Pensei muito antes de criar este tópico se o deveria fazer, e quando finalmente me decidi, optei por criar esta conta porque prefiro manter o anonimato uma vez que sou frequentadora deste forum há vários anos.
A origem deste meu desabafo prende-se com o meu casamento e com a infertilidade que se abateu sobre nós, e peço desde já desculpa se o texto a seguir for muito extenso.
No fundo estou um pouco perdida e sem saber o que fazer com a minha vida...
Estou casada há pouco mais de 4 anos, numa relação que já leva 8 anos.
Quando resolvemos casar, o meu marido demonstrou uma grande necessidade de casarmos rápido, tendo decorrido apenas 6 meses desde o pedido até ao dia da cerimonia. Por mim teríamos casado um ano depois porque sempre tive o sonho de ter um casamento de princesa, mas cedi aos desejos do meu marido e casamos pelo civil com apenas familiares directos na própria conservatória nem um vestido de noiva pude levar porque ele nao gostava e considerava um desperdício de dinheiro.
Quando nos encontrávamos em plena lua de mel, ele recebeu um telefonema de um superior do trabalho, para o informar que dali a 6 meses mais ou menos, teria de se ausentar em trabalho durante outros 6.
Como era uma oportunidade muito boa para ele a nível profissional, disse-me que nao podia recusar e que teríamos de adiar a nossa mudança de casa...na altura ele vivia noutra cidade e o plano era mudarmos para lá e eu encontrar lá trabalho (vivíamos com os meus pais e eu nao trabalhava).
Fui apanhada de surpresa com aquela situação, mas acatei um pouco contra vontade, porque a minha intenção era sair o mais rápido possível da casa dos meus pais, pois já diz o ditado que quem casa quer casa.
Quando regressamos ele teve de se ausentar para ainda mais longe, para uma espécie de formação que antecedia a partida para a tal deslocação em trabalho, e assim fiquei eu, recém casada e sozinha na casa dos meus pais.
No meio disto tudo, o meu marido insistia que queria ter filhos e iniciamos os treinos, que devido à situação profissional dele nao permitia treinos muito regulares, e que ficou completamente interrompida quando finalmente foi para fora em trabalho.
Com isto, passou-se um ano e nada de bebe, mas estava tranquila pois sabia que as oportunidades nao tinham sido muitas.
Entretanto ele volta do trabalho lá fora e começa o meu calvário...
Quando regressou retomamos o plano de mudar de casa, para cidade onde ele tinha o trabalho fixo. Arrendamos uma casa, fizemos uma festa de despedida da familia e lá fomos nós. Finalmente (pensava eu) a minha vida de casada iria começar...
Nao podia estar mais enganada...
Poucos meses depois de nos mudarmos, ele chega a casa com a conversa de que nao queria mais aquele trabalho, que se queria despedir e arranjar outra coisa na terra dos meus pais.
Na altura encontrava-me ainda desempregada, nao estava a ser fácil encontrar trabalho e infelizmente padeço de alguns problemas de saúde que nao me permitem trabalhar em qualquer coisa, e mantinha ainda o sonho de encontrar algo na minha área de formação, que havia ficado um pouco de lado para poder ir com o marido para aquela cidade.
Tentei explicar-lhe que na situação financeira actual nao me parecia correto a atitude que ele queria tomar.
Eu estava desempregada e queríamos engravidar, logo para mim nao fazia sentido que ele trocasse o certo pelo incerto, que tivéssemos de abandonar a "nossa" recém casa e fossemos para a casa dos meus pais.
De nada me valeu, ele simplesmente despediu-se e fez-me esvaziar a casa toda num dia...o que coube nos carros trouxemos e o que nao coube ficou lá...
Voltamos para a casa dos meus pais mas sempre lhe frisei que queria a nossa independência, que nao era essa a situação que desejava para os filhos que tivéssemos e ele sempre me disse que concordava, mas a verdade é que pouco depois de termos voltado e de ele ter conseguido um trabalho, voltou a despedir-se com o mesmo argumento de que nao queria mais aquele trabalho!
Desta vez estávamos os dois sem trabalho e a viver às custas dos meus pais...
Neste meio tempo já havíamos iniciado as consultas de infertilidade no hospital publico, mas ele sempre se mostrou contrariado. Afirmava que nao precisava daquilo para nada porque nao tinha problema nenhum, se eu quisesse que fosse sozinha e até para fazer o espermograma me obrigou a entrar com ele na sala para o "ajudar" contra minha vontade.
A verdade é que os resultados dos exames revelaram que ele sofre de oligoastenoteratozoospermia e que só com ICSI seria possível alcançar a gravidez.
Nunca quis falar comigo sobre esses resultados, e recusou sempre qualquer tentativa de melhorar esse problema.
Entretanto ele começou com conversas de que queria emigrar, que queria usar o dinheiro que tinhamos de parte para isso e que se corresse mal voltávamos para casa dos meus pais. Toda essa conversa nao me agradou e finquei o pé! Arranjei trabalho na minha área e ele nao gostou, tendo mesmo tentado que eu desistisse para que emigrássemos, porque para ele só fazia sentido irmos os dois juntos e ao mesmo tempo.
Friso ainda que ele nao domina a língua do país para onde queria ir o que iria dificultar a procura de trabalho e já estava mesmo a ver como ia acabar...
Entretanto ele lá conseguiu um trabalho, mas mais uma vez a mesma conversa de que nao era trabalha para ele, só que dessa vez manteve-se até ao fim do contrato para juntamente com os descontos que já tinha conseguir o desemprego...e assim, ficou em casa dos meus pais a "curtir" a vida de desempregado sem procurar trabalho enquanto eu me esforçava para poupar tudo o que podia e sair daqui.
Qual nao é o meu espanto quando recentemente constatei que parte do dinheiro que tínhamos de lado, andava a ser gasto por ele em luxos superfulos.
A partir daí, nao pus mais dinheiro nas contas que tínhamos conjuntas, poupei sozinha e ele nem imagina quanto tenho de lado, porque sei que mo pediria para "brinquedos" caros.
Como se tudo isto já nao bastasse, começou a ser possessivo, ciumento e controlador. Mexia no meu telemovel, e-mail e facebook.
Nao posso estar com as minhas amigas nem para um café ou lanche que é logo um filme.
Controla o tempo em que estou menstruada, se estiver mais um dia desconfia que estou a mentir...Quer relações sexuais todos os dias e nao compreende quando nao tenho vontade. Fica amuado e responde-me torto... Já chegou mesmo a tocar-me nas partes intimas enquanto eu dormia e senti um enorme nojo e repulsa dele depois desse episódio.
Passado todo este tempo, o nosso processo no hospital foi andando e estamos na nossa vez de fazer os tratamentos, mas a verdade é que nao tenho vontade.
Continuamos em casa dos meus pais e ele nao se aguenta em nenhum trabalho.
Para ajudar a esta situação toda, a relaçao dos meus pais é péssima, o meu pai tem graves problemas psicológicos e nao é este ambiente que quero para os meus filhos.
Os meus pais tambem se mostram descontentes com as atitudes do meu marido.
Sinto-me perdida, penso varias vezes em mandar este casamento às urtigas! Nao me sinto feliz ou realizada, mas tenho receio...tenho vergonha desta situação tenho pena dele porque nao tem família que o apoie, e acima de tudo tenho vergonha de mim própria por me sentir tao fraca...
Já me alonguei de mais, talvez nem devesse fazer este desabafo aqui mas estava para explodir e nao tenho com quem falar sobre isto e nao sei o que fazer ou talvez até saiba mas nao tenho coragem...