Venho aqui relatar o meu parto no hospital São Teotônio em Viseu.
Tive uma gravidez considerada "normal" até as 26semanas, onde soube, numa ida as urgências devido a imensas dores na barriga, que tinha o colo curto e que tinha o risco de parto prematuro. Nada de caminhadas, relações sexuais, esforços, não podia sequer fazer festas na barriga (pois diziam que provocava contrações) e progeffick até as 36 semanas. Nem digo o alivio que foi quando pude retomar as atividades (embora custasse um pouco, com a barriga, as insônias, o cansaço em si) 
Dia 12 de Março lá fui eu a consulta. A medica fez me o toque, 1cm de dilatação. Disse que ia acelerar as coisas, nesse momento, eu não entendi! Continuou com as mãos lá dentro, e doeu me horrores...E ai que pergunto o que ela quis referir com acelerar as coisas e ela responde que não disse nada disso. Enfim! Não me vou prolongar mais a falar dela porque irrita me imenso. Disse me que era normal sangrar para não me preocupar. Fui fazer o ctg : zero contrações. Diz me que o parto de certo que não será para já, mas que duvida que aguente até as 40 semanas (eu estava de 39).
Vamos para casa mais o pai da criança que na altura, era meu noivo. Começa a ter muitas dores de barriga, que vão e vem. Quando vou a casa de banho, deparo-me com uma gosma gelatinosa cor-de-rosa, que de certo, devia ser o rolhao mucoso (se bem que já andava a perde-lo a semanas).
São 16h .As dores são cada vez mais regulares, acabo por ir me deitar, tomo um benuron...Nada passa. Cada vez mais fortes, cada vez mais constantes, os intervalos cada vez menores. Digo ao meu companheiro que o melhor é ir ao hospital, mas a verdade é que em um único momento me mentalizei que pudesse ser o parto. Não tive aulas de preparação, sou uma mãe jovem (tenho 18 anos) não tive ninguém que me pudesse esclarecer duvidas , a minha mãe vive no estrangeiro e falávamos todos os dias por telefone, e todas as vezes que algo me parecesse estranho era a ela que perguntava, mas claro não é a mesma coisa que ela estar cara a cara comigo.
Fomos ao hospital (era lá que era seguida), as 19h a minha medica que ainda lá estava (pois a consulta que ela deu nessa manha foi nas urgências)viu-me e tem a lata de me perguntar "o que você esta ai a fazer?" E nem me atende! A minha sorte é que passado nem 5min fui atendida, graças a Deus. As dores já eram horríveis e não eram só na barriga, também eram nos rins, na parte das costas.
Um medico observa e diz me que tenho 4cm de dilatação e que vou lá ficar. Nesse momento, só me apeteceu chorar. Sim chorar porque como disse, eu tinha intenções de voltar a casa, não pensei estar em trabalho de parto...Não me sentia preparada! Sentia medo, angustia. Tristeza porque a bebê ia nascer e os meus não pais estariam em Portugal. Tristeza porque sempre imaginei que a minha mãe me fosse ver ao hospital e fosse conhecer a neta. Mas pronto, tive que respirar fundo e mentalizar me que seria hoje que ia conhecer a minha princesa.
O pai foi avisado, veio com as malas, fomos para a sala de partos. Vieram me dar uns panfletos sobre as contrações, o epidural...Pois, o epidural. Nunca foi algo ao qual na gravidez, eu pensasse muito! Sabia as vantagens, sabias os contras. Limitava-se a isso, nunca tinha ainda decido se queria ou não leva-lo. Disse as enfermeiras que ia pensar e passado uns minutos, vem me com os cateteres. O meu noivo não la estava pois tinha voltado a casa (que ainda são 30KM) para ir buscar o carregador do telemovel, que na pressa, nenhum dos dois se lembrou.
Eu não gosto da dor, e acreditem tinha dores horríveis. Berrava a cada contração, mas só o facto de receber uma injeção (embora tenha tatuagens e piercings, nada se compara a injeções para mim) me dava náuseas. Sobretudo que as pessoas pensam em acalmar a dor no momento mas não pensam nos efeitos a longo prazo das anestesias. Pensado para mim mesma que eu iria conseguir aguentar as dores do parto visto que durantes séculos, não havia nada disso, recusei a epidural.
Uma das enfermeiras, ao qual eu já gostava pouco, porque infelizmente tinha que pedir para ir a casa de banho, e ela ficava sempre irritada ao ponto de me perguntar "outra vez?" (Como se eu tivesse culpa de a bebe fazer tanta pressão que não conseguisse aguentar!)me responde de uma forma toda arrogante "não quer, não quer!".
