma trissomia no bebé.

O risco de alterações dos cromossomas aumenta a partir dos 35 anos e é por essa razão que o nosso sistema nacional de saúde disponibiliza a realização da amniocentese a todas as mulheres a partir dessa idade – dispõem, assim, de um diagnóstico que lhes permite assegurar que o seu bebé não é portador de alterações cromossómicas ou, caso seja, tomar uma decisão consciente relativa à evolução da gravidez. Como o exame não é isento de riscos, poder-se-á considerar um outro não invasivo, que utiliza a deteção de ADN fetal no sangue materno, mas que não está ainda contemplado pelo sistema nacional de saúde, sendo apenas comparticipado por algumas seguradoras.


5. A ecografia morfológica exclui todos os problemas que possam ocorrer?

Não poderemos afirmar que a ecografia exclua todos os defeitos possíveis, mas exclui muitos desses defeitos, sim, sobretudo os mais graves. Obviamente, dependerá da experiência do observador e de fatores como o biótipo materno ou a posição do bebé, mas permitirá avaliar, de maneira geral, a morfologia de cada órgão do bebé, e esperar o resto da gravidez com um grau elevado de certeza de que estará tudo bem.


6. Quantos quilos posso engordar?

Em média, a grávida deverá aumentar entre 9 a 12 kg, dependendo, contudo, do seu peso inicial. As mulheres mais magras poderão engordar um pouco mais, as mais gordinhas terão de ser mais contidas.


7. Posso comer sushi?

As preocupações da grávida relativamente a alguns alimentos prendem-se com o facto de poderem estar envolvidos no ciclo de vida de alguns agentes patogénicos. O mais frequente será o toxoplasma, causador da toxoplasmose.

Para prevenir a infeção por este agente, dever-se-á lavar os vegetais frescos com muita água corrente e não ingerir carne mal passada ou fumados de carne não cozinhados. É ainda prudente evitar queijos amanteigados que poderão veicular a listeriose (causadora de aborto), mas de resto os cuidados com a higiene alimentar são os gerais, utilizando-se alimentos frescos e bem lavados. O sushi deve, simplesmente, obedecer a esta regra, sob pena de poder causar uma gastroenterite, que não terá repercussão no bebé.


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8. Posso beber bebidas alcoólicas?

Esta questão tem uma resposta simples, curta e direta: não. Zero. O bebé não consegue metabolizar o álcool como um adulto e fica com este em circulação mais tempo e em maior concentração, podendo causar danos irreversíveis nas células do sistema nervoso central.


9. Vou ter dor no parto?

Quase podia responder como na questão anterior: não. Porém, a dor é subjetiva, o limiar para a dor varia e a sensação que, para uns parece apenas um pequeno aperto, para outros poderá ser uma valente contração.

Assim, dispondo de analgesia (como a técnica epidural) diria que não há dor no parto; porém, até à sua administração, poderá ter dor, sim, mas suportável. Depois, será só seguir as indicações de não deixar a dor instalar-se de novo e pedir a repicagem (nova dose) da epidural assim que comece a sentir novamente desconforto.

É desejável que no período expulsivo se sinta pressão, mas não dor. Felizmente, hoje quase poderá dizer-se que só sentirá dor se quiser.


10. Vou ser cortada?

Tendencialmente, não. Já não faz parte da rotina de um parto efetuar a episiotomia (corte do períneo), mas haverá circunstâncias em que poderá ocorrer. Assim, não vale a pena sofrer por antecipação e o melhor é pensar que, se não for cortada, ótimo; se for, também rapidamente cicatrizará e deixará até de ser percetível o local da cicatriz!

Artigo publicado originalmente em abril de 2020, na edição #02 da Revista De Mãe para Mãe.

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