Como lidar com uma perda gestacional? | De Mãe para Mãe

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Como lidar com uma perda gestacional?

Não é fácil tocar num tema tão delicado como a perda gestacional. A perda gestacional significa uma dor para além do comum, tanto para a mãe como para o pai, uma dor tida como solitária, pois quem sente a perda mais profundamente, por muito que outros também sintam, são os pais que perderam o bebé. Esta perda dolorosa traz uma carga emocional enorme para os progenitores, mas traz também imenso sofrimento físico para a mãe, que terá que passar por processos extremamente negativos e desgastantes que, apesar de serem necessários, apenas vêm aumentar a angústia trazida pela perda. Ao invés de discutir a perda em si, discutamos as formas como os pais lidam com uma perda gestacional. Vejamos então as perspetivas de pais e mães que se veem obrigados a lidar com uma situação tão marcante e dolorosa, tendo em conta que a perda deverá ser um momento de união dentro do casal, apesar de cada um dos membros terem uma perspetiva diferente do sucedido.

Da parte da mãe

O sofrimento físico é exclusivo à mãe. Cabe à mesma compreender a sua perda e aceitar que deverá passar pelos procedimentos necessários, com o apoio do seu companheiro e possivelmente outrem. A perda não é só sua, pelo que os passos de luto deverão ser partilhados.

Da parte do pai

O pai sofrerá uma perda emocional e psicológica que poderá também ser incapacitante, no entanto, este deverá acompanhar a mãe nos processos médicos e posteriores ligados ao luto, partilhando da experiência da perda.

Os passos do luto até à aceitação

O início do processo de lidar com uma perda gestacional passa pelos estádios de lidar com a dor - desde o choque inicial à aceitação, passando pela negação e os sentimentos de culpa - sendo a chave para se conseguir avançar com o lidar com o problema a aceitação perante o sucedido. Os pais terão que aceitar a notícia, mesmo que esta aceitação demore a chegar. É complicado aceitar-se uma perda precoce ainda mais quando não existirão os passos comuns da perda. Poderá não haver um funeral.

O passar pelos procedimentos médicos

A mãe que perde o seu bebé sofre de forma física e psicológica pelo que o seu sofrimento é altamente devastador. Existem processos médicos que, apesar de necessários, aumentam o sofrimento por parte da até então gestante. É importante que o seu companheiro a acompanhe neste processo.

A solidão e o luto

Por vezes, quando a dor é imensa, a tendência é sofrer em silêncio. Tanto a mãe como o pai poderão ter que passar pela solidão de modo a lidar com o assunto primariamente de modo pessoal. Isto acontece tanto com a mãe como com o pai. Cada um dos membros do casal terá maneiras diferentes de lidar com a perda e o isolamento é comum. O luto, no entanto, deverá ser vivido em conjunto.

As mudanças no corpo

As mulheres sofrem uma grande alteração no corpo e a nível hormonal após a perda do bebé. Devido a este facto, é importante que o companheiro a ajude a lidar com estas mudanças.

A relação com a tristeza e depressão

Com o luto virão também sentimentos negativos como a tristeza e a depressão. Estes sentimentos são perfeitamente normais em ambos os membros do casal e, para que não surjam problemas entre o casal, tanto o pai como a mãe deverão aceitar e reconhecer a dor do outro e apoiá-lo quando lhe faltar a força.

O apoio dentro do casal

Por terem sofrido a mesma perda, é necessário que o casal se tente manter unido na luta contra os efeitos da perda gestacional. Existem casos em que esta perda resulta em rutura, pelo que é importante que ambos partilhem o que sentem e se apoiem mutuamente. É difícil, mas, mais cedo ou mais tarde, deverão pensar em engravidar novamente.

O apoio familiar

Após lidar com o problema de modo pessoal, o passo seguinte será partilhar a notícia com aqueles que são mais próximos do casal, se for aplicável. O apoio de membros da família e amigos ajudará a combater a solidão do sofrimento. No entanto, é importante que o casal não permita que estes subestimem ou minimizem o problema com palavras como “poderão tentar de novo”.

O apoio médico

Os pais deverão seguir os procedimentos necessários a nível médico, que passarão por acompanhamento psicológico e, em alguns casos, terapia conjugal. Os profissionais competentes acompanharão o casal no seu luto e ajudarão a que estes sintam abertura para expor os seus sentimentos perante a perda, tanto por parte da mãe como da parte do pai e de ambos como casal.

A partilha

O casal poderá procurar grupos de apoio ou mesmo pessoas isoladas que tenham passado por perdas semelhantes. Deste modo poderão falar abertamente do que sentem e serão francamente compreendidos. Serão, também, apoiados e integrados num espaço seguro.

É importante realçar que a mãe passará por sofrimento físico mas o sofrimento emocional será deveras partilhado. Tanto o pai como a mãe terão que passar pelos passos da dor e luto, pela introspeção, por sentimentos fortes e devastadores, depressão e pela aceitação de ajuda externa. Só a partir daí conseguirão uma verdadeira autonomia e recuperação do sucedido até atingir uma vida normal de novo. A perda jamais será esquecida, mas poderá ser superada.

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