Relação após uma perda | De Mãe para Mãe

Relação após uma perda

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madga -
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Desde 02 Maio 2016

Olá a todas,

Estava gravida de 6 semanas quando sofri um aborto espontâneo. Foi muito doloroso física e emocionalmente. Tinha descoberto que estava gravida há duas semanas. No inicio fiquei em choque, chorei muito porque entrei em pânico com todas as mudanças que aconteceriam na minha vida, mas depois aceitei e fiquei feliz. O meu parceiro ficou super feliz. Porém, a felicidade durou pouco tempo. Senti-me muito culpada inicialmente, pensei que talvez tivesse rejeitado o meu bebe, que tinha sido castigada por não ter aceitado bem, mas depois vi que não era a única no mundo, infelizmente a passar pelo mesmo. Não tive muito apoio do meu parceiro, alias ele quase "desapareceu" nesses dias e só se preocupada com os sentimentos dos pais dele. E os meus? Sofri sozinha.
Foi há um mês que tudo aconteceu...
Agora, quando estava a tentar a refazer a minha vida e a ver o mundo com melhores olhos, tive outro abalo. O meu parceiro começou a ficar distante, a falar de forma mais agressiva, sem paciência. Confrontei-o e ele disse-me que sentia-se apático com a vida. Que tinha ficado muito feliz, mas que tinha visto que eu não estava preparada para ser mãe, e que agora não sabia se queria voltar a tentar comigo. Que talvez fosse melhor separarmo-nos. Até falou na casa, nos bens, etc. Eu fiquei em choque, embora já andasse desconfiada que algo se passasse.
Como é que ele consegue ser tão insensível com os meus sentimentos? E eu? Ele não sabe pelo o que eu passei, nem nunca saberá. Será que os anos que estamos juntos (10) não contam para nada?
Não sei o que fazer à minha vida, agora parece que nada disse, embora já me disse que diz sempre a verdade. Eu sei, eu sinto. Estarei preparada para aceitar mais uma perda na minha vida? Estou muito magoada.
Alguem passou por problemas nos relacionamentos após uma perda?

Obrigada.

AneteS -
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Desde 13 Abr 2016

Madga, compreendo-te bem e também passo por um período conturbado no meu relacionamento. Tenho acompanhamento psicológico que me tem ajudado muito e realmente percebi que as mulheres e os homens passam por uma perda de maneira muito diferente.
No meu caso no início esteve muito presente, preocupado, falou até do assunto e partilhámos muito a nossa dor, depois ficou totalmente fechado, quando falo do assunto muda de assunto, o que me magoa muito.
Ficou distante, não fala, não se abre, já lhe disse que isso é muito pior, parece que os homens têm um luto muito mais camuflado.
Ele quer seguir a vida e apagar o acontecimento, eu quero viver a perda, ultrapassar o que se passou com conversa e partilha.
Eu estou muito sensível, já lhe falei bastante sobre isso, que me sinto com baixa auto-estima, para ter cuidado com os meus sentimentos, etc...dá-me razão mas depois o comportamento volta ao mesmo.
O que te posso dizer é que compreendo, mesmo, penso que será um processo sempre difícil equilibrar a relação, muito.
Eu acredito que é com partilha, sincera, honesta mas nem sempre eles estão na mesma sintonia.
Tenta falar com ele, com calma, procurem apoio psicológico e principalmente sempre que precisares estamos aqui para te ouvir.
Beijinhos Grandes

Sobre AneteS

Anete

guialmi -
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Desde 13 Jul 2013

Desculpe-me a sinceridade, mas não me parece que o aborto seja a causa do distanciamento do seu companheiro, apenas terá sido o elemento precipitador (como o poderia ter sido uma viagem, uma terceira pessoa, um novo emprego...enfim, qualquer mudança).
Pelo seu relato depreende-se que a gravidez não foi planeada e que o vosso relacionamento não estaria a passar por um bom momento (diz que já andava desconfiada...) Esses 15 dias em que estiveram "grávidos" terá induzido provavelmente um novo alento ao seu companheiro, viria aí um bebé, uma nova vida...mas com a perda o desgaste da relação (na perspetiva dele, claro) tornou-se mais evidente ainda. Não acredito que ele se sinta desligado de si porque houve uma gravidez muito recente que não foi adiante...o corte emocional tem de vir de trás...
Penso que tem de falar com ele com a calma possível, sem recriminações. Se o amor da parte dele acabou, não vale a pena insistir em algo sem futuro. Se ainda existe amor, talvez precisem de terapia de casal, de falar sobre o que não está bem...muita força!