Olá, a todas!
Sou leitora assídua do fórum mas confesso que apenas há instantes decidi criar uma conta com o intuito de criar uma partilha de histórias boas e menos boas...
Descobri que estava gravida e abortei espontaneamente em Fevereiro deste ano... Chorei imenso, fiquei muito revoltada mas decidi voltar a tentar.. No início de Junho descobri que estava gravida, novamente... Nem sabia se estava contente, tal era o receio de passar pelo mesmo sofrimento... Aos pouco fui contando a todos..
No entanto, as 14 semanas recebo um telefonema maldito e o meu mundo desabou...
Rastreio do primeiro trimestre positivo, elevada probabilidade do garoto (sim, é um menino) ser portador de trissomia vinte e um e amniocentese já marcada...
Foi um sufoco!!! O meu marido não está no pais e não lhe queria contar para não o assustar.. Sofri imenso mas O terceiro dia decidi contar-lhe e de facto, o meu fardo aliviou um pouco, mas apenas um pouco...
A espera pela amniocentese foi uma tortura, uma verdadeira agonia... O risco de aborto, a hipótese de não ter um filho saudável e estar sozinha...
Efectuei a amniocentese. Foi dolorosa, senti duas picadas, uma na pele -perfeitamente suportável e a segunda -a atravessar o útero que foi dolorosa... Quando retiraram a agulha senti uma descompressão não dolorosa mas desconfortável. Sempre me disseram que não doía bem, eu tive muito azar, tinha duas médicas (uma interna-aluna e outra experiente) a mais nova foi quem picou enquanto a mais velha orientava e gritava para ela ser mais rápida, 'aspira', 'não sai nada?', 'move a agulha', troca de seringa', 'não troques! Despacha-te'... Bem... Fiquei muito preocupada... Normal!!!
A minha pergunta no final: correu bem? "Claro que sim!"... Mas para mim, não foi nada claro, obviamente!...
Já passaram oito dias... Nova consulta, desta vez na minha médica privada... Está tudo bem com o bebê!! Pelo menos... Um telefonema para o CG para saber se já tenho resultado disponível: "ligue na segunda".... Claro, vou torturar-me mais um pouco!
Resultado: estou ansiosa, nervosa, apreensiva, prestes a enlouquecer... Os meus pais tem conhecimento da situação mas os meus sogros, cunhados, familiares e amigos não... Ou seja, tenho que fingir que me sinto radiante, que está tudo bem, que estou serena... É terrível...
Quero muito, muito ser mãe... E ninguém que seja hipócrita, ninguém quer ter um filho deficiente, ninguém sonha com isso... No entanto, quem sou eu para tomar uma decisão contrária aquilo que me foi dado?! E se conseguir tomar essa decisão, serei capaz de viver com essa decisão até ao final da minha vida?!... A minha consciência não suportará tal fardo!...