Aborto espontâneo: tudo o que sempre quis saber | De Mãe para Mãe

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Aborto espontâneo: tudo o que sempre quis saber

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O aborto espontâneo é o termo usado para uma gravidez que termina por si só, dentro das primeiras 20 semanas de gestação.

O aborto espontâneo é a complicação mais frequente da gravidez. Cerca de 10 a 25% das gravidezes poderão acabar num aborto espontâneo. Uma gravidez química poderá ser responsável por 50 a 75% dos abortos espontâneos. Esta ocorre quando uma gravidez termina pouco tempo depois da fecundação, resultando numa perda de sangue que ocorre mais ou menos na altura do período menstrual. Cerca de 50 a 70% das gravidezes comprovadas por exames laboratoriais terminam em abortos espontâneos; muitas vezes a mulher não se apercebe porque o tempo decorrido desde a fecundação até à ocorrência do aborto acaba por coincidir com a altura da menstruação, pelo que só se aperceberia se tivesse suspeitado e realizado análises.

80% dos abortos espontâneos ocorrem durante as primeiras 12 semanas da gravidez. A gravidez pode ser um período de muita excitação e ansiedade, mas com o número de abortos espontâneos que podem ocorrer, é importante estar bem informada sobre este assunto caso aconteça consigo ou com outra pessoa que possa passar pelo mesmo.

Existem sempre momentos e termos confusos associados a um aborto. Existem diferentes tipos de abortos, diferentes tratamentos para cada tipo de aborto, e diferentes estatísticas para cada um. Apresentamos um rol de informação geral sobre o aborto espontâneo. Esta informação serve para o seu conhecimento, para que não se sinta tão sozinha e perdida numa situação de aborto espontâneo. Tal como as várias complicações relacionadas com a gravidez, lembre-se que a melhor pessoa para falar sobre este assunto será sempre o seu médico ginecologista.

Porque é que ocorrem abortos?

As razões porque ocorre um aborto são várias e muitas vezes não são identificáveis. Durante o primeiro trimestre, a maior causa de aborto são anormalidades no cromossoma – significa que algo não está bem com os cromossomas do bebé. Muitas anomalias relacionadas com os cromossomas são causadas por um óvulo defeituoso ou célula do esperma (espermatozóide), ou é devido a um problema na altura em que o zigoto (resultado da união do óvulo com o espermatozóide) passa pelo processo de divisão. Outras causas do aborto espontâneo incluem, mas não se limitam a:

  • Problemas hormonais, infeções ou problemas relacionados com a saúde materna
  • Estilo de vida (ex: fumar, beber álcool, uso de drogas, má nutrição, excesso de cafeína, exposição a substâncias tóxicas ou radioativas)
  • Má implantação do óvulo na parede uterina
  • Idade da mãe
  • Trauma
  • Incompatibilidade dos grupos sanguíneos
  • Distúrbios emocionais

Os factores que não são causa de aborto são o sexo, trabalhar fora de casa (a menos que seja um ambiente pouco saudável), ou exercício moderado.

Quais as hipóteses de ter um aborto?

  • Para as mulheres em idades mais aconselháveis para terem um filho, a hipótese de terem um aborto espontâneo são de 10 a 25%, e na maioria das mulheres saudáveis a média é cerca de 15 a 20%
  • Um aumento da idade da mãe afeta as hipóteses de aborto
  • As mulheres com menos de 35 anos de idade têm cerca de 15% de hipótese de aborto
  • As mulheres que tenham entre 35 e 45 anos de idade têm entre 20 a 35% de hipótese de sofrer um aborto
  • Uma mulher que já tenha tido um aborto espontâneo, tem 25% de hipótese de ter outro (só existe um ligeiro risco para alguém que nunca teve nenhum aborto anterior)

Quais os sinais de um aborto?

Se sentir alguns destes sintomas é importante contactar o seu médico ou ir ao hospital para avaliar se está a sofrer um aborto.

  • Dor média ou grave, tipo cólicas, no abdómen (barriga) ou nas costas, por vezes bem pior que as dores menstruais
  • Perda de peso (isto é muito variável pois oscila de mulher para mulher e depende da fase em que se encontra a gravidez; se for numa fase inicial não é provável que aconteça)
  • Muco branco-rosa
  • Contrações dolorosas, espaçadas entre 5 a 20 minutos
  • Sangramento acastanhado ou vermelho vivo, com ou sem cãibras (20 a 30% de todas as gravidezes poderão passar por algum sangramento na fase inicial da gravidez – primeiros 3 meses – mas cerca de 50% desses sangramentos resultarão numa gravidez normal)
  • Tecido com sangue coagulado, como se passasse algo material pela vagina
  • Súbitas diminuições dos sinais de gravidez

Tipos de abortos

O aborto é muitas vezes um processo e não um único acontecimento. Existem muitas fases e tipos de abortos. Também existe muita informação a aprender sobre o desenvolvimento fetal saudável, para ter uma ideia do que se possa passar com a sua gravidez. Compreender o desenvolvimento fetal inicial e o primeiro trimestre poderá ajudá-la a perceber a que sintomas deve estar atenta quando ocorrer um possível aborto espontâneo.