Nisto , a minha medica estava la a passar naqueles corredores e vem ter comigo. Ou melhor abre a porta para me dizer "ai sempre ficou ca? Boa sorte!" e foi embora. Deu me uns nervos!
Passados uns tempos, é a mudança de turnos. Vira-se uma enfermeira para as outras enfermeiras e enfermeiro que la estavam " é esta aqui que não quis epidural". Detestei. Senti que estava a ser discriminada só por não querer algo que maior parte das pessoas quer. Isso é um crime? Sou obrigada a querer? Quem ia ter que gramar com as dores era eu, não ela. O que ela tinha a ver com isso?Enfim, são estas coisas que me irritam. Uma mulher tem a livre escolha sobre o seu corpo, sobre o seu parto, porque é mesmo isso : SEU. Não dos enfermeiros, não dos médicos.
O tempo passa, as dores são cada vez piores. Ao ponto de eu gritar, gritar, gritar. e achar que nao ia sobreviver. Felizmente tive o apoio do meu companheira, que esteve sempre ao meu lado a dar me a mão. Cheguei ao ponto de me morder tal as dores eram tantas... Uma enfermeira viu o sofrimento que tinha e propôs-me um calmante. Aceitei. Não tinha dormido nada na noite anterior, estava exausta, cheia de sono, mas as dores não me deixavam pregar o olho. O calmante nada fez, senti-me foi atordoada e ainda mais cansada, mas a intensidade das dores era a mesma. Nem me deixavam levantar para fazer xixi sequer, pois o calmante torna as pernas dormentes.
O tempo passa, e nada...Sinto vontade de fazer coco, chamo alguém. O enfermeiro vem, faz me o toque e diz que esta para breve. Não sabia se me sentia aliviada, ou ainda mais ansiosa. Ansiosa por conhece-la mas ansiosa para que as dores infernais acabassem!
Passado uns minutos, la vem o momento de fazer força. Eu já estava tao mas tao exausta que acabava por fazer força até quando não era...Cheguei ao ponto de me sentir desesperada e achar que não conseguia, mas arranjava forças e la saiu a cabeça dela Senti algo a sair e pergunto se era ela, o enfermeiro diz me que sim e que podia puxar o resto do corpo com as mãos. E foi o que eu fiz as 5ho7, passado 13 horas de trabalho de parto, nasce a minha princesa. Sem ferros, sem nada, graças a Deus 2.800Kg e 47cm de fofura <3 mesmo nascendo "pequenina" nasceu linda e com umas bochechas grandes xD
Fico coladinha a mim por uns minutos antes de a limparem (mas não lhe deram banho, a lei daquele hospital é que não dão banho a bebes que nascem após a meia noite)depois amamentei-a e foi um momento único tê-la nos meus braços !
Tenho muita sorte em ter tido um parto natural, sem qualquer complicação e ela nascer perfeitinha tive uma laceração do 1grau e levei dois pontos, mas tenho noção que mesmo assim, sou considerada "sortuda".
Quanto ao hospital e a equipa que me calhou, estou satisfeita. Gostei muito do enfermeiro que me fez o parto, foi 5 estrelas. So não gostei de certas enfermeiras como referi, mas pronto podia ter sido pior!
Houve um episódio engraçado, quando ela nasceu, quase que não chorou e o pai dela, todo emocionado mas ao mesmo tempo preocupado preguntou se era normal não chorar haha
Peço desculpa ser tao longo meninas, mas pronto aqui fica o relato do meu parto
Agora todas as vezes que me doi quando faço alguma coisa (tipo exercicio haha) penso logo para mim " se consegui um parto, isto é canja!" porque realmente nao existe dor maior do que as do parto, sem duvida alguma,por varias vezes pensei que fosse morrer, mas aqui estamos nos
A recuperaçao pos-parto é que foi pior, entre a minha (ex) sogra que foi ao hospital quando sabia que nao queria fazer me um escandalo, entre o facto de tratar-me mal no meio da rua passado uns dias de eu estar em casa, entre a morte do meu cao que eu adorava e entre a minha separaçao e a do pai da bébé, e eu ter que cuidar 24h sobre 24h de um bébé sozinha quando nunca tinha lidado com um, entre as hormonas nao estarem no lugar e o corpo estar cansado ,nao foi facil! Mas o sorriso dela alegra me, e isso é o mais importante
