Chega esta altura em que ficamos um bocado bamboleantes, em que a nossa passada parece uma dança, uma espécie de valsa, e lá vamos, barriguinhas para a frente, as costas a tentar aguentar o peito que cresceu e uma barriga que se transformou numa melancia... patapum-patapum-patapum... e é assim.
Nas escadas nem é bem patapum.. é mais: Pa...ta...pum - pa...ta...pum.
Chega à noite e deito-me como um menir do Obelix... com a diferença que eu não caí na poção do Panoramix quando era criança.
Torci um pé na semana passada. Torci mesmo de verdade. Pensei mesmo que tinha partido o tornozelo porque não conseguia realmente pôr o pé no chão, "pé cochinho" estava fora de questão, inchou imenso e eu estive a tarde toda à espera do meu marido porque não conseguia ir sozinha à casa de banho e só eu sei o quanto precisava de lá ir.
Apetecia-me chorar. Novamente a ter de ficar quieta.
Hospital... nada de RX porque nem de avental faziam isso a uma grávida... ben-u-ron... enfim...
Na manhã seguinte acordei melhor. Desinchou, andava bem. Fiquei numa felicidade!! Parecia uma criança feliz.
A mobilidade é uma coisa muito importante para mim, e sinto que o peso é algo que dentro ou fora da gravidez; passa por uma escolha de forte impacto, e com uma componente emocional e inconsciente fortíssima.
Digo isto porque como emocionalmente, apetece-me comer quando estou triste, ou vazia. Apetece-me doces e comidas mais calóricas quando me enervo, quando me aflijo, quando me canso ou quando estou menos bem.
Neste caso, as principais razões do meu mau estar prendem-se com peso. Ora o peso aumenta se eu como. Mas comer é a forma como impulsivamente procuro alívio e consolo.
Adoro caminhar, estar com os meus, fazer coisas boas com eles, e a mobilidade não é apenas para fazer coisas por fazer, porque sim ou porque tem de ser. Tem a ver com qualidade de vida e com a capacidade de criar à minha volta o ambiente em que gosto que o amor que eu sinto pelos meus possa morar.
Ora o que se passa é que isso deixou de ser possível.
E eu lembro-me que um dia este bebé vai nascer, e eu vou ter de escolher entre comer para me consolar, ou ficar mais leve para poder ser feliz.
O meu tornozelo ainda me doi. São horas de jantar e eu não o fiz. Na verdade a mesa da cozinha está cheia de coisas do pequeno almoço. Só eu me preocupo com isso. Mas sei que para uma família é diferente chegar e ter tudo limpinho, bonito, comidinha boa, as coisas em ordem... ou ter tudo por limpar, a comida por fazer, e estarmos todos demasiado cansados para começar agora a fazer seja o que for.
Tornozelo, costas... custa respirar.
Peso.
Estou feliz.
Um dia quero estar leve também.