Muitas das vezes os abortos são chamados de isso mesmo, de abortos, mas poderá ouvir o seu ginecologista usar outros nomes como:

  • Ameaça de aborto: pelo menos 20% das grávidas têm algum sangramento no 1º trimestre, podendo ocorrer algum grau de sangramento da parede uterina, acompanhada por cãibras e dores lombares. A cervix (colo do útero) mantém-se fechada. Este sangramento é muitas vezes resultante da implantação do óvulo no útero.
  • Aborto incompleto: dor abdominal (cólicas) ou de costas acompanhada por perda de sangue (sangramento persistente e grave) e com a cervix aberta. O aborto é inevitável quando existe uma dilatação da cervix e existe uma ruptura das membranas. A perda de sangue e as cãibras poderão persistir se o aborto não for completo. Ocorre eliminação parcial do útero do resultado da conceção; se antes das 10 semanas normalmente ocorre perda do feto e da placenta juntos; depois das 10 semanas podem ser eliminados separadamente, ficando alguns restos no útero.
  • Aborto completo: um aborto completo é quando, juntamente com dores e cãibras, o embrião, ou o resultado da conceção, saem completamente do útero. A perda de sangue deverá desaparecer rapidamente, tal como a dor ou as cãibras sentidas. Um aborto completo poderá ser confirmado com uma ecografia ou por uma curetagem cirúrgica.
  • Aborto silencioso/perdido: uma mulher poderá passar por um aborto sem saber que passou por um. Um aborto perdido é quando existe uma morte embrionária e não existe uma expulsão do útero. Não se sabe qual a razão porque isto acontece. Os sinais deste tipo de aborto são a perda dos sintomas da gravidez e a ausência de sons fetais no ultra-som.
  • Aborto recorrente: definido como 3 ou mais consecutivos primeiros abortos no primeiro trimestre (antes das primeiras 20 semanas). Esta situação afecta 1% das mulheres que tentam conceber.
  • Gravidez anembrionária: um óvulo fertilizado implanta-se na parede uterina, e o desenvolvimento fetal nunca ocorre. Muitas vezes o saco gestacional fica com o zigoto, mas existe uma ausência de crescimento fetal.
  • Gravidez ectópica: um óvulo fertilizado implanta-se num local qualquer, menos no útero, frequentemente na trompa de Falópio. O tratamento deve ser feito de imediato para impedir o desenvolvimento do óvulo na trompa de Falópio. Se não for tratado rapidamente, isto pode gerar complicações sérias para a mãe.
  • Gravidez molar: o resultado de um erro genético durante o processo de fertilização leva a um crescimento anormal de tecido dentro do útero. A gravidez Molar raramente envolve um desenvolvimento de um embrião, mas dá origem aos sintomas comuns de gravidez, incluindo a falta de período menstrual, teste de gravidez positivo e enjoos.

Tratamento

O principal objetivo do tratamento, durante ou depois de um aborto, é prevenir a hemorragia e a infeção. Quanto mais recente for o seu estado de gravidez, maior a probabilidade do seu corpo expulsar o tecido fetal por si próprio, sem grandes intervenções médicas.

  • Um tratamento bem-sucedido do aborto espontâneo depende do diagnóstico precoce. Qualquer mulher deve ir ao médico para um exame físico geral e análises, certificando-se que não existe nenhuma infeção.
  • Se for feita a confirmação de ameaça de aborto, deve haver repouso na cama. Se, de seguida, as cólicas e o sangramento pararem, o prognóstico para o prosseguimento da gravidez é bom.
  • No caso de um aborto incompleto, é necessária uma curetagem (muito importante para a saúde da mãe).
  • Se acontecer um aborto completo, a mãe deve ficar em vigilância para se detetarem precocemente possíveis sangramentos.
  • Se o aborto ocorrer depois do 1º trimestre, pode ser necessário internamento e alguma medicação.

No geral, se o corpo não expulsar todo o tecido fetal por si próprio, o procedimento mais comum para parar o derrame de sangue e prevenir a infeção é uma dilatação e curetagem. Alguns medicamentos poderão ser prescritos para ajudar a perda de sangue e a dilatação e curetagem. A perda de sangue deve ser sempre seguida de perto mesmo quando estiver em casa; se notar um aumento da perda de sangue, arrepios ou febre, vá ao hospital de imediato.

Prevenção do aborto

Dado que muitas das causas do aborto são devido a anomalias dos cromossomas, existem algumas coisas que podem ser feitas para as evitar. Um passo vital é manter-se o mais saudável possível antes de engravidar para providenciar um ambiente saudável para a conceção.

Logo que saiba que está grávida, o objetivo é manter-se o mais saudável possível, para proporcionar um desenvolvimento saudável ao seu bebé:

Tratamento emocional

Infelizmente, o aborto pode acontecer a qualquer mulher. Muitas vezes a mulher fica com questões por responder relativamente à sua recuperação física e emocional e novas tentativas de engravidar. É muito importante que, como mulher, mantenha sempre as suas linhas de comunicação abertas com a família, amigos e médico durante todo este tempo.

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