Bem, em primeiro lugar peço desculpa por vir aqui invadir este vosso espaço feminino, mas preciso de ajuda urgente. A minha mulher está grávida de 36 semanas e é uma mulher muito independente que não gosta de dar parte fraca nem pedir ajuda. Acontece que já há algum tempo que noto que anda cansada e que tem dificuldades para andar visto que engordou engordou bastante, tem uma barriga muito grande e os pés e as pernas muito inchados. Tambem tem tido muitos enjoos como no início da gravidez e muita dificuldade em dormir à noite. Mesmo assim continua a dizer que está tudo bem e a trabalhar todos os dias e participar em todas as tarefas domésticas. Mas ontem apanhei-a no chão da casa de banho a chorar. Perguntei-lhe o que é que se passava e depois de insistir várias vezes que estava tudo bem disse-me que está farta desta gravidez, que já não aguenta passar os dias a vomitar, que lhe custa horrores andar, que não tem posição para estar em lado nenhum e que se arrependia de ter engravidado (esta última magoou-me). Depois começou a dizer que parece um monstro, que engordou 30 quilos, que está toda inchada e cheia de estrias e que já nem quero ter sexo com ela e nunca mais vou voltar a achá-lá atraente. Fui-lhe dizendo que tudo isso era mentira, que é linda e que vai continuar a ser e que nunca deixei de querer ter relações sexuais com ela, isso só aconteceu porque ela me afasta, não quer que a veja sem roupa e sentia dor durante a relação. Perguntei-lhe até se queria retomar a vida sexual mas fui acusado de ser insensível. Também lhe disse que a ajudava em tudo o que quisesse em casa e que apesar de não poder acabar com os desconfortos dela, faço tudo o que puder para os atenuar. Ofereci-lhe uma massagem de corpo inteiro que ela inicialmente recusou, mas acabou por aceitar e disse que a ajudou muito a sentir-se melhor, até já quer repetir hoje.
Agora que já sabem a situação deixo-vos as minhas dúvidas e agradeço, desde já, a quem responder:
1) O que posso fazer para lhe mostrar que gosto tanto ou mais dela agora do que antes e que continuo a achá-lá linda?
2) Devo insistir ou não na questão do sexo? Só me afastei mesmo porque ela não mostrava vontade e até me afastava e queixava-se de ser desconfortável quando o fazíamos. Agora não sei se ela quer ou não.
3) Quais os principais incómodos que sentem nesta fase?O que posso fazer para atenuar os incómodos físicos dela? Já tentei assumir todas as tarefas domésticas, mas ela não me deixa e tem sido até bastante ingrata quando tento ajudar. Insisto com ela para deixar de trabalhar? Devo continuar com as massagens como me pediu? Eu não me importo nada e até é uma forma de estar mais próximo dela, mas tenho medo como não sou profissional de fazer algo que prejudique o bebé? Será que é perigoso?
Obrigado a todas!
Boa tarde Vasco, uma mulher durante a gravidez e o pós-parto nem sempre faz muito sentido. Tenha sempre isto presente. As hormonas descontrolam/controlam a nossa forma de pensar. E tudo incomoda, nada está bem, nada funciona, nada se resolve, não há soluções, enfim. Drama.
Quanto ao que mais o magoou. Eu gosto muito de ser mãe, e em alturas de grande stress se calhar também devo ter posto em causa esta "opção" e não tive uma gravidez tão atribulada como a da sua esposa. Realmente o aspecto deixa-nos com a auto estima em baixo e por ai fora.
