10 questões frequentes no consultório do pediatra | De Mãe para Mãe

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10 questões frequentes no consultório do pediatra

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Hugo Rodrigues, Pediatra e Fundador do Blogue Hugo Rodrigues, Pediatra e Fundador do Blogue "Pediatria para todos"


1. Como devo deitar o meu bebé?

Todos os bebés devem dormir de barriga para cima, a não ser que haja uma indicação médica em contrário.

No entanto, as contraindicações são poucas – malformações da coluna vertebral, malformações da via aérea e doença do refluxo gastroesofágico são as principais. É importante esclarecer que esta posição não aumenta o risco de asfixia, mas diminui significativamente o risco de morte súbita, pelo que é a posição mais segura para o bebé.


2. Como sei se o bebé está a mamar o que deve?

A única forma verdadeiramente fiável e objetiva de saber que um bebé se está a alimentar corretamente é através da evolução de peso.

Se estiver a engordar como é suposto (cerca de 20-30 gramas por dia, nos primeiros meses), significa que está a mamar adequadamente. Este aspeto é particularmente importante para os bebés que estão a ser amamentados, porque não se consegue quantificar o leite que é ingerido.


3. Preciso de dar água ao bebé?

Para responder a esta questão é necessário colocar três cenários e responder de acordo com cada um deles:

  • Bebés alimentados em exclusivo com leite materno não necessitam de beber água. Não é errado oferecer-lhes água, mas é desnecessário (a não ser que surja uma vaga de calor ou se o bebé estiver com vómitos).
  • Bebés alimentados com a fórmula infantil, seja em exclusivo ou como suplemento ao leite materno, devem beber água.
  • Bebés que já iniciaram a diversificação alimentar devem beber água. A partir do momento em que se introduzem outros alimentos para além do leite é importante oferecer água aos bebés (nesta fase, o tipo de leite que bebem não é uma condição).


4. Quais são os sinais de alarme nos primeiros meses?

Nos primeiros três meses (e, particularmente, no primeiro mês), o sistema imunitário dos bebés está pouco desenvolvido. Por esse motivo, é importante detetar precocemente qualquer sinal de que o bebé não está bem, pelo que é fundamental conhecer os seguintes sinais de alarme, que implicam sempre observação médica urgente:

  • Febre: A temperatura mais fiável é a medida no rabinho (só é considerada febre se estiver acima dos 38ºC).
  • Recusa em comer: Quando um bebé não se quer alimentar, está doente até prova em contrário.
  • Vómitos repetidos: É perfeitamente normal os bebés bolçarem, e poderão também vomitar de vez em quando. Se o peso estiver bem, isso não é um problema. No entanto, se isso acontecer em 3-4 mamadas seguidas, já se trata de um sinal de alarme.
  • Irritabilidade: É perfeitamente normal os bebés chorarem, até porque nas primeiras semanas essa é a única forma que eles têm de comunicar. No entanto, mesmo nesses momentos, eles apresentam períodos em que estão mais sossegados, o que indica que são consoláveis. Os bebés inconsoláveis e irritados devem ser observados.
  • Prostração: A prostração define-se como a ausência de resposta a estímulos. Se deveria reagir e não o faz, pode significar que está gravemente doente.

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5. Quais são as vacinas que devo comprar?

Para além das vacinas incluídas no Programa Nacional de Vacinação, há três outras que os pais podem comprar, se assim o entenderem.

São as seguintes:

  • Meningococo B: Esta bactéria causa meningites e outras doenças graves e apresenta uma mortalidade de cerca de 7% (e uma probabilidade de deixar sequelas na ordem dos 20%). Em Portugal existem 40-50 casos deste tipo de infeção por ano. A partir de 1 de outubro de 2020, esta vacina passará a fazer parte do Programa Nacional de Vacinação. Até lá, se possível, deve ser comprada e administrada.
  • Meningococo A C W e Y: É uma vacina importante, principalmente devido ao aumento de casos de infeção pelo meningococo W, que têm surgido um pouco por toda a parte. Esta bactéria é altamente agressiva, apresentando uma taxa de mortalidade superior aos 30%.
  • Rotavírus: Este vírus é o principal causador de gastroenterite em Portugal. É uma boa vacina, que deve ser administrada sempre que possível. A primeira dose deve ser administrada até às 12 semanas de vida. A vacina do Rotavírus vai passar a estar incluída no Programa Nacional de Vacinação a partir de 1 de outubro, mas será administrada apenas a crianças em grupos de risco.


6. Quando devo começar a introduzir novos alimentos?

A partir dos 4 meses é possível começar a dar outro tipo de alimentos à criança, mas o ideal é fazê-lo o mais perto possível dos 6 meses. Esta recomendação é válida para todos os bebés, independentemente do tipo de leite que estão a fazer (materno ou fórmula infantil).


7. Quais os primeiros alimentos que devo dar?

Não existe uma resposta inequívoca a esta pergunta, mas o ideal é começar pela sopa e só depois introduzir a papa. Esta abordagem permite uma melhor adaptação à sopa, havendo menos recusa. A fruta e a papa podem ser introduzidas sequencialmente, alguns dias após a primeira sopa, desde que o bebé já se tenha habituado bem ao seu sabor e textura.


8. Até quando devo dar de mamar?

Não existe uma idade certa para deixar de mamar, mas há alguns marcos que devem ser conhecidos.

Os mais importantes são os seguintes:

  • Até aos seis meses (ou o mais próximo possível), os bebés devem fazer aleitamento materno em exclusivo.
  • Após esse período, deve manter-se o leite materno sempre que possível, uma vez que o bebé vai começar a introduzir outros alimentos e, com eles, vai começar a contactar com inúmeras partículas que não conhece.
  • Até aos 12 meses é uma boa opção manter o leite materno para prevenir possíveis reações a essas mesmas partículas.
  • A partir dos 12 meses passa a ser uma questão mais pessoal e subjetiva. No entanto, se a mãe tiver vontade de continuar a oferecer o leite materno ao seu filho, não existe nenhum problema.

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9. O que fazer quando nascem os primeiros dentes?

A partir do momento em que surge o primeiro dente, deve ser introduzida uma rotina de higiene oral: escovar 2 vezes por dia, sendo uma das vezes obrigatoriamente antes de dormir. O dentífrico a usar deve ter 1000-1500ppm de flúor (pode, inclusivamente, ser de adulto, desde que não seja branqueador) e a quantidade igual à unha do dedo mindinho do bebé. Estes hábitos devem manter-se ao longo de toda a vida, para promover uma melhor saúde oral.


10. O meu filho tem um ano e ainda não anda. Será normal?

Sim, pode ser normal. Apesar de haver a crença generalizada de que os bebés começam a andar por volta dos doze meses, o que é suposto é que isso aconteça até aos 18 meses. Por esse motivo, se a criança ainda não anda com um ano de idade, isso não tem nenhum significado (desde que seja saudável e não tenha mais nenhum sintoma).


Artigo publicado originalmente em abril de 2020, na edição #02 daRevista De Mãe para Mãe, em abril de 2020.

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