Já pensaram em dar apoio no hospital, a quem passou pelo mesmo que nós?

É realmente um assunto muito delicado, pois nem todos os casos poderão ser abordados da mesma forma.
Tal como indicou continua a tentar, o que eu acho perfeito, tendo ao seu lado serenidade e um sorriso diário, com toda a certeza vai conseguir.
Mas para muitas mulheres já foram 2 ou 3, e existem várias formas de fazer o luto. Há quem prefira a solidão (o que nunca é bom, pois é sem dúvida necessário falar para chegar de forma controlada à aceitação), e depois existe quem necessite desabafar, partilhar a dor e creio que as pessoas mais próximas ou até mesmo o médico que acompanhou, as mais indicadas nesses momentos. Até porque um desconhecido pode sem querer dar falsas esperanças. Apenas conhecendo o historial médico a nível físico e psicológico será possivel orientar de alguma forma nessas situações.
A ideia é muito boa sem dúvida, mas pode ser um pau de dois bicos.

olá!

Não és a única a quem isso já pasou pela cabeça. Eu nunca tive um aborto, mas engravidei aos 21 e não tive apoio do pai do bebé, nem dos meus pais. durante o tempo que estive no hospital sentia-me um pouco sozinha embora não me possa queixar as enfermeiras que me acompanharam que foram excelentes. E tal como tu já pensei em me voluntariar para apoiar pessoas que estivessem na mesma situação que eu estive.
Pelo que sei, tens de ser obrigatóriamente voluntária num hospital que queiras, mas não sei se podes escolher o serviço onde vais fazer o voluntariado. Acho que isso é o hospital que faz a distribuíção dos voluntários. E por norma o que os voluntários fazem é distribuir a alimentação e dar, se for necessário e claro ir conversando um pouco com as pessoas que lá estão.

Acho que mesmo que não consigas ser voluntária no serviço que queres, não deves desistir da ideia, todas as pessoas que lá estão precisam sempre de atenção.

Eu ainda não me decidi por falta de tempo, mas assim que conseguir organizar-me vou pensar seriamente em fazer.

beijinhos!

p.s. de certeza que vais conseguir a tua estrelinha, dá tempo ao tempo.

Olá!

Felizmente depois de saber que tinha uma gravidez não evolutiva vim para casa e dois dias depois comecei a expulsar tudo naturalmente e não precisei de comprimidos nem curetagem. Só voltei ao hospital depois de terem parado os sangramentos e passei por todo o processo de aborto em casa. Mas acho que tens razão. Qualquer mulher que passe por uma situação destas merece ter apoio, até porque quem faz uma interrupção voluntária da gravidez tem direito a apoio psicológico, e quem sofre um aborto espontâneo não. Não faz sentido nenhum...

Esta é a minha opinião...Um beijinho

Olá

Parabéns pela ideia, é de uma coragem tremenda para quem anda em treinos!

Gostaria de deixar a minha opinião como mulher que sofreu um aborto e como enfermeira.

Acho que todas as mulheres precisam de desabafar, até porque acabam por ser poucos os elementos da familia ou amigos a quem acabamos por contar. Eu adoraria ter tido assim um apoio, um apoio de quem já viveu o mesmo. Acho que faz todo o sentido Acho que para si também poderia ser bom...

Como enfermeira, alerto-a de que será um trabalho árduo se resolver enveredar por este caminho. Isto porque não sei até que ponto conseguirá entrar em contacto com quem está a passar por esta situação. Os profissionais de saúde são regidos por um código deontológico, no qual consta o sigilo profissional. O sigilo profissional implica que toda a informação que o utente transmitir não pode ser divulgada a terceiros, a não ser para encaminhar para outros profissionais de saúde, como por exemplo outro médico ou o psicólogo.

O que eu sugeria era informar-se junto do voluntariado do hospital, se seria possivel tornar-se voluntária apenas dos serviços na área da maternidade /ginecologia/ obstetrícia (não sei quais as especialidades do seu hospital). Assim, mesmo que não consiga acompanhar as mulheres que estão em fase de aborto, poderia apoiar as mulheres que fossem internadas para fazer curetagem, ou as grávidas que ficam internadas por doença ou para exames e que sofrem imenso porque não sabem até que ponto poderão abortar ou o bebe vir a ter anomalias (tive uma amiga internada por vómitos durante a gravidez e sei que foi muito penoso para ela). Poderia também dar apoio nos casos de gravidez precoce.

Acho um projecto aliciante e altamente gratificante!

Beijinhos e força!!

Pois, isto do "você" é defeito profissional, é o hábito ao qual sou obrigada, não ligues

Compreendo perfeitamente que estejas insegura, mas opiniões valem pelo que são - apenas opiniões, só tu é que sabes como estão os teus sentimentos

Olha eu trabalho num serviço oncológico, onde existe muito sofrimento e dá-me um prazer indescritivel poder ajudar os que mais precisam. Não só dou a medicação e faço tratamentos, como tento aliviar um pouco quem tem a alma a "sangrar", através de palavras amigas, e especialmente por lhes explicar o que vai acontecer a seguir. O medo do desconhecido é inexplicavel, seja em que situação for... por isso é tão bom saber que mais pessoas já passaram pelo mesmo e o que lhes aconteceu, o que vai acontecer em seguida, quantos dias vai precisar de recuperar. Bom, o que eu quero dizer com tudo isto é que a minha gratificação é enorme, saio dalí com as pernas e a cabeça cansadas mas com a alma cheia

Acho que o mais dificil é começar, porque nunca sabemos como vai correr... lá está, é o tal medo do desconhecido! Só experimentando é que sabemos!

O que me vale a mim é o meu trabalho, eu só chorava e decidi ir trabalhar no 6º dia após a IMG, abdiquei dos 15 dias em casa e do subsídio a 100% (só se tem direito se a baixa for entre 14 a 30 dias) e fui trabalhar porque enquanto tento animar os outros, esqueço-me dos meus problemas.

É uma sensação muito boa, experimenta e logo verás!

Beijinhos

Olá

Relativamente ao assunto do voluntariado, vê esta reportagem a partir do minuto 5:00

http://www.youtube.com/watch?v=Ejf4XLJz55U&feature=related

Beijinhos

Aqui está a prova que é bem possível!

É possível sim fazer voluntariado à perda gestacional. Contacta o projecto Artémis que com certeza te vão indicar quais os passos a dar visto que este já fazem voluntariado em alguns hospitais.

Desilusão??!! Não! A mim não me desiludiste nada, fizeste-me pensar nesse empreendimento altruísta e maravilhoso, que é ajudar os outros!

Pensa neste projecto a longo prazo, para realizares quando puderes dizer a uma mulher que está a sofrer: "eu tb já passei pelo mesmo e agora tenho um lindo bebé nos meus braços!"

Muita força!
Beijo e abraço GRAAANDEE!

Claro que não me desiludis-te! Por vezes achamos que já estamos preparadas para falar sobre as nossas perdas e apoiar outras mulheres que estão a passar pelo mesmo mas nem sempre temos a cabeça tão arrumada como pensamos. Dou-te um exemplo, eu ando nas consultas de GEMF da MAC. Todas as mulheres que lá estamos já sofremos,no mínimo, 2 perdas, e nem sempre é fácil falar sobre isso lá, mesmo sabendo que todas estamos a passar e sentir o mesmo. Na 1ª consulta temos que reviver tudo o que nos aconteceu e por mais tempo que tenha passado não é fácil...Mas quando estamos preparadas, o facto de partilhar com alguém e apoiar faz-nos sentir bem. Na última consulta que tive, estava lá uma sra que era a 1ª vez que ia, no fim da minha consulta a enfermeira pediu-me se podia falar com a sra pois esta estava muito nervosa, triste e deprimida, e que achava que lhe iria fazer bem falar comigo pela maneira como eu estava a explicar o que se estava a passar comigo e como estava a encarar este processo. Falei com ela e senti-me muito bem! A outra mulher não é em nada diferente de mim...simplesmente estávamos em fases diferentes do nosso luto.
Força!