A única coisa que posso lhe dizer é para ter paciência, ainda vai demorar uns mesinhos mas vai passar e depois volta ao normal e não insista com nada. Nem com as tarefas, nem com o sexo nem com nada. Pode sugerir ajuda ou fazer antes dela se dar de conta que estava por fazer. Quanto ao sexo, se ela não se sente confortável com esse contacto tão intimo, um simples: Hoje essa roupa te fica muito bem ou o teu cabelo está muito giro hoje. Ajuda muito. Mas não diga isso quando ela tiver uma roupa horrível ou um cabelo todo despenteado, ou seja, também não exagere e lhe diga que está uma brasa e toda boazona. Porque ela vai perceber que está a mentir. Coisas simples a vão fazer tirar certos macaquinhos do sotão. E paciencia... Muita muita paciencia
Vasco parabens pelo homem que é, antes de mais
tem que ter paciencia é normal que nesta fase ela se sinta assim e diga as coisas um pouco da boca para fora.
e as hormonas o cansaço e todas essas coisas desgastam-nos nesta fase.
mime-a com um banho de imersao por exemplo. prepare-o e so depois diga para ela ir.
ajude-a espontaneamente sem perguntar o que precisa que faça.
depois do jantar lave a loica por exemplo mesmo sem perguntar
e continue assim
Olá!
Você existe mesmo? Se sim, dou-lhe realmente os meus parabéns e são pessoas como você que me fazem questionar às vezes a minha perceção relativamente à raça humana.
1) O que posso fazer para lhe mostrar que gosto tanto ou mais dela agora do que antes e que continuo a achá-lá linda?
O melhor caminho é ser o mais sincero possível. Não lhe diga que ela não tem estrias porque ela sabe que as tem; entretanto, pode dizer-lhe que, com estrias ou não, ela é a mulher que escolheu para ser a mãe dos seus filhos e que, no meio disso, as estrias são um mero detalhe. Depois não leve tão a sério o que ela disse porque parte desses comentários adevêm do cansaço, das hormonas e do raio dos enjoos que normalmente passam mas pelos vistos ela foi das eleitas a senti-los durante toda a gravidez.
2) Devo insistir ou não na questão do sexo? Só me afastei mesmo porque ela não mostrava vontade e até me afastava e queixava-se de ser desconfortável quando
o fazíamos. Agora não sei se ela quer ou não.
Sexo não se resume ao ato da penetração. Insistir não me parece uma boa ideia porque, o que transpareceu do que escreveu, é que nem ela própria sabe se quer ou não quer. Às 36 semanas, com 30kg a mais e um barrigão enorme pode não ser a atividade mais atrativa para uma mulher, principalmente se já deixou de o fazer há várias semanas e se a auto-estima está nas lonas. A auto-imagem da sua mulher está danificada e provavelmente levará algum tempo a reconstruir-se. O facto dela ser independente (isto em demasia é tão mau como em falta) faz com que não seja fácil para si entrar no mundo dela. Mas tente, tente e não desista. faltam 3 ou 4 semanas para que o vosso filho esteja cá fora e depois tudo será diferente. Atenção, digo diferente mas isso não significa que ficará tudo logo bem e que o mar de rosas voltará a instalar-se entre vocês. É uma fase complicada e muito exigente do ponto de vista da vida do casal. Teria sido bom encontrá-la no chão a chorar há muito mais tempo. Todas nós temos os nossos limites e atingi-los nunca é boa ideia. Continue as massagens porque ela pareceu gostar e isso ajuda bastante no relaxamento. quanto aos edemas e à barriga grande, nada há que possa fazer nesta fase. O calor é muito e o corpo, trabalhando muito mais do que numa mulher não-grávida, nem sempre consegue desempenhar adequadamente todas as funções. Daí os edemas e outros desconfortos. O cansaço é um dado adquirido e não é o problema. O problema é a sua esposa não aceitar que está cansada e não admitir os próprios limites impostos pelo seu corpo. Ela está a gerar uma vida e isso implica algumas cedências e a capacidade de abdicar de algumas tarefas que para ela são normais e rotineiras. Se trabalha fora de casa, está efetivamente na hora de parar; se não trabalha fora mas exagera nos esforços e tarefas domésticas, está igualmente na hora de abrandar e dar lugar ao milagre da vida, milagre esse que se desenrola dentro dela.
3) Quais os principais incómodos que sentem nesta fase?O que posso fazer para atenuar os incómodos físicos dela? Já tentei assumir todas as tarefas domésticas,
mas ela não me deixa e tem sido até bastante ingrata quando tento ajudar. Insisto com ela para deixar de trabalhar? Devo continuar com as massagens como
me pediu? Eu não me importo nada e até é uma forma de estar mais próximo dela, mas tenho medo como não sou profissional de fazer algo que prejudique o
bebé? Será que é perigoso?
Não tem nada de perigoso numa massagem; pode não ser profissional mas também não me parece nada desinformado e insensível ao ponto de não perceber as reações da mãe. Se a mãe sente conforto e alívio, acredite que o vosso filho sente o mesmo. Tudo o que ela sente, de bom e de mau, é transferido para o bebé. As massagens são boas porque os mantêm juntos aos 3.
Não quero terminar sem lhe deixar um pequeno alerta. As mulheres que desenvolvem depressões pós-parto muitas vezes indicam essa tendência muito antes do nascimento do bebé; fique próximo dela, observe bem as reações dela nesta fase e após o parto. Se perceber algum sinal de que algo não está normal, é bom agir de imediato.
Se a sua mulher é independente e está habituada a ter uma imagem elevada de si mesma e se essa mesma imagem se destruiu durante a gravidez, é bom fazer de tudo para que ela recupere a forma física e a imagem de antes para que se sinta "mulher" de novo. Neste momento tanto o aspeto físico como o estado em que se sente levam-na a culpar a gravidez de tudo e mais alguma coisa. Isto pode ser o rastilho para desencadear problemas maiores.
Claro que muitas vezes tudo acaba por retomar os devidos lugares, mas nesta fase ela precisa de perceber que não está sozinha mas sem se sentir alvo de piedade. Os independentes em demasia detestam que os tratem com condescendência. Fale com ela e diga-lhe claramente que ela não fez aquele filho sozinha. o facto de ser ela a carregá-lo durante os 9 meses deve-se apenas à anatomia humana e nada mais. Diga-lhe que cada um faz o que tem que fazer e pode fazer. Portanto, se assumir tarefas domésticas para lhe poupar esforços é porque ela faz esforço de outra maneira. eu já tive 2 filhos e acredite que é um esforço físico grande do início ao fim. A diferença é que umas suportam melhor do que outras e umas gravidezes são mais assintomáticas do que outras.
Um grande abraço e que tudo vos corra muito bem!
SMSantos
Ola Vasco, desde já dou-lhe os meus parabéns por se mostrar um marido dedicado e preocupado. Tambem estou a passar uma gravidez complicada com enjoos, vomitos e muita azia durante toda a gravidez, e tambem eu cheguei a pensar que foi a pior coisa que me aconteceu foi ter engravidado e ainda para mais ja tive uma depressão e receio a ter uma recaida. Quanto ao sexo deve falar calmamente com a sua esposa e tentarem fazer se for a vontade dos dois ate porque o sexo ajuda no parto, quanto ao peso pode ajudar a sua esposa tentando ter mais cuidado com a alimentação e fazendo caminhadas caso haja autorização medica, pois tambem ajuda. E acima de tudo ajude a sua esposa no que poder e tenha muita mas mesmo muita paciência com ela. Tudo a correr bem
Olá Vasco!
Quase que me revejo aí em alguns aspectos.
Deixa me dizer te que se as vezes ela te parece ingrata pelas ajudas que das em casa. Se ela não era assim antes da gravidez é muito provavelmente um estado de espírito temporário.
Não penses que é revolta ou arrependimento por causa da gravidez ou de não querer a si ou ao seu bebé .
Eu própria as vezes fico muito refilona com o meu marido porque fez isto ou fez aquilo. O que lhe posso dizer é ajude por exemplo da seguinte forma, se ela lava a louça você seca. Tente complementar as tarefas sem lhe tirar esse controlo.
E entretanto tente fazer lhe companhia. Só porque por mais independente que a sua mulher seja, penso que o facto de ter a sua companhia seja para um filme ou um jogo de cartas é importante para uma mulher grávida.
Em último caso, flores doces e massagens.
Boa sorte.
Boa noite, Vasco. Em primeiro lugar, quero dizer-lhe que a sua mulher tem muita sorte em tê-lo ao lado dela. É realmente muito importante nesta fase ter o apoio de um homem assim.
Não dê demasiada importância ao que ela lhe disse. Já todos dissemos coisas que não sentimos (ou que sentimos mas apenas momentaneamente), em momentos de desespero ou cansaço extremo. Penso que foi isso que aconteceu. Eu própria já disse algo semelhante ao meu marido, numa altura em que os enjoos se estavam a tornar insuportáveis e que não conseguia comer nada sem ir a correr vomitar e acredite que não é, de todo, o que eu sinto e que me arrependi mal acabei de falar. Vai ter de ter muita paciência com ela... as hormonas, o cansaço, os enjoos e todos os outros incómodos, às vezes dão connosco em doidas.
Respondendo às suas perguntas:
1) Diga-lhe isso, não apenas em momentos como o que se passou ontem, mas regularmente. Faça-lhe elogios sinceros (ou que pelo menos pareçam sinceros) quando ela não estiver à espera e se ela falar em estrias ou outras coisas do género, não negue que as tem, mas diga-lhe que isso são apenas pormenores sem importância. Imagino que a auto-estima dela esteja bastante em baixo depois de ver o corpo mudar tanto em tão pouco tempo. Felizmente, engordei sempre muito pouco (apenas barriga) e não ganhei estrias e, ainda assim, nesta fase da gravidez nem sempre me sinto muito bem com o meu corpo, por isso compreendo que essas alterações a possam afectar bastante. Vai ver que, com o tempo, a sua mulher vai recuperando fisicamente e vai começar a sentir-se melhor. No pós-parto, quando estiver a tentar recuperar o seu peso, apoie-a, mas sem lhe dar a entender que tem a obrigação de emagrecer.
2) Seria importante perceber se ela quer ou não ter sexo neste momento, o que me parece que nem ela sabe. A ideia com que fiquei é que, por um lado, quer ter a certeza de que o Vasco ainda a deseja dessa forma e, por outro, não se sente confortável com o seu corpo para o fazer. Na minha opinião, não deve insistir ou forçar nada, mas pode mostrar-se aberto para tal, caso ela assim entenda. Se possível, conversem abertamente sobre o assunto, mas sem a pressionar.
3) Incómodos podem ser muitos (para mim, enjoos, falta de posição para dormir, muito pouca tolerância ao calor, sensação de peso nas pernas e pés ao final do dia e pressão no fundo da barriga quando estou em determinadas posições e depois de fazer esforços). Percebo perfeitamente que a sua mulher não queira deixar de trabalhar e fazer tudo o que sempre fez, mesmo que já lhe custe. Eu também sou assim e não gosto de sentir que preciso da ajuda ou que os outros olham para mim com condescendência. Deixe-a continuar a participar nas tarefas domésticas, mas ajude-a sem que ela peça. Façam as coisas em conjunto. Nao lhe peça que deixe de trabalhar porque se for como eu isso só servirá para criar discussão. Quanto à massagem não é nada perigoso e pode ajudá-la a relaxar e a sentir-se melhor física e psicologicamente. É uma forma de atenuar alguns dos seus desconfortos e de vos unir enquanto casal. Pessoalmente, a mim sabe-me sempre muito bem uma massagem do marido nesta fase da gravidez.
Os próximos tempos vai difíceis, mas vai ver que, no fim, tudo vai valer a pena! Por enquanto, muita paciência e compreensão